ESCOLA DA DIVINA VONTADE - 43° SEMANA DE ESTUDOS

 

Setembro 14, 1899

(1) Uma manhã, era o dia da exaltação da cruz, o meu doce Jesus transportou-me aos lugares
santos, mas antes disse-me tantas coisas da virtude da cruz, não me lembro de tudo, apenas
alguma coisa:
(2) "Amada minha, queres ser bela? A cruz lhe dará os traços mais belos que se podem encontrar
tanto no Céu como na terra, tanto de apaixonar a Deus que contém em Si todas as belezas".

(3) E continuava Jesus: "Queres tu estar cheia de imensas riquezas, não por breve tempo, mas por
toda a eternidade? Pois bem, a cruz te fornecerá todas as espécies de riquezas, desde os mais
pequenos centavos, como são as pequenas cruzes, até as sumamente maiores, que são as cruzes
mais pesadas, porém os homens que são tão ávidos por ganhar dinheiro temporário, que logo
deverão deixar, não se preocupam em adquirir um centavo eterno, e quando Eu, tendo compaixão
deles, vendo sua despreocupação por tudo o que se refere ao eterno, benignamente lhes levo a
ocasião, em vez de tomá-lo a bem se indignam e me ofendem, que loucura humana, parece que a
entendem ao contrário! Minha querida, na cruz estão todos os triunfos, todas as vitórias e as
maiores aquisições, para ti não deve haver outra mira senão a cruz, e esta te bastará por tudo.

Hoje quero te contentar, aquela cruz que até agora não bastava para poder te estender e crucificar-
te completamente, é a cruz que tens levado até agora, portanto, devendo crucificar-te completamente, tens necessidade de que faça descer novas cruzes sobre ti, então aquela cruz que
até agora levaste a levarei ao Céu para mostrá-la a toda a corte celestial como penhor de seu
amor, e outra maior farei descer do Céu para poder satisfazer meus ardentes anseios que tenho
sobre ti".

(4) Enquanto Jesus dizia isto, apresentou-se diante de mim aquela cruz que tinha visto as outras
vezes, eu tomei-a e estendi-me sobre ela, enquanto estava assim abriu-se o Céu e dele desceu o
evangelista João, e trazia a cruz que Jesus me tinha indicado; a Rainha Mãe e muitos anjos,
quando chegaram junto a mim, tiraram-me de cima daquela cruz e puseram-me sobre a que me
tinham trazido, muito maior, um anjo tomou aquela cruz de antes e a levou ao Céu. Depois disso,
Jesus com suas próprias mãos começou a me pregar sobre aquela cruz, a Mamãe Rainha me
assistia, os anjos e João proporcionavam os pregos. Meu doce Jesus mostrava tal alegria e alegria
ao crucificar-me, que só por dar essa alegria a Jesus não só teria sofrido a cruz, mas outras penas
ainda. ¡ Ah, me parecia que o Céu fazia nova festa por mim ao ver o contentamento de Jesus!
Muitas almas do purgatório foram libertadas, embarcando no vôo para o Céu, e alguns pecadores
foram convertidos, porque meu Divino Esposo a todos fez partícipes do bem de meus sofrimentos.
Além disso, quem pode dizer as dores intensas que sofri ao estar bem estendida sobre a cruz e ao
serem trespassadas as mãos e os pés com os pregos?

Mas especialmente nos pés era tanta a atrocidade das penas, que não podem ser descritas. Quando terminaram de me crucificar e eu me sentia nadando no mar das penas e das dores, a Mamãe Rainha disse a Jesus: "Meu filho, hoje é dia de graça, quero que lhe compartilhe todas suas penas, não fica mais que lhe atravesse o
coração com a lança e lhe renove a coroa de espinhos". Então Jesus tomou a lança e me
traspassou o coração de lado a lado, os anjos tomaram uma coroa de espinhos muito densa, a
deram na mão à Santíssima Virgem, e Ela mesma me cravou na cabeça.
(5) Que dia memorável foi para mim! de dores, sim, mas também de contentamentos, de penas
indizíveis, mas também de alegrias. Basta dizer que era tanta a força das dores, que Jesus todo
esse dia não se moveu de meu lado para sustentar minha natureza que desfalecia pela intensidade
das penas. Aquelas almas do purgatório que tinham voado para o Céu, desciam junto com os anjos
e rodeavam minha cama me recreando com seus cânticos e agradecendo afetuosamente que por
meus sofrimentos as havia liberado daquelas penas.

2-45
Julho 9, 1899

Jesus participa a Luisa suas penas.

(1) Esta manhã Jesus quis renovar-me as penas da crucificação, primeiro me transportou para
fora de mim mesma, sobre um monte e me perguntou se queria ser crucificada, eu lhe disse:
"Sim, meu Jesus, não desejo outra coisa que a cruz". Enquanto dizia isto, surgiu uma cruz
grandíssima, que me estendeu sobre ela e me cravou com as próprias mãos. Que penas
atrozes sofria ao me sentir trespassar as mãos e os pés por aqueles pregos, que por acréscimo
estavam despovoados, e para fazê-los penetrar custava trabalho e sofria muito, mas com Jesus
tudo era tolerável. Depois de acabar de me crucificar, disse-me:

(2) "Minha filha, sirvo-me de ti para poder continuar a minha Paixão. Como meu corpo
glorificado não é capaz de sofrer mais, vindo a ti me sirvo de teu corpo como me servi do meu
no curso de minha Vida mortal, para poder continuar sofrendo minha Paixão e assim poder te
oferecer ante a divina justiça como vítima vivente de reparação e propiciação".
(3) Depois disto parecia que se abrisse o Céu e descia uma multidão de santos, todos armados
com espadas, uma voz como de trovão saiu daquela multidão, e dizia: "Viemos defender a
justiça de Deus e punir os homens que tanto abusaram de sua misericórdia". Quem pode dizer
o que acontecia sobre a terra nesta descida dos santos? Só sei dizer, que quem guerreava em
um ponto e quem em outro, quem fugia, quem se escondia, parecia que todos estavam
consternados.

3-46
Março 2, 1900

A união dos querer ata a alma a Jesus.

(1) Esta manhã, tendo recebido a santa comunhão, o meu doce Jesus fazia-se ver crucificado, e
internamente sentia-me atraída a olhar para Ele, para poder assemelhar-me a Ele, e Jesus se
refletia em mim para atrair-me à sua semelhança. Enquanto isso eu fazia, sentia-me infundir em
mim as dores do meu Senhor crucificado, que com toda a bondade me disse:
(2) "Quero que o teu alimento seja o sofrer, não só por sofrer, mas como fruto da minha Vontade. O beijo mais sincero que ata mais forte nossa amizade, é a união de nossos querer, e o nó
indissolúvel que nos estreitará em contínuos abraços será o contínuo sofrer".
(3) Enquanto dizia isto, o bendito Jesus despregou se da cruz, a tomou e a estendeu no interior
de meu corpo, e eu ficava tão estendida nela que me sentia deslocar os ossos, além disso, uma
mão que não sei dizer com certeza de quem era, me traspassava as mãos e os pés, e Jesus que
estava sentado sobre a cruz que estava estendida dentro de mim, tudo se comprazia em meu
sofrer e em quem me traspassava as mãos, e acrescentou:
(4) "Agora posso descansar tranquilamente, não tenho que tomar nem sequer o incômodo de
crucificar-te, porque a obediência quer fazer tudo, e Eu livremente te deixo nas mãos da
obediência.
(5) E, levantando-se da cruz, pôs-se sobre o meu coração para repousar. Quem pode dizer como é
que eu sofri estando nessa posição? Depois de ter estado muito tempo, Jesus não se apressava
em aliviar-me como das outras vezes para me fazer voltar ao meu estado natural, e à mão que me
tinha posto sobre a cruz não a via mais, isto dizia-o a Jesus, que me respondia:

(6) "Quem te pôs sobre a cruz? Talvez tenha sido Eu? Foi a obediência, e a obediência deve tirar-
te daí".

(7) Parece que desta vez tive vontade de jogar, e como suma graça obtive que me libertasse o
bendito Jesus.

4-49
Janeiro 16, 1901

Jesus Cristo explica-lhe a ordem da caridade.

(1) Como continuo vendo-o um pouco zangado com o mundo, eu queria me ocupar em aplacá-lo, mas Ele me distraiu dizendo-me:
(2) "A caridade mais aceitável a Mim é a que se faz por aqueles que me estão mais próximos, e os
mais próximos a Mim são as almas purgantes, porque já estão confirmadas em minha graça e não
há nenhuma oposição entre minha Vontade e a sua, vivem continuamente em Mim, me amam

ardentemente, e sou obrigado a vê-las sofrer em Mim mesmo, impotentes por si mesmas para dar-
se o mínimo alívio. Oh! como meu coração é dilacerado pelo estado de essas almas, porque não

estão longe de Mim mas perto, não só perto, mas dentro de Mim e, como é grato ao meu coração
quem se interessa por elas. Suponha que você tivesse uma mãe, uma irmã, que convivessem com
você em um estado de dor, incapazes de ajudar-se por si mesmas, e um estranho que vivesse fora
de seu quarto, também em um estado de dor, mas que se pode ajudar por si mesmo; Não
agradeceria mais se alguém se preocupasse em aliviar a sua mãe ou a sua irmã, do que o
estranho que pode ajudar a si mesmo?"
(3) E eu: "Certamente, ó Senhor".
(4) Depois acrescentou: "A segunda caridade mais aceitável ao meu coração, é por aquelas que,
se bem vivem nesta terra, mas são quase como as almas purgantes, isto é, me amam, fazem
sempre a minha Vontade, se interessam pelas minhas coisas como se fossem suas; agora, se
estas se encontram oprimidas, necessitadas, em um estado de sofrimentos, e alguém se ocupa em
alivia-las e ajudá-las, a meu coração parece mais agradável que se fizessem a outros".
(5) Jesus retirou-se, e eu, encontrando-me em mim mesma, parecia que eram coisas que não iam
segundo a verdade. Então ao retornar meu adorável Jesus, me fez entender que isto que me havia
dito era segundo a verdade, só restava falar sobre os membros separados dele, que são os
pecadores, e que quem se ocupa em reunir estes membros seria muito aceitável a seu coração. A
diferença que há é esta:

Que encontrando-se um pecador oprimido por uma desventura e alguém
se ocupa não em convertê-lo, mas em alivia-lo e ajudá-lo materialmente, o Senhor agradeceria
mais isto que se fosse feito àqueles que estão na ordem da graça, porque se estes sofrem, é
sempre um produto, ou do amor de Deus para com eles ou do amor deles para com Deus, e se os
pecadores sofrem, o Senhor vê neles a marca da culpa e de sua obstinada vontade. Parece-me
que assim entendi; mas deixo o juízo a quem tem o direito de me julgar, se vai ou não vai segundo
a verdade.

