2-54
Agosto 7, 1899
Sobre nada de nós mesmos.
(1) Esta manhã meu amável Jesus não vinha, e depois de tanto esperar e esperar, finalmente
veio; era tanta minha confusão e minha aniquilação, que não sabia lhe dizer nada e Jesus me
disse:
(2) "Quanto mais te aniquiles e conheceres o teu nada, tanto mais a minha humanidade,
enviando raios de luz, te comunicará as minhas virtudes".
(3) Eu lhe disse: "Senhor, sou tão má e feia que me horrorizo a mim mesma, o que será diante
de Ti?"
(4) E Jesus: "Se tu és feia, sou Eu quem te pode tornar bela".
(5) E no mesmo momento de dizer isto enviou uma luz Dele para a minha alma, e parecia que
lhe comunicava a sua beleza, e depois, abraçando-me começou a dizer:
(6) "Como és bela, mas bela da minha beleza, por isso sou atraído a amar-te".
(7) Quem pode dizer como fiquei confusa? Mas tudo seja para sua glória.
* * * * * *
2-55
Agosto 8, 1899
A alma resignada está sempre em repouso.
(1) Continua a fazer-se parecer apenas e quase zangado com os homens e por mais que lhe
tenha pedido que derramasse em mim suas amarguras, foi impossível e sem prestar-me
atenção ao que lhe dizia, disse-me:
(2) "A resignação absorve tudo o que pode ser de dor ou de desgosto à natureza e o converte
em doce; e sendo meu Ser pacífico, tranquilo, de modo que qualquer coisa que possa
acontecer no Céu e na terra não pode receber nem sequer o menor alento de perturbação,
então a resignação tem a virtude de enxertar na alma estas mesmas virtudes minhas. A alma
resignada está sempre em repouso, não só ela, mas faz-me repousar tranquilamente também a
Mim nela."
3-54
Março 20, 1900
Advertência de castigos.
(1) Tendo recebido a comunhão, via meu doce Jesus que me convidava a sair com Ele, mas com o
pacto de que ao ir junto com Ele, onde via que Jesus estava obrigado a mandar castigos pelos
pecados, não devia discutir com Ele para que não os mandasse. Com esta condição saímos,
percorrendo a terra. Em primeiro lugar comecei a ver, não muito longe de nós, especialmente em
certos pontos, tudo seco, então me dirigindo a Ele disse: "Senhor, como farão estas pobres gentes
se lhes falta o alimento para se nutrirem? Ah! Você pode tudo, assim como fez secar, assim faça
que reverdeça". E como tinha a coroa de espinhos estendi-lhe a mão, dizendo: "Meu Bem, que te
fizeram estas nações? Talvez te tenham posto esta coroa de espinhos; pois bem, entregue-a a
mim, assim ficarás aplacado e lhes darás o alimento para não as deixar morrer". E tirando-a,
coloquei-a sobre a minha cabeça. Enquanto fazia isso, Jesus me disse:
(2) "Parece que não posso levá-lo junto Comigo, porque levá-lo e não poder fazer nada é o
mesmo".
(3) E eu: "Senhor, não fiz nada, perdoa-me se achas que fiz mal, mas leva-me juntamente contigo".
(4) E Ele: "O teu modo de agir me ata por todas as partes".
(5) E eu: "Não sou eu que faço assim, és tu mesmo que me obrigas a fazer assim, porque ao
encontrar-me contigo, vejo que todas as coisas são tuas, e se não tomar cuidado das tuas coisas,
parece-me que viria a não tomar cuidado de Ti mesmo. Por isso deves perdoar-me se faço assim,
já que o faço por amor teu e não deves afastar-me por isto.
(6) Em seguida, continuamos a girar. Eu fazia quanto mais podia para não lhe dizer nada de que
não castigasse em alguns pontos, para não lhe dar ocasião que me mandasse retirar e assim
perder sua amável presença; mas onde não podia começar a discutir com Ele. Chegamos a um
ponto da Itália onde estavam fazendo um convênio que devia causar uma grande desordem, mas
não entendi o que era, porque tendo começado a dizer, Senhor, não permita, pobre gente, como
farão? Vendo Jesus que eu me afanava e queria impedi-lo, disse-me com império:
(7) "Retira-te, retira-te".
