ESCOLA DA DIVINA VONTADE - 49° SEMANA DE ESTUDOS

 

LIVRO DO CÉU VOLUME 1

(24) E Jesus: "E Eu te perdoo e aplico à tua alma os méritos de minha Paixão e quero lavá-la em
meu sangue".
(25) E, enquanto dizia isto, levantou a sua mão direita abençoada e pronunciou as palavras da
absolvição, exatas às palavras que o sacerdote diz quando dá a absolvição, e no ato em que isto
fazia, de sua mão corria um rio de sangue, e minha alma ficava toda inundada por ele.
(26) Depois disso me disse: "Vem, ó filha, vem fazer penitência por teus pecados beijando minhas
feridas".
(27) Toda tremula me levantei e lhe beijei suas sacratíssimas chagas e depois me disse:
(28) "Minha filha, sê mais atenta e vigilante, porque hoje te dou a graça de não cair mais no
pecado venial voluntário".
(29) Depois me fez outras exortações que não recordo bem e desapareceu. Quem pode dizer os
efeitos desta confissão feita a Nosso Senhor? Sentia-me toda encharcada na graça, e ficou-me tão
gravada que não posso esquecê-la, e cada vez que me lembro, sinto correr um arrepio nos ossos,
e ao mesmo tempo sinto horror ao pensar qual é a minha correspondência a tantas graças que o
Senhor me fez.
(30) Outras vezes o Senhor se dignou a dar-me Ele mesmo a absolvição, às vezes tomando o
aspecto de sacerdote, e eu me confessava como se fosse sacerdote, se bem sentia diversos
efeitos, e depois de terminada se fazia conhecer que era Jesus; e às vezes abertamente vinha
fazendo-se conhecer que era Jesus; também algumas vezes tomava o aspecto do confessor, tanto
que eu acreditava que falava com o confessor e lhe dizia todos meus temores, minhas dúvidas;
mas pelo modo de responder-me, pela suavidade da voz, entrelaçada agora como a voz do
confessor e agora como a de Jesus, por seu trato amável e pelos efeitos internos, descobria eu
quem era. Ah, se eu quisesse dizer tudo sobre estas coisas me estenderia muito! Por isso termino
e ponho ponto.
(31) Recordo que houve uma segunda guerra entre a África e a Itália, e o bendito Jesus, um dia,
cerca de nove meses antes, me transportou para fora de mim mesma e me fez ver um caminho
muito longo, cheio de cadáveres imersos no sangue que a rios inundava esse caminho. Dava
horror ver esses cadáveres expostos ao ar livre, sem nem sequer ter quem os sepultasse. Eu toda
assustada disse a Nosso Senhor: "O que é isto?"
(32) E Ele: "No próximo ano haverá guerra. Servem-se da carne para me ofender, e Eu sobre sua
carne eu quero fazer a minha justa vingança".
(33) Ele disse outras coisas, mas já passou tanto tempo que eu não me lembro.
(34) Agora, aconteceu que passado esse período de tempo começou a se ouvir que entre a Itália e
a África havia guerra. Eu rogava ao bom Jesus que livrasse muitas vítimas e que tivesse piedade
de tantas almas que iam ao inferno.
(35) Uma manhã, como o habitual me transportou fora de mim mesma e via que quase todas as
pessoas estavam convencidas de que devia vencer a Itália, me pareceu encontrar-me em Roma e
via os deputados que tinham conselhos sobre o modo como deviam conduzir a guerra para
estarem seguros de fazer vencer a Itália. Estavam tão inchados de si mesmos que davam piedade,
mas o que mais me impressionou foi ver que estes tais, quase todos eram masons, almas vendidas
ao demônio. Que tristes tempos! parecia que propriamente reinava o reino satânico, e sua
confiança em vez de colocá-la em Deus a punham no demônio. Agora, enquanto estavam
deliberando, meu bendito Jesus me disse:
(36) "Vamos ouvir que se dizem".
(37) Então me pareceu entrar em seu círculo junto com Jesus. Jesus passeava-se no meio e
derramava lágrimas sobre o seu miserável estado. Quando terminaram de deliberar sobre o modo
de como deviam fazer, vangloriando-se de estar seguros da vitória, Jesus se dirigiu a eles e lhes
disse, ameaçando-os:
(38) "Confiais em vós mesmos e por isso vos humilharei, desta vez perderá a Itália".

2-53
Agosto 2, 1899

Ameaças de castigos. Fala sobre a correspondência.

(1) Esta manhã meu adorável Jesus se fazia ver todo aflito e quase zangado com os homens,
ameaçando com os habituais castigos e de fazer morrer gente de improviso sob raios,
granizadas e fogo, eu lhe pedi muito que se acalmasse e Jesus me disse:
(2) "São tantas as iniqüidades que se elevam da terra ao Céu, que se faltasse por um quarto de
hora a oração e almas que fossem vítimas diante de Mim, Eu faria sair fogo da terra e com ele
inundaria as nações".
(3) Depois acrescentou: "Olha quantas graças devia verter sobre as criaturas, mas como não
encontro correspondência estou obrigado a retê-las em Mim, é mais, me fazem trocá-las em
castigos. Preste atenção, minha filha, a me corresponder às tantas graças que estou
derramando em você, porque a correspondência é a porta aberta para me deixar entrar no
coração e ali formar meu quarto. A correspondência é como aquela boa acolhida, aquela estima
que se dá às pessoas quando vêm fazer uma visita, de modo que atraídas por esse respeito,
por essas maneiras afáveis que se usam com elas, estão obrigadas a vir outras vezes e
chegam a não saber se separar. O todo está em me corresponder, e a medida que as criaturas
me correspondem e me tratam na terra, assim Eu me comportarei com elas no Céu, fazendo-
lhes encontrar as portas abertas, convidarei a toda a corte celestial a acolhê-los e os colocarei
no mais sublime trono, mas será o contrário para quem não me corresponde".

3-53
Março 17, 1900

Dor do Papa. Humildade.

(1) Esta manhã o bendito Jesus me fazia ver o Santo Padre com as asas abertas, que ia em busca
de seus filhos para recolhê-los sob suas asas, e ouvia seus lamentos que diziam: "Meus filhos,
meus filhos, quantas vezes busquei reunir-vos sob minhas asas e vocês me fogem! Ah, escutem
meus lamentos e tenham compaixão de minha dor!" E enquanto dizia isto chorava amargamente, e
parecia que não eram só os leigos que se afastavam do Papa, mas também os sacerdotes, e estes
davam mais dor ao Santo Padre. Que pena dava ver o Papa nesta posição! Depois disto vi Jesus
que fazia eco aos lamentos do Santo Padre e acrescentava:
(2) "Poucos são os que permaneceram fiéis, e estes poucos vivem como raposas escondidas em
suas próprias cavernas, têm medo de expor-se para arrancar seus próprios filhos da boca dos
lobos; falam, propõem, mas todas são palavras ditas ao vento, jamais chegam aos fatos".
(3) Dito isto, ele desapareceu. Depois de pouco tempo voltou e eu me sentia toda aniquilada em
mim mesma ante a presença de Jesus, e Ele, vendo-me assim me disse:
(4) "Minha filha, quanto mais você se abaixa em si mesma, tanto mais me sinto atraído a me
abaixar para você e te encher de minha graça, eis por que a humildade é precursora da luz".

4-56
Fevereiro 10, 1901
A obediência tem uma visão aguda, o amor próprio é muito curto de vista.

(1) Ao vir meu adorável Jesus, fazia-se ver com os olhos resplandecentes de vivíssima e puríssima
luz; eu fiquei cativada e surpreendida ante aquela luz deslumbrante, e Jesus vendo-me tão
cativada, sem que lhe dissesse nada me disse:
(2) "Amada minha, a obediência tem a visão agudíssima e vence em beleza e em penetração à
mesma luz do sol, enquanto que o amor próprio é muito curto de vista, tanto que não pode dar um
passo sem tropeçar. E não creias tu que esta vista agudíssima a têm as almas que estão sempre
agitadas e fazendo escrúpulo de tudo, mas sim esta é uma rede que lhes tece o amor próprio,
porque sendo muito curto de vista, primeiro as faz cair e logo lhes suscita mil inquietações e
escrúpulos, e o que hoje detestam com tantos escrúpulos e temores, amanhã caem nisso
novamente, tanto, que o seu viver se reduz a estar sempre imersos nesta rede artificiosa que lhes
sabe tecer muito bem o amor próprio, ao contrário da vista agudíssima da obediência que é
homicida do amor próprio, porque sendo agudíssima e claríssima, imediatamente prevê onde pode
dar um passo em falso, e com ânimo generoso se abstém de dá-lo e goza a santa liberdade dos
filhos de Deus. E assim como as trevas atraem mais trevas e a luz atrai mais luz, assim esta luz
chega a atrair a luz do Verbo, e unindo-se tecem a luz de todas as virtudes".
(3) Surpreendida ao ouvir isto, disse: "Senhor, o que dizes? Parece-me que é santidade esse modo
de viver escrupuloso".

(4) E Ele com tom mais sério acrescentou: "Mas digo-te que esta é a verdadeira marca da
obediência, e a outra é a verdadeira marca do amor próprio, e esse modo de viver me move mais a
indignação que a amor, porque quando é a luz da verdade que faz ver uma falta, ainda mínima,
deveria haver uma emenda, mas como é a visão curta do amor próprio, não faz outra coisa que tê-
las oprimidas, sem que avancem no caminho da verdadeira santidade".

6-51
Julho 27, 1904

Tudo deve ser selado pelo amor.

(1) Encontrando-me em meu estado habitual, meu adorável Jesus saiu de meu interior, e tendo-me
levantada a cabeça, que pelo prolongado do tempo que o esperei estava muito cansada, me disse:
(2) "Minha filha, a quem verdadeiramente me ama, tudo o que lhe acontece, interior e exterior,
devora tudo numa só coisa, na Vontade Divina. De todas as coisas nenhuma lhe parece estranha,
olhando-as como um produto de Divina Vontade, por isso Nela tudo consome, seu centro, sua
mira, é única e somente a Vontade de Deus; assim que nela sempre gira como dentro de um anel,
sem encontrar jamais o caminho para sair, fazendo dela o seu alimento contínuo".
(3) Dito isto desapareceu, e depois de ter retornado adicionou:
(4) "Filha, faz com que tudo te seja selado pelo amor, assim se pensas, deves só pensar no amor,
se falas, se obras, se palpita, se desejas; inclusive um só desejo que saia de ti que não seja amor,
roda-o em ti mesma e converte-o em amor, e depois dá-lhe a liberdade de sair".
(5) E enquanto dizia isto, parecia que com a sua mão tocava toda a minha pessoa, colocando
tantos selos de amor.

7-47
Outubro 2, 1906

Como os nossos sofrimentos podem aliviar Jesus.

(1) Tendo recebido a comunhão, senti-me fora de mim e via uma pessoa muito oprimida por
várias cruzes, e a Jesus bendito que dizia:
(2) "Diga-lhe que no ato em que ela se sente como acossada por perseguições, por dores, por
sofrimentos, pense que Eu lhe estou presente, e que pode servir-se de seus sofrimentos para
curar e cicatrizar minhas chagas; assim que seus sofrimentos me servirão agora para curar-me o
lado, agora a cabeça, agora as mãos e os pés, chagas demasiado doloridas, irritadas pelas
graves ofensas que me fazem as criaturas, e isto é uma grande honra que lhe faço, dando-lhe eu
mesmo o remédio para curar as minhas chagas, e ao mesmo tempo dar-lhe o mérito da caridade
de ter-me curado".
(3) Enquanto assim dizia, via muitas almas purgantes, as quais ao ouvir isto, todas espantadas
disseram:
(4) "Felizes sois vós que recebeis tantos sublimes ensinamentos, que adquiris méritos de curar
um Deus, méritos que ultrapassam todos os outros méritos, e vossa glória será diferente da dos
demais, como é diferente o Céu da terra. Oh! Se nós tivéssemos recebido tais ensinamentos,
que nossos sofrimentos poderiam ter servido para curar um Deus, quantas riquezas de méritos
teríamos adquirido, e dos quais agora nos vemos privadas?"

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7-48
Outubro 3, 1906

Jesus fala-lhe da simplicidade.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, assim que veio o bendito Jesus me disse:
(2) "Minha filha, a simplicidade enche a alma de Graça até difundir-se fora, assim que se quiser
restringir a Graça nela não se pode, porque assim como o Espírito de Deus por ser simplíssimo
se difunde por toda parte sem esforço nem fadiga, mais bem naturalmente, assim a alma que
possui a virtude da simplicidade difunde a Graça em outros sem sequer adverti-lo".
(3) Dito isto desapareceu.

10-50
Janeiro 27, 1912

A alma quer estar escondida.

(1) Esta manhã Jesus fazia-me ver uma alma que chorava, mas parecia mais um pranto de amor;
Jesus apertava-a e parecia que dentro de seu coração estava uma cruz, a qual, oprimindo-lhe o
coração fazia sentir abandonos, frieiras, agonias, distrações, opressões, e a alma se debatia e
alguma vez fugia dos braços de Jesus para pôr-se aos pés, Jesus queria que neste estado
resistisse a estar em seus braços dizendo-lhe: "Se sabes resistir neste estado a estar em meus
braços, sem vacilar, esta cruz será tua santificação, de outra maneira estarás sempre em um
ponto".
(2) Quando vi isto, disse: "Jesus, que querem de mim estes tais homens? Parece-me que querem
tirar-me a santa liberdade e entrar nos segredos que há entre Você e eu".
(3) E Jesus: "Minha filha, se Eu permiti isto, de fazer ouvir alguma coisa de quanto você fala
Comigo, foi por causa de sua grande fé, e se não o fizesse me sentiria como se os decepcionasse;
que provem os demais e verá que não te faço nem sequer respirar".
(4) E eu: "Temo, ó Jesus, que também nesta hora não estamos sós, e se Tu as fazes sair fora,
onde estará o meu escondimento em Ti? Ouve o que te digo! Jesus, te digo pouco a pouco, que
minhas loucuras não quero que saiam fora, só Você deve sabê-las, porque só Você conhece como
louca e má sou, tanto, que chego mesmo a fazer impertinências Contigo, a fazer birras como se
fosse uma menina, quem chega a tanto? Nenhum, só minhas loucuras, minha soberba, minha
grande maldade, e como vejo que me ama muito, por isso eu para ter mais amor de Ti, continuo
minhas ridicularizações, não pondo atenção em nada mais que em teu entretenimento, que sabem
disto os demais, ó! amado Jesus?"
(5) "Minha filha, não te aflijas, Eu te disse, que nem Eu o quero habitualmente, ao mais uma vez de
cem".
(6) E quase para me distrair acrescentou:
(7) "Diga-me, o que você quer dizer para aqueles que estão no Céu?"
(8) E eu: "Por mim não sei dizer nada a ninguém, só a Ti sei dizer tudo, assim que por meio teu
lhes dirás que ofereço e saúdo a todos, à doce Mãe, aos santos e anjos, meus irmãos, às virgens,
minhas irmãs, e lhes dirás que recordem à pobre exilada".

11-49
Março 21,1913
O abandono da alma na Vontade de Deus é ópio para Jesus. O ar das almas.

(1) Continuando meu habitual estado, estava dizendo ao doce Jesus que tivesse a bem me fazer
participar em suas penas, e Ele me disse:
(2) "Minha filha, o ópio da alma é minha Vontade, meu ópio é a vontade da alma abandonada na
minha, unida ao puro amor. Este ópio que a alma me dá tem a virtude de que os espinhos
percam em Mim a virtude de picar, os cravos de perfurar, as chagas de dar dor, tudo me acalma
e adormece, assim que você me deu o ópio, como queres que te faça parte de minhas
penas? Se não as tenho para Mim menos para ti".
(3) E eu: "Ah Jesus, como você sabe sair, parece que quer jogar e para não me contentar se
safa com essas palavras".
(4) E Ele: "Não, não, é verdade, é exatamente assim. Tenho necessidade de muito ópio, e te
quero tão abandonada em Mim que não te sinta mais a ti mesma, assim que não reconhecerei
mais quem és tu, senão que somente me reconhecerei a Mim em ti, assim que te direi que és
minha alma, minha carne, meus ossos. Nestes tempos tenho necessidade de muito ópio, porque
se eu acordar, em dilúvio farei cair os flagelos".
(5) E desapareceu. Pouco depois voltou e acrescentou:
(6) "Minha filha, muitas vezes acontece às almas o que acontece no ar: O ar, pelos fedores que
exala a terra se suja e se sente um ar pesado, oprimindo e nauseante, de modo que são
necessários os ventos para limpar o ar, de maneira que purificado o ar se respira depois um
ventinho finíssimo, que se estaria a boca aberta para respirar este ar purificado. Tudo isto
acontece nas almas, muitas vezes a complacência, a estima própria, o eu e tudo o que é
humano sujam o ar da alma, e Eu vejo-me obrigado a enviar-lhes o vento da frieza, o vento da
tentação, da aridez, da calúnia, de modo que estes ventos limpam o ar da alma e a purificam, a
reduzem a nada, e a nada abre a porta ao Tudo, a Deus, e o Tudo faz soprar tantas brisas
perfumadas, de modo que a boca aberta toma este ar e a deixa toda santificada".