6-45
Junho 17, 1904

A consumação da vontade humana na divina nos torna uma só coisa
com Deus, e põe em nossas mãos o divino poder.

(1) Esta manhã, depois de muito esperar, o bendito Jesus veio e me disse:
(2) "Minha filha, olha quantas coisas se dizem de virtude, de perfeição, porém vão acabar todas em
um só ponto, isto é, na consumação da vontade humana na Divina. Assim, quem mais está
consumado nesta, pode-se dizer que contém tudo e é o mais perfeito de todos, porque todas as
virtudes e obras boas são tantas chaves que nos abrem os tesouros divinos, fazem-nos adquirir
mais amizade, mais intimidade, mais trato com Deus, mas só a consumação é a que nos torna uma
coisa com Ele e põe em nossas mãos o divino poder, e isto porque a vida deve ter uma vontade
para viver, agora, vivendo da Vontade Divina, naturalmente se torna dona".

7-49
Outubro 4, 1906

Como o reto agir é vento para acender o fogo do amor.

(1) Tendo recebido a obediência de dizer poucas palavras se alguém viesse, estava com medo
de ter faltado à obediência, com o adido de que o bendito Jesus não vinha. Quem pode dizer o
rasgo de minha alma, ao pensar que por ter cometido pecado não vinha? A sua privação é
sempre cruel, mas o pensamento de ter dado ocasião por alguma falta é dilacerante que
enlouquece e que mata de um só golpe. Então, depois de ter esperado muito veio e me tocou
três vezes dizendo-me:
(2) "Minha filha, renovo-te na Potência do Pai, na minha Sabedoria, e no Amor do Espírito
Santo".
(3) O que senti, não sei dizer, depois parecia que se deitava em mim, e apoiava sua cabeça
coroada de espinhos sobre meu coração, e acrescentou:
(4) "O reto agir mantém sempre aceso o Amor Divino na alma, e o obrar não reto vai sempre
apagando-o, e se faz para acendê-lo, agora vem o sopro do amor próprio e o apaga, agora o
respeito humano, agora a própria estima, agora o sopro do desejo de agradar aos demais, em
suma, tantos sopros que o vão sempre apagando, ao contrário, o reto agir, não são tantos
sopros que acendem este fogo divino na alma, senão um contínuo sopro que o tem sempre
aceso, e é o sopro onipotente de um Deus".

9-49
Outubro 17, 1910
Por quanto amor e união com Jesus tem a alma, tanto valor têm os seus sacrifícios.

(1) Encontrando-me em meu estado habitual, estava rezando ao meu amoroso Jesus pela feliz
passagem ao Céu de um sacerdote que há anos foi meu confessor, e dizia a meu amado Jesus:
"Recorda quantos sacrifícios fez, quanto zelo teve por tua honra e glória, e além disso, quanto não
fez por mim? Quanto ele não sofreu? Neste ponto você deve retribuir fazendo-o passar diretamente
para o Céu". E o bendito Jesus me disse:

(2) "Minha filha, Eu não olho tanto para os sacrifícios, mas para o amor com o qual se fazem e para
a união que têm Comigo, assim quanto mais a alma está unida Comigo, tanto mais aprecio seus
sacrifícios. Então, se a alma estiver mais próxima Comigo, os mais pequenos sacrifícios tomo-os
como grandes, porque na união está o cálculo do amor, e o cálculo do amor é cálculo eterno que
não tem termo nem limites; enquanto que a alma pode sacrificar-se muito, mas se não está unida
Comigo, Eu olho seu sacrifício como o de uma pessoa estranha, e dou-lhe a recompensa que
merece, isto é, limitada.
Supõe a um pai e a um filho que se amam; o filho faz pequenos sacrifícios,
o pai pelo vínculo de união de paternidade e de filiação, e de amor, que é o vínculo mais forte,
considera estes pequenos sacrifícios como coisa grande, por eles se sente triunfante, se sente
honrado, e dá ao filho todas as suas riquezas, e dedica para o filho todas as atenções e os seus
cuidados. Agora supõe um servo, trabalha toda a jornada, expõe-se ao calor, ao frio, em tudo ele
está sob o seu comando, se necessário, vigia mesmo à noite por conta do patrão, e o que recebe?
O mísero pagamento de um dia, de modo que se não trabalhar todos os dias estará obrigado a
sentir a fome. Tal é a diferença que há entre a alma que possui minha união e a alma que não a
possui".
(3) Enquanto dizia isto, senti-me fora de mim mesma juntamente com o bendito Jesus, e disse de
novo: "Doce amor meu, dize-me, onde se encontra essa alma?"
(4) E Jesus: "No purgatório, mas se você visse em que luz nada, ficaria maravilhada.

(5) E eu: "Dizes que ele está no purgatório, e dizes que nada na luz?"
(6) E Jesus: "Sim, encontra-se nadando na luz, porque esta luz a tinha em depósito, e no ato de
morrer esta luz o tem investido e não o deixará jamais".
(7) Eu entendia que essa luz eram suas boas obras feitas com pureza de intenção.

10-47

Janeiro 11, 1912

O amor quer a correspondência do amor.

(1) Tendo recebido a comunhão, meu sempre amável Jesus se fazia ver em todo meu redor, e eu
no meio, como dentro de um túnel; Jesus era o túnel e eu o nada que estava no meio deste túnel.
Agora, quem pode dizer o que eu experimentei naquele túnel? Sentia-me imensa, no entanto de
mim não existia mais que o nada, sentia que Jesus me infundia seu alento, sentia este seu alento
em torno de mim e por toda parte, mas não tenho palavras para expressar-me, sou demasiado
ignorante, escrevi-o só por obedecer. Depois Jesus me disse:

(2) "Minha filha, vê quanto te amo e como te tenho guardada dentro de meu túnel, isto é, dentro de
Mim, assim deverias ter-me tu custodiado e reparado dentro de ti. O amor quer a correspondência
do amor para poder ter o gosto de fazer uma surpresa maior de amor, por isso não saia jamais de
dentro de meu amor, de dentro de meus desejos, de dentro de minhas obras, de dentro de meu
tudo".

10-48
Janeiro 19, 1912

Jesus ata os corações para uni-los Consigo e fazer que percam tudo o que é humano. A ingratidão humana.

(1) Encontrando-me no meu habitual estado, o meu sempre amável Jesus fazia-se ver com uma
corda na mão, e com ela ia amarrando os corações e apertava-os fortemente a Ele, de maneira
que fazia com que não se sentissem mais a eles mesmos, mas que sentissem em tudo Jesus. Os
corações, sentindo-se tão apertados, debatiam-se e, enquanto se debatiam, afrouxava-se o nó que
Jesus lhes fizera, pensando que o não sentir-se mais eles mesmos era um prejuízo para eles.
Jesus todo aflito por este agir das almas me disse:

(2) "Minha filha, viste como as almas voltam vãs minhas ternuras de amor? Eu vou amarrar os
corações para uni-los tanto Comigo, de fazê-los perder tudo o que é humano, e eles em vez de me
deixarem fazer, vendo perdido o que é humano perdem o ar, se afanam, debatem-se e querem
também olhar um pouquinho eles mesmos como são frios, áridos, quentes. Com este olhar para
eles mesmos, afanar-se, debater-se, afrouxa-se o nó feito por Mim e querem estar Comigo mas
algo longe, não estreitados em modo de não sentir mais eles mesmos, isto me aflige
profundamente e me impedem meus jogos de amor; e não creias que são as almas que estão
longe de ti, são também aquelas que te circundam, tu lhes farás entender bem este desgosto que
me dão, e que se não se estreitam por Mim até perder o próprio sentir, jamais poderei estender
neles minhas graças, meus carismas, entendeu?"

(3) E eu: "Sim, oh! Jesus, eu entendi. Pobrezinhos, se compreendessem o segredo que há em teus
estreitos não o fariam, te deixariam fazer, mas bem eles mesmos se encolhem de mais para fazer
que aperte mais o nó". Enquanto isso eu me fiz pequena, pequena, Jesus me apertou, e eu em
lugar de me debater me deixei apertar mais forte, e conforme me estreitava, assim sentia a vida de
Jesus e perdia a minha. Oh, como me sentia feliz com a vida de Jesus! Podia amar de mais e
chegava a tudo o que queria Jesus.


45. Pregação de João Batista e Batismo de Jesus.

A divina manifestação.