(8) E tirando uma cinta de pregos, de alfinetes que tinha encaixada em seu corpo, que o fazia
sofrer muito, acrescentou:
(9) "Retira-te e leva esta cinta contigo, assim me aliviarás muito".
(10) E eu: "Sim, eu a porei em teu lugar, mas deixa-me estar Contigo".
(11) E Ele: "Não, retira-te".
(12) E o disse com tal império, que não podendo resistir, em um instante me encontrei em mim
mesma, e não pude entender qual era aquele convênio.
4-57
Fevereiro 17, 1901
O homem vem de Deus e deve retornar a Deus.
(1) Esta manhã, encontrando-me toda oprimida e sofredora, vi o meu amado Jesus, e muitas
pessoas mergulhadas em muitas misérias, e Ele rompendo o silêncio que tinha há muitos dias me
disse:
(2) "Minha filha, o homem nasce primeiro em Mim, e por isso recebe a marca da Divindade, e
saindo de Mim para renascer do seio materno lhe dou ordem de caminhar um pequeno trecho de
caminho, e ao término desse caminho, fazendo-me encontrar por ele, o recebo de novo em Mim,
Fazendo-o viver eternamente comigo. Olha um pouco como o homem é nobre, de onde vem, para
onde vai e qual é o seu destino. Agora, qual deveria ser a santidade deste homem saindo de um
Deus tão Santo? Mas o homem ao percorrer o caminho para vir outra vez a Mim, destrói nele o que
recebeu de divino, corrompe-se de modo que no encontro que temos para recebê-lo em Mim não o
reconheço mais, não descubro mais nele a marca divina, nada encontro de meu nele, e não o
reconhecendo mais, minha justiça condena-o a andar disperso no caminho da perdição".
(3) Quão terno era ouvir Jesus Cristo falar sobre isto, quantas coisas fazia compreender, mas meu
estado de sofrimentos não me permite escrever mais extensamente.
6-52
Julho 28, 1904
A alma desapegada de tudo, em tudo encontra Deus.
(1) Esta manhã me encontrando em meu habitual estado, por uns momentos veio o Bendito Jesus
e me disse:
(2) "Minha filha, quando a alma está desapegada de tudo, em todas as coisas encontra Deus,
encontra-o em si mesma, encontra-o fora de si mesma, encontra-o nas criaturas, assim pode dizer
que todas as coisas se convertem em Deus para a alma desapegada de tudo, mais ainda, não só o
encontra, mas o olha, o sente, o abraça, e como em tudo o encontra, assim todas as coisas lhe
proporcionam a ocasião de adorá-lo, de lhe implorar, de lhe agradecer, de se estreitar mais
intimamente a Ele, e além disso, seus lamentos por minha privação não são razoáveis, pois se
você me sente em seu interior, é sinal de que não só estou fora mas também dentro, como no meu
próprio centro".
(3) Eu esqueci de dizer no início, que foi trazido para mim pela Rainha Mãe, e como eu lhe
implorava para me contentar e não me deixar privado dele, Jesus abençoado respondeu como está
escrito acima.
7-49
Outubro 4, 1906
Como o reto agir é vento para acender o fogo do amor.
(1) Tendo recebido a obediência de dizer poucas palavras se alguém viesse, estava com medo
de ter faltado à obediência, com o adido de que o bendito Jesus não vinha. Quem pode dizer o
rasgo de minha alma, ao pensar que por ter cometido pecado não vinha? A sua privação é
sempre cruel, mas o pensamento de ter dado ocasião por alguma falta é dilacerante que
enlouquece e que mata de um só golpe. Então, depois de ter esperado muito veio e me tocou
três vezes dizendo-me:
(2) "Minha filha, renovo-te na Potência do Pai, na minha Sabedoria, e no Amor do Espírito
Santo".