51. Maria manda Judas Tadeu
convidar Jesus para as bodas de Caná.
17 de outubro de 1944.
51.1Vejo a cozinha de Pedro. Nela, além de Jesus, estão Pedro e sua
mulher, Tiago e João. Parece que eles acabaram de jantar, faz pouco tempo e
estão conversando. Jesus se interessa pelos assuntos da pesca.
André entra, e diz:
– Mestre, está aí fora o homem, que mora com alguém que se diz teu
primo.
Jesus se levanta, vai até à porta e diz:
– Entrem!
E, quando, à luz da candeia e das chamas da lareira, vê entrar Judas
Tadeu, exclama:
– Tu, Judas?!
– Eu mesmo, Jesus.
Beijam-se. Judas Tadeu é um belo homem, na plenitude de sua beleza
viril. Alto, se bem que não como Jesus, bem proporcionado em sua robustez,
moreno, como era José, quando jovem, de um oliváceo, não térreo, com
olhos que têm alguma coisa em comum com os de Jesus, porque são de uma
cor azul, mas tendente à pervinca. Tem uma barba quadrada e escura,
cabelos em desalinho, menos encaracolados que os de Jesus, escuros como a
barba.
– Eu venho de Cafarnaum. Fui até lá com um barco, depois também vim
até aqui desta forma, para chegar mais depressa. É tua mãe que me manda a
Ti. Ela manda dizer: “Susana se casa amanhã. Eu te peço, Filho, que vás ao
casamento.” Maria vai tomar parte na festa e com ela minha mãe e meus
irmãos. Todos os parentes estão convidados. Só Tu estarias ausente, e os
parentes te pedem que vás para fazer contentes os noivos.
51.2 Jesus se inclina levemente, abrindo um pouco os braços, e diz:
– O desejo de minha mãe para Mim é lei. Mas também Susana e os
parentes. Eu irei. Só… me desagrada por causa de vós… –e olha para Pedro
e os outros–. São os meus amigos –explica ao primo. E vai dizendo os
nomes, começando por Pedro.
Por último diz:
– E este é o João.
O diz de um modo todo especial, que atrai o olhar mais atento de Judas
Tadeu, e faz enrubescer o seu predileto. Termina a apresentação, dizendo:
– Amigos, este é Judas, filho de Alfeu, meu primo-irmão, segundo o
modo de falar do mundo, porque é filho do irmão do esposo de minha mãe. É
um bom amigo meu no trabalho e na vida.
– Minha casa está aberta para ti, como para o Mestre. Assenta-te! –e,
depois, voltando-se para Jesus, Pedro diz:
– E então? Não iremos mais Contigo para Jerusalém?
– Certamente que ireis. Depois da festa das núpcias, Eu irei para lá.
Somente que não me deterei mais em Nazaré.
– Fazes bem, Jesus. Porque tua mãe é minha hóspede por alguns dias.
Foi combinado assim, e para lá ela irá depois das núpcias.
Assim falou o homem de Cafarnaum.
– Assim faremos, então. Agora, com o barco de Judas, Eu irei a
Tiberíades, e de lá a Caná, e com o mesmo voltarei a Cafarnaum com minha
mãe e contigo. No dia seguinte ao próximo sábado, tu irás, Simão, se ainda
quiseres ir, e iremos a Jerusalém pela Páscoa.
– Claro que irei! Aliás, irei no sábado, para Te ouvir na sinagoga.
51.3 – Já estás ensinando, Jesus? –pergunta Judas Tadeu.
– Sim, primo.
– E que palavras! Ah! Não se ouvem sair dos lábios de outros!
Judas suspira. Com a cabeça apoiada na mão e com o cotovelo firmado
sobre o joelho, ele olha para Jesus e suspira. Parece querer falar, mas não
tem coragem.
Jesus o estimula:
– Que tens, Judas? Por que me olhas e suspiras?
– Não é nada.
– Não. Nada não pode ser. Não sou mais o Jesus que tu amavas? Aquele
para quem não tinhas segredos?
– Sim, que o és! Que falta me fazes, Tu, Mestre do teu primo mais
velho!…
– E, então? Fala.
– Eu queria dizer-te… Jesus… sê prudente… tens uma mãe… que só
tem a Ti… Tu queres ser um “rabi” diferente dos outros, e Tu sabes, melhor
do que eu, que… que as castas poderosas não permitem que as coisas sejam
diferentes daquelas de costume, por eles estabelecidas. Conheço o teu modo
de pensar… é santo… mas o mundo não é santo… e persegue os santos…
Jesus… Tu sabes qual a sorte do teu primo, o Batista… Está na prisão, e, se
ainda não morreu, é porque aquele sórdido Tetrarca tem medo da multidão e
do raio de Deus. Tão sórdido e supersticioso, como cruel e libidinoso. Tu…
que farás? A que sorte queres ir de encontro?
– Judas, isto me estás perguntando, tu que conheces tão bem o meu
pensamento? Estás falando por ti mesmo? Não. Não mintas. Alguém te
mandou, e, certamente, minha mãe não foi, para vires me dizer estas
coisas…
Judas abaixa a cabeça, e se cala.
– Fala, primo.
– Meu pai… e com ele José e Simão… sabes… para o teu bem… pelo
afeto por Ti e por Maria… não vêem com bons olhos aquilo que estás
querendo fazer… e… e gostariam que Tu pensasses em tua mãe…
51.4 – E tu, que pensas disso?
– Eu… Eu…
– Tu estás sendo combatido pelas vozes do alto e da terra. Não digo
pelas vozes daqui de baixo. Digo vozes da terra. Também Tiago está assim
ainda mais do que tu. Mas Eu vos digo que acima da terra está o céu, acima
dos interesses do mundo está a causa de Deus. Precisais mudar vosso modo
de pensar. Quando souberdes fazer isso, sereis perfeitos.
– Mas… e tua mãe?
– Judas, ninguém melhor do que ela teria o direito de me chamar de
volta aos meus deveres de Filho, segundo a luz da terra, ou seja, ao meu
dever de trabalhar para ela, a fim de atender às suas necessidades materiais,
ao meu dever de assistência e conforto, ficando sempre perto da mãe. Mas
ela não me pede nada disso. Desde que me teve, ela sabia que teria que me
perder, para depois encontrar-me de novo, e de um modo muito mais amplo
do que o do pequeno círculo da família. Desde então, ela vem-se preparando
para isso. Esta vontade absoluta de se doar a Deus não é novidade no seu
sangue. Sua mãe a ofereceu ao Templo, antes que ela sorrisse à luz. Ela se
doou a Deus, e me contou isso inúmeras vezes quando, tinha-me junto ao seu
coração, nas longas tardes de inverno, ou nas claras noites de verão cheias
de estrelas, falando-me da sua infância santa, desde as primeiras luzes da
sua aurora no mundo. Doou-se a Deus ainda mais, quando me teve, para que
eu estivesse aqui a caminho da missão que me vem de Deus. Em uma certa
hora, todos me deixarão; talvez por poucos minutos, mas a covardia se
apoderará de todos, e pensareis que teria sido melhor para vossa segurança,
se nunca me tivésseis conhecido. Mas ela, que compreendeu e que sabe, Ela
estará sempre comigo. Vós tornareis a ser meus por meio dela. Com a força
de sua segura e amorosa fé, ela vos atrairá a si, e depois vos tornará a atrair
para Mim, porque Eu estou na mãe, e ela está em Mim, e Nós em Deus. Isto
Eu queria que compreendêsseis, todos vós, parentes segundo o mundo,
amigos e filhos segundo o sobrenatural. Tu e os outros, não sabeis quem é
minha mãe. Mas, se o soubésseis, não a criticaríeis em vosso coração por
não saber ter-me subjugado a ela, mas a veneraríeis como a amiga mais
íntima de Deus, a poderosa que tudo pode no coração do Eterno Pai, e sobre
o Filho do seu coração. Certamente Eu irei a Caná. Quero fazê-la feliz.
Compreendereis melhor depois desta hora.
Jesus está imponente e persuasivo.
Judas o olha atentamente. Fica pensando. E diz:
– Eu também certamente irei Contigo, junto com estes, se me quiseres…
porque sinto que Tu dizes coisas justas. Perdoa a minha cegueira e a dos
meus irmãos. És muito mais santo do que nós!…
– Não tenho rancor de quem não me conhece. Não tenho rancor nem de
quem me odeia. Mas sinto dor pelo mal que alguém se faz a si mesmo. 51.5O
que tem naquela sacola?
– A veste que a mãe te manda. Amanhã há uma grande festa. Ela pensa
que o seu Jesus precise da veste para não fazer má figura entre os
convidados. Ela fiou, incansavelmente, das primeiras horas do dia até às
últimas, cada dia, para te preparar esta veste. Mas não terminou o manto.
Ficaram faltando as franjas. Ela ficou desolada por isso.
– Não é preciso. Eu vou com esta, e aquela guardarei para Jerusalém. O
Templo é ainda mais do que uma festa de casamento.
– Ela ficará feliz.
– E vós, se quereis estar ao amanhecer no caminho de Caná, precisais
partir logo. A lua surge, e será boa a travessia –diz Pedro.
– Então, vamos. Vem, João. Eu te levo Comigo. Simão Pedro, Tiago e
André, até logo. Eu vos espero na tarde de sábado em Cafarnaum. Adeus,
mulher. Paz a ti e à tua casa.
Jesus sai com Judas e João. Pedro os acompanha até à beira do lago, e
ajuda na manobra de partida do barco.
Termina a visão.
51.6 Jesus diz:
– Quando for a hora de fazer um trabalho em ordem, será inserido aqui a
visão das bodas de Caná. Põe a data (16.1.44).

VIDA INTIMA - ESTUDO 49
MISTICA CIDADE DE DEUS ESTUDO 49



12-50
Junho 12, 1918
O homem com o pecado vai ao encontro da Justiça Divina. Jesus fez tudo por nós.

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, estava dizendo a meu sempre amável Jesus:
"Como é possível, Tu tens feito tudo por nós, tens satisfeito tudo, tens reintegrado em toda a
glória do Pai por parte das criaturas, de modo a cobrir-nos a todos como com um manto de
amor, de graças, de bênçãos, e com tudo isso os flagelos caem quase rompendo o manto de
proteção com o qual nos cobriu?" E o meu doce Jesus, interrompendo-me, disse-me:
(2) "Minha filha, tudo o que você diz é verdade, tudo, tudo o que fiz pela criatura, o amor me
empurrava tanto para ela, que para estar seguro de colocá-la a salvo quis envolvê-la dentro de
meu agir como dentro de um manto de defesa, mas a ingrata criatura com o pecado voluntário
rompe este manto de defesa, foge de debaixo de minhas bênçãos, graças e amor, e pondo-se a
céu aberto é golpeada pelos raios da justiça divina. Não sou Eu que golpeio o homem, é Ele
que com o pecado vem ao encontro, a receber os golpes. Reza, reza pela grande cegueira das
criaturas".

13-47
Dezembro 28, 1921

Temores. Jesus lhe da a paz. Luisa quer que Jesus faça sua vontade.

(1) Sentia-me muito aflita, e com uma opressão tal que me sentia morrer por certas coisas que
não é necessário escrever. Agora, meu doce Jesus ao vir me tomou em seus braços para me
sustentar e me dar força, e depois todo doçura e bondade me disse:
(2) "Minha filha, o que acontece, o que acontece? Você se oprime muito, e eu não quero isso".
(3) E eu: "Meu Jesus, ajuda-me, não me abandones em tanta amargura, mas o que mais me
oprime é que sinto surgir em mim um querer que gostaria de te dizer: "Desta vez Tu farás a
minha vontade, não eu a tua". E só de pensar isso me dá a morte. Oh! como é verdade que sua
Vontade é vida, mas as circunstâncias me empurram, ah, me ajude!" E rompi em pranto, e
Jesus banhando as suas mãos com as minhas lágrimas, e apertando-me mais acrescentou:
(4) "Minha filha, coragem, não temas, Eu sou tudo para ti, olha como são belas minhas mãos
peroladas pelas lágrimas de quem teme não fazer meu Querer, nem sequer uma caiu por
terra. Agora acalme-se e me escute, eu farei o que você quiser, mas não porque você quer,
mas como se eu quisesse, você não está feliz? Do resto é necessário um pouco de suspensão
de seu estado, não tenho a quem confiar, quem poderia fazê-lo? Têm o coração coberto de
uma couraça de ferro, minhas vozes não são ouvidas nem compreendidas, os pecados são
horrendos, os sacrilégios enormes, os flagelos já estão às portas da cidade, haverá grande
mortandade, Por isso é preciso um pouco de suspensão do teu estado que impede o curso da
minha justiça. Tu me darás o tempo livre para vir e eu, retirando-me, sem te fazer sair de minha
Vontade te darei o que te seja necessário".
(5) Eu fiquei mais do que nunca amargurada por tantas outras coisas que Jesus me disse a
respeito de nossos tristes tempos, mas calma porque me assegurou que não me fazia sair de
seu Querer. No dia seguinte veio a minha Mãe Rainha e trouxe-me o menino Jesus colocou-o
nos meus braços e disse-me:
(6) "Minha filha, mantenha-o estreitado, não o deixe ir, se souber o que quer fazer, roga-lhe,
roga-lhe, a oração em seu Querer o arrebata, o acorrenta, assim ao menos se economizarão
em parte os flagelos".
(7) Dito isto desapareceu, e eu voltei à trágica dúvida de ter induzido Jesus a fazer o meu
querer.

13-49
Janeiro 5, 1922

O Ser Divino é levado por uma força irresistível a comunicar-se à criatura.

(1) Sentia-me muito amarga, e meu doce Jesus ao vir, me estreitando a Ele me disse:
(2) "Minha filha, sua aflição pesa sobre meu coração mais que se fosse minha, e não posso
sofrer que você esteja tão afligida, a qualquer custo quero te ver feliz, quero ver despontar
sobre seus lábios de novo o sorriso que contém a beatitude de meu Querer; diga-me então, O
que queres para estares feliz outra vez? Será possível que depois de tanto tempo em que você
nada me negou, Eu não deva te dar o que você quer e te fazer feliz?"
(3) E eu: "Meu amor, o que quero é que me dês a graça de que eu faça sempre, sempre teu
Querer, isto me basta; quanto temo que isto não fizesse. Não é esta a maior desventura, que
não fez na mais pequena coisa tua Vontade? No entanto, suas propostas, suas mesmas
angustias a isto me induzem, porque vejo que não porque seja sua Vontade, senão porque quer
me fazer feliz e esvaziar meu coração da amargura da qual está como inundado, Você quer
fazer minha vontade, ah! Jesus, Jesus, não o permitas, e se queres fazer-me feliz, à tua
potência não faltam outros modos para me tirar da minha aflição".

(4) E Jesus: "Minha filha, minha filha, filha da minha Vontade, não, não temas, isto não será
jamais, que os nossos querer fiquem nem sequer feridos, se for necessário um milagre o farei,
mas os nossos quereres não se desunirão jamais, por isso te tranqüilize a este respeito e
consola-te. Escuta, meu Ser é levado por uma força irresistível a comunicar-se à criatura, tenho
tantas outras coisas que te dizer ainda, tantas outras verdades que você não conhece, e todas
minhas verdades levam a felicidade que cada uma possui, e por quantas verdades a alma
conhece, tantas felicitações diferentes adquire. Agora, encontrando o teu coração amargo,
essas verdades obscurecem a sua felicidade e não podem comunicar livremente. Eu sou como
um pai feliz que possui a plenitude de toda a felicidade e que quer fazer felizes a todos seus
filhos; agora, se vê um filho seu que verdadeiramente o ama, e o vê triste, pensativo, a qualquer
custo quer fazer feliz a seu filho e tirá-lo dessa situação, e se o pai sabe que essa tristeza é por
causa do amor que dá ao pai, oh! então não se dá paz e usa todas as artes e faz qualquer
sacrifício para fazer feliz a seu filho. Assim sou Eu, e como sei que sua aflição é por minha
causa, se não te vejo voltar de novo a seu estado de alegria, e selada por minha felicidade, Eu
serei infeliz esperando que volte aos braços de minha felicidade".

+ + + +

13-50
Janeiro 11, 1922

As almas que vivem no Divino Querer, serão ao corpo místico da Igreja como pele ao 
corpo, e levarão a todos os seus membros a circulação de vida.

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, estava pensando no Santo Querer Divino e dizia
entre mim: "Todos os filhos da Igreja são membros do corpo místico, do qual Jesus é a
cabeça; qual será o lugar que ocuparão as almas que fazem a Vontade de Deus neste corpo
místico?" E Jesus, sempre benigno, ao vir me disse:

(2) "Minha filha, a Igreja é meu corpo místico, do qual Eu me glorio de ser a cabeça, mas para
poder entrar neste corpo místico os membros devem crescer a devida estatura, de outra
maneira deformariam meu corpo; mas ai! quantos não só não têm a devida proporção, senão
que estão putrefatos, chagados, tanto que dão asco a minha cabeça e aos outros membros
sãos. Agora, as almas que vivem em meu Querer ou viverão, serão ao corpo de minha Igreja
como a pele ao corpo; o corpo contém pele interna e pele externa, e como na pele está a
circulação do sangue que dá vida a todo o corpo, e é em virtude desta circulação que os
membros atingem a devida estatura, se não fosse pela pele e pela circulação do sangue, o
corpo humano seria horrível à vista e os membros não cresceriam a devida proporção. Veja
então quanto me são necessárias estas almas que vivem em meu Querer, tendo-as destinado
como pele ao corpo de minha Igreja e como circulação de vida a todos os membros, serão elas
que darão o devido crescimento aos membros não crescidos, as que curarão os membros
chagados e as que com seu contínuo viver em meu Querer restituirão o frescor, a beleza, o
esplendor a todo o corpo místico, fazendo tudo igual à cabeça, que reinará com toda majestade
sobre estes membros. Eis por que não poderá chegar o fim dos dias se não tenho estas almas
que vivam como perdidas em meu Querer, elas me interessam mais que tudo. Que ridículo faria
este corpo místico na Jerusalém celestial sem elas! E se isto é o que me interessa mais que
tudo a Mim, também deve interessar-te mais que tudo a ti, se me amas, e eu, de agora em
diante darei a todos teus atos feitos em meu Querer virtude de circulação de vida a todo o corpo
místico da Igreja, como circulação de sangue ao corpo humano, teus atos estendidos na
imensidão de meu Querer se estenderão sobre todos, e como pele cobrirão estes membros,
dando-lhes o devido crescimento, por isso seja atenta e fiel".

(3) Depois estava rezando toda abandonada no Querer de Jesus, e quase sem pensar disse:
"Meu amor, tudo em teu Querer: minhas pequenas penas, minhas orações, meu batimento,
meu respiro, tudo o que sou e posso unido a tudo o que és Tu para dar o devido crescimento
aos membros do corpo místico". Jesus ao ouvir-me, mais uma vez fez-se ver e sorrindo de
satisfação acrescentou:
(4) "Como é bonito ver no teu coração as minhas verdades como fontes de vida, que
imediatamente têm o seu desenvolvimento e o efeito para o qual se comunicaram. Por isso,
corresponde, e Eu terei a honra de que assim que veja desenvolvida uma verdade, uma nova
fonte de verdade farei surgir".

+ + + +

13-51
Janeiro 14, 1922

A Santíssima Trindade dá vida a tudo.

(1) Encontrei-me fora de mim mesma, e via o Céu aberto e uma luz inacessível a toda
criatura; de dentro desta luz vinham raios que investem em todas as criaturas, celestiais,
terrestres e purgantes. Alguns raios eram tão deslumbrantes, que se bem ficava um revestido,
arrebatado, felicitado, mas não se sabia dizer nada do que conteriam; outros raios eram menos
deslumbrantes e se podia dizer algo da beleza, a felicidade, as verdades que continham, mas
era tanta a força da luz, que eu mesma não sabia se minha pequena mente seria ainda capaz
de voltar a mim mesma. Se meu Jesus não me tivesse sacudido com suas palavras, nenhuma
força humana poderia retirar-me daquela luz para chamar-me novamente à vida, mas ai de
mim, não sou ainda digna de minha amada e celestial pátria, minha indignidade me obriga a
vagar no exílio, mas, oh! Quão duro me é. Então Jesus me disse:

(2) "Minha filha, voltemos juntos para a tua cama. O que você vê é a Trindade Santíssima, que
tem como em um punho todas as criaturas, e como de seu simples alento dá vida, conserva,
purifica e felicita, não há criatura que dela não dependa. Sua Luz é inacessível à mente
criada; se alguém quisesse entrar lhe sucederia como a uma pessoa que quisesse entrar em
um grande fogo, não tendo calor e força suficientes para este fogo, ficaria consumida por ele,
por isso ficando consumida, jamais poderia dizer nem quanto, nem que calor continha esse
fogo. Os raios são as virtudes divinas, algumas destas virtudes são menos adaptáveis à mente
criada, por isso se faz feliz, vê-as, mas não sabe falar delas; das outras virtudes divinas mais
adaptáveis à mente humana sim se pode falar, mas balbuciante, porque ninguém pode falar
delas de maneira digna e justa. As virtudes mais adaptáveis à mente humana são: Amor,
misericórdia, bondade, beleza, justiça, ciência. Por isso, juntamente comigo, demos as nossas
homenagens em nome de todos para a agradecer, louvar, abençoar por tanta bondade para
com todas as criaturas". Depois de ter rezado junto com Jesus voltei em mim mesma.

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13-52
Janeiro 17, 1922

Cada bem que a criatura faz, é um gole de vida que dá à sua alma.