[...].
O mesmo 3 de fevereiro de 1944, à tarde.
45.1Vejo uma planície despovoada, sem cidades e sem vegetação. Não há
campos cultivados, e bem poucos e raros são os arbustos reunidos aqui e ali
em moitas, como uma das famílias vegetais, nos lugares em que o solo, nas
camadas mais profundas está menos árido do que nos outros pontos em geral.
Faça de conta que este terreno chamuscado e inculto esteja à minha direita,
tendo eu o norte às minhas costas, e que ele se prolongue para o lado sul,
em relação a mim.
À esquerda, ao contrário, vejo um rio de margens muito baixas, que
corre lentamente, também ele de norte a sul. Pelo movimento vagaroso da
água, compreendo que não devem existir desníveis em seu leito e que este
rio corre por uma planície de tal maneira plana, que forma uma depressão.
Ali há um movimento apenas suficiente para que a água não fique estagnada
em um pântano. (A água é pouco profunda, tanto que se pode ver o fundo.
Acho que não tem mais do que um metro, no máximo, um metro e meio. Tem
uma largura como a do rio Arno, à altura de S. Miniato-Empoli, eu diria,
de uns vinte metros. Mas eu não tenho olho bom para calcular distâncias).
Também é um rio de águas azuis levemente esverdeadas nas margens, onde
pela umidade do solo há uma vegetação densa e agradável à vista, que já
ficou cansada de olhar a esqualidez das pedras e da areia que se estende
diante dela.
Aquela voz interior, que eu lhe expliquei que ouço, e que me indica o
que é que devo anotar e saber, me avisa que o que estou vendo é o vale do
Jordão. Eu o chamo de vale, porque é costume falar assim, quando queremos
indicar o lugar por onde corre um rio, mas no caso do Jordão, é impróprio
chamá-lo assim, porque um vale pressupõe montes, e eu aqui não vejo
montes próximos. Mas, em suma, estou junto ao Jordão, e o espaço desolado,
que observo à minha direita é o deserto de Judá. Se falamos em deserto para
querermos dizer um lugar onde não há casas nem trabalhos feitos pelo
homem, está certo, mas não o é segundo o conceito que nós temos do deserto.
Aqui não há areias onduladas do deserto como nós o concebemos, mas

somente terra nua, com pedras e detritos espalhados, como são os terrenos
aluviais depois de uma cheia. Lá, ao longe, vêem-se algumas colinas.
Também, junto ao Jordão, reina uma grande paz, alguma coisa de
especial e de superior ao comum, igual ao que se sente nas margens do lago
Trasimeno. É um lugar que parece querer fazer-nos pensar em vôos de anjos
e em vozes celestes. Não sei dizer bem o que estou sentindo. Mas me sinto
num lugar que nos fala ao espírito.
45.2Enquanto observo estas coisas, vejo que o cenário vai-se enchendo de
gente, ao longo da margem direita (em relação a mim) do Jordão. Há muitos
homens, vestidos de maneiras diversas. Alguns parecem homens do povo,
outros são ricos e não faltam alguns que parecem ser fariseus, pelas vestes
adornadas com franjas e galões.
No meio deles, em pé sobre um penhasco, está um homem que, ainda que
seja esta primeira vez que o vejo, reconheço logo que é o Batista. Ele fala à
multidão, e eu lhe asseguro que não é uma pregação doce. Jesus chamou
Tiago e João de “os filhos do trovão”. Como chamar, então, este veemente
orador? João Batista merece o nome de raio, avalanche, terremoto, pois o
seu modo de falar e gesticular é muito impetuoso e severo.
Ele fala, anunciando o Messias e exortando o povo a preparar os
corações para a sua vinda, arrancando-lhes os embaraços, endireitando-lhes
os pensamentos. Mas é um falar vorticoso e rude. O Precursor não tem a mão
leve de Jesus, sobre as chagas dos corações. É um médico que tudo
descobre, examina, e corta, sem piedade.

45.3Enquanto o escuto — e não repito as palavras porque são aquelas
referidas pelos evangelistas, mas amplificadas em sua

impetuosidade — vejo que, ao longo de uma estradinha, pela beira da faixa
verde que acompanha o Jordão, vem se aproximando o meu Jesus. Este
caminho rústico, que é mais um atalho do que um caminho, parece ter-se
formado com a passagem das caravanas e das pessoas que, durante anos e
séculos, o têm percorrido para alcançar um ponto mais raso do rio e fácil
de ser atravessado a vau. O atalho continua do outro lado do rio, e se
perde entre o verde dos ribeirinhos.
Jesus está sozinho. Caminha lentamente, avançando em direção às costas
de João. Aproxima-se sem fazer barulho e escuta, entretanto, a voz trovejante
do Penitente do deserto, como se Jesus fosse um dos muitos que iam a João
para serem batizados, a fim de se prepararem para estarem limpos, na
chegada do Messias. Nada distingue Jesus dos outros. Nas vestes, Ele

parece um dos homens do povo, um senhor no trato e na beleza, mas nenhum
sinal divino o diferencia da multidão.
Dir-se-ia, porém, que João está sentindo a emanação de uma
espiritualidade especial. Ele se vira e, de imediato, reconhece qual é a fonte
daquela emanação. Ele desce impetuosamente do penhasco, que lhe servia
de púlpito, e, rapidamente, vai até Jesus, que estava parado a alguns metros
do grupo, apoiando-se ao tronco de uma árvore.
45.4 Jesus e João se olham por um momento. Jesus com aquele seu olhar‐
azul tão doce. João com seus olhos severos, pretos, cheios de uma luz
intensa. Vistos de perto, eles são a antítese um do outro. Os dois são altos (é
a única semelhança, em tudo o mais são diferentes). Jesus é loiro, de cabelos
compridos e penteados, com um rosto de um branco marfim, de olhos azuis,
de roupa simples, mas majestosa. João tem cabelos pretos, que caem lisos
sobre as costas, desiguais em comprimento, com uma barba preta e rala, que
lhe cobre quase todo o rosto, sem impedir que se possam notar suas faces
escavadas pelo jejum, seus olhos pretos e febris, sua pele escura, bronzeada
pelo sol e pelas intempéries, A pelugem farta que lhe cobre o corpo seminu,
com sua veste de pêlo de camelo, presa à cintura por uma correia de pele,
cobrindo o torso, descendo um pouco abaixo dos flancos magros, deixando
descobertas as costelas à direita, por onde se vê a pele curtida pelo ar. Os
dois, vistos juntos, parecem um anjo e um selvagem.
João, depois de tê-lo perscrutado com seus olhos penetrantes, exclama:
– Eis o Cordeiro de Deus! Como é que o meu Senhor vem a mim?
Jesus lhe responde tranqüilamente:
– É para cumprir o rito da penitência.
– Nunca, meu Senhor. Eu é que devo ir a Ti para ser santificado, e Tu
vens a mim?
Jesus, pondo-lhe a mão sobre a cabeça, pois João estava curvado à sua
frente, lhe responde:
– Deixa que se faça como Eu quero, para que se cumpra toda a justiça,
para que o teu rito se torne o início de um mais alto mistério, e para que seja
anunciado aos homens que a Vítima já está no mundo.
45.5 João olha para Ele com uns olhos, que uma lágrima enternece, e o
precede em direção à beira do rio, onde Jesus tira o manto e a túnica,
ficando com uma espécie de calções curtos, para, depois, descer na água,
onde já está João, que o batiza, vertendo-lhe sobre a cabeça a água do rio,
apanhada com uma espécie de taça que o Batista traz pendurada na

cintura, e que me parece uma concha, ou a metade de uma cabaça seca, da
qual foi tirado o miolo.
Jesus é realmente o Cordeiro. Cordeiro na candura da carne, na
modéstia do trato, na mansidão do olhar.
Enquanto Jesus torna a subir à beira do rio, depois de se vestir, se
recolhe em oração, João o aponta à multidão, dando o testemunho de tê-lo
conhecido pelo sinal que o Espírito de Deus lhe tinha dado, sinal infalível
do Redentor.
Mas eu me sinto tão atraída por Jesus, ao vê-lo rezando, que não vejo
nada, a não ser esta figura de luz, contra o verde da margem.

4 de fevereiro de 1944.
45.6 Jesus diz:
– João para si mesmo não tinha necessidade do sinal. O seu espírito,
pré-santificado desde o ventre de sua mãe, possuía aquela vista da
inteligência sobrenatural, que teria sido a de todos os homens sem a culpa de
Adão.
Se o homem tivesse permanecido na graça, na inocência, na fidelidade
ao seu Criador, teria visto Deus, através das aparências externas. No
Gênesis está dito que o Senhor Deus falava familiarmente com o homem
inocente e que, diante daquela voz o homem não desfalecia, nem se
enganava, ao discerni-la. Tal era a sorte do homem: ver e compreender a
Deus, exatamente como um filho faz com o seu pai. Depois veio a culpa, e o
homem não mais ousou olhar a Deus, não mais soube ver e compreender
Deus. E o compreende cada vez menos.
Mas João, o meu primo João, tinha sido purificado da culpa, quando a
cheia de graça se curvou amorosamente para abraçar a que tinha sido estéril,
sendo agora, a fecunda Isabel. O pequenino, no seu ventre, tinha saltado de
alegria, sentindo sair de sua alma o vestígio da culpa, assim como uma
crosta cai da ferida que ficou curada. O Espírito Santo, que fez de Maria a
mãe do Salvador, Ele iniciou a Sua obra de salvação, através de Maria,
cibório vivo da salvação encarnada, por meio deste nascituro, que estava
destinado a estar unido a Mim, não tanto pelo sangue, mas também pela
missão que fez de ambos, lábios que formam a palavra. João era os lábios,
Eu era a Palavra. Ele, o Precursor no Evangelho e em seu destino de mártir.

Eu, Aquele que aperfeiçoa, com a minha divina perfeição, o Evangelho
iniciado por João, e o seu martírio, pela defesa da Lei de Deus.
João não precisava de nenhum sinal. Mas o sinal era necessário para a
obtusidade dos outros. Sobre o que teria João baseado a sua afirmação senão
sobre uma prova inegável que até os olhos dos lentos e os ouvidos dos
aborrecidos tivessem podido perceber?
45.7Eu também não precisava de batismo. Mas a sabedoria do Senhor
tinha julgado ser aquele o momento e o modo de nos encontrarmos. Tirando
João da sua caverna, e a Mim da minha casa, Ele nos uniu naquela hora para
abrir sobre Mim os Céus, descendo a Pomba divina sobre Aquele que teria
de batizar os homens com esta Pomba, e descendo também o anúncio, ainda
mais poderoso do que o do anjo, porque era de meu Pai: “Eis o meu Filho
dileto, com o qual Eu me comprazo.” Para que os homens não tivessem
desculpas ou dúvidas se deveriam seguir-me ou em não.
45.8As manifestações do Cristo foram muitas. A primeira depois do
nascimento foi aquela dos Magos, a segunda, no Templo, e a terceira às
margens do Jordão. Depois vieram infinitas outras, que eu te farei conhecer,
pois os meus milagres são manifestações da minha natureza divina, até a
Ressurreição e a Ascensão ao Céu.
A minha pátria encheu-se das minhas manifestações. Como semente
lançada aos quatro pontos cardeais, essas manifestações aconteceram em
todas as camadas da sociedade e em todos os lugares da vida: dos pastores,
aos poderosos, aos doutos, aos incrédulos, aos pecadores, aos sacerdotes,
aos dominadores, às crianças, aos soldados, aos hebreus, aos gentios. Ainda
agora elas se repetem. Mas, como naquele tempo, o mundo não as recebe
bem. Não recebe bem as atuais, esquecendo-se também das passadas. Pois
bem, Eu não desisto. Eu me repito para salvar-vos, para levar-vos a ter fé
em Mim.
45.9Sabes, Maria, o que estás fazendo? Sabes o que Eu estou fazendo, ao
mostrar-te o Evangelho? Uma tentativa mais forte de trazer os homens a
Mim. Tu tens desejado isto com ardentes orações. Eu não me limito mais à
palavra. Ela os cansa e os afasta. É uma culpa, mas é assim. Recorro à
visão, a visão do meu Evangelho, e a explico para torná-la mais clara e
atraente.
A ti Eu te dou o conforto da visão. A todos Eu dou o modo de desejar
me conhecer. Se ainda não servir, e como crianças caprichosas, jogarem fora
o presente sem compreenderem o seu valor, contigo ficará o meu presente, e 
a eles, a minha indignação. Poderei, mais uma vez, dar-lhes aquela antiga
repreensão: “Tocamos, e não dançastes; entoamos lamentações, e não
chorastes.”
Mas, não importa. Deixemos que eles, esses inconvertíveis, acumulem
sobre suas cabeças os carvões ardentes, e voltemos às ovelhinhas, que
procuram conhecer o Pastor. Eu sou o Pastor, e tu és a vara que as conduz a
Mim.
45.10Como vê, eu me apressei a colocar aqueles particulares que, pela sua pequenez,
me haviam escapado, e que o Senhor desejou ter.

[76] Aquela voz interior, é o monitor interior (assim chamado em: 21.2 -34.1 -46.2 -55.6 -106.1 -361.1 -605.2 -607.1) ou a
segunda voz (como em 41.10) ou a voz interior (como em 47.9 e 101.1) ou a intuição interior (como na nota em 396.8) ou luz
interior (como em 608.1).
[77] chamou, em: Marco 3,17 (330.3 e 575.8).
[78] referidas, em: Mateus 3,1-12; Marcos 1,1-8; Lucas 3,3-18; João 1,19-34.
[79] dar-lhes, como em 266.12.
[80] particulares, que Maria Valtorta acrescentou inserindo-os entre as linhas autografas ou em roda pé na página autografa do
caderno e, que pusemos em itálico no texto de 45.1/5.

CAPÍTULO 13
MARIA SANTÍSSIMA E OS SETE DONS DO ESPÍRITO SANTO.

Definição e nomenclatura dos dons

599. Parece-me que os sete dons do Espírito Santo, conforme a luz que deles
tenho, acrescentam algo às virtudes a que se referem, e por este acrescentamento,
delas se distinguem, embora tenham o mesmo objeto.
Qualquer benefício do Senhor, mesmo natural, pode chamar-se dom ou
dádiva de sua mão. Agora, porém, não falamos dos dons em geral, mesmo que
sejam virtudes e dádivas infusas, porque nem todos os que possuem alguma ou
diversas virtudes, receberam com elas a graça dos respectivos dons. Pelo menos
não chegam àquele grau que lhes confere o nome de dons perfeitos.
Assim deduzem os doutores sagrados das palavras de Isaías ao dizer que
em Cristo, nosso Salvador, descansaria o Espírito do Senhor (Is 11,2), enumerando
sete graças que comumente se chamam dons do Espírito Santo: o espírito de sabedoria
e entendimento, o espírito de conselho e fortaleza, o espírito de ciência
e piedade e o do temor de Deus.

Estes dons encontram-se na alma santíssima de Cristo, redundantes da Divindade,
à qual estava hipostaticamente unida, ao modo como na fonte se encontra
a água que dela dimana para se comunicar a outros. Todos nós participamos das
águas do Salvador (Is 12, 3), graça por graça (Jo 1, 16) e dom por dom, Nele
estando escondidos os tesouros da sabedoria e ciência de Deus (Cl 2,2).

Atividade dos dons

600. Os dons do Espírito Santo correspondem às virtudes com que se relacionam.
A respeito desta relação, há diferença de pareceres entre os doutores,
não, porém, quanto à finalidade dos dons: comunicar especial perfeição às faculdades
para praticarem, em matéria de virtude, ações e obras perfeitíssimas e heróicas.
Sem este característico, elas não se poderiam chamar dons particulares, pois
para chegarem a ser dons, devem atingir grau mais perfeito e excelente que a prática
comum das virtudes. Esta perfeição dos dons consiste, principalmente, em alguma
especial e forte inspiração e moção do Espírito Santo, que permitem vencer, com
maior eficácia os impedimentos. Move o livre arbítrio e lhe dá maior energia para não
agir remissivaménte, mas com grande plenitude de perfeição e força, na espécie de
virtude a que pertence o dom.
Tudo isto não consegue o livre arbítrio, se não for iluminado e impelido
com especial virtude e força do Espírito Santo. É movido, forte, suave e docemente
(Sb 8,1) a seguir aquela ilustração e a fazer e querer aquela ação, que passa a ser
realizada pela vontade, em virtude da graça do divino Espírito, como diz o Apóstolo
aos Romanos (Cap. 8).
Essa moção chama-se instinto do Espírito Santo, porque ainda que a vontade
aja livremente e sem violência, nestes casos mantém-se mais como instrumento
passivo. Consulta menos a prudência comum, como o fazem as virtudes, ainda que
não com menos inteligência e liberdade.

Ação dos dons

601. Procurarei explicar-me com um exemplo. Para inclinar a vontade aos
atos de virtude, concorrem dois fatores sobre as potências: um é a própria vontade
que a conduz e move, como o peso arrasta a pedra, e a leveza levanta o fogo. Esta
inclinação da vontade é aumentada na medida dos hábitos virtuosos - outro tanto
fazem os vícios em seu sentido - mediante o amor que constitui o peso que as atrai
livremente.
Outra coisa que concorre a essa moção do entendimento é certa iluminação
nas virtudes para mover e determinar a vontade. Esta iluminação é proporcionada
aos hábitos e aos atos praticados pela vontade: para os atos ordinários basta a
prudência e deliberação ordinária; mas para outros mais elevados é necessária mais
alta e superior ilustração e moção do Espírito Santo. Nisto consiste seus dons.

Sendo a caridade e graça um hábito sobrenatural que depende da divina
vontade, como o raio nasce do sol, recebe particular influência da Divindade, e por
ela se move. De sua parte, a caridade move as demais virtudes e hábitos da vontade
principalmente quando esta age pelos dons do Espírito Santo.