(1) Estava seguindo a Paixão de meu doce Jesus, quando em um instante me encontrei fora de
mim mesma e via que meu sempre amável Jesus vinha arrastado pelo caminho, pisoteado,
golpeado mais que na mesma Paixão, tratado de forma tão bárbara que dava horror vê-lo; Eu
me aproximei de meu Jesus para tirá-lo dos pés daqueles inimigos que pareciam tantos
demônios encarnados. Ele se jogou em meus braços como se esperasse que eu o defendesse,
e o trouxe a minha cama. Então, depois de alguns minutos de silêncio, como se quisesse
descansar disse-me:
(2) "Minha filha, viste como triunfa o vício, as paixões nestes tristes tempos, como caminham
vitoriosos por todos os caminhos e o bem é pisoteado, golpeado e aniquilado? O bem sou Eu,
não há bem que a criatura faça no que Eu não entre, e cada bem que a criatura faz é um gole
de vida que dá a sua alma, assim que por quantos atos bons faz a criatura, tanto mais cresce a
vida de sua alma, a faz mais forte e mais disposta a realizar outros atos bons; mas para que
estes atos estejam isentos de qualquer substância venenosa devem ser retos, sem finalidade
humana, só para me agradar a Mim, de outra maneira os atos mais belos, mais santos
aparentemente, quem sabe quanto veneno contêm, e eu sendo puro bem fujo destes atos
contaminados e não comunico a vida, portanto, apesar de parecer que fazem o bem, seu bem
está vazio de vida e se alimentam de alimentos que lhes dão a morte. O mal despoja a alma da
veste da graça, deforma-a, obriga-a a tomar veneno para fazê-la morrer logo. Pobres criaturas,
feitas para a vida, para a felicidade, para a beleza, e o pecado não faz outra coisa que dar-lhes
goles de morte, goles de infelicidade, goles de fealdade, que tirando-lhes todos os humores
vitais as faz lenha seca para arder com mais intensidade no inferno".

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13-53
Janeiro 20, 1922

O que a alma que vive na Divina Vontade deve fazer com seus trapos.

(1) Estava pensativa, e além disso me via tão má que só Jesus pode saber o estado miserável
de minha alma, e Ele, todo bondade me disse:
(2) "Minha filha, por que te oprimes? Sabe como são as coisas em minha Vontade? Como
tantos trapos velhos e desprezíveis que são mais uma desonra do que uma honra para a alma,
e que a fazem lembrar que ela era uma pobre e que nem sequer um único vestido decente
possuía. Quando eu quero chamar uma alma a meu Querer para fazer que estabeleça nele sua
morada, faço como um grande senhor que gostaria de levar a seu palácio uma das mais
pobres, para fazer que deixando seus trapos de pobre se vestisse à altura, à condição dele,
fazendo vida com Ele e tornando-a partícipe de todos os seus bens. Pois bem, este senhor vai
por todas as ruas da cidade e quando encontra uma das mais pobres, sem teto, sem cama,
coberta só com repugnantes trapos, a toma e a leva como triunfo de sua caridade a seu palácio,
porém ordena que deixe seus trapos, que se lave e se vista com os mais belos vestidos, e que
para não ter memória de sua pobreza, queime seus trapos, porque sendo ele muito rico não
admite em sua casa coisas que signifiquem pobreza. Agora, se a pobre chora por seus trapos e
se aflige porque não levou nada seu, não ofenderia a bondade, a magnanimidade desse
senhor? Assim sou Eu, e se aquele senhor percorre uma cidade, Eu percorro todo o mundo e
talvez todas as gerações, e quando encontro à menor, a mais pobre, tomo-a e a ponho no
âmbito eterno de meu Querer e lhe digo: "Trabalha junto Comigo em minha Vontade, o que é
meu é teu, se tens alguma coisa própria deixa-a, porque na santidade e imensas riquezas de
minha Vontade não são outra coisa que míseros trapos". Querer ter méritos próprios é de
servos, de escravos, não dos filhos, o que é do pai é dos filhos, e além disso, que coisa são
todos os méritos que poderia adquirir em comparação com um ato só de minha
Vontade? Todos os méritos têm seu pequeno valor, peso e medida, mas quem poderia jamais
medir um ato só de minha Vontade? Todos os méritos têm seu pequeno valor, peso e medida,
mas quem poderia jamais medir um ato só de minha Vontade? Nenhum, nenhum, e além disso,
quais são seus méritos em comparação com os meus? No meu Querer você encontrará todos,
e deles Eu te faço dona, não está contente?

(3) Escuta minha filha, quero que deixe tudo a um lado, sua missão é grandíssima, e mais que o
dizer é fazer o que espero de você, quero que toda você esteja em contínuo ato em meu
Querer, quero o passeio de seus pensamentos em meu Querer, para que passeando sobre
todas as inteligências humanas estendas o manto de meu Querer sobre todas as mentes
criadas, e elevando-te até o trono do Eterno ofereça todos os pensamentos humanos selados
com a honra e a glória de minha Vontade Divina, depois estende o manto do meu Querer sobre
todos os olhares humanos, sobre todas as palavras, como se fizesse passear teus olhos e tuas
palavras sobre todas elas, e selando-as com meu Querer te eleves de novo ante a Majestade
Suprema, e ofereça a homenagem como se todos tivessem feito uso da vista e das palavras
segundo meu Querer, e o mesmo se obras, se respiras, se teu coração pulsa, teu passeio será
contínuo; teu caminho é longuíssimo, é toda a eternidade o que deves percorrer; se soubesses
quanto perdes cada vez que te detenhas e que me privas não de uma honra humana, senão de
uma honra divina. Estes são os méritos que você deveria temer perder, não seus trapos e suas
misérias, por isso mais atenção em fazer seus giros em meu Querer".

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13-54
Janeiro 25, 1922
Cada verdade contém em si uma bem-aventurança, felicidade, alegria e beleza
diferentes. O que significará conhecer uma verdade de mais acerca da Divina Vontade quando a alma estiver no céu.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, meu sempre amável Jesus ao vir me disse:

(2) "Minha filha, por quantas verdades de mais te manifesto, tantas especialidades de bem-
aventuranças te faço em dom; cada verdade contém em si uma beatitude, felicidade, alegria e
beleza distinta, assim que cada verdade de mais que conheces põe em ti uma bem-
aventurança, uma felicidade, alegria, beleza, das quais tu ficas enriquecida; são sementes
divinas que a alma recebe, e que manifestando-as aos outros lhes comunica estas sementes e
enriquece a quem as recebe. Agora, as verdades conhecidas na terra, sendo sementes divinas
que germinam beatitude, alegria, etc., no Céu, quando a alma estiver em sua pátria serão fios
elétricos de comunicação, por meio dos quais a Divindade fará sair de seu seio tantos atos de
beatitude por quantas verdades a alma conheceu, ó! como será inundada por tantos mares
imensos. Já a semente a tens, com ter a semente tens o vazio onde poder receber estes mares
imensos de felicidade, de alegria e de beleza; quem não tem a semente, quem não conheceu
uma verdade na terra, falta-lhe o vazio para poder receber estas bem-aventuranças. Acontece
como quando um pequeno não quis estudar outras línguas, tornando-se grande e ouvindo falar
naquelas línguas que não quis ou não pôde estudar, não entenderá nada, porque sua
inteligência com não querer estudá-los ficou fechada e não fez nenhum esforço para preparar
um lugar para compreender essas línguas, no máximo ficará admirado, gozará da felicidade dos
demais, mas ele não a possuirá nem será causa de felicidade aos demais. Veja então o que
significa conhecer uma verdade de mais ou uma verdade de menos, se todos soubessem que
grandes bens se perdem, fariam concorrência para fazer aquisição de verdades.

Agora, as verdades são as secretárias de minhas bem-aventuranças, e se eu não as manifesto às almas,
essas verdades não quebram o segredo que contêm e continuam nadando em minha Divindade
esperando sua vez para fazê-la de agentes divinos e fazer-me conhecer, quantas Beatitudes de
mais contendo, e por quanto mais tempo estiveram ocultas em meu seio, com tanto mais fragor
e majestade saem fora para inundar as criaturas e manifestar minha glória. Você acha que todo
o Céu está a par de todos os meus bens? Não, não! Oh, quanto falta para eles desfrutarem e
que hoje não gozam! Cada criatura que entra no Céu e que conheceu uma verdade a mais, não
conhecida pelos demais, levará nela a semente para fazer sair de Mim novos contentamentos,
novas alegrias e nova beleza, dos quais essa alma será como causa e fonte, e os demais
tomarão parte. Não chegará o último dos dias se não encontrar almas dispostas a revelar todas
as minhas verdades, para fazer com que a Jerusalém Celestial ressoe da minha completa
glória, e todos os bem-aventurados tomem parte em todas as minhas bem-aventuranças, quem
como causa direta por ter conhecido essa verdade, e quem como causa indireta, por meio
daquela que a conheceu.

(3) Agora, minha filha, quero dizer-te para te consolar e para te fazer estar atenta em ouvir as
minhas verdades, que as verdades que mais me glorificam são as que se referem à minha
Vontade, causa primária pela qual crê o homem, que a sua vontade fosse uma com a de seu
Criador; mas o homem, tendo-se subtraído da minha Vontade, tornou-se indigno de conhecer o
valor e os efeitos e todas as verdades que Ela contém. Eis por que de todas as minhas
urgencias contigo, para fazer com que entre Eu e tu os quereres, corressem juntos e
estivessem sempre em total acordo, porque para fazer com que a alma possa abrir as portas e
dispor-se a conhecer as verdades que a minha Vontade contém, O primeiro é querer viver do
meu Querer, o segundo é querer conhecê-lo, o terceiro é apreciá-lo. Por isso contigo abri as
portas da minha vontade, para que conhecesses os seus segredos que o homem tinha
sepultado no meu seio, os efeitos e o valor que ela contém, e por quantas verdades conheces
de minha Vontade tantas sementes recebes e tantos secretários divinos te fazem cortejo. ¡ Oh!
como festejam em torno de ti, pois encontraram a quem confiar seu segredo, mas a festa mais
bela a farão quando te conduzirem ao Céu, quando a Divindade, à sua chegada, fará sair tantas
diversas bem-aventuranças distintas entre elas, de alegria, de felicidade e de beleza, que não
só te inundarão a ti, mas que todos os bem-aventurados tomarão parte. Oh, como o Céu espera
sua chegada para desfrutar destes novos contentamentos!"
+ + + +

13-55
Janeiro 28, 1922

Jesus nos abriu tantas fontes no seu Querer.

(1) Estava a rezar e o meu doce Jesus atraiu-me para Ele, e transformando-me toda n'Ele
disse-me:
(2) "Minha filha, rezemos juntos para poder tomar o Céu num punho e impedir a terra de se
precipitar mais na corrente do mal".
(3) Então nós rezamos juntos, e então adicionou:
(4) "Minha humanidade, estando na terra, se via muito estreitada ante a Divindade, e como era
inseparável dela não fazia outra coisa que entrar na imensidão da Vontade Eterna e abria
inumeráveis fontes em favor das criaturas, porque sendo abertas por um Homem Deus, dava à
família humana o direito de se aproximar destas fontes e de lhes tirar o que
quisessem. Portanto, formei a fonte do amor, a da oração, outra da reparação, a fonte do
perdão, a do meu sangue, a da glória. Agora, queres saber quem agita estas fontes para fazê-
las brotar e fazê-las derramar-se de modo que toda a terra fique inundada?

A alma que entra em meu Querer; conforme entra, se quer amar se aproxima da fonte do amor, e amando, ou só
com pôr a intenção de amar, agita a fonte, as águas ao ser agitadas crescem, transbordam e
inundam toda a terra e às vezes são tão fortes estas agitações, que as ondas se elevam tanto
que chegam a tocar o Céu e inundam a pátria celestial; se quer rezar, reparar, conseguir o
perdão aos pecadores, dar-me glória, agita a fonte da oração, da reparação, do perdão, e estas
brotam, transbordam e inundam a todos. Quantos bens não conseguiu ao homem minha
Humanidade? Deixei as portas abertas para que pudessem entrar quando quisessem, mas que
poucos são aqueles que entram".

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13-56
Janeiro 30, 1922
As verdades são novas criações. A verdade é luz, e a luz por si mesma se estende, mas
para se estender é necessário fazê-la conhecer, o resto o fará por ela mesma.

(1) Encontrando-me em meu estado habitual, meu adorável Jesus ao vir, vendo-me toda
relutante em manifestar e em escrever o que Ele me diz, com uma atitude imponente que me
fazia tremer me disse:

(2) "Minha filha, minha palavra é criadora, e quando falo fazendo conhecer uma verdade que
me pertence, não é outra coisa que novas criações divinas que faço na alma. E assim como
quando criei o céu, com um só Fiat estendi os céus e os tachei de milhões de estrelas, tanto,
que não há lugar da terra donde não se veja este céu, e se de algum ponto não se visse seria
uma desonra à potência criadora, e poderiam dizer que a força criadora não tinha poder para se
espalhar por toda parte, assim minhas verdades são mais que céu que gostaria de fazer
conhecer a todos, desde um extremo ao outro da terra, e como tantas estrelas passar de boca
em boca para me adornar o céu das verdades que manifestei. Se a criatura quisesse esconder
minhas verdades, faria como se quisesse me impedir de criar o céu, e com o segredo no qual
quer me deixar me daria a desonra, como se uma pessoa quisesse impedir que os demais
olhassem o céu, o sol, e todas as coisas criadas por Mim para não me fazer conhecer. ¡ Ah!
minha filha, a verdade é luz, e a luz por si mesma se estende, mas para se estender é
necessário fazê-la conhecer, o resto o fará por si mesma, de outra maneira ficará reprimida,
sem o bem de poder iluminar e fazer o caminho que quer. Por isso seja atenta e não me impeça
o poder estender a luz de minhas verdades".

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13-57
Fevereiro 2, 1922
A Divina Vontade é semente que multiplica as imagens de Deus. Para que Jesus trabalhe 
em nós, é necessária a igualdade total em todas as nossas coisas.

(1) Esta manhã, o meu sempre amável Jesus veio todo bondade e doçura; trazia uma corda ao
pescoço e na mão um instrumento, como se quisesse fazer alguma coisa. Então tirou a corda
do pescoço e o cingiu meu, depois fixou o instrumento no centro de mim, e com uma corda que
fazia girar por uma roda que estava no centro daquele instrumento me media toda, para ver se
todas as partes de minha pessoa as encontrava iguais; Ele estava todo atento para ver se a
corda ao girar encontrava a perfeita igualdade, e tendo-a encontrado deu um suspiro de grande
contentamento dizendo:

(2) "Se eu não a tivesse encontrado da mesma forma não teria conseguido cumprir o que quero,
a qualquer custo estou decidido a fazer dela um portento da graça".
(3) Agora, aquela roda que estava no centro parecia que era uma roda de sol, e Jesus se
olhava nela para ver se sua adorável pessoa aparecia toda inteira nessa roda de sol, e Jesus
olhava-se nela para ver se sua adorável pessoa aparecia toda inteira nessa roda de sol, e
aparecendo, satisfeito parecia que rezava. Enquanto eu estava nisto desceu do Céu outra roda
de luz, semelhante à que eu tinha no centro da minha pessoa, mas sem separar os seus raios
do Céu, e fundiram-se juntos, e Jesus selou-os em mim com as suas mãos santíssimas e
acrescentou:

(4) "Por agora a incisão a fiz, o selo o pus, depois pensarei em desenvolver o que fiz".
(5) E desapareceu. Eu fiquei espantada, mas não sei o que é, só entendi que para que Jesus
trabalhe em nós se necessita suma igualdade em todas as coisas, de outra maneira Ele
trabalha em um ponto de nossa alma, e nós destruímos em outro ponto. As coisas desiguais
são sempre incômodas, defeituosas, e se se quiser apoiar alguma coisa há perigo de que a
parte desigual a faça cair por terra. Um dia, uma alma que não é sempre igual quer fazer o bem,
quer suportar tudo, outro dia não se reconhece mais, desbotada, impaciente, assim que não se
pode fazer nenhum projeto sobre ela. Depois disto meu Jesus voltou e me atraindo em seu
Querer me disse:

(6) "Minha filha, a terra, quando se coloca a semente dentro dela, faz germinar e multiplica a
semente que se colocou. Minha Vontade se estende mais que terra e põe a semente de meu
Querer nas almas, e faz germinar e multiplicar tantas outras imagens minhas, semelhantes a
Mim. Meu Querer faz germinar meus filhos e os multiplica. Você deve saber que os atos feitos
em meu Querer são como o sol, do qual todos tomam a luz, o calor e o bem que contém o sol,
mas ninguém pode impedir que se goze dos bens dele, sem que um defraude ao outro todos
desfrutem dele, todos são proprietários do sol, Cada um pode dizer: "O sol é meu". Assim os
atos feitos em meu Querer, mais que sol, são desejados e pretendidos por todos, os esperam
as gerações passadas, para receber sobre tudo o que fizeram a luz deslumbrante de meu
Querer; os presentes os esperam, para sentir-se fecundar e investir por esta luz; Os futuros os
esperam para cumprir o bem que farão. Em suma, minha Vontade sou Eu, e os atos feitos em
meu Querer girarão sempre na roda interminável da eternidade para constituir-se vida, luz e
calor de todos".

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13-58
Fevereiro 4, 1922

As almas que vivem na Divina Vontade tomam parte da atividade eterna da Divina Vontade.

(1) Continuando meu estado habitual, meu doce Jesus ao vir me disse:
(2) "Minha filha, as almas que vivem em minha Vontade são as pequenas rodas que giram na
grande roda da eternidade. Minha Vontade é o movimento e a vida da roda da eternidade
interminável; conforme elas entram em meu Querer para orar, para amar, para obrar, etc., a
roda da eternidade as faz girar em sua circunferência interminável, e elas, como nessa roda
encontram tudo o que se tem feito e o que se deve fazer, tudo o que se deveria fazer e não se
fez, à medida que giram derramam luz e ondas divinas no que se fez e se deve fazer, dando em
nome de todos a honra divina a seu Criador, e refazem o que não foi feito pelas criaturas. Oh!
Como é bonito ver entrar uma alma em meu Querer, assim que entra, a grande roda da
eternidade lhe dá a corda para fazê-la girar em seu grande eixo, e a pequena roda faz giros
eternos; a corda da grande roda a põe em comunicação com todas as cordas divinas, e
enquanto gira faz o que faz seu mesmo Criador, por isso estas almas são como as primeiras
criadas por Mim, e como as últimas, porque ao girar se encontram no princípio, no meio e no
final; Então elas serão a coroa de toda a família humana, a glória, a honra e o suplemento de
tudo, e o retorno a Deus de toda a ordem das coisas criadas por Ele. Por isso seus giros sejam
contínuos em meu Querer, Eu te darei a corda e você te prestará a recebê-la, não é verdade?"

(3) Depois acrescentou: "Não disseste todos os giros que a roda da tua vontade faz na grande
roda da eternidade".

(4) E eu: "Como poderia dizê-los se não sei?"
(5) E Ele: "Assim que a alma entra em minha Vontade, ainda com uma simples adesão, com um
abandono, Eu lhe dou a corda para fazê-la girar, e sabe quantas vezes gira? Gira por quantas
inteligências pensam, por quantos olhares dirigem as criaturas, por quantas palavras dizem, por
quantas obras e por quantos passos se fazem, giram a cada ato divino, a cada movimento, a
cada graça que do Céu desce, em suma, em tudo o que se faz no Céu e na terra elas formam o
giro; os giros destas rodinhas são velozes, rápidos, assim que são incalculáveis a elas mesmas,
mas Eu os numero todos, primeiro para tomar a glória, o amor eterno que me dão, e depois
para fundir todo o bem eterno, para dar-lhes a capacidade de as fazer ultrapassar tudo, para
poder abraçar a todos e fazer-se coroa de tudo".
+ + + +
Graças a Deus.


21-3
Março 3, 1927
Onde reina o Divino Querer chama a Deus junto com seu agir.
O oferecimento a Deus das próprias ações as purifica e as desinfeta.