Propriedades dos dons

602. De acordo com isto, parece me haver nos dons do Espírito Santo
especial ilustração do entendimento - o qual se conserva passivo - para mover os
hábitos virtuosos da vontade em grau de perfeição superior, até aos atos heróicos.
Assim como, se à pedra, além de seu peso natural, se acrescentasse a força de outro
impulso, mover-se-ia muito mais rapidamente.
Acrescentando-se à vontade a perfeição e impulso dos dons, os movimentos
das virtudes serão mais excelentes e perfeitos.
O dom da sabedoria comunica à alma certo gosto que a faz conhecer, sem se
enganar, o divino e o humano, por certa experiência ou sabor espiritual. A cada
coisa dá o verdadeiro peso e valor, ao contrário do que faz o gosto procedente da
ignorância ou estultice humana. Este dom pertence à caridade.
O dom do entendimento ilumina a rudeza e tardança de nossa inteligência,
para penetrar as coisas divinas.
O da ciência penetra o mais obscuro e forma perfeitos mestres contra a
ignorância. Estes dois dons pertencem à fé.
O dom do conselho encaminha, dirige e detém a precipitação humana da
imprudência. Pertence à virtude da prudência.
O da fortaleza expulsa o desordenado temor e conforta a fraqueza.
Pertence à mesma virtude.
O da piedade toma o coração benigno, tira-lhe a dureza e o abranda.
Pertence à virtude da religião.
O dom do temor de Deus afasta da soberba e comunica amorosa submissão.
Pertence à humildade.
Os dons do Espírito Santo em Cristo e em Maria Santíssima
603. Maria Santíssima possuiu todos os dons do Espírito Santo, com certo
direito a essa posse, sendo Mãe do Verbo divino, de quem procede o mesmo Espírito
e a quem os dons são atribuídos. Medidos pela dignidade especial de Mãe, era coerente
que estes dons estivessem Nela na devida proporção, com tanta vantagem
sobre todas as demais almas, quanta diferença existe em ser Ela Mãe de Deus e as
demais apenas criaturas suas.
Além desta razão, por causa de sua dignidade e impecabilidade, a grande
Rainha é a criatura mais próxima do Espírito Santo, enquanto as demais estão muito
distantes, assim pela distância da culpa, como por serem criaturas comuns, sem
especial afinidade com o divino Espírito.
Se em Cristo, nosso Redentor e Mestre, se encontram como em sua fonte
e origem, em Maria, sua digna Mãe, estão como em reservatório ou mar, donde são
distribuídos a todas as criaturas; porque de sua plenitude superabundante transbordam
para toda a Igreja. Salomão declarou-o nos Provérbios (9,1 e 2) sob a
metáfora da Sabedoria que para si edificou uma casa sobre sete colunas etc. Nela
preparou a mesa, serviu o vinho e convidou os pequenos e insipientes, para tirá-los
do infantilismo e ensinar-lhes a prudência.
Não me detenho em maior explicação, pois nenhum católico ignora que Maria
Santíssima foi esta magnífica habitação do Altíssimo. Edifiçada sobre os alicerces
destes sete dons, para sua beleza, solidez, e para ser servido, nesta casa mística, o
público banquete de toda a Igreja. Em Maria está preparada a mesa para todos os
párvulos e ignorantes filhos de Adão se saciarem da influência e dons do Espírito Santo.

A sabedoria e seus efeitos

604. Quando se adquirem estes dons, mediante a disciplina e exercícios
das virtudes, vencendo os vícios contrários, o temor de Deus vem em primeiro lugar.
Em Cristo, Senhor nosso, porém, Isaías começou a citá-los pela sabedoria que é o
mais perfeito, porque os recebeu como Senhor e mestre, e não como discípulo, que
os adquire pela aprendizagem.
Na mesma ordem devem ser considerados em sua Mãe Santíssima que, nos
dons, mais se assemelhou a seu Filho Santíssimo, do que o resto das criaturas a Ela.
O dom da sabedoria encerra saborosa iluminação, mediante a qual o
entendimento conhece a verdade das coisas por suas íntimas e supremas causas. A
vontade discerne e distingue, pelo gosto da verdade, o bem verdadeiro do falso e aparente.
Realmente sábio é aquele que, sem erro, conhece o verdadeiro bem e
goza-o por esse conhecimento. Este gosto da sabedoria consiste em fruir do sumo
bem, por íntima união de amor, ao qual segue o sabor e gosto do bem honesto,
participado e praticado pelas virtudes inferiores ao amor.
Por isto, não se chama sábio o que conhece a verdade somente por especulação,
ainda que sinta deleite neste conhecimento.
Tampouco será sábio quem pratica atos de virtude só pelo conhecimento,
e ainda menos se os faz por outros motivos.
O verdadeiro sábio será aquele que o faz pelo gosto do sumo e verdadeiro
bem, por íntimo amor intuitivo. Conhece esse bem sem engano, no próprio bem, e
por ele todas as verdades inferiores. Este conhecimento é administrado à sabedoria
pelo dom do entendimento que a recebe e acompanha, consistindo numa interior penetração
as verdades divinas e das que a elas podem ser dirigidas e relacionadas,
porque o espírito esquadrinha as profundezas de Deus (ICor 2, 10), como diz o Apóstolo.

A sabedoria e o entendimento na Virgem Santíssima

605. Este mesmo espírito seria necessário para dizer algo sobre os dons
da sabedoria e entendimento na Imperatriz do céu, Maria. A correnteza do rio h '
tantos séculos represada na suma bondade, alegrou esta cidade de Deus (SI 45 ç\
com o caudal derramado em sua alma"
santíssima, através do Unigênito do Pai seu.
Foi como se, a nosso modo de entender, desaguasse neste pélago de sabedoria
o infinito mar da divindade, no mesmo instante em que Ela pôde invocar o
Espírito de sabedoria. Para que o pudesse invocar, veio a Ela, a fim de que recebesse
a sabedoria sem intenções reservadas (Sb 7,13), e a comunicasse sem inveja (egoísmo),
como o fez, pois por meio de sua sabedoria manifestou-se no mundo a luz
do Verbo eterno humanado.
Conheceu esta sapientíssima Virgem a estrutura do universo, as propriedades
dos elementos (Sb 7,17), o princípio, o fim, o meio e a mudanças dos tempos, o
curso das estrelas, a natureza dos animais e os instintos das feras, a força dos ventos,
a compleição física e os pensamentos dos homens, as propriedades das plantas, ervas,
frutos e raízes, o que há de oculto nos pensamentos humanos, os mistérios e caminhos
escondidos do Altíssimo.
Tudo foi conhecido e saboreado por Maria, rainha nossa, mediante o dom
da sabedoria, que bebeu em sua fonte original, e transformou-se em palavra de
seu pensamento.

Elogio da Sabedoria, considerada em Maria

606. Ali recebeu esta exalação (Sb7,25) da virtude de Deus, emanação
de sua sincera caridade que a tornou imaculada, a preservou da mancha que
contamina a alma, e a criou espelho sem mácula da majestade de Deus. Ali participou
do espírito de inteligência encerra o na sabedoria, santo, único, multíplice, sutil
(Sb 7, 22) penetrante, discreto, ágil, imaculado, claro, suave, amigo do bem, a
quem nada pode impedir; benfazejo, amigo dos homens, benigno, constante, seguro,
que encerra todas as virtudes, tudo pode, tudo compreende com pureza e finíssima
penetração de um limite a outro.
Todas estas propriedades do espírito da Sabedoria descritas pelo Sábio,
estiveram em Maria Santíssima, depois de seu Filho Unigênito, de modo singular e
perfeito. Com a sabedoria lhe vieram todos os bens (Sb 7,11) e em todos os seus atos
era precedida por estes altíssimos dons de sabedoria e entendimento, para que todas
suas virtudes fossem por eles governadas e impregnadas.

O dom do conselho

607. Sobre os demais dons, alguma coisa fica declarada na exposição das
virtudes a que pertencem. Como, porém, quanto se possa dizer é muito menos do
que possuía esta mística cidade Maria, sempre fica muito a acrescentar.
O dom do conselho segue, na ordem de Isaías, ao do entendimento. Consiste
numa sobrenatural iluminação, com a qual o Espírito Santo toca o interior da
alma, iluminando-a acima da comum inteligência humana, para que escolha o mais
útil, decente e justo, reprovando o contrário.
Por este modo leva a vontade, mediante as regras da eterna e imaculada lei divina,
à unidade de um só amor e conformidade com a perfeita vontade do sumo bem.
Com esta divina erudição, a criatura abandona a multiplicidade dos afetos,
e outros movimentos e amores externos e inferiores, que podem retardar e entravar o
coração humano, para ouvir e seguir este divino impulso e conselho. Chega assim a
assemelhar-se àquele vivo exemplar, Cristo Senhor nosso, que, com altíssimo
conselho, disse ao eterno Pai: Não se faça a minha vontade, mas sim a tua (Mt26,39).
Os dons da fortaleza e ciência. Distinção entre este e o do conselho
608. O dom da fortaleza é a participação ou influxo da força divina,
comunicada pelo Espírito Santo à vontade criada, para animosamente se elevar acima
de quanto a humana fraqueza teme nas tentações, dores, tribulações e adversidades.
Tudo superando e vencendo, adquire e conserva o mais difícil e excelente das
virtudes, transcende, sobe e ultrapassa todas as virtudes, graças, consolações
interiores e espirituais, revelações e amor sensível, por muito nobres e excelentes
que sejam. Assim se lança, com divino esforço, até chegar a conseguir a íntima e
suprema união do sumo bem, ao qual com ardentíssimos desejos aspira. Aí chega a
experimentar, depois de ter vencido tudo Naquele que a conforta (Fl 4, 13), que
verdadeiramente, do forte sai a doçura (Jz14, 14).

O dom da ciência é uma notícia que julga, com retidão infalível, tudo o que
se deve crer e o que se deve fazer com as virtudes. Diferencia-se do conselho porque
este escolhe, e aquela examina e julga;
um faz o reto julgamento, o outro, a prudente escolha. Distingue-se do entendimento,
porque este penetra as verdades divinas interiores da fé e virtudes, com uma simples
inteligência, e o dom da ciência conhece com raciocínio o que delas se deduz; aplica
os atos exteriores das potências à perfeição da virtude, na qual o dom da ciência
vem a ser como raiz e mãe da discrição.

O dom da piedade e seus efeitos

609. O dom da piedade é uma energia ou influxo com que o Espírito Santo
abranda e liqüefaz a vontade humana, movendo-a para tudo o que pertence ao
agrado do Altíssimo e bem do próximo.
Com esta docilidade e suave doçura, a vontade fica disposta e a memória atenta
para, em todo tempo, lugar e acontecimento, louvar, bendizer e dar graças e
honra ao sumo bem, como também para sentir terna e amorosa compaixão pelas
criaturas, prontificando-se a auxiliá-las em seus trabalhos e necessidades.
Este dom não é maculado pela inveja, não conhece o ódio, nem avareza,
tibieza e mesquinhez de coração. Nele produz forte e suave inclinação que o leva,
doce e amorosamente, a empreender todos atos do amor de Deus e do próximo. Quem
possui esse dom torna-se benévolo, prestativo, dedicado e diligente. Por isto
disse o Apóstolo que o exercício da piedade era útil para todas as coisa ( ITm 4,8),
e lhe está prometida a vida eterna, por ser nobilíssimo agente da caridade.

O dom do temor de Deus e seus efeitos

610. Em último lugar encontra-se o dom do temor de Deus tão louvado,
encarecido e repetidamente recomendado na Sagrada Escritura (SI 2; 18; 33; 110;
118; Pr 9; 14; 15) e pelos santos doutores, como fundamento da perfeição cristã e
princípio da verdadeira sabedoria.
O temor de Deus é o primeiro que se opõe à estulta arrogância dos homens e
o que, com mais energia, a combate e destrói.
Este dom tão importante consiste num amoroso retraimento e nobre confusão da
alma, quando ela compara sua própria condição e baixeza com a suprema grandeza e
majestade de Deus, temendo presumir alta mente de si, como advertiu o Apóstolo Paulo em Romanos 11,21.

O santo temor tem diversos graus a princípio, chama-se inicial e depois, filial.
Começa por fugir da culpa, por ser contrária ao sumo bem, que ama com reverência
e prossegue no próprio abatimento e desprezo, ao comparar seu ser com a majestade
sua ignorância com a sabedoria, sua pobreza com a infinita opulência.
Submete-se plenamente à divina vontade e, por Deus, humilha-se a todas as
criaturas, consagrando a Ele e a elas, íntimo amor para chegar à perfeição dos filhos de
Deus, e à suprema união espiritual com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Os dons em Maria

611. Se me estendesse mais na explicação destes dons, sairia muito de
meu assunto e me alongaria demasiado; o que disse, parece-me suficiente para se
entender sua natureza e propriedades.
Depois disto, leve-se em consideração que, na soberana Rainha do céu.
todos os dons do Espírito Santo não estiveram só no grau suficiente e comum que,
conforme a própria capacidade, todos possuem, pois isto se dá com os outros santos.
Nesta Senhora encontraram-se com privilégio e excelência especiais que não pôde
caber em santo algum, nem seria possível a algum inferior a Ela.
Ficando entendido em que consiste o temor santo, a piedade, a fortalew,
a ciência e o conselho, dons especiais do Espírito Santo, dilate-se o julgamento humano
e o entendimento angélico, para imaginar o mais elevado, nobre, excelente,
perfeito e divino. Tudo quanto podem conceber todas as criaturas reunidas, ainda
estará abaixo dos dons de Maria. O menor deles é o supremo do pensamento
criado, assim como o supremo nesta Senhora e Rainha das virtudes toca, de certo
modo, ao ínfimo em Cristo e na Divindade.

DOUTRINA DA SANTÍSSIMA RAINHA MARIA.

Os dons do Espírito Santo aperfeiçoam as virtudes

612. Minha filha, estes nobilíssimos e excelentíssimos dons do
Espírito Santo, são a emanação pela qual a Divindade se comunica às almas santas e,
por isto, não são limitados como o sujeito que os recebe. Se as criaturas se esvaziassem
dos afetos e amores terrenos, ainda que seu coração seja limitado, participariam
sem medida da torrente da divindade infinita, através dos inestimáveis dons do
Espírito Santo.
As virtudes purificam a criatura da fealdade e mancha dos vícios, se os
tinha, e começam a restaurar a perfeita ordem de suas potências, perdida, a princípio,
pelo pecado original, e depois pelos seus próprios pecados atuais. Além disso
comunicam beleza, força e alegria na prática do bem.
Os dons do Espírito Santo vão mais longe: elevam as virtudes à sublime
perfeição, e constituem o ornamento e formosura
com que a alma se dispõe, se aformoseia e agracia para entrar no tálamo
do Esposo, onde, por admirável modo, se une à divindade, em espírito e vínculo de
eterna paz.
Desse felicíssimo estado sai fortalecida e fiel para praticar heróicas virtudes.
Estas, por sua vez, fazem-na voltar ao mesmo princípio donde saiu, Deus, a
cuja sombra descansa (Ct 2, 3) sossegada e serena, sem ser perturbada pelos furiosos
ímpetos das paixões e seus desordenados apetites. Esta felicidade, contudo,
é conseguida por poucos, e só conhecida pela experiência de quem a recebe.

Disposições necessárias para receber os dons

613. Adverte, pois, caríssima, e com profunda atenção considera, como
atingirás o cume destes dons. A vontade do Senhor e minha é que subas mais para
cima (Lc 14,10) no banquete que te prepara sua doçura, por meio das bênçãos e dons
(SI 20,4) que, para este fim, recebeste de sua liberalidade. Lembra-te que para a eternidade
só existem dois caminhos: o que leva à eterna morte, pelo desprezo da virtude
e pelo desconhecimento da Divindade;
e o que leva à eterna vida, pelo fecundo conhecimento do Altíssimo, pois nisto consiste
a vida eterna: que conheçam a Ele e ao seu Unigênito que enviou ao mundo (Jo 17, 3).

O caminho da morte é seguido por inúmeros néscios (Ecl 1, 15) que desconhecem a própria ignorância, presunção,
soberba e formidável insipiência. Aos que, por sua misericórdia, Deus chamou à sua
admirável luz ( lPd 2, 9), os fez renascer filhos da luz. Nesta regeneração deu-lhes
novo ser pela fé, esperança e caridade, que os torna seus, e herdeiros da divina e
eterna fruição. Adotando-os por filhos, deu-lhes na primeira justificação, as virtudes
infusas para, como filhos da luz, praticarem obras de luz. Depois dessas
virtudes, prepara-lhes os dons do Espírito Santo.

Como o sol material a ninguém nega seu calor e luz, uma vez que tenham
capacidade e disposição para receber a energia de seus raios, assim a divina Sabedoria a
ninguém se negaria e ocultaria.
Mais do que isso: nos altos montes, nas estradas reais (Pr 8, 1), nos atalhos mais
escondidos e nas portas e praças das cidades, convida e chama todos a si. A estultice
dos mortais, infelizmente, os torna surdos;
a ímpia malícia, escarnecedores; e a incrédula perversidade os afasta de Deus, cuja
sabedoria não encontra lugar no coração malvado (Sb 1, 4), nem no corpo escravo
do pecado.

Advertência pessoal à Escritora

614. Tu, porém, minha filha, lembra de tuas promessas, vocação e desejos,
porque a língua que mente a Deus é homicida de sua alma (Sb 1, 11-12), e não
termines com a morte uma vida transviada.
Não adquiras a perdição por tua própria indústria, como, na divina luz, ves fazerem
os filhos das trevas. Teme ao poderoso Deus e Senhor com temor santo, humilde e
bem ordenado, e em todas tuas obras guia te por este Mestre. Oferece um coração
dócil à disciplina e aos atos de piedade Julga com retidão a virtude e o
vício. Anima-te com invencível fortaleza para praticar o mais árduo e elevado e
sofrer o mais adverso e difícil dos trabalhos.
Escolhe com discernimento os meios para a execução disso. Segue a força da
divina luz e ultrapassarás todo o sensível subindo ao conhecimento altíssimo dos
segredos da divina sabedoria, aprendendo a separar o novo do velho homem. Serás
capaz de recebê-la quando, entrando na adega do vinho (Ct 2, 4) de teu Esposo,
inebriada de amor, em ti for ordenada sua eterna caridade.


 

ESTUDO 43 VIDA INTIMA NS JESUS CRISTO

17-51
Junho 29, 1925

Assim como as obras de Jesus, até depois de sua Morte tiveram seu pleno triunfo, assim será de Luisa.

(1) Sentia-me oprimida e um pensamento queria perturbar a serenidade de minha mente: “E se te
encontrasses no ponto da morte e te viessem dúvidas, temores de como te comportaste em tua
vida, tanto de te fazer temer de tua salvação, o que farias?” Mas enquanto pensava assim, meu doce Jesus não me deu tempo de refletir mais nem de responder ao meu pensamento, e movendo-
se em meu íntimo fazia-se ver que movia a cabeça, e como entristecido pelo meu pensamento me disse:.

(2) “Minha filha, o que diz? Pensar isto é uma afronta à minha Vontade, nela não entram nem
temores, nem dúvidas, nem perigo algum, estas são coisas que não lhe pertencem, são antes os
míseros trapos da vontade humana; minha Vontade é como um mar plácido que murmura paz,
felicidade, segurança, certeza, e as ondas que faz sair de seu seio são ondas de alegrias e de
contentamentos sem fim, por isso ao te ver pensar isto Eu fiquei estremecido; minha Vontade não é
capaz de temores, de dúvidas, de perigo, e a alma que vive nela torna-se estranha aos míseros
trapos da vontade humana.