(1) Estava oferecendo meus pequenos atos como homenagem de adoração e de amor ao
Supremo Querer, e pensava entre mim: "Mas será certo que o que faz a alma que faz a Divina
Vontade, o faz o mesmo Deus? Que glória pode ele receber, se eu lhe oferecesse o meu pequeno
trabalho e tudo o que posso fazer, o viesse fazer comigo?" E o meu doce Jesus a mover-se dentro
de mim disse-me:
(2) "Minha filha, não me sentes em ti que estou a seguir os teus atos? Porque onde reina minha
Vontade, todas as coisas, até as mais pequenas e naturais se convertem em deleite para Mim e
para a criatura, porque são efeito de uma Vontade Divina reinante nela, que não sabe fazer sair de
Si nem sequer a sombra de alguma infelicidade. Além disso, você deve saber que na Criação
nosso Fiat Supremo estabeleceu todos os atos humanos, investindo-os de deleite, de alegria e de
felicidade, assim que o mesmo trabalho não devia provocar nenhum peso ao homem, nem causar-
lhe a mínima sombra de cansaço, porque possuindo meu Querer possuía a força que jamais se
cansa nem diminui. Olhe, também as coisas criadas são símbolo disto, cansa-se talvez o sol de dar
sempre a sua luz? Certamente que não; cansa-se o mar de murmurar continuamente, de formar as
suas ondas, de nutrir e de multiplicar os seus peixes? Certamente que não; cansa-se o céu de
estar sempre estendido, a terra de florescer?

Não. Mas por que não se cansam? Porque está dentro deles o poder do Fiat Divino, que tem
a força que não se esgota jamais. Então todos os atos humanos entram na ordem de todas as coisas
criadas e todos recebem a marca da felicidade: o trabalho, o alimento, o sono, a palavra, o olhar, o passo, tudo.
Agora, até que o homem se mantenha em nosso Querer, se mantém santo e são, cheio de vigor e de energia incansável, capaz
de saborear a felicidade de seus atos e de fazer feliz Aquele que lhe dava tanta felicidade; mas
assim que se subtraiu, adoeceu e perdeu a felicidade, a força incansável, a capacidade e o gosto
de saborear a felicidade de seus atos que o Divino Querer com tanto amor havia investido. Isto
acontece também entre quem está são e entre quem está doente: O primeiro saboreia o alimento,
trabalha com mais energia, toma prazer em divertir-se, em passear, em conversar; o enfermo se
desagrada do alimento, não sente força para trabalhar, se aborrece das diversões, estragam lhe
as conversas, tudo lhe faz mal; A doença mudou sua natureza, seus atos em dor. Agora supõe que
o enfermo voltasse ao vigor de sua saúde, se restabeleceria nas forças, no gosto, em tudo. Assim,
a causa de sua enfermidade tem sido o sair de minha Vontade; o retornar e fazê-la reinar será
causa de que volte a ordem da felicidade nos atos humanos, e fazer que minha Vontade tome sua
atitude nos atos da criatura.

E enquanto oferece seu trabalho, o alimento que toma, e tudo o que
faz, desde dentro daqueles atos humanos brota a felicidade colocada por meu Querer nesses atos
e sobe a seu Criador para dar-lhe a glória de sua felicidade. Eis por que onde reina minha Vontade,
não só me chama junto com Ela a agir, mas dá-me a honra, a glória daquela felicidade com a qual
investimos os atos humanos, e ainda que a criatura não possua toda a plenitude da unidade da luz
da minha Vontade, desde que ofereça todos os seus atos ao seu Criador como homenagem e
adoração, como a doente é ela, não Deus, Deus recebe a glória da felicidade de seus atos
humanos. Suponha um enfermo que fizesse um trabalho, ou que preparasse um alimento e o
desse a outro que está são, este que goza a plenitude da saúde não percebe nada, nem do
cansaço daquele trabalho, nem da fadiga que o enfermo sentiu ao fazê-lo, nem o desgosto desse
alimento que teria sentido se o tivesse tomado o enfermo, mas sim goza na plenitude de sua saúde
do bem, da glória e da felicidade que lhe levará aquele trabalho e gosta do alimento que lhe foi
oferecido. Assim o oferecimento das próprias ações purifica, desinfeta as ações humanas e Deus
recebe a glória devida a Ele, e por correspondência faz descer novas graças sobre aquela que
oferece a Ele suas ações".

22-2
Junho 8, 1927
Para quem faz a Divina Vontade, todos os tempos e lugares são os seus, como toma em um
punho a eternidade. Como Deus não perde nada porque é perfeito no amar.

(1) Estava seguindo a Divina Vontade em seus atos de tudo o que havia feito na ordem de toda a
Criação, desde o princípio do mundo até o presente; mas enquanto isso fazia pensava para mim:
"O que aconteceu não está em meu poder, portanto me parece uma perda de tempo ir buscando o
que aconteceu". Enquanto pensava assim, o meu doce Jesus moveu-se dentro de mim, dizendo-me:

(2) "Minha filha, que faz e vive na minha vontade, todos os tempos e todos os lugares são seus.
Minha Vontade Suprema não perde nada do que faz, e com sua potência faz o ato e o conserva
em si íntegro e belo como o fez. Assim, para quem vive no meu Supremo Querer, encontra n'Ele a
ordem de todos os seus atos, como se naquele instante os estivesse fazendo, e a alma unindo-se
com Ele, faz o que meu Querer está fazendo.

(3) Este é todo o gozo, a complacência, a glória de meu Querer, que enquanto seus atos são
eternos, a pequenez da criatura que vive nele toma a eternidade em um punho e encontrando
como em ato os atos de seu Criador, os repete junto com Ele, ama, glorifica a interminabilidade dos
atos d'Aquele que a criou, formando-se uma competência de obras, competência de amor e de
glória. Portanto, à sua disposição estão os tempos da Criação, como o lugar do Éden terreno, tem
os tempos da minha Encarnação, da minha Paixão, e Belém, Nazaré, o Calvário, não estão
distantes dela; para ela não existe o passado, a distância, mas tudo está presente e próximo. É
mais, tu deves saber que minha Vontade dá a unidade de tudo à alma, e assim como Ela enquanto
é uma faz tudo, assim a alma com a unidade Divina encerra em si, como se fosse um só, os
pensamentos de todos, as palavras, obras, passos e batidas de todos, de modo que meu Querer
encontra nela todas as gerações e cada um dos atos de cada um como os encontra em Si mesmo.

Oh! como se conhecem os passos desta criatura eleita, como são doces seus passos, põe-se na
presença de seu Deus, mas não vai jamais sozinha, senão que leva em seus passos o som dos
passos de todos, sua voz contém as notas de todas as vozes humanas e, oh! que bela harmonia
forma em nossa Vontade, seu batido desprende chamas por quantas criaturas saíram à vida. Oh!
como nos felicita, nos entretemos juntos, é nossa querida Joia, o reflexo de nossas obras, a
imagem de nossa Vida. Por isso quero que reine minha Vontade na criatura, para enchê-la de
todos seus atos, porque quando Ela não reina se forma o vazio de seus atos nelas e oh! Como é
terrível o vazio de uma Vontade Divina na criatura, é como uma terra árida, pedregosa, sem sol e
sem água, que dá terror ao vê-la. E quantos destes vazios há na criatura, e quando encontro quem
vive em minha Vontade faço festa, porque posso enchê-la de todos os atos de minha Vontade".

(4) Depois estava pensando no que está escrito acima, e meu Jesus adicionou:
(5) "Minha filha, nosso amor é perfeito em todas as nossas obras, e como é perfeito nada
perdemos do que fazemos e por isso nossas obras servem como triunfo, glória e coroa imperecível
de nosso Ser Divino, e o que vem feito na perfeição de nosso amor perfeito não está sujeito nem a
perder-se, nem a perder sua integridade e beleza. Como é diferente o agir da criatura porque lhe
falta o perfeito amor a suas obras, age e as põe fora, não tem virtude nem espaço para conservá-
las em si mesma e por isso muitas obras perde de si mesma e faltando a vida, o amor de quem as
formou, as obras humanas não têm virtude de manter-se belas, íntegras e sempre novas como
foram feitas.

(6) Portanto à alma que vive em nossa Vontade Divina, Nós nos deleitamos em fazer-lhe ver todos
nossos atos, os quais, todos estão como presentes e em ato de fazê-los e dizemos à alma: repita
nosso ato a fim de que o que fazemos Nós, Faça-o também você, para pôr em comum o ato do
Criador com a criatura'.

Acontece como a uma pessoa que tem tantas coisas belas, mas as tem
guardadas sob chave em um quarto à parte, ninguém sabe que tem tantas coisas de tão variadas
belezas; agora, outra pessoa entra na graça da primeira, mostra-se fiel, não é capaz de tirar uma
vírgula de sua vontade; isto lhe arrebata o coração à primeira e o sente quebrado, porque o amor
por ela a leva com uma força irresistível a fazê-la ver os bens que possui, a variedade e raridade
das tantas coisas preciosas, e por isso abre o quarto secreto e lhe diz: ‘Me sinto dividido no amor
se não te digo meus segredos, se não te faço ver o que possuo, para que o possamos gozar e
possuir juntos". Para a segunda parecem coisas novas, porque ela jamais tinha visto tais coisas,
mas para a primeira eram coisas antigas. Assim acontece para quem vem viver em nossa Vontade,
se abrem as portas, se revelam nossos segredos, se põe em dia de todas nossas obras mais
belas. Ter segredos com ela, esconder nossas ações, nos pesaria no coração, seria tê-la como
uma estranha. Oh! como nos afligiria, porque o verdadeiro e perfeito amor não admite nem
segredos, nem divisão de obras e de bens, senão o que é meu é teu, o que conheço eu conheço
tu. Mas você deve saber que minha Vontade forma o eco de suas obras, de seu amor, de sua
palavra na alma onde Ela reina, de modo que ouvindo seu eco, Ela repete a obra, o amor, a
palavra do Fiat Divino".

23-2
Setembro 21, 1927
Como a alma que vive no Querer Divino põe em exercício os atos Dele. Como a verdade é 
vida perene e milagre contínuo.

(1) Estava girando por toda a Criação e pedia em cada coisa criada o reino do Fiat Supremo, e
meu adorado Jesus movendo-se em meu interior me disse:

(2) "Minha filha, como todas as coisas criadas estão fixas em Deus, conforme você em cada uma
delas pede o reino de minha Divina Vontade, assim as coisas criadas se movem em Deus e pedem
meu reino, cada uma delas forma sua onda suplicante, o movimento incessante para pedir o que
você quer, e como as coisas criadas não são outra coisa que atos saídos de minha Divina Vontade,
dando a cada ato um ofício, assim você, conforme pede meu reino em cada coisa criada, põe em
exercício todos os ofícios dos atos de meu Supremo Querer em torno do Ente Divino, e fazes que
nossa bondade, nosso poder, nossa justiça e misericórdia, nosso amor, nossa sabedoria, peçam o
reino de nossa Vontade, porque cada coisa criada contém, cada uma, uma qualidade nossa, e Nós
sentimos que nos chegam uma após a outra, ondas de bondade, de potência, de justiça, de
misericórdia, de amor, de sabedoria, que com modos divinos suplicam, rogam, pedem o reino do
Fiat Divino no meio das criaturas, e Nós ao nos vermos tão assediados pelos mesmos atos de
nosso Querer Divino, nos perguntamos: Quem é aquela que move uma Vontade tão grande, com
todos seus inumeráveis atos, a pedir-nos que demos o nosso reino às criaturas? E as nossas
ações respondem-nos: que com tanto amor move nossos atos a pedir o que todos queremos'. E no
excesso do nosso amor dizemos: Ah, é a pequena filha do nosso Querer, deixem-na fazer, a ela é
dado o penetrar em qualquer lugar, deem-lhe livre passagem, porque ela não fará outra coisa, nem
pedirá senão o que Nós queremos".

(3) Depois disto estava pensando em tudo o que meu adorado Jesus me havia dito a respeito de
sua Divina Vontade, e como se quisesse outras provas mais certas de que era Jesus que me
falava. Então Jesus, saindo do meu íntimo, me disse:

(4) "Minha filha, não há outra prova mais certa e segura, e que possa fazer tanto a ti como aos
outros, do que ter-te manifestado tantas verdades; a verdade é mais que o milagre, ela leva
consigo a Vida Divina permanente, e aonde chega, se há alguém que a escute, situa a verdade
junto com sua Vida para dar-se a quem a queira. Portanto minhas verdades são luz perene, não
sujeita a se apagar, e Vida que jamais morre. Que bem não pode produzir uma verdade minha?
Pode formar santos, pode converter as almas, pode pôr em fuga as trevas e tem virtude de renovar
todo o mundo, por isso é que faço um milagre maior quando manifesto uma verdade, que quando
dou outras provas de que sou Eu quem vai à alma, ou que se fizesse outras coisas milagrosas,
porque estas são sombra do meu poder, são luz passageira, e como é passageira não leva a todos
a virtude milagrosa, mas reduz-se ao indivíduo que recebeu o milagre, e muitas vezes quem
recebeu o milagre nem sequer se faz santo. Ao contrário, a verdade contém a vida, e como vida
leva a sua virtude a quem a queira.

Tenha por certo, minha filha, que se eu, ao vir à terra, não
tivesse dito tantas verdades no Evangelho, ainda que tivesse feito milagres, a Redenção teria sido
impedida, sem desenvolvimento, porque as nações não encontrariam nada, nem ensinamentos,
nem luz de verdade para aprender os remédios, para encontrar o caminho que conduz ao Céu.
Assim seria de ti se não te tivesse dito tantas verdades, especialmente sobre a minha adorável
Vontade, que foi o maior milagre que fiz nestes tempos, que bem traria a tua missão tão grande,
confiada a ti, de fazer conhecer o reino do Fiat Supremo? Ao contrário, ao ter-te dito tantas
verdades sobre Ele, pode-se conhecer minha Divina Vontade no mundo, pode-se restituir a ordem,
a paz, a luz, a felicidade perdidas; todas estas verdades levarão o homem em seu regaço a seu
Criador, para dar o primeiro beijo da Criação, e ser restituída nela a imagem d'Aquele que a criou;
se tu soubesses o grande bem que levarão às criaturas todas as verdades que te disse, estouraria
o coração de alegria, além disso não podes temer que o inimigo infernal pudesse ousar manifestar-
te uma só verdade acerca da Divina Vontade, porque ele ante a luz dela treme, foge, e cada
verdade sobre minha Vontade é para ele um inferno demais, e, como não quis amá-la nem fazê-la,
transformou-se em tormentos para ele que não terão fim; ele, somente diante da palavra Vontade
de Deus, sente-se de tal maneira queimar, que monta em furor e odeia aquela Santa Vontade que
o atormenta mais que o inferno. Por isso, podeis estar certa de que a Vontade de Deus e o inimigo
infernal nunca estão de acordo, nem juntos, nem perto, sua luz o eclipsa e o precipita nas
profundezas do inferno. Portanto, o que eu recomendo é que nenhuma verdade ou simples palavra
sobre o meu Querer Divino a deixe perder, porque tudo deve servir para cumprir a cadeia dos
milagres perenes, para fazer conhecer o reino d'Ele e para restituir a felicidade perdida às
criaturas".

24-2
Março 25, 1928
Os conhecimentos sobre o Divino Querer são tantos passos que Ele tem feito para retornar
no meio das criaturas. Estes passos levarão vida, luz, santidade. Suspiros de Jesus para torná-los conhecidos.

(1) Minha pobre mente, enquanto seguia o Fiat Divino para acompanhar seus atos, ia pensando
nas tantas verdades que meu amado Jesus me havia dito sobre a Divina Vontade, e com quanto
amor e interesse me havia manifestado. Então pensava em mim: "As primeiras verdades que Ele
me disse, pareciam flashes de luz que saíam de dentro de uma luz interminável, depois, pouco a
pouco, não mais flashes senão fontes de luz, e minha pobre alma ficava sob o contínuo fluxo
destas fontes de luz, finalmente me parecem mares de luz, de verdades, nas quais eu ficava tão
submersa, que minha pequena capacidade não podia tomar tudo e deixava muitas verdades
naquele mesmo mar no qual eu me sentia imersa, mas não me era dado o restringir em mim toda
aquela luz interminável, que convertendo-se em palavras me manifestavam a harmonia, a beleza, a
potência do Supremo Querer. Agora me parece que estou na luz, mas a luz não fala e eu,
enquanto bebo mares de luz, não sei dizer nada". Enquanto pensava assim, o meu sempre amável
Jesus mexeu-se dentro de mim e todo amor me disse:

(2) "Minha filha, tu deves saber que a nossa paterna bondade assim que o homem se separou da
nossa Vontade, retirou a vida obrante d’Ela que age no meio das criaturas, por isso pouquíssimos
souberam dizer dela, porque não corria neles, como vida, o mar da luz de meu Fiat Divino que age,
porque eles mesmos, ingratamente o haviam rejeitado, e por suma bondade nossa lhes deixamos
o bem de poder seguir as ordens de nosso Querer, não a Vida, com a qual podiam esperar sua
salvação, porque sem Ela não há nem salvação nem santidade; mas nossa paterna bondade,
nosso Querer e nosso amor desejavam, suspiravam, ansiavam fortemente pelo retorno como Vida
que age no meio das criaturas, viam que elas não podiam alcançar a finalidade perfeita da Criação,
nem formar a imagem querida por Nós, toda a nossa semelhança, como foi criada por Nós sem a
Vida de nosso Fiat que age, porque Ele, sendo ato primeiro da criatura, faltando Ele a criatura fica
desordenada, contrafeita, porque lhe falta o primeiro ato de sua existência. Agora, você deve saber
que nosso Ser Supremo, depois de tantos séculos de suspiros escondidos, transbordou mais forte
em amor, mais que na própria Criação e Redenção, sentimos a necessidade de amor, porque este
amor regurgitando transbordava fora de Nós para fazer os primeiros passos para a criatura, e
assim que eu comecei a te manifestar as primeiras verdades sobre meu querer divino, assim o
atraía a fazer os primeiros passos entre as criaturas, e estes passos os concentrava em ti por meio
de seus conhecimentos, e conforme via que tu punhas teus passos nos do Fiat Divino, Eu me
alegrava, fazia festa e manifestava-te outras verdades sobre Ele, atraía-o a fazer outros passos,
assim que por quantas verdades te disse acerca de minha Vontade, tantos passos fiz meu Fiat
para fazê-lo voltar como vida que age no meio das criaturas.