E além disso, do que pode temer minha Vontade? Quem pode fazer
suscitar dúvidas de Seu agir, se diante da Santidade de Querer obrante todos tremem e estão
obrigados a baixar a fronte, adorando o obrar de Minha Vontade? E mais, quero dizer-te uma coisa,
para ti muito consoladora e para mim de grande glória: Quando morreres no tempo, acontecerá de
ti o que aconteceu de Mim na minha morte: Eu em vida obrei, rezei, preguei, instituí Sacramentos,
sofri penas inauditas e até a mesma morte, mas a minha humanidade, posso dizer que quase nada
viu em comparação com o grande bem que tinha feito, nem os mesmos Sacramentos tiveram vida
enquanto Eu estive sobre a terra.

Assim que morri, a minha morte selou todo o meu agir, as minhas
palavras, as minhas penas, os Sacramentos, e o fruto da minha morte confirmou tudo o que Eu fiz,
e fez ressurgir em vida as minhas obras, as minhas penas, as minhas palavras, os meus
Sacramentos instituídos por Mim e a continuação da vida deles até a consumação dos séculos,
assim que a minha morte pôs em movimento todas as minhas obras e as fez ressurgir a vida
perene. Tudo isso era justo, pois contendo minha Humanidade ao Verbo Eterno e uma Vontade
que não tem nem princípio nem fim, nem está sujeita a morrer, de tudo o que Ela fez nada devia
perecer, nem sequer uma só palavra, senão que tudo devia ter sua continuação até o fim dos
séculos, para passar aos Céus a beatificar a todos os bem-aventurados eternamente. Assim te
sucederá: A minha vontade, que vive em ti, que te fala, que te faz agir, sofrer, nada deixará
perecer, nem sequer uma palavra das tantas verdades que te manifestei sobre a minha vontade,
tudo o porá em movimento, tudo o fará ressurgir, a tua morte será a confirmação de tudo o que te
tenho dito; e assim como no viver na minha Vontade, tudo o que a alma faz, sofre, reza, fala,
contém um ato de Vontade Divina, tudo isto não estará sujeito a morrer, senão que ficarão como
tantas vidas no mundo, todas em ato de dar vida às criaturas. Portanto, todas as verdades que te disse, sua morte rasgará os véus que as cobrem e ressurgirão como tantos sóis que dissiparão as
nuvens de todas as dúvidas e dificuldades com que pareciam cobertas em vida. Portanto, enquanto
viveres neste submundo, pouco ou nada verás nos outros de todo o grande bem que a minha
Vontade quer fazer por meio de ti, mas depois da tua morte tudo terá o seu pleno efeito”.

(3) Depois disto passei a noite sem poder fechar os olhos ao sono e sem receber as habituais
visitas do meu amável Jesus, porque vindo Ele eu fico adormecida nele e para mim é mais que
sonho; mas esse tempo o passei fazendo as horas da Paixão e fazendo meus habituais giros em
sua adorável Vontade; logo via que era já de dia, (isto me acontece freqüentemente), e estava
dizendo entre mim: “Meu amor, não vieste nem me fizeste dormir, então, como farei hoje sem Ti?”
Enquanto eu estava nisso, meu doce Jesus se moveu dentro de mim dizendo:.

(4) “Minha filha, em minha Vontade não há noites, nem sono, sempre é pleno dia e plena vigília;
não há tempo para dormir porque há muito que fazer, o que tomar e o que fazer feliz nela, portanto
tu deves aprender a viver no longo dia de minha Vontade, para fazer que minha Vontade possa ter
sua Vida de atitude contínua em ti; além disso encontrarás o mais belo repouso, porque minha
Vontade te fará subir sempre mais em teu Deus e te fará compreender mais, e quanto mais o
compreenderes, tanto mais tua alma ficará dilatada para poder receber esse repouso eterno, com
todas as felicidades e alegrias que contém o repouso divino. ¡ Oh! que belo repouso será este para
ti, repouso que só na minha Vontade se encontra”.

(5) Agora, enquanto dizia isto, saiu de dentro de mim e pondo seus braços em meu pescoço me
apertava forte a Ele, e eu estendi também os meus e o apertava forte a mim. Enquanto estava
nisto, o meu doce Jesus chamava muitas pessoas que se estreitavam a seus pés e Jesus lhes
dizia: “Vinde ao meu coração e eu vos farei ver os portentos que a minha Vontade fez nesta alma”.
(6) Tendo dito isto desapareceu.

 

17-52
Julho 9, 1925

Sofrer junto com Jesus serve de toque contínuo, com o qual bate
às portas da alma, e a alma bate às portas da sua.

(1) Eu senti que não podia mais ficar sem meu doce Jesus. Por vários dias tive que suspirar seu
retorno, mas em vão, e lhe dizia de coração:.
(2) “Meu amor, regressa à tua pequena filha, não vês que não posso mais? Ai, a que duro martírio
submetes a minha pobre existência com privar-me de Ti!”.

(3) E cansada e exausta me abandonava no seu Santíssimo Querer. Agora, enquanto eu estava
neste estado, eu estava lendo e senti seus braços no meu pescoço, minha mente ficou adormecida
e eu me encontrei apertada pelos braços de Jesus, toda coberta e escondida nele. Eu queria lhe
dizer minha dor, mas não me deu tempo de fazê-lo e falou Jesus dizendo-me:.

(4) “Minha filha, não queres persuadir-te que, quando a minha Justiça quer, por justa razão, punir
os povos, Eu sou obrigado a esconder-me de ti, porque tu não és mais do que uma pequenina
parte que vincula todas as outras pequeninas partes das outras criaturas, e estar familiar contigo e
como em festa, e golpear as outras pequenas partes vinculadas a ti, então minha Justiça se
encontra em contraste e se sente dissuadir de castigar as outras pequenas partes. Por isso, nestes
últimos dias em que houve castigos no mundo me mantive oculto de ti, mas sempre em ti”.
(5) Enquanto dizia, encontrei-me fora de mim mesma, e me fazia ver que em vários pontos da terra
tinha havido: ali terremotos, lá graves incêndios com morte de pessoas, além e outros castigos, e
parecia que outros graves males seguiriam. Eu fiquei espantada e rezava, e meu amável Jesus
retornou, eu me via frente a Ele toda feia, como murcha e lhe disse:.

(6) “Vida minha e meu tudo, olhe como me fiz feia, como estou murchando. Ah, sem Ti como mudo!
Sua privação me faz perder o frescor, a beleza, sinto-me como sob um sol ardente que me tirando
todos os humores vitais me faz murchar e consumir-me”.
(7) Então Jesus me fez sofrer um pouco junto com Ele, e esse sofrimento se tornava sobre minha
alma como um orvalho celestial que me restituía os humores vitais, e tomando minha pobre alma
em suas mãos acrescentou:.
(8) “Pobre minha filha, não temas, se a minha privação te fez murchar, o meu regresso te restituirá
o frescor, a beleza, o colorido, e todas as minhas orientações, e o sofrer junto Comigo não só te
será como orvalho que te fará tomar vigor, senão que servirá como chamada contínua, com a qual
eu possa bater às portas da tua alma e tu à minha, de maneira que as portas fiquem sempre
abertas, e tu livremente possas entrar em Mim e Eu em ti; o meu alento te servirá como uma vela
para conservar em ti a bela frescura com a qual te criei”.
(9) E enquanto isso dizia me soprava forte, e me apertando a Si desapareceu..

+ + +

17-53
Julho 20, 1925

Imobilidade da Graça nas almas pela ingratidão humana.

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, depois de ter passado privações amarguíssimas do
meu doce Jesus, finalmente fez-se ver, e sem me dizer nem sequer uma palavra me colocou numa
posição dolorosa, numa perfeita imobilidade; sentia a vida e não tinha movimento, sentia o respiro
e não podia respirar, toda minha pobre pessoa não tinha nem um pequeno movimento, e enquanto
sentia me magoar não era capaz de me retorcer pela dor que sentia, pois estava obrigada pela
presença de Jesus e por sua Santíssima Vontade a ficar imóvel. Depois, quando o bendito Jesus
me quis, estendeu-me os braços para me tomar e me estreitar ao seu seio, e disse-me:.

(2) “Minha filha, viu como é doloroso o estado de imobilidade? É o estado mais duro, porque
mesmo sentindo acerbas dores, o movimento é alívio, é sinal de vida, as contorções são vozes
mudas que pedem ajuda, e despertam compaixão dos presentes. Já sentiste como é doloroso, mas
sabes porque te pus neste estado de imobilidade? Para fazer-te compreender o estado em que se
encontra minha graça, e ter de ti uma reparação. ¡ Oh, em que estado de imobilidade se encontra
minha graça! Ela é vida e movimento contínuo e está em contínuo ato de dar-se às criaturas, as
criaturas a rejeitam e a tornam imóvel; sente a vida, quer dar a vida e está obrigada pela ingratidão
humana a estar imóvel e sem movimento; que pena! Minha graça é luz e como luz naturalmente se
expande, e as criaturas não fazem outra coisa que fazer sair de si trevas, e enquanto minha luz
quer entrar nelas, as trevas que expandem paralisam minha luz e a tornam como imóvel e sem vida
para as criaturas. Minha graça é amor e contém a vida de poder acender a todos em amor, mas a
criatura amando outra coisa volta como morto para ela este amor, e minha graça sente a mais
dilacerante dor pelo estado de imobilidade em que a colocam as criaturas. Oh, em que estreitezas
dolorosíssimas se encontra minha graça!