Por isso te disse tanto sobre Ele, que se pode dizer que Céu e terra estão cheios dos passos dos conhecimentos de meu Querer, que
unindo-se juntos formam o mar de luz em tua alma, que querendo transbordar de dentro de ti quer
fazer seu caminho no meio das criaturas, e estes passos serão multiplicados à medida que forem
conhecidas as verdades sobre minha Vontade, porque Eu não manifesto jamais uma verdade,
senão quando quero fazer dom dela, dando a vida e o bem que essa verdade contém. Por isso, até
que minha Vontade Divina não seja conhecida com todos seus conhecimentos, seus passos
estarão obstruídos e suspenso o bem que quer fazer às criaturas. Se você soubesse como é
doloroso poder fazer o bem, pôr-se em ato de fazê-lo, e porque não se conhece tê-lo suspenso, e
esperar e voltar a esperar, e suspirar por quem o faça conhecer para aliviar-se do peso do bem que
quer dar, oh! como te apressarias para fazer conhecer todos os passos de meu Fiat, muito mais
porque eles são passos que levarão, não remédios, ajudas, medicamentos, senão plenitude de
vida, de luz, de santidade e totalidade de bens, e meu amor regurgitando e inundando a todo o
mundo, restabelecerá a ordem da Criação e o domínio do meu Querer no meio da família humana".
(3) Depois disto meu doce Jesus fazia ver que de dentro de seu coração divino saíam muitos raios
de luz, no ponto de onde partiam estava impresso cada um dos conhecimentos sobre a Divina
Vontade, de modo que formavam a mais bela coroa de luz em torno daquele coração divino, e meu
amado Jesus adicionou:

(4) "Minha filha, olha que bela coroa de glória e de luz possui meu coração divino, coroa mais bela
e resplandecente não podia possuir, estes raios são todos os conhecimentos sobre minha Vontade,
porém estes raios estão obstruídos, eles não podem se espalhar porque seus conhecimentos não
são conhecidos, por isso não podem se espalhar e ampliar para encher de luz toda a terra.
Acontece como aconteceria ao sol se lhe fosse impedido que seus raios, saindo do centro de sua
esfera, ficassem no ar sem poder se estender para tocar a terra e investi-la com sua luz e com seu
calor, e assim, o sol não podendo estender seus raios, não poderia dar os efeitos que a luz contém,
nem a terra poderia recebê-los, haveria alguma distância entre a terra e a luz solar, e este
afastamento impediria o sol de fazer o bem à terra, e seria estéril e infecunda. Assim são os
conhecimentos sobre meu Fiat, se não se fazem conhecer, seus raios não se podem estender e
tomar como da mão às almas para aquecê-las, para lhes tirar o entorpecimento do querer humano,
plasmá-las de novo para transformá-las na Vida que meu Fiat quer infundir-lhes, porque estes
conhecimentos são e contêm a nova criação, de transformar a criatura em como saiu de nossas
mãos criadoras”.

25-2
Outubro 10, 1928

Quarenta anos e mais de exílio, virtude e força de um sacrifício prolongado. Recolha de
materiais para ordenar. Felicidade de Jesus ao abençoar a sua pequena filha prisioneira,
beijos no Querer Divino. Decisão dos sacerdotes de preparar os escritos para a publicação.
Graças surpreendentes que Jesus dará aos sacerdotes.

(1) A minha vida desenrola-se diante do meu Sacramentado Jesus, e oh! quantos pensamentos se
acumulam na minha mente. Pensava em mim mesma: "Depois de quarenta anos e meses que não
tinha visto o tabernáculo, que não me era dado estar diante de sua adorável presença
Sacramental, quarenta anos não só de prisão mas de exílio, e depois de tão longo exílio finalmente
voltei, se bem prisioneira, mas não mais exilada, como na pátria, perto do meu Sacramentado
Jesus, e não uma vez por dia como o fazia antes que Jesus me fizesse prisioneira, mas sempre,
sempre. Meu pobre coração, embora o tenha no peito, sente-se consumido ante tanto amor de
Jesus." Mas enquanto isso e outras coisas pensava, meu Sumo Bem Jesus, movendo-se em meu
interior me disse:

(2) "Minha filha, achas que é irrelevante ter-te mantido prisioneira durante quarenta anos e mais,
sem um grande desígnio meu? Não, não! O número quarenta sempre foi significativo e preparativo
para grandes obras. Quarenta anos os hebreus caminharam pelo deserto sem poderem alcançar a
terra prometida, sua pátria, mas depois de quarenta anos de sacrifícios tiveram o bem de tomar
posse dela, mas quantos milagres, quantas graças, até chegar a alimentá-los com o maná celestial
em tal tempo; um sacrifício prolongado tem virtude e força de obter coisas grandes de Deus. Eu
mesmo em minha vida aqui embaixo quis estar quarenta dias no deserto, separado de todos, até
de minha Mãe, para sair em público a anunciar o Evangelho que devia formar a vida de minha
Igreja, isto é, o Reino da Redenção; quarenta dias desejei permanecer ressuscitado para confirmar
a minha Ressurreição e por o celo de todos os bens da Redenção. Assim quis para ti, minha filha,
para manifestar o reino da minha Divina Vontade quis quarenta anos de sacrifícios, mas quantas
graças não te fiz, quantas manifestações, posso dizer que nesta extensão de tempo pus em ti todo
o capital do reino do meu Querer e tudo o que é necessário para fazê-lo compreender as criaturas.
Assim, a tua longa prisão tem sido a arma contínua, sempre em ato de combater com o teu próprio
Criador, para fazer que te manifestasse o meu reino.

(3) Agora, tu deves saber que tudo o que manifestei a tua alma, as graças que te fiz, as tantas
verdades que escreveste acerca da minha Divina Vontade, suas penas e tudo o que tem feito, não
foi outra coisa que uma compilação de materiais para edificar, e agora é necessário ordená-los e
pôr tudo em ordem. E assim como não te deixei sozinha em reunir as coisas necessárias que
devem servir a meu reino, mas sim que estive sempre contigo, assim não te deixarei sozinha para
colocá-las em ordem e fazer ver o grande edifício que por tantos anos tenho preparado junto
contigo, por isso nosso sacrifício e trabalho não terminou, devemos seguir adiante até que esteja
terminada a obra".
(4) Depois, estando perto de meu Sacramentado Jesus, cada manhã se dá a bênção com o
Santíssimo, e enquanto rezava, meu doce Jesus que me abençoava, movendo-se em meu interior
me disse:
(5) "Minha filha, de todo coração te abençoo, mas bem abençoo a minha mesma Vontade em ti,
bendigo teus pensamentos, respiros e batimentos, a fim de que penses sempre em meu Querer, o
respires continuamente e seja teu pulsar só minha Vontade, e por amor teu bendigo a todas as
vontades humanas, a fim de que se disponham a receber a Vida de meu Eterno Querer. Minha filha
amadíssima, se você soubesse como é doce, como me sinto feliz de abençoar a pequena filha de
meu Querer; meu coração exulta ao abençoar aquela que possui a origem, a Vida de nosso Fiat,
que levará o início, o princípio do reino de minha Divina Vontade. E enquanto te abençoo, derramo
em ti o orvalho benéfico da luz do meu Querer Divino, que te adornando toda, te fará parecer mais
bela aos meus olhares sacramentais, e Eu me sentirei mais feliz nesta custódia ao olhar a minha
pequena filha prisioneira, investida e atada pelas doces correntes de minha Vontade. E cada vez
que te abençoar, farei crescer a Vida do meu Querer Divino em ti. Como é bela a companhia de
quem faz minha Divina Vontade, Ela põe o eco no fundo da alma, de tudo o que faço nesta hóstia
santa, e Eu não me sinto só em meus atos, sinto que reza junto Comigo, e unindo-se juntas nossas
súplicas, nossos suspiros, pedimos uma só coisa: que a Divina Vontade seja conhecida e que logo
venha seu reino".

(6) Depois, desenvolvendo minha vida perto do meu prisioneiro Jesus, cada vez que se abre a
porta da capela, o que acontece frequentemente, mando três beijos ou cinco ao meu
Sacramentado Jesus, ou bem uma pequena visita, e Ele movendo-se dentro de mim me disse:

(7) "Minha filha, como me são agradáveis teus beijos, sinto beijar-me por ti com os beijos de meu
mesmo Querer, sinto dar-lhes sobre meus lábios, sobre meu rosto, em minhas mãos e coração,
meus mesmos beijos divinos, tudo é divino na alma onde reina minha Divina Vontade, e eu sinto
em teus atos meu amor que me refrigera, a frescura, a suavidade de minha mesma Vontade Divina
que me abraça, me beija e me ama. Oh, como me é agradável minha Divina Vontade que age na
criatura, sinto que bilocando nela me dá e põe diante de mim toda a beleza e santidade de meus
atos, por isso tanto suspiro que minha Vontade seja conhecida, para poder encontrar nas criaturas
todos os meus atos divinos e dignos de Mim".

(8) Agora passo a dizer que meu doce Jesus parece que me esperava aqui, nesta casa, perto de
seu tabernáculo de amor, para dar início a que os sacerdotes se decidissem a preparar os escritos
para a publicação, e enquanto se aconselhavam entre eles o modo como fazê-lo, liam os nove
excessos que Jesus teve na encarnação, que estão narrados no primeiro volume de meus escritos.
Agora, enquanto liam, Jesus dentro de mim era todo atenção para ouvir, e parecia-me que o
mesmo fazia Jesus no tabernáculo. Em cada palavra que ouvia, seu coração batia mais forte, e em
cada excesso de seu amor tinha um sobressalto mais forte ainda, como se a força de seu amor o
fizesse repetir todos aqueles excessos que teve na encarnação, e como se não pudesse conter
suas chamas me disse:

(9) "Minha filha, tudo o que te disse, tanto sobre minha Encarnação como sobre minha Divina
Vontade e outras coisas, não foram outra coisa que desabafos de meu amor contido, mas depois
de haver desabafado contigo, meu amor continuou sendo reprimido, porque queria elevar mais as
suas chamas para investir todos os corações e fazer conhecer o que fiz e quero fazer pelas
criaturas. E como tudo o que te disse está no anonimato, eu sinto uma opressão sobre o meu
coração que me comprime e impede que as minhas chamas se elevem e façam o seu caminho.
Por isso enquanto ouvia ler e tomar a decisão de ocupar-me para publicá-los, sentia-me remover o
peso que comprimem as chamas de meu coração, por isso batia mais forte e exultava e fazia-te
sentir a repetição de todos aqueles excessos de amor, muito mais que o que Eu faço uma vez o
repito sempre. Meu amor reprimido é uma pena para Mim das maiores, que me torna taciturno e
triste, porque não tendo vida minhas primeiras chamas, não posso tirar fora as outras que me
devoram e me consomem; e é por isso que para aqueles sacerdotes que querem se ocupar em
tirar-me este peso de fazer conhecer meus tantos segredos com publicá-los, Eu lhes darei tanta
graça surpreendente, força para fazê-lo e luz para conhecer, eles por primeiros, o que farão
conhecer aos demais. Eu estarei no meio deles e guiarei tudo".

(10) Agora me parece que cada vez que os reverendos sacerdotes se ocupam em revisar os
escritos para prepará-los, meu doce Jesus fica atento para ver o que fazem e como o fazem. Eu
não faço outra coisa senão admirar a bondade, o amor do meu amado Jesus, que enquanto se põe
atento em meu coração, faz eco no tabernáculo e dali dentro, naquela custódia, faz o que faz em
meu coração. Eu fico confusa ao ver isto e lhe agradeço com todo o coração".

26-2
Abril 12, 1929

A Criação, ato de adoração profunda da Divina Trindade.

(1) Estava toda abandonada no Fiat Divino, sua luz eclipsava minha pequenez e me transportava
para cima, até o seio do Eterno, onde não se via outra coisa que luz, santidade, beleza, que
infundia adoração profunda, tanto de sentir a minha pequena existência transformada num único
ato de adoração àquele Deus que tanto me amou e me ama. Então, enquanto minha mente se
perdia na luz do Divino Querer, meu amável Jesus se moveu em meu interior e me disse:

(2) "Minha filha, a santidade de nosso Ser Divino; a potência única de nossa Vontade da qual
estamos investidos, de modo que somos distintos nas Pessoas, mas nossa Vontade é sempre uma
que age em Nós, que domina, que rege; nosso amor igual, recíproco e incessante, produz em Nós
a mais profunda adoração entre as Divinas Pessoas, assim que tudo o que sai de Nós não é outra
coisa que atos de adoração profunda de todo nosso Ser Divino. Por isso, quando nosso Fiat Divino
quis por em campo toda a Criação com sua potência criadora, trabalhadora e vivificadora,
enquanto nosso Fiat se pronunciava, assim saíam de nós atos de adoração profunda, então o céu
não é nada mais que um ato de adoração profunda da vastidão do nosso Ser Divino, e por isso por
toda parte se vê céu, de noite e de dia, a imensidão de nosso Ser fazia sair de nosso seio a
imensidão de nossa adoração e estendia sobre o universo o azul céu para chamar a todos aqueles
que teriam habitado a terra em nossa única Vontade, para unificá-los na vastidão da nossa
adoração, de modo que em virtude do nosso Fiat, o homem devia se estender na imensidão do seu
Criador para formar o seu céu de adoração profunda Àquele que o tinha criado.

O sol é um ato de adoração de nossa luz interminável, que é tal e tanto o ímpeto de sua adoração profunda, que não
se contenta em fazer-se ver no alto, sob a abóbada do céu, mas sim do centro de sua esfera faz
descer seus raios de luz até o baixo da terra, plasmando e tocando tudo com suas mãos de luz,
investe tudo e a todos com sua adoração de luz, e chama a plantas, flores, árvores, pássaros e
criaturas a formar uma só adoração na Vontade de quem as criou. O mar, o ar, o vento, e todas as
coisas criadas, não são outra coisa que atos de adoração profunda de nosso Ser Divino, que,
quem de longe e quem de perto chamam a criatura na unidade de nosso Fiat a repetir os atos
profundos de nossa adoração, e fazendo seu o que é nosso, pode nos dar o sol, o vento, o mar, a
terra florida, como adorações profundas que sabe e pode produzir nossa Vontade única na criatura.
O que nosso Fiat não pode fazer? Com sua força única pode tudo, une tudo, tem em ato tudo, e
une Céu e terra, Criador e criatura, e deles forma um só".

(3) Dito isto, retirou-se nas profundezas da sua luz e fez silêncio. Então eu segui meu giro na
Criação, para seguir aquela adoração profunda do meu Criador em todas as coisas criadas. Oh!
Como se sentia em cada coisa o perfume da adoração divina, tocava-se com a mão seu alento
adorado, sentia-se no vento a adoração penetrante, imperante de nosso Criador, que investindo
toda a terra, hora como sopro leve, hora com ondas impetuosas, hora com encorajamento
acariciador, nos investe e nos chama à adoração que o vento possui de seu Criador; quem pode
dizer a força do vento? Ele em poucos minutos percorre todo o mundo, e hora com império, hora
com gemidos, hora com vozes fracas e hora fortes, nos investe e nos chama a unir-nos àquela
adoração divina que dá a seu Criador. E seguindo o meu caminho via o mar, naquelas águas
cristalinas, naquele murmúrio contínuo, nas suas ondas altíssimas, Jesus dizia que aquele mar não
era outra coisa que um ato de profunda adoração da pureza divina, adoração de seu amor que
murmura continuamente, e nas ondas a adoração da força divina que move como leve palha a tudo
e a todos. Oh! Se o Fiat Divino reinasse nas criaturas, a todos faria ler em cada coisa criada a
adoração distinta que cada coisa possui de nosso Criador, e unindo-nos com toda a Criação, uma
devia ser a adoração, um o amor, uma a glória ao Ente Supremo. Oh Vontade Divina, venha reinar
e faça que uma seja a Vontade de todos...

27-2
Setembro 28, 1929

Primeiro beijo, desabafo entre Mãe e Filho. Como todas as coisas criadas contêm cada uma
sua libertação. Quem vive no Fiat é criação contínua. Contento divino.

(1) Estava a fazer a meu giro na Criação e Redenção, e a minha pequena inteligência parou
quando o meu querido menino, no ato de sair do ventre materno, saltou para os braços da Mãe
Celestial, e sentiu a necessidade de fazer o seu primeiro desabafo de amor, apertou com seus
pequenos braços o pescoço de sua Mãe e a beijou. Também a Divina Rainha sentiu a necessidade
de fazer seu primeiro desabafo de amor para com o infante divino, e lhe correspondeu o beijo
materno com tal afeto, de sentir que lhe saía o coração do peito; eram os primeiros desabafos que
faziam Mãe e Filho. E eu pensava em mim: "Quem sabe quantos bens encerravam neste
desabafo?" E meu doce Jesus fazendo-se ver como pequeno menino em ato de beijar a sua mãe,
me disse:

(2) "Minha filha, como senti a necessidade de fazer este desabafo com minha Mãe, porque tudo o
que foi feito por nosso Ser Supremo não foi outra coisa que um desabafo de amor, e Eu
concentrava na Virgem Rainha todo nosso desabafo de amor que tivemos na Criação, porque
estando nela a minha Divina Vontade, era capaz de receber com o meu beijo este nosso alívio tão
grande, e de me poder retribuir, porque só quem vive da minha Vontade Divina concentra em si o
ato contínuo de toda a Criação, e a atitude de voltar a coloca-la em Deus. A quem possui minha
Divina Vontade tudo posso dar, e tudo pode dar-me, muito mais que a Criação, tendo-a tirado em
um desabafo de amor para dá-la à criatura, dura e durará sempre, e quem está em minha Divina
Vontade está como em nossa casa, recebendo a continuidade deste nosso desabafo com o ato de
toda a Criação, porque ao conservá-la como a fizemos, é como se estivéssemos em ato de criá-la
e de dizer à criatura: Este nosso desabafo de ter criado tantas coisas te diz: ‘Te amei, te amo e te
amarei sempre'. E a alma que se faz dominar por nosso Querer Divino, não podendo conter este
nosso desabafo de amor tão grande, sobre as asas dele desabafa também ela e nos diz e repete
nosso refrão: ‘Em teu Querer te amei, te amo e te amarei sempre, sempre'. Com efeito, não são
todas as coisas criadas desabafos de amor que o nosso Fiat, como primeiro ator fazia à criatura?
Desabafar de amor é o céu azul, e ao estar sempre estendido, adornado de estrelas, sem jamais
descolorar-se nem mudar-se, faz brotar nosso desabafo contínuo para a criatura. Desabafar de
amor é o sol, e desabafar o nosso amor contínuo de encher de luz toda a terra, e todos os efeitos
que produz, que são inumeráveis, são contínuos e repetidos desabafos que faz à criatura.

Desabafo do nosso amor é o mar, e conforme murmura repete suas ondas altíssimas, hora
plácidas, hora tempestuosas, e conforme produz os tantos peixes, estes não são outra coisa que
contínuos desabafos de nosso amor. Desabafar o nosso amor é a terra, e conforme se abre para
produzir flores, plantas, árvores e frutos, assim nosso amor empreende novamente seu desabafo
ardente. Em suma, não há coisa criada por Nós onde não esteja o desabafo contínuo de nosso
amor. Mas quem está ao dia de tantos nossos desabafos? Quem se sente investido por nossa
Força criadora, e toca com a mão nossas chamas inextinguíveis, até sentir a necessidade de
corresponder com seus desabafos amorosos a seu Criador? Que vive em nosso Fiat Divino. Para
ela é contínua criação, sente a Potência de nossa Força criadora, que agindo nela o faz tocar com
a mão que seu Criador está em ato de criar continuamente por seu amor, fazendo-o sentir seus
desabafos jamais interrompidos para receber sua correspondência. Mas quem pode te dizer nosso
contento quando vemos que a criatura, possuindo nosso Fiat Divino recebe e reconhece estes
nossos desabafos, e ela não podendo conter o grande excesso de amor de nossos desabafos
divinos, em nosso mesmo desabafo de amor forma seu desabafo para com seu Criador. Então nos
sentimos como correspondidos por tudo o que fizemos na Criação; ouvimos que nos diz em seu
delírio de amor:
‘Majestade adorável, se estivesse em meu poder gostaria também eu criar um céu,
um sol, um mar, e tudo o que Você criou, para te dizer que te amo com teu mesmo amor e com
tuas mesmas obras, porque o amor que não age não se pode chamar amor, mas como teu Querer
Divino me fez dom de tudo o que criaste, eu te dou novamente para te dizer que te amo, te amo.’
Então a harmonia, o intercâmbio dos dons, a ordem, retornam entre Criador e criatura, como foi
estabelecido por Deus na Criação. Agora você deve saber que o homem ao fazer sua vontade
perdeu a ordem, a harmonia, e perdeu os direitos do dom da Criação, porque só em quem reina
minha Divina Vontade, sendo Ela a criadora de toda a Criação, onde Ela reina, sendo coisa sua,
faz dom com direito à criatura, mas onde não reina pode-se chamar uma intrusa em suas obras, e
por isso não pode fazê-la de dona, nem dar a Deus o que não é seu, nem pode sentir todos nossos
desabafos de amor que existem na Criação, porque não tem nossa Divina Vontade em sua posse
que lhe diga nossa história de amor; sem nosso Querer Divino o homem é o verdadeiro ignorante
de seu Criador, e como o pequeno discípulo sem o mestre.

Oh, como é doloroso ver o homem sem o nosso Fiat! Muito mais que nossa Criação é nossa porta-voz,
é a portadora de nossos beijos amorosos, de nossos abraços afetuosos. Oh! como sentia tudo isso minha humanidade estando
sobre a terra, conforme saía ao exterior, o sol me dava o beijo que minha mesma Vontade havia
depositado em sua luz para dá-lo às criaturas; o vento me dava as carícias, os abraços que
continha em depósito de minha mesma Divina Vontade; toda a Criação está prenha de carismas
divinos para dá-los às criaturas, e minha Humanidade tudo recebia, correspondendo-os para dar
desabafo a tantos beijos reprimidos, abraços rejeitados e amor não reconhecido por tantos séculos,
porque não reinando meu Querer Divino, o homem era incapaz de receber o que de bem tinha
posto minha mesma Vontade em toda a Criação, e minha Humanidade possuindo minha mesma
Vontade Divina, dava o primeiro alívio e recebia e dava a correspondência a tudo o que minha
mesma Vontade Divina tinha posto em toda a Criação; por isso, assim que Eu saía todas as coisas
criadas faziam festa, e em competição me davam o que possuíam. Por isso, esteja atenta, e o que
mais te importa é viver na minha Divina Vontade se queres sentir ao vivo o que teu Jesus te diz do
meu Fiat Supremo".

28-2
Fevereiro 26, 1930

Como é necessário desejar um bem. Se não se forma o povo à Divina Vontade, não pode ter
seu reino. Quem vive no Fiat é dono e senhor, quem faz seu querer é servo.

(1) Estava pensando no grande interesse que meu sempre amável Jesus tem de fazer conhecer
sua Santa Vontade, e dizia em mim: "Ama, suspira, quer que venha seu reino, e depois demora em
fazê-lo surgir em meio às criaturas; se quiser, tudo pode, potência não lhe falta, em um momento
pode atropelar céu e terra, quem pode resistir a seu poder? Ninguém. Muito mais que em Jesus,
querer e poder é o mesmo, por que então demora até agora?" Mas enquanto pensava assim, o
meu doce Jesus, movendo-se e fazendo-se sentir dentro de mim, disse-me:
(2) "Minha filha, suspirar, desejar e querer um bem, é dispor-se a recebê-lo, e quando se recebe
um bem que tanto se suspirou, se ama, se aprecia, se conserva, se considera bem-vindo por ser o
portador do bem que suspirava. Não só isso, mas também isto é outro excesso de nosso amor, que
fazemos suspirar o bem que queremos dar, porque queremos que a criatura ponha algo do seu, ao
menos seus suspiros, suas orações, sua vontade de querer o bem, para poder dizer-lhe: ‘Olha,
mereceste-o, porque por parte tua fizeste o que pudeste por obtê-lo, e Nós, com todo o coração te
damos', enquanto que tudo é efeito de nossa bondade. E é esta a causa pela qual fazemos saber
antes às criaturas o que queremos dar; pode-se dizer que nos pomos em correspondência
enviando nossas cartas de aviso, enviamos nossos mensageiros fazendo-os dizer o que queremos
dar, e tudo isto para as dispor, para as fazer suspirar o grande dom que queremos dar. Não
fizemos o mesmo para o reino da Redenção? Foram quatro mil anos de espera, e quanto mais se
aproximava o tempo, mais urgentes eram os avisos, mais frequentes as cartas, e tudo para dispô-
los. Assim é para o reino da minha Divina Vontade, tardo porque quero que o saibam, que roguem,
que suspirem que venha a reinar, que compreendam o grande dom dela, e assim podereis dizer-
lhes: ‘Ordenastes, merecestes, e Ela já vem reinar no meio de vós; ao conhecê-la, pedi-la e
suspirá-la, formastes seu povo eleito onde possa dominar e reinar.’ Sem povo não se pode formar
um reino, e eis a outra causa pela qual quero que se saiba que minha Vontade Divina quer reinar
sobre a terra: ‘Que peçam, que a suspirem, que se disponham para formar seu povo onde desça
no meio a eles e formar sua morada real, sua sede, seu trono.' Por isso não te deve surpreender
que enquanto vês tanto interesse por minha parte que quero que minha Vontade reine, depois vês
que demora, são as disposições de nossa sabedoria inalcançável que tudo dispõe com ordem, e o
atraso serve para pôr em caminho seus conhecimentos que farão de cartas, de telégrafos, de
telefone, de mensageiros, para formar o povo à minha Divina Vontade. Por isso roga e teu voo nela
seja contínuo".

(3) Depois disto seguia meu giro no Fiat Divino, e chegando ao Éden me detive a pensar no amor
que se trocava entre Deus e Adão inocente, como a Divindade não encontrando nenhum obstáculo
por parte do homem, se vertia torrentes sobre ele, com seu amor o arrebatava a Si com doces
atrativos, fazendo-lhe ouvir sua voz toda suavidade que lhe dizia: "Filho, te amo, te amo muito". E
Adão, ferido e arrebatado pelo eterno amor repetia seu refrão: "Te amo, te amo". E lançando-se
nos braços de seu Criador se estreitava tanto, que não sabia separar-se, como do único amor que
conhecia e que vivia só para amá-lo. Mas enquanto minha mente se perdia neste amor recíproco
de Deus e a criatura, meu doce Jesus, todo bondade me disse:

(4) "Minha filha, que doce lembrança é a criação do homem. Ele era feliz e nós também, sentíamos
o fruto da felicidade de nossa obra, sentíamos muito gosto em amá-lo e em ser amados. Nossa
Vontade Divina o conservava fresco e belo, e levando-o entre seus braços de luz nos fazia
contemplar como era bela a obra criada por Nós, nosso amado filho, e como filho o tínhamos em
nossa casa, em nossos bens intermináveis, e por consequência, como era filho, atuava como dono.
Teria sido contra a natureza de nosso amor não fazer senhor a quem tanto amávamos e nos
amava; no verdadeiro amor não há teu e meu, mas sim tudo é em comum. E além disso, ao fazê-lo
dono nada nos vinha de mal, nos alegrava, nos fazia sorrir, nos divertia, nos dava as belas
surpresas de nossos mesmos bens, e além disso como não deveria ser dono se possuía nossa
Vontade Divina que senhoria tudo e domina tudo?

Para não torná-lo dono devíamos pôr em servidão a nossa Vontade, o que não podia ser,
onde Ela reina não existe servidão, mas sim tudo é
domínio. Por isso, até que o homem viveu em nosso Fiat Divino, não conheceu servidão; enquanto
pecou, subtraindo-se de nosso Querer Divino, perdeu o senhorio e se reduziu à escravidão. Que
mudança, de filho para servo! Perdeu o comando sobre as coisas criadas, tornou-se o servo de
todos. O homem que se retirou de nosso Fiat Divino sentiu-se abalado até no mais profundo, e sua
própria pessoa a sentiu vacilante, sentiu o que é debilidade, e se sentiu servo de paixões que o
faziam envergonhar-se de si mesmo, e chegou a perder seu domínio. Assim não estava mais em
seu poder, como antes, a força, a luz, a graça, a paz, mas a devia mendigar de seu Criador com
lágrimas e orações. Vê então o que significa viver em meu Querer Divino? Ser dona; quem faz sua
vontade é servo".

(5) E eu surpreendida pelo que Jesus dizia lhe disse: "Meu amor, por quanto consolador é te ouvir
falar de teu Querer Divino, outro tanto é doloroso ouvir os males da vontade humana". E Jesus
acrescentou:

(6) "Minha filha, se é necessário falar-te do meu Fiat Divino que servirá como convite, aliciantes,
vozes suaves, doces e fortes para chamar a todos a viver na morada régia da minha Divina
Vontade, a fim de que não sejam mais servos mas donos, assim é necessário falar-te dos males da
vontade humana, porque Eu não tirarei jamais o livre arbítrio ao homem, por isso é necessário que
no reino de minha Vontade Divina faça montar as guardas, as nobres sentinelas que tenham em
guarda as criaturas, fazendo-lhes conhecer o grande mal do querer humano, a fim de que estejam
muito atentos, e aborrecendo-o, amem a felicidade e o senhorio que lhes dá minha Divina
Vontade".



29-2
Fevereiro 15, 1931

A Vida Divina tem necessidade de alimentos para crescer na criatura. A criatura com seu
amor forma em Deus mesmo sua Vida Divina. O amor Divino tem o germe de gerar vida contínua.

(1) Meu abandono no Fiat Divino continua, se bem vivo sob a opressão de intensas amarguras, de
lágrimas contínuas, e sou obrigada a viver do ar insalubre das agitações, que me tiram o belo dia
sereno da paz gozada sempre por mim. Estou resignada, beijo a mão que me golpeia, mas sinto ao
vivo o fogo que me queima das tantas tempestades que estão caindo sobre minha pobre
existência. Jesus meu, ajuda-me, não me abandones, ah! Dá-me a paz, aquela paz que Tu tanto
querias que eu possuísse. E se bem Jesus frequentemente rasga os véus das densas nuvens que
me cercam com dizer-me alguma palavra, no entanto, embora um pouco reanimada, depois retorno
a meu estado inquieto. Então meu doce Jesus me surpreendeu me disse:

(2) "Minha filha boa, ânimo, não temas que Eu te possa abandonar, sinto minha Vida em ti, e se Eu
te abandonasse, esta minha Vida em ti permaneceria sem alimento para fazê-la crescer, sem luz
para fazê-la feliz, faltaria o cortejo real a minha Vida Divina que Eu mesmo formei em ti; porque
você deve saber que minha Vida em Mim mesmo não tem necessidade de nada, nem de crescer,
nem está sujeita a decrescer, mas minha Vida que vou formando na criatura, para fazê-la crescer
tem necessidade de alimento divino, de modo que pouco a pouco minha Vida Divina encha toda a
criatura. Por isso não posso te deixar, e enquanto parece que te deixo e parece que tudo terminou
entre você e eu, de improviso regresso a minha pequena filha para pôr na boca o alimento de
minha Vontade, porque você deve saber que minha Vontade é luz, e à alma que vive nela vêm-lhe
fornecidas as propriedades da luz, e enquanto obra, suas obras se enchem de luz, mas tanto, de
transbordar fora, de modo que se vê que foram feitas nas propriedades da luz de seu Criador; se
ama, as propriedades do amor Divino enchem o amor da criatura; se adora, as propriedades da
adoração divina enchem a adoração da criatura; em suma, não há ato que a criatura faça, que as
propriedades divinas não preencham estes atos. Em minha Vontade o humano cessa, fica anulado,
e a criatura tem sempre o que tomar, as propriedades divinas estão a sua disposição. Oh! Se todos
soubessem o que significa viver em meu Querer Divino, o grande bem que lhes vem, e no modo
mais simples".
(3) Depois continuava meu abandono no Fiat Divino, e não sabendo fazer outra coisa, ia dizendo e
pondo meu pequeno ‘amo-te' nos atos divinos, e não só isto, senão que dizia entre mim: "Meu
Jesus, Meu Amor, meu ‘Amo-Te' corra no teu coração, no teu fôlego, sobre a tua língua, na tua
voz, até nas mais pequenas partículas da tua adorável pessoa". Mas enquanto isso fazia, minha
querida Vida, fazendo-se ver me fazia colocar meu "te amo" em seu coração, dentro e fora de toda
sua Divina Pessoa, e o agradecia tanto que me incitava a repetir quantos mais "te amo" podia, para
poder encontrar em todo seu Ser o querido "te amo" e depois estreitando-me a Si disse-me:

(4) "Minha filha, o amor é vida, e quando este amor sai da alma que vive na minha Vontade, tem
virtude de formar em Deus mesmo a Vida de amor, e como a substância da Vida Divina é o amor,
por isso a criatura com seu amor forma em Deus outra Vida Divina, e Nós sentimos em Nós
mesmos nossa Vida formada pela criatura.

Esta Vida que com seu amor unido a nossa Vontade,
porque é Ela que fornece a potência para que a criatura possa chegar a formar a mesma Vida
Divina toda de amor em Deus, esta Vida é o triunfo de Deus e o triunfo da criatura, e em ato de
triunfo tomamos esta Vida Divina que a criatura formou em Nós mesmos, e a damos para bem de
todas as criaturas como precioso presente que faz a todos a pequena filha de nosso Querer, e com
ânsia esperamos que com seu amor venha a formar outras Vidas Divinas em nosso Ser Supremo.
Minha filha, nosso amor não é estéril, mas tem o germe de gerar vida contínua, assim como você
dizia ‘Eu te amo' em meu coração, em meu respiro, assim gerava outro batimento, outro respiro, e
assim de todo o resto, de modo que Eu sentia em Mim mesmo a nova geração de seu ‘amo-te' que
formava a nova Vida de meu amor, e oh! Como me sentia feliz pensando que minha filha estava
me formando dentro de Mim minha mesma Vida toda de amor. Se você soubesse como é
comovedor este ato da criatura que com seu amor dá Deus a Deus, oh! Como nos rapta, e
sentindo-nos raptados damos outro amor para ter o contentamento de fazê-la repetir nossas novas
Vidas de amor. Por isso ama, ama muito e farás mais feliz a teu doce Jesus".

30-2
Novembro 9, 1931
Deus tem estabelecido os atos da criatura. Ato constante e incessante da Divina Vontade.
Quem não faz a Divina Vontade fica sem Mãe e permanece órfã e desamparada.

(1) O meu abandono no Querer Divino continua, oh! Com que ternura me espera em seu colo
materno para me dizer: "Filha de meu Querer, não me deixe sozinha, sua Mamãe te quer junto;
quero sua companhia no trabalho incessante que faço para todas as criaturas. Eu faço tudo por
elas, não as deixo um instante, porque se as deixasse perderiam a vida. No entanto, há aqueles
que não me reconhecem, na verdade, me ofendem, enquanto Eu sou tudo para elas. Oh! Como é
dura a solidão, por isso te suspiro minha filha, oh como me é querida tua companhia em meus atos!
A companhia torna doce o trabalho, alivia o peso e é portadora de novas alegrias".
(2) Mas enquanto minha mente se perdia na Divina Vontade, meu amável Jesus me fazendo sua
breve visita me disse:
(3) "Minha filha, minha Vontade é incansável, querendo manter a vida, a ordem, o equilíbrio de
todas as gerações e do universo inteiro, não pode nem quer cessar em seu trabalho, muito mais
que cada movimento é como dado a luz por Ela e atado com vínculos inseparáveis. Imagem do ar
que enquanto nenhum o vê, também dá à luz o respiro nas criaturas, e é inseparável da respiração
humana, oh! Se o ar parasse o seu trabalho de fazer-se respirar, de um só golpe cessaria a vida de
todas as criaturas. Mais que ar é minha Vontade, o ar não é nada mais que um símbolo, imagem, e
que produz a vida da respiração pela virtude vital do meu Querer Divino, enquanto a minha é Vida
em Si mesma e incriada. Agora, Deus tem estabelecido todos os atos das criaturas e o número dos
atos delas; por isso o empenho destes atos, porque estabelecidos por Deus vêm tomados por
minha Divina Vontade, os ordena e põe sua Vida dentro deles, mas quem dá o cumprimento a
esses atos estabelecidos pelo Ser Supremo?

Quem coopera e se faz dominar pela Vontade Divina,
com a cooperação e com seu domínio, sente o vínculo e a inseparabilidade dela, e sente correr sua
Vida Divina em seus atos. Enquanto que quando não coopera perde o domínio de minha Vontade
Divina, e em vez de fazer a minha, faz sua vontade, e cada ato de vontade humana forma um vazio
para o divino na alma. Estes vazios desfiguram a pobre criatura, e como foi feita para Deus, só Ele
pode preencher estes vazios, porque os atos, cujo número está estabelecido, deviam servir para
preenchê-la do Ser Divino. Oh! Como são horríveis estes vazios, veem-se neles vias torcidas, atos
sem princípio divino e sem vida, por isso não há coisa que estrague mais a criatura que sua
vontade. Agora, minha Vontade é ato constante e incessante dentro e fora da criatura, mas, quem
recebe seu ato operante? Quem a reconhece em todos seus atos, quem a reconhece, a ama, a
estima, a aprecia; ao ser reconhecida, minha Vontade faz tocar com a mão seu ato operativo e
incessante, e a criatura sente os braços dela nos seus, a potência do seu movimento nos seus, a
sua virtude vivificadora no seu respiro, a formação da sua Vida no batimento do seu coração, por
toda parte, por dentro, por fora, sente-se vivificar, tocar, abraçar, beijar pela minha Vontade. E Ela,
quando vê que a criatura sente seus abraços amorosos, estreita-se mais a seu seio divino e vai
formando suas doces cadeias de inseparabilidade entre Ela e sua criatura amada. Parece que se
sente paga ao ser reconhecida por seu trabalho incessante, e com seu poder tira o véu que a
escondia à criatura, e lhe faz conhecer quem é quem forma a vida de todos seus atos. Por isso
quanto mais a reconheceres, mais sentirás o quanto ela te ama e tu a amarás mais.

(4) Além disso, você deve saber que a alma sem minha Divina Vontade é como uma flor cortada da
planta; pobre flor, tiraram-lhe a vida, porque não está mais unida à raiz, e separada dela não
recebe mais os humores vitais, que como sangue circulavam e a mantinham viva, fresca, bela,
cheirosa; perdeu a raiz que como mãe a amava, a alimentava e a tinha estreitada a seu seio, e
enquanto a raiz se está debaixo da terra, como sepultada viva para dar vida às flores, filhas suas, e
fazê-las fazer uma bela aparição, tanto de chamar a atenção humana com seu doce encanto, mas
como é cortada da planta, como se tivesse perdido a mãe, parece que se põe em atitude de
tristeza, perde a sua frescura e acaba por murchar.

Tal é a alma sem minha Divina Vontade,separa-se da raiz divina, que mais que mãe a amava, a alimentava, e enquanto vive como
sepultada, vive em todos seus atos e no fundo de sua alma para fornecer-lhe os humores divinos,
que como sangue faz circular em todos os seus atos para mantê-la fresca, bela, perfumada por
suas virtudes divinas, de formar o mais belo e doce encanto à terra e a todo o Céu. Portanto, assim
que se separa da minha Divina Vontade, perde a sua verdadeira Mãe, que com tantos cuidados
maternos a guardava, a tinha estreitada a seu seio, a defendia de todos e de tudo, e acaba por
desfigurar-se e murchar a tudo o que é bem, e chegam a sentir a triste melancolia porque vivem
sem Aquela que a gerou, sem a vida, as carícias de sua Mãe. Então você pode chamá-los de
pobres órfãs abandonadas, desprotegidas, e talvez nas mãos de inimigos e tiranizada pelas
paixões do próprio eu. Oh! Se a raiz estiver certa, quantos gritos dilacerantes de dor não emitiria ao
ver arrancar a vida de suas flores, e que a obrigaram, como mãe estéril, a permanecer sem a coroa
de seus filhos? Mas se não chora a planta, chora minha Vontade ao ver tantos filhos seus órfãos,
mas órfãos voluntários, que sentem todas as penas da orfandade, enquanto sua Mãe vive e não
faz outra coisa que chorar e chamar à coroa de seus filhos em torno de Si".