E isto não só naqueles que abertamente se dizem maus,
mas também naqueles que se dizem religiosos, almas piedosas, e muitas vezes por coisas de
nada, por coisas que não vão com seu gosto, por um capricho, por um vil apego, ou porque não
encontram as satisfações da própria vontade nas mesmas coisas santas, enquanto a minha graça
é toda movimento e vida para eles, tornam-na imóvel e apegam-se ao que vai com as suas
inclinações, ao capricho, aos apegos humanos e a tudo aquilo em que sentem a satisfação do
próprio eu. Portanto, no lugar da minha graça põem o próprio eu como vida e como ídolo próprio;
mas sabes tu quem é a consoladora, a indivisível companheira, a raptora que rapta o movimento e
a vida da minha graça, Mais do que aquela que acelera sempre mais o seu movimento e nem
sequer um instante a deixa imóvel?

Quem vive em minha Vontade; onde minha Vontade reina
sempre em movimento minha graça, sempre está em festa, tem sempre o que fazer, nunca fica
zangada, ociosa; a alma onde reina meu Querer é a pupila de minha graça, é sua pequena
secretária na qual deposita os segredos de suas dores e de suas alegrias, confia-lhe tudo, porque
minha Vontade tem lugar suficiente para receber o depósito que contém minha graça, porque ela
não é outra coisa que o parto contínuo da minha Vontade Suprema”..

 

17-54
Agosto 2, 1925

Que coisa é o te amo?

(1) Estava a rezar e fundindo-me no Santo Querer Divino; queria girar por todas as partes, até no
empíreo para encontrar esse te amo supremo que não está sujeito a nenhuma interrupção, gostaria
de o fazer meu para que também eu tivesse um Te amo jamais interrompido que pudesse ecoar ao
Te amo eterno, e possuindo em mim a fonte do verdadeiro Te amo pudesse ter um Te amo por
todos, por cada um, por cada movimento, por cada ato, por cada respiro, por cada batida e por
cada te amo do mesmo Jesus. E, enquanto me parecia chegar ao seio do Eterno, fazendo meu o
seu te amo, ia repetindo por toda parte e sobre cada coisa o refrão do te amo ao meu Supremo
Senhor. Agora, enquanto fazia isto, o meu pensamento interrompeu o meu Te amo, dizendo-me:
“O que estás a fazer? Poderia fazer outra coisa, e além disso, que grande coisa é este te amo?” E
meu doce Jesus movendo-se como depressa em meu interior me disse:.

(2) “Que coisa? Que grande coisa é o te amo para Mim? Minha filha, o te amo é tudo, o te amo é
amor, é veneração, é estima, é heroísmo, é sacrifício, é confiança para quem é dirigido; o te amo é
possuir Aquele que encerra o te amo. Te amo é uma palavra pequena, mas pesa quanto pesa toda
a eternidade. O te amo encerra tudo, abarca a todos, se difunde, se estreita, se eleva em alto,
desce até o baixo, se imprime onde quer que seja, mas jamais se detém. Como que é coisa de
nada minha o te amo filha minha? Sua origem é eterna, no te amo o Pai Celeste me gerou, e no te
amo procedeu o Espírito Santo, no te amo o Fiat eterno fez a toda a Criação, e no te amo perdoou
o homem culpado e o redimiu; assim que no te amo a alma encontra tudo em Deus e Deus
encontra tudo na alma, por isso o valor do te amo é infinito, está cheio de vida, de energia, não se
cansa jamais, supera tudo e triunfa sobre tudo; por isso quero ver este Te amo dirigido a Mim sobre
teus lábios, no teu coração, no voo dos teus pensamentos, nas gotas do teu sangue, nas penas e
nas alegrias, no alimento que tomas, em tudo. A vida de meu te amo deve ser longa, longa em ti, e
meu Fiat que reina em ti porá o selo do te amo Divino”.

(3) Depois disso, diante de minha mente se apresentou em um ponto altíssimo um sol, sua luz era
inacessível, de seu centro saíam contínuas pequenas chamas, contendo cada uma um te amo, e
conforme saíam em ordem em torno desta luz inacessível, mas estas chaminhas ficavam como que atadas por um fio de luz àquela luz inacessível que alimentava a vida dessas chamas; estas
chamas eram tantas que enchiam o Céu e a Terra. Parecia-me ver nosso Deus como princípio e
origem de tudo, e as chamazinhas, a Criação toda como parto divino e de puro amor, também eu
era uma pequena chave e meu doce Jesus me incitava a tomar meu vôo por cada chama para pôr
nelas o duplo te amo. Eu não sei como eu me encontrei fora de mim mesma para girar no meio
dessas chamas e imprimir meu Te amo em cada uma delas, mas eram tantas que eu perdia, mas
uma força suprema me fazia tomar a ordem e o giro do meu amo..
(4) Depois encontrei-me num vasto jardim, e com grande surpresa minha encontrei a minha Rainha
Mãe, a qual, aproximando-se de mim, me disse:.

(5) “Minha filha, vem comigo trabalhar neste jardim, devemos plantar flores e frutos celestes e
divinos, já está quase vazio, e se algumas plantas existem, são terrestres e humanas, portanto
convém arrancá-las para fazer com que este jardim seja de todo agradável ao meu Filho Jesus. As
sementes que devemos plantar são todas as minhas virtudes, minhas obras, minhas penas, que
contêm o germe do Fiat Voluntas Tua; não houve coisa que eu fizesse que não contivesse este
germe da Vontade de Deus, ter-me-ia contentado em não fazer nada antes de agir, sofrer sem este
germe. Toda minha glória, a dignidade de Mãe, a altura de Rainha, a supremacia sobre tudo,
Vinha-me deste germe; toda a Criação, todos os seres me reconheciam dominante sobre eles
porque viam em Mim reinante a Vontade Suprema. Por isso tudo o que eu fiz, e tudo o que tu
fizeste com este germe do Querer Supremo, o uniremos e plantaremos este jardim”.

(6) Então fundimos juntas as sementes que tinha a Mãe Celestial, que eram muitas, e as poucas
minhas, que não sei como as encontrei, e começamos a formar sulcos para pôr as sementes. Mas
enquanto fazíamos isso, fora dos muros do jardim, que eram altíssimos, se ouviam rumores de
armas, de canhões e que se golpeavam em modo horrível, assim que nos vimos obrigadas a correr
para prestar ajuda; havendo chegado, se viam povos de várias raças, de diversas cores, e muitas
nações unidas, que lutavam, e davam terror e espanto. Mas enquanto via isto encontrei-me em
mim mesma, mas com tal espanto, e com a dor de não ter dito nem sequer uma palavra a minha
Celestial Mãe acerca de meu duro estado. Seja sempre bendita a Santíssima Vontade de Deus e
tudo seja para sua glória.

+ + +

17-55
Agosto 4, 1925

Quem vive na Vontade de Deus está em comunicação com todas as coisas criadas, e é sustentada por toda a Criação.

(1) Depois de ter passado vários dias de total privação de meu dulcíssimo Jesus, ia repetindo meu
doloroso refrão: “Tudo para mim acabou, ah! não o verei mais, não escutarei mais sua voz que
tanto me deleitava, ah! estou abandonada por quem formava todo meu contentamento e era tudo
para mim. Que martírio prolongado, que vida sem Vida, sem Jesus!” Mas enquanto meu coração
se afogava em tristeza, meu doce Jesus saiu de dentro de mim e me tomou nos braços, eu pus
meus braços em seu pescoço colocando minha cabeça sobre seu peito sem poder mais, e Jesus
me apertando forte a Si, apoiava seus joelhos sobre meu peito, oprimi-o forte e disse-me:.

(2) “Minha filha, tu deves morrer continuamente”.
(3) E enquanto isso me dizia, me participava várias penas, e depois, tomando um aspecto mais
afável agregou:
(4) “Minha filha, de que temes se está em ti o poder da minha Vontade? E é tão certo que há este
meu Querer em ti, que num instante te transformei em minhas penas e tu com amor te prestaste a
recebê-las. E conforme tu penavas estendeste os braços para abraçar a minha Vontade, e
enquanto tu a abraçavas, tudo o que vive em meu Querer, isto é: Os anjos, os santos, minha Mãe
Celestial, a mesma Divindade, sentiram a estreiteza de teu abraço, e todos correram para ti para te
abraçar e em coro disseram: Como é grato e amado o abraço de nossa pequena exilada que vive
sobre a terra para cumprir somente a Vontade de Deus, assim como a cumprimos nós no Céu, ela
é nossa alegria, é a nova e única festa que nos vem da terra’.

Oh, se tu soubesses o que significa viver em minha Vontade, significa que não há divisão entre ela e o Céu, onde está minha Vontade ela se encontra, seus atos, suas penas, suas palavras, estão em ato e obrantes em qualquer lugar onde se encontra minha Vontade, e como se encontra por toda parte, a alma se põe na ordem da
Criação, e está, graças à eletricidade do Supremo Querer, em comunicação com todas as coisas
criadas, e assim como as coisas criadas estão em ordem e harmonia entre elas, uma é o sustento
da outra, nem sequer uma pode afastar-se; e jamais seja, se se afastar uma só coisa criada por
Mim a Criação se transtornaria toda; há um segredo entre elas, uma força misteriosa, que enquanto
vivem suspensos no ar, sem nenhum apoio, com a força da comunicação que têm entre elas uma
sustenta a outra; assim quem faz a minha Vontade está em comunicação com todos, é sustentada
por todas as obras do seu Criador, por isso todos a reconhecem, a amam e lhe emprestam a
eletricidade, o segredo de viver junto com elas suspensa entre o Céu e a terra, toda sustentada
pela única força da Suprema Vontade”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

LIVRO DO CÉU VOLUME 1 - SERVA DE DEUS LUISA PICCARRETA

  Luísa Piccarreta A pequena filha da Divina Vontade O REINO DA DIVINA VONTADE EM MEIO AS CRIATURAS LIVRO DO CÉU A CHAMADA ÀS CRIATURAS À OR...