31-2
Agosto 7, 1932
A luz da Divina Vontade faz perder a vida de todas as outras coisas, dá o frescor divino, e
quem vive nela é confirmado no bem e adquire o direito de cidadão do Céu.

(1) Estou nos braços da Divina Vontade, ainda que sob o tormento das privações de meu
dulcíssimo Jesus; sem Ele as horas são séculos, os dias são intermináveis, e oh! como choro ao
não ter sua doce e amável presença, e sinto toda a dureza de meu longo exílio. Mas enquanto
gemo e suspiro, o Fiat Divino faz correr sua luz sobre minha dor, e acalmando-a faz-me correr nas
ondas eternas de seus atos para unir os meus com os seus, e fazer deles um só. Ah! me parece
que não me dá tempo nem sequer para me doer de estar privada d‟Aquele que tanto me ama e
amo, sua luz se impõe sobre tudo, eclipsa e absorve tudo, quer tudo para Si, não permite perder
tempo, mesmo sobre as coisas mais santas, qual é a privação de Jesus. Mas enquanto nadava no
mar da dor, minha querida vida apenas como relâmpago que foge, visitando minha pequena alma
me disse:
(2) "Filha boa, ânimo, deixa-te guiar pela luz da minha Divina Vontade, a qual te saberá converter
as dores, as penas, as minhas mesmas privações em paz perene, e em conquistas divinas. A
natureza de sua luz é eclipsante, corroborante, fortificante, e onde chega sua luz, a dor perde a
força e a vida, e o muda em conquistas e em alegrias, porque a força de sua luz supera tudo, e
onde toma seu posto todas as outras coisas perdem a vida; e se diante da luz de minha Divina
Vontade se sentem outros efeitos e desejos, significa que a plenitude de sua luz não é plena na
alma, nem reina nela em modo absoluto; seu reino é reino absoluto, não condicionado, por isso
tem o direito supremo de absorver tudo, de fazer perder a vida a todas as outras coisas e de
converter tudo em Vontade Divina. Tu deves saber que cada vez que a criatura faz seus atos em
minha Vontade, um orvalho benéfico lhe cai em cima, o qual lhe conserva a frescura divina e dá o
ópio a tudo aquilo que não pertence a Ela, e oh! como é belo vê-la sempre fresca em seus atos,
fresca em seu amor, em sua dor, na espera de receber seu orvalho para receber o ópio, para
convertê-lo em doce conquista do Querer Divino.

A frescura torna amável, atraente, tanto a uma
pessoa como a um objeto; as coisas velhas não gostam de ninguém, e por isso Eu amo tanto a
quem vive em minha Divina Vontade, porque sinto nela nossa frescura divina, nossos suaves
perfumes, em resumo, é coisa nossa, e teu Jesus encerra em seu coração divino a esta amada
criatura, e vou formando-a, crescendo toda de minha Vontade. Assim que esta nobre legião dos
filhos do meu Querer, será formada no meu santíssimo coração, como tantas rainhas, filhas do
grande Rei".

(3) Depois continuando meu estado de opressão pelas privações de meu doce Jesus, pensava
entre mim: "No entanto, apesar de estar privada d'Aquele que é para mim mais que minha própria
vida, não obstante sinto uma profunda paz, nem temo nada, nem tenho nenhum temor se é por
culpa minha que o Celestial Jesus me priva dele, nem tenho nenhum medo de que me pudesse
perder, não sinto nenhuma outra coisa em minha pequena alma, senão um mar plácido, que se
bem murmura, mas seu murmúrio não é outro que, „te amo‟, e este meu pequeno „te amo‟ não te
pede outra coisa senão que venha o reino da tua vontade sobre a terra, e sem jamais deixar de
murmurar, formo as minhas pequenas ondas, muito frequentemente, para livrar-me de meu exílio e
tomar o Céu por assalto para fechar-me em minha pátria celestial". Mas o que, tudo é em vão, as
minhas ondas caem no meu mar e continuo tranquilamente murmurando, „te amo, te amo!‟ E ponho
o Céu e a Terra a pedir-te o teu Fiat. Mas enquanto minha mente pensava desatinos, meu Sumo
Bem Jesus, estreitando-me em seus braços, com toda ternura me disse:

(4) "Minha recém-nascida da minha Vontade, parece que vais buscando como te perturbar, mas Eu
não quero isso, não quero as tempestades no mar da tua alma, mas sim paz perene. Os temores,
os medos, as dúvidas, são as tempestades, e estas impediriam o contínuo murmúrio de teu plácido
„te amo‟, que deve correr e murmurar sempre para vencer a teu Criador, a fim de que mande seu
Querer a descer sobre a terra para fazê-lo reinar.

(5) Agora, você deve saber que em quem se faz dominar por minha Vontade e vive nela, os males
perdem a vida; o temor de me ofender, os medos, as perturbações, perdem a semente para
renascer, a alma e o corpo ficam confirmados no bem, encontra-se nas condições dos bem-
aventurados, para os quais o mal não tem mais vida, porque nas regiões celestiais, na minha
Vontade, o absolutamente mal não pode entrar, assim que quem vive nela, pode-se chamar e
adquire o direito de cidadão do Céu, e se se encontra sobre a terra, é como um cidadão extraviado
da pátria celestial, na qual o tem minha Divina Vontade para seus grandes desígnios, e para bem
da miserável humanidade. Mas apesar de estar sobre a terra não perde os direitos de ser cidadão
do Céu, nem de não viver com as mesmas propriedades da pátria celestial, e se bem se sente
como extraviada, mas por direito deve possuir o Céu em sua alma, para viver não de terra, mas de
Céu. Ah! o viver em minha Vontade chama o Céu à terra, e sua luz escreve sobre sua testa, com
caracteres indeléveis: „Amor perene, paz imperturbável, confirmação de todos os bens, filha do
Ente Supremo'. Por isso sempre em minha Vontade te quero, a fim de que goze as propriedades
de sua pátria celestial, que são: Amor contínuo, suma paz e Vontade Divina como vida de todos os
bem-aventurados".

32-2
Março 19, 1933
Alimento que dá à criatura o Ser Supremo, que serve para fazer crescer a alma e fazer
crescer a Vida Divina na alma. A Divina Vontade, depositária de todos e de tudo

(1) Estou sempre em poder do Fiat Divino, seu amor é tanto, que não me deixa um instante sem
alimentar minha pobre alma, mas para alimentar-me me quer Consigo em poder de suas ações,
para preparar juntos o alimento que quer me dar. Depois, seguindo seus atos me detive no ato
quando Deus criava o homem, e meu sumo Bem Jesus, me surpreendeu e disse:

(2) "Minha filha bendita, nossa bondade suprema não se contentou em amar ao homem, em dar-
lhe todo o universo a sua disposição, senão que para dar desabafo a nosso intenso amor,

colocávamos nossas qualidades divinas para alimentar sua alma, assim que púnhamos nosso
poder, sabedoria, bondade, amor, santidade, força, como seu alimento divino e celestial. Assim que
cada vez que vinha a Nós lhe colocávamos nossa mesa celestial para alimentá-lo e saciá-lo; não
há coisa que mais nos una, identifique-nos com a criatura que o alimento, o qual chega a
converter-se em sangue, calor, força, crescimento e vida dela, assim nossa Divindade, querendo
alimentá-la com nossas qualidades divinas, fazia-se calor, força, crescimento e vida da criatura.
Mas isto não bastou, este alimento digerido não só fazia crescer à criatura toda bela e santa com
as virtudes dos alimentos que tomava, mas que servia para fazer crescer a Vida Divina, a qual não
se adapta a alimentos humanos, senão que quer seus mesmos alimentos divinos para crescer e
formar sua própria Vida no fundo do interior da alma. Olhe, pode-se dar amor maior, união mais
íntima e inseparável, que expor nosso Ser Divino, nossas qualidades imensas e infinitas por
alimento, para fazê-la crescer com nossas semelhanças? E além disso, servir-nos delas para lhe
fornecer os alimentos para não nos fazer ficar em jejum em sua alma, e assim possa dizer: ‘Deus
alimenta minha alma, e eu com o alimento que me dá alimento sua Vida e a faço crescer em mim'.
O amor só está contente quando pode dizer: ‘Tu me amaste, e eu te amei; o que tu fizeste por mim,
eu o fiz por ti'. E como sabemos que a criatura não pode nos igualar jamais, lhe damos do nosso, e
assim igualamos as partes e ficamos contentes e felizes, ela e Nós, porque o verdadeiro amor só
se sente feliz e satisfeito quando pode dizer: ‘O que é teu é meu'. E não creia que isto foi para o
primeiro homem, o que fazemos uma vez o continuamos sempre, ainda agora estamos à
disposição das criaturas, cada vez que se une com nossa Vontade, que perde a sua na nossa, que
a faz dominar, são como tantas visitas que vem fazer a nosso Ser Supremo, e Nós, a deixaremos ir
em jejum? Ah! não, não só a alimentamos, senão que lhe damos do nosso, a fim de que tenha
alimentos suficientes para crescer como nosso Querer a quer, e a fim de que não lhe faltem os
meios necessários para fazer crescer sempre mais a nossa Vida nela. Muito mais, que por nossa
parte não lhe fazemos faltar nada, mas bem damos sempre em modo superabundante, se falta
alguma coisa será sempre por parte da criatura, mas por Nós, jamais".

(3) Depois disto minha pobre mente continuava a perder-se no Querer Divino, e meu sempre
amável Jesus adicionou:

(4) "Minha filha bendita, minha Divina Vontade é depositária de tudo o que foi feito por Nós, e de
tudo o que fizeram as criaturas, nem sequer um pensamento, uma palavra, as obras maiores como
as menores, os passos, os batimentos, os respiros, as penas, tem tudo depositado nela, nada lhe
escapa, assim que tudo o que você faz toma posto em minha Vontade, nem você pode esconder
nada, porque com sua imensidão te envolve, com sua potência é autora de tudo o que você faz, e
com seus direitos divinos é dona de possuir, de conhecer, e de conservar tudo o que é feito pelas
gerações humanas, e de as recompensar e punir conforme merecem. É tanta sua bondade e
potência ao mesmo tempo, que assim como não perde nem uma estrela, nem uma gota de luz que
possui o sol, nem uma gota de água do mar, assim não perde nem sequer um pensamento de
criatura, e ainda que quisesse perdê-lo não pode, sua onividência o encontra em ato em sua
Vontade. Oh! se as criaturas compreendessem que uma Vontade Divina recebe em depósito tudo o
que fazem e pensam, como estariam atentas a que tudo fosse santo e reto, e chamariam a esta
Vontade Suprema como vida de tudo o que fazem, a fim de que nenhum juízo desfavorável
pudessem receber seus atos, porque estariam em depósito no mesmo Querer Divino como atos e
efeitos seus, aos quais ninguém pode ter a audácia de julgá-los, e serão premiados como atos de
um Querer Divino que age na criatura.

(5) Além disso, como a Divina Vontade é depositária de todos e de tudo, assim a vontade humana
é depositária de todos os seus pensamentos, palavras, obras e passos, etc., nada perde de tudo o
que faz, antes formam uma só coisa com ela, e fica escrito e selado com caracteres indeléveis
cada um dos pensamentos, palavras, penas sofridas, tudo; pode-se dar que a memória não leve
conta de tudo, muitas coisas as esqueceu, mas a vontade tudo esconde e nada perde, assim que é
a depositária e portadora de todos os seus atos. Assim, o Querer Divino é depositário e portador de
todos e de tudo, e o querer humano é depositário e portador individual de si mesmo. Que triunfo
será eternamente, que honra e glória de quem santamente pensou e operou! E que confusão de
quem depositou no querer humano pecados, paixões, obras indignas, e se tornará ele mesmo
portador de seus próprios males. E se os males forem graves será pasto das chamas infernais, e
se menos graves, será pasto das chamas purgantes, que por caminho de fogo e de penas
purificarão aquela vontade humana suja, mas não poderão restituir-lhe o bem, as obras santas que
não fez. Por isso esteja atenta, porque tudo vem numerado e escrito, nem tu nem Nós perdemos
nada, ainda um pensamento, uma palavra, terá sua vida perene, e serão como fiéis amigos e
inseparáveis da criatura, por isso é necessário que te formes os amigos santos e bons, para que
possam dar-te paz, felicidade e glória perene".

33-2
Novembro 26, 1933

As obras de Deus preparam a mesa à criatura, e vivendo em seu Querer Divino faz de rainha
nos mares do Ente Supremo. Quem faz seu querer se afasta de todos e fica sozinho, e fica abandonada e extraviada da Criação.

(1) Eu estava fazendo meu giro nas obras do Fiat Divino, e como sou muito pequena sinto a
necessidade de ser levada em seus braços, de outra maneira, ou me extravio na imensidão e
multiplicidade de suas obras, ou não sei seguir adiante, mas como me quer fazer conhecer suas
obras, onde se encontra seu amor falante e operante, e diz quanto e como me amou, por isso me
leva entre seus braços e me conduz pelas intermináveis vias de sua Santa Vontade; mas isto não
basta, em cada obra sua encerrada em mim, por quanto posso conter, o amor de cada obra, quer
ouvir em mim o som do amor que cada obra contém; eu também sou uma obra sua, um ato de sua
Vontade, e tendo feito tudo por amor meu quer que eu tranque em mim todos os sons e teclas de
amor que contêm suas obras. Então enquanto girava em suas obras, o amado Jesus me
surpreendeu e disse:

(2) "Minha filha bendita, não pode entender quanto me agrada te ver girar nas obras criadas por
Nós, elas estão grávidas de amor, e conforme você gira no meio delas, elas transbordam amor e te
dão o amor do qual estão cheias, e é esta uma das razões pelas quais quero que gires nas nossas
obras, elas preparam a mesa do nosso amor às criaturas, e sentem-se honradas por ter uma
irmãzinha no meio delas, que se alimenta e que forma nelas tantos sons de amor ao seu Criador
por quantas obras foram criadas. Mas isto não é tudo, minha Divina Vontade não se contenta em
fazê-la girar em nossas obras, senão que depois que a fez girar fazendo-a conhecer tantas coisas
da Criação e enchendo-a até a borda de amor, a conduz entre seus braços ao seio do Ente
Supremo, que como uma pequena pedra a lança nos mares intermináveis de seus atributos, e a
pequena filha de nosso Querer o que faz? Como uma pedra lançada no mar faz encrespar todas as
águas do mar, assim ela move todo o mar do nosso Ser Divino, e enquanto nada n’Ele se afoga de
amor, de luz, de santidade, de sabedoria, de bondade, e assim do resto, e oh! como é bonito vê-la,
ouvi-la dizer enquanto se sente afogada: ‘Todo o teu amor é meu, e eu o ponho em ato de rogar-te
que faça vir o reino de sua Vontade sobre a terra. Tua santidade é minha, tua luz, tua bondade, tua
misericórdia é minha, não é minha pequenez que te roga, não, mas teus mares de potência, de
bondade que te rogam, que te pressionam, que te assaltam, e querem tua Vontade reinante sobre
a terra'. Assim que se vê a pequenez da criatura fazer de rainha em nosso Ser Divino, reunir juntas
nossa imensidão e potência e fazer-nos pedir a Nós mesmos o que ela quer e Nós queremos, ela
compreende bem que não há outro bem que nossa Vontade, e para obter a tentativa nos faz pedir
pela infinidade de nossas qualidades divinas, e se vê a pequena menina, pequena e potente,
enriquecida com as prerrogativas de nossas qualidades divinas, como se fossem suas, que lhe dá
tal encanto e beleza de nos arrebatar, nos enfraquecer, para nos fazer o que ela quer e Nós
queremos, ela se torna nosso eco, e não sabe nos dizer outra coisa nem pedir outra coisa, mais
que a nossa Vontade invada tudo e forme uma só Vontade com todas as suas criaturas. Assim,
quando a criatura entendeu o que significa Vontade Divina e sente correr nela sua Vida, não sente
mais necessidade de nada, porque possuindo meu Querer possui todos os bens possíveis e
imagináveis, só lhe resta o delírio, Ele quer que a minha Vontade abrace todos e se constitua vida
de todos, e isto porque vê que a minha Vontade quer, e isto quer a sua pequenez".

(3) Depois continuava pensando na Divina Vontade, e o grande mal que leva fazer a vontade
humana, e meu amado Jesus suspirando acrescentou:

(4) "Minha filha, quem faz a própria vontade se afasta de todos e trabalha por si mesmo, não há
quem lhe ajude, nem quem lhe dê a força, nem quem lhe dê a luz para fazer o melhor do que faz,
assim que todos a deixam em poder de si mesma, isolada, sem apoio, e sem defesa, pode-se
chamar a desamparada, a extraviada da Criação, justa pena de quem quer fazer sua vontade,
sentir todo o peso da solidão em que ela se meteu, e a falta de todas as ajudas, e oh! a dor que
sinto ao ver tantas criaturas afastadas também de Mim, e Eu para lhe fazer sentir o que significa
fazer sem minha Vontade, fico como distante, fazendo-lhe sentir todo o peso do querer humano, o
qual não lhe dá jamais descanso e se torna seu mais cruel tirano. Todo o contrário para quem faz
minha Vontade, todos estão com ela, o Céu, os santos, os anjos, porque por honra e respeito de
meu Querer Divino todos têm o dever de ajudar aquela criatura e sustentá-la naqueles atos onde
entra minha Vontade.

Ela mesma a põe em comunicação com todos, e a todos manda que ajudem,
defendam, e lhe façam o cortejo de sua companhia, já lhe sorri a graça, a luz brilha em sua alma, e
lhe fornece o melhor, o mais belo de seus atos, Eu mesmo fico empenhado em quem faz minha
Vontade e faço correr em seus atos os meus, para ter a honra, o amor, a glória de meus atos no
ato da criatura que atuou em minha Vontade, é por isso que sente a conexão com todos, a força, o
apoio, a companhia, a defesa de todos. Portanto, quem faz a minha Vontade e vive n’Ela, pode
chamar-se a reencontrada da Criação, a filha, a irmã, a amiga de todos. Ela faz como o sol que
desde a altura de sua esfera faz chover luz, e estendendo-se contém tudo em sua luz, se dá a
todos, não se nega a ninguem, e como fiel irmã se abraça com todas as coisas, e dá como penhor
de seu amor a cada coisa criada seu benéfico efeito, constituindo-se vida do efeito que dá: Em
quem forma a vida da doçura, em outras coisas criadas a vida do perfume, em outras a vida das
cores, e assim por diante. Assim minha Vontade, desde a altura de seu trono faz chover sua luz, e
onde encontra a criatura que a quer receber para fazer-se dominar, a circunda, a abraça, a aquece,
a modela para fazê-la amadurecer, e assim encerrar sua Vida admirável como se fosse vida da
criatura, e com esta Vida tudo e todos estão com ela, como tudo é de minha Vontade adorável".

34-2
Dezembro 8, 1935

Prodígios da Imaculada Conceição. Comunicação dos direitos divinos. Deus não quer fazer
nada sem sua Mãe Celestial.

(1) Estava a fazer a meu giro nos atos da Divina Vontade, e tendo chegado ao ato em que o Fiat
Onipotente criou a Virgem Imaculada detive-me, e oh! que surpresa de prodígios jamais escutados
unidos juntos, o encanto do céu, do sol e de toda a Criação não podiam comparar-se, oh! como
ficavam para trás diante da Rainha Soberana, e o meu doce Jesus ao ver-me tão surpreendida me
disse:

(2) "Minha filha bendita, você deve saber que não há beleza, nem valor, nem prodígios que possam
comparar-se à Imaculada Conceição desta celestial criatura, meu Fiat Onipotente fez d’Ela uma
nova criação, oh! quanto mais bela, mais prodigiosa que a primeira, meu Querer Divino em Si
mesmo não tem princípio nem fim, e o prodígio maior foi como se nesta criatura renascesse, e não
só, senão em cada instante, ato, oração que fazia, crescia, e neste crescimento minha Vontade
multiplicava seus prodígios em modo infinito. A criação do universo foi feita por Nós em modo
admirável, e é mantido por Nós sob o império de nosso ato criante e conservante, sem que
acrescentássemos nada, em troca nesta Virgem, mantemos o ato criante, conservante e crescente,
isto é o prodígio dos prodígios, a Vida de nosso Querer renascida n’Ela e seu crescimento contínuo
em cada ato que fazia, e nosso Fiat para renascer n’Ela se pronunciou no ato de sua Conceição, e
quando Este se pronuncia, nosso ato tem tal suntuosidade, sublimidade, alteza, imensidão, poder,
que toma a todos na rede de seu Amor, não põe a nenhum a um lado, todos podem tomar o bem
que possui nosso Fiat obrante, a menos que algum não o quisesse. Nossa Divindade ao ver nesta
Santa criatura como renascida a nossa Vontade, lhe participou seus direitos divinos, de modo que
era dona de nosso Amor, Potência, Sabedoria e Bondade, e Rainha de nosso Fiat. Ela com seu ato
crescente de nosso Querer nos arrebatava, nos amava tanto, que chegou a nos amar por todos, a
todas as criaturas as cobria, as escondia em seu amor e nos fazia ouvir o eco do amor de todos e
de cada um. Oh! como nos sentíamos atados e como feitos prisioneiros pelo amor desta Virgem
Santíssima, muito mais do que como nos amava, adorava, rogava, operava com o ato crescente do
nosso Fiat que possuía, trancava em si o seu Criador, conforme nos amava assim nos sentíamos
absorvidos n’Ela sem poder lhe resistir, era tanta sua potência que nos dominava e trancava em si
nossa Trindade Sacrossanta, e Nós a amávamos tanto que a fazíamos fazer o que Ela queria;
quem tinha coração para negar-lhe algo? Antes nos sentíamos mais felizes de satisfazê-la, porque
uma alma que nos ama é nossa felicidade, porque ouvimos o eco, a alegria de nossa felicidade
nela, e quem possui nossa Vontade como vida é tudo para Nós.

Este é o grande prodígio de quem possui a nossa Vontade como vida, sentir em si participar nos seus mesmos direitos divinos, com
isto sente que o seu amor nunca termina, e tem tanto que pode amar por todos e dar amor a todos;
com o seu ato crescente não diz jamais basta à sua santidade. Muito mais que a Soberana Rainha
com possuir nossa Vontade como vida, tinha sempre o que nos dar, sempre que dizer, nos tinha
sempre ocupados e Nós tínhamos sempre o que dar, e sempre nossos segredos amorosos para
comunicar-lhe, tanto que nada fazemos sem Ela, primeiro nos entendíamos com Ela, depois o
colocávamos em seu materno coração, e de seu coração desce no afortunado que deve receber
aquele bem. Então não há graça para descer sobre a terra, não há santidade que se forme, não há
pecador que se converta, não há amor que parta do nosso trono, que primeiro não seja posto no
seu coração de Mãe, que forma a maturação daquele bem, o fecunda com o seu amor, o enriquece
com as suas graças, e se é necessário com a virtude de suas dores, e depois o põe em quem o
deve receber, de modo que quem o recebe sente a Paternidade Divina e a Maternidade de sua
Mãe Celestial. Podemos fazer sem Ela, mas não queremos, quem terá coração de afastá-la?
Nosso Amor, nossa Sabedoria infinita, nosso próprio Fiat se impõe sobre Nós, e não nos faz fazer
nada que não desça por meio dele. Vê então até onde chega nosso Amor por quem vive da
Vontade Divina, até não querer fazer nada sem Ela, é a harmonia de nossa Sabedoria infinita, que
assim como a Criação do universo gira sempre em torno de Nós, e à medida que a terra gira
fecundando e mantendo a vida natural a todas as criaturas, assim esta nova criação da Conceição
da Imaculada Senhora gira sempre em torno de Deus, e Deus gira sempre em torno d’Ela, e
mantêm a fecundidade do bem, formam a santidade das almas e a chamada às criaturas a Deus".

 

35-2
Agosto 9, 1937

Prodígios de amor no Querer Divino. Como duplica seu amor para fazer-se amar com seu
mesmo amor. Como a Rainha do Céu formará a nova hierarquia em sua herança.

(1) Meu voo continua no Querer Divino, e Ele me espera com tanto amor que me toma entre seus
braços de luz e me diz:
(2) "Minha filha, te amo, te amo, e você me diz que me ama para poder apoiar meu grande te amo
sobre seu pequeno te amo, e Eu, lançando-o na imensidão de meu Fiat te faço amar por todos e
por tudo, e você me ama por todos e por tudo. Sou a imensidão e me agrada dar e receber das
criaturas meu amor imenso, porque dou e recebo as harmonias, as múltiplas notas, as doçuras, os
sons encantadores e arrebatadores que há em meu amor. Quando minha Vontade ama, o céu, o
sol, a Criação toda, os anjos, os santos, todos amam junto Comigo, e se põem atentos para
esperar o te amo daquele a quem foi dirigido seu te amo, e por isso sobre as asas de meu Querer
envio a todos teu te amo, como para pagar-lhes o que todos te amaram junto Comigo. Se se ama é
porque se quer ser amado, não ser correspondido no amor é a pena mais dura que faz dar em
delírio, é o prego mais transpassante, que só pode ser tirado pela medicina, o bálsamo do amor
correspondido".
(3) Depois pensei entre mim: "Meu Deus, quem poderá retribuir-te e pagar-te por tanto amor teu?
Ah! talvez só a Rainha do Céu pode se vangloriar de ter correspondido ao seu Criador em amor, e
eu? E eu?" E me sentia oprimida, e meu sempre amável Jesus me fazendo sua breve visita, todo
bondade me disse:
(4) "Filha de minha Vontade, não temas, para quem vive n‟Ela há sumo acordo no amor, porque
minha Vontade possuindo sua Vida na criatura, duplica seu amor, e quando quer amar ama em Si
mesma e ama dentro da alma, porque nela possui sua Vida; em meu Querer o amor está em sumo
acordo, as alegrias, a felicidade do puro amor estão em pleno vigor. Nossa paterna Bondade é
tanta para quem vive em nosso Querer, que numeramos os respiros, os batimentos, pensamentos,
palavras, movimentos, para corresponder com os nossos e preenchê-los todos de amor, e em
nossa ênfase de amor dizemos: „Nos ama e devemos amá-la'. E enquanto a amamos, libertamos
tais dons e agradecemos-lhe por deixar estupefatos o Céu e a terra. Foi o que fizemos com a
nossa Rainha, desabafamos tanto, mas sabes o que significa este desabafo? Nos olhamos a Nós
mesmos e queremos dar o que somos e o que possuímos, a dessemelhança nos poria em pena, e
a criatura vendo-se ao contrário de Nós não estaria Conosco com a confiança de filha e com o
domínio de quando se possuem os mesmos bens, os mesmos dons, esta disparidade seria um
obstáculo para formar uma só vida e para nos amar com um só amor, enquanto o viver em nosso
Querer Divino é propriamente isto, uma só Vontade, um só amor, bens comuns, e tudo o que
poderia faltar à criatura damos-lhe do nosso para supri-la em tudo e poder dizer: „O que queremos
Nós quer ela, o nosso amor e o seu é um só, e assim como a amamos ela nos ama'.

(5) Minha filha, nos faltaria a força se não elevássemos a criatura que vive em nossa Vontade ao
nível de nossa semelhança e fazê-la possuir nossos bens, tão é verdade, que minha Mãe Celestial,
como vivia em meu Fiat, possuía a mesma Vida d‟Ele, nos amamos com um só amor, amamos as
almas com um amor gêmeo. E é tanto o nosso amor por Ela, que assim como Nós temos a
hierarquia dos anjos no Céu, a diversidade das ordens dos santos, Ela, por ser a Imperatriz
Celestial, a herdeira da grande herança de nossa Vontade, quando este reino se forme sobre a
terra, a grande Senhora chamará seus filhos a possuir sua herança e lhe daremos a grande glória
de fazê-la formar a nova hierarquia, semelhante aos nove coros dos anjos, assim que terá o coro
dos serafins, o dos querubins, e assim de todos os demais coros, como também formará a ordem
dos santos que viveram da sua herança, e depois de os ter formado na terra, os transportará ao
Céu, circundando-se da nova hierarquia, regenerados no Fiat Divino, em seu mesmo amor, tendo
vivido em sua herança. Isto será o cumprimento da obra da Criação, nosso „Consumatum resta',
(discurso completo) porque tivemos o reino de nosso Querer nas criaturas em virtude da celestial
herdeira, que queria dar a vida por cada um para fazê-lo reinar.

E, oh! como ficaremos glorificados,felizes de que a soberana Senhora tenha sua hierarquia como a temos Nós, muito mais que a
nossa será sua, e a sua será nossa, porque tudo o que se faz em nosso Querer é inseparável. Se
você soubesse o quanto ama às almas esta Celestial Rainha, Ela, cópia fiel de seu Criador, olha
em Si mesma e encontra seus mares de amor, de graça, de santidade, de beleza, de luz; olha para
as criaturas e quer dar-se toda Si mesma com todos os seus mares, a fim de que possuam a Mãe
com todas as suas riquezas. Ver os filhos pobres enquanto a Mãe é tão rica, e só porque não
vivem na herança da Mãe, é uma dor, Ela gostaria de vê-los em seus mares de amor que
amassem a seu Criador como Ela o ama, escondidos em sua santidade, embelezados com sua
beleza, cheios de sua graça, e não vendo-os assim, se não fosse pelo estado de glória em que se
encontra, onde as penas não têm lugar, por pura dor teria morrido por cada criatura que não
vivesse no Querer Divino. Por isso Ela roga incessantemente, põe em oração todos os seus mares,
para impedir que a Divina Vontade se faça como no Céu assim na terra. É tanto seu amor, que em
virtude de nosso Querer se biloca em cada uma das criaturas para preparar o interior de suas
almas, as põe de acordo com seu coração materno, as estreita entre seus braços para dispô-las a
receber a Vida do Fiat Supremo, e oh! como ora em cada um dos corações a nossa Majestade
adorável dizendo-nos:

(6) "Fazei-o depressa, meu amor não pode mais conter-se, quero ver meus
filhos viverem junto Comigo nessa mesma Vontade Divina que forma toda minha glória, minha
riqueza, minha grande herança, confiem em Mim e Eu saberei defender tanto a meus filhos como à
mesma Vontade vossa que é também minha".

(7) O amor desta Celeste Rainha e Mãe é insuperável, e somente no Céu conhecerão quanto ama
as criaturas e o que fez por elas. Seu ato mais exuberante, magnânimo e grande, é querer que
possuam o reino de meu Querer como o possuía Ela, e oh! o que esta Celestial Senhora não faria
para obter sua tentativa. Também tu, junta-te a Ela e roga por esta finalidade tão santa".

36-2
Abril 15, 1938

Quem vive em nosso Querer Divino, conforme respira, move-se no Fiat, toda a corte celestial
sente em si o respiro, o movimento dela, e a virtude conquistante e felicitante da qual é
portadora. Condições dolorosas nas quais se encontra a Divina Vontade quando é rejeitada.

(1) Minha pobre mente corre, voa no Querer Divino como a seu centro para descansar, para deixar
seus trapos e tomar em troca os vestidos de sua luz, seu respiro, seu batimento, seu movimento
que se move em todos e em tudo, e que dá vida a todos e a tudo. Agora, enquanto nadava no mar
das alegrias do Fiat Divino, o meu sempre amável Jesus fazendo-me a sua breve visita, com um
amor indizível me disse:

(2) "Minha pequena filha de meu Querer, como é belo viver em minha Vontade, assim que a alma
entra n’Ela, respira com nosso respiro, bate com nosso batimento, se move em nosso movimento,
se põe em comunhão com todos e faz o que fazem os anjos, os santos, e todas as coisas criadas,
e faz todos fazerem o que ela faz. As maravilhas que há em nosso Querer são surpreendentes, as
cenas são tão comovedoras, que põem a todos atentos para desfrutar-se cenas tão singulares,
pelas quais ficam arrebatados, e quem sabe o que fariam com tal de ser espectadores e gozar
cenas tão deleitáveis de quem vive em nosso Querer?

(3) Agora, você deve saber que assim que a alma entra em nosso Querer, respira, bate e se move
em nosso movimento, mas sua respiração, batimento e movimento não os perde, nem se separam
dos nossos; e como nossa Vontade se encontra por toda parte e circula mais que respiro,
batimento e movimento de todos, o que está acontecendo? Acontece que os anjos e santos, nossa
própria Divindade, a Criação toda, sentem junto com minha Vontade o respiro, o batimento da
criatura neles, e a sentem mover-se em seu movimento, até no centro de suas almas; este
movimento da criatura feito em meu Querer está cheio de felicidade, de alegrias indizíveis e novas,
das quais a alma peregirna, não gozando mas sofrendo e conquistando com seu livre arbítrio, é
portadora para cada um dos bem-aventurados só ao respirar, bater ou mover-se. E na plenitude da
alegria da qual a alma é portadora, da qual o meu Querer não separa jamais suas sempre novas
alegrias, mesmo do respiro feito em sua Vontade, e como está o livre arbítrio que forma o ato
conquistador da criatura, põe o seu novo gosto sedutor neles, e oh! como são felicitados todos os
bem-aventurados, nossa própria Divindade e a Criação toda, e em seu ênfase de amor e na
plenitude da alegria dizem: ‘Quem é aquele que respira, pulsa e se move em nós? Quem é aquele
que da terra nos traz o ato conquistador das puras alegrias e do novo amor, o que não temos no
Céu e que tanto nos felicita e aumenta nosso amor por quem tanto nos ama?’ E todos em coro
dizem: ‘Ah, é uma alma que vive na Divina Vontade sobre a terra!'

Que prodígios, que maravilhas, que cenas tão encantadoras, um respiro que respira em todos, até em seu Criador, que se move
em todos, até no céu, nas estrelas, no sol, no ar, no vento, no mar, que toma tudo em um punho
em seu próprio movimento e dá a Deus amor, adoração, tudo o que cada um deveria e que não dá
e não deu, e dá a todos a seu Deus, seu amor, sua Vontade! A criatura se faz portadora de tudo a
Deus, e de Deus a todos. E ainda que nenhuma criatura nos tome, Nós ficamos igualmente
amados e glorificados, porque um ato, um movimento em nossa Vontade, é tanta sua plenitude,
que as criaturas e tudo ficam como tantas gotas de água de frente a um imenso mar, como tantas
pequenas chaminhas ante a grande luz do sol. Por isso, este movimento, respiro e batimento da
criatura em nossa Vontade, superabunda sobretudo, abraça a eternidade, neles se formam sóis e
mares extensíssimos que tudo podem nos dar, e se outros atos da criatura não são feitos em
minha Vontade, ficam tão pequenos como se não existissem. Oh minha vontade, como é
admirável, potente e amável! A criatura em Ti tudo nos pode dar, e tudo podemos dar-lhe, ela
cobre tudo e a todos com a tua luz, faz surgir o amor e dá-nos amor por todos, podemos dizer que
é a verdadeira reparadora, porque quando as criaturas nos ofendem, encontramos que em seu
amor pode nos esconder para nos amar, em sua luz para nos defender, e por caminhos de luz pôr
em fuga aqueles que nos querem ofender. Por isso, o que mais te importa é viver em nosso
Querer".
(4) Depois acrescentou: "Minha filha, é tanto o amor por quem vive em nossa Vontade Divina, pois
conforme respira nos dá tudo o que temos feito: a Criação, os anjos, os santos, nosso mesmo Ser
Supremo, como homenagem, amor e glória nossa. E Nós, tomados por tal excesso de amor,
damos novamente a ela o que nos deu, assim que respira dá a Nós o que somos, e assim que
retira o fôlego, Nós lhe damos novamente o que nos foi dado, por isso estamos em relações
contínuas e trocamos dons contínuos. Com isto mantemos em contínuo vigor o amor, a
inseparabilidade, de não podermos nos separar um do outro e sentimos tal complacência que lhe
damos o que quer".
(5) Mas enquanto me sentia imersa no Querer Divino, um pensamento me atormentava acerca de
meu pobre estado, o ter que sucumbir a uma espécie de morte cada noite, e já por cerca de
cinquenta anos ou mais, e além disso ter necessidade dos demais para sair desse estado. Meu
Deus, sinto uma pena que só Tu sabes quanto me custa, e só o temor de te desagradar e de não
cumprir tua Vontade me faz seguir adiante, de outra maneira quem sabe o que faria para não me
submeter. E o meu doce Jesus correu para mim, e, apertando-me fortemente nos seus braços,
disse-me:
(6) "Minha filha boa, ânimo, não te fiques tão aflita, Eu não quero que fiques. É o teu Jesus que
quer este teu estado tão doloroso. Este sucumbir como se perdesse a vida o sofro Eu junto contigo,
e o verdadeiro amor não sabe negar nada a quem ama. Além disso, este teu estado tão doloroso,
como se perdesses a vida, era necessário e querido por minha Divina Vontade, pois quis encontrar
em ti a reparação, a correspondência por tantas mortes que lhe fazem sofrer as criaturas quando a
rejeitam, não dando-lhe vida nelas. Seu submeter-se por tanto tempo a esta pena de morte,
ressarcia a minha Divina Vontade das tantas mortes sofridas, a chamava a beijar a humana
vontade para reconciliar-se mutuamente, e por isso pude falar tanto de minha Vontade para fazê-la
conhecer, e assim pudesse reinar, porque tinha quem me correspondesse e me ressarcisse as
tantas Vidas minhas, perdidas para elas, e para Mim rejeitadas, como sufocando-as na luz
inacessível de minha Vontade. Porque tu deves saber que em tudo o que a criatura faz, minha
Vontade corre para dar e formar uma Vida sua nela, e não recebendo-a, esta minha Vida morre
para a criatura, e te parece pouco? Oh, quão grande é minha dor ao ver tantas Vidas Divinas
minhas mortas para as criaturas! Por isso era necessário encontrar quem, de algum modo, me
ressarcisse, para voltar à tentativa de formar minha Vida nelas. Minha Vontade se encontra nas
condições de uma pobre mãe que está por dar à luz seu parto já maduro, e se impede que saia à
luz, sufocando-o no próprio seio; pobre mãe, sente morrer o parto em suas próprias entranhas, e
ela pela dor morre junto! Assim é minha Vontade, Ela sente em Si tantos partos de Vidas Divinas já
maduras, que quer tirá-las para dá-las às criaturas, mas enquanto quer tirá-las, sente-as sufocar no
próprio seio, e o parto morre para Ela, e enquanto morre o parto morre também Ela, porque sem a
minha Vontade não pode haver verdadeira vida de santidade, de amor, e de tudo o que pertence à
nossa Vida Divina. Por isso minha filha, acalma-te e não penses mais nisso, se isto fizemos, foi
feito com suma sabedoria, com amor que não podíamos conter, e pela ordem que temos em nosso
modo de agir. Por isso é necessário inclinar a testa e adorar o que Nós dispomos por amor das
criaturas".

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