(3) O que senti, não sei dizer, depois parecia que se deitava em mim, e apoiava sua cabeça
coroada de espinhos sobre meu coração, e acrescentou:
(4) "O reto agir mantém sempre aceso o Amor Divino na alma, e o obrar não reto vai sempre
apagando-o, e se faz para acendê-lo, agora vem o sopro do amor próprio e o apaga, agora o
respeito humano, agora a própria estima, agora o sopro do desejo de agradar aos demais, em
suma, tantos sopros que o vão sempre apagando, ao contrário, o reto agir, não são tantos
sopros que acendem este fogo divino na alma, senão um contínuo sopro que o tem sempre
aceso, e é o sopro onipotente de um Deus".]
10-51
Fevereiro 2, 1912
Como deve ser a alma vítima.
(1) Esta manhã, tendo oferecido uma alma como vítima a Jesus, Ele aceitou a oferta e me disse:
(2) "Minha filha, a 1a coisa que quero é a união dos quereres, deve abandonar-se em minha
Vontade, deve ser o entretenimento de meu Querer, estarei tão atento a olhar se tudo o que faz
está conectado com meu Querer, especialmente se é voluntário, que dos involuntários não levarei
conta, porque quando me disser que quer ser minha vítima, o terei como não dito.
(3) 2°. - À união com meu Querer, acrescenta vítima de amor: Serei zeloso de tudo, o verdadeiro
amor não é dono de si, senão que é propriedade da pessoa amada.
(4) 3°. - Vítima de imolação: Tudo deve fazer em atitude de sacrificar-se por Mim, mesmo nas
coisas mais indiferentes.
(5) A isto se somará a vítima de reparação: De tudo deve doer, reparar-me por tudo, compadecer-
me por tudo, e isto será o 4°.
(6) Se se comportar fiel nisto, então poderei aceitar a vítima de sacrifício, de dor, de heroísmo, de
consumação. Recomenda-lhe fidelidade, se me é fiel tudo está feito".
(7) E eu: "Sim, ser-te-á fiel".
(8) E Ele: "Veremos".
+ + + +
10-52
Fevereiro 3, 1912
Se não se encontra em uma alma a pureza, o justo agir e o amor, não pode ser espelho de Jesus.
(1) Continuando o meu estado habitual, o meu sempre amável Jesus veio, e pondo-me a sua santa
mão debaixo do queixo disse-me:
(2) "Minha filha, tu és o reflexo da minha glória".
(3) Depois acrescentou: "No mundo me são necessários espelhos onde ir olhar-me. Uma fonte só
pode servir como espelho para que as pessoas possam olhar-se, quando a fonte é pura, mas não
ajuda que a fonte seja pura se as águas são turvas; é inútil àquela fonte vangloriar-se da
preciosidade das pedras nas quais está fundamentada se as águas são turvas; nem o sol pode
fazer perpendiculares seus raios para fazer aquelas águas prateadas e comunicar-lhes a variedade
das cores; nem as pessoas podem olhar um para o outro. Minha filha, as almas virgens são a
semelhança da pureza da fonte, as águas cristalinas e puras são o justo agir, o sol que faz
perpendiculares seus raios sou Eu, a variedade das cores é o amor. Então, se Eu não encontrar
em uma alma a pureza, o justo agir e o amor, não pode ser meu espelho, estes são meus espelhos
nos quais faço refletir minha glória, todos os demais, apesar de serem virgens, não só não posso
me olhar neles, mas querendo fazer não me reconheço neles. E o sinal de tudo isto é a paz, por
isso conhecerás quão escassos espelhos tenho no mundo, porque pouquíssimas são as almas
pacíficas".
+ + + +
10-53
Fevereiro 10, 1912
Sinal para saber se alguém deixou tudo por Deus e chegou a agir e amar tudo divinamente.
(1) Continuando o meu estado habitual, assim que se fez ver, o meu sempre amável Jesus disse-
me:
(2) "Minha filha, para quem deixa tudo e age por Mim, e ama tudo divinamente, todas as coisas
estão à sua disposição. E o sinal para saber se tudo foi deixado por Mim e chegou a agir e a amar
tudo divinamente, é se no agir, no falar, no rezar, em tudo, não encontra mais obstáculos,
desgostos, oposições, porque diante desta potência de agir e amar divinamente, todos inclinam a
cabeça e nem sequer se atrevem a respirar. Eu, Pai benevolente, estou sempre a guarda do
coração humano, e vendo-o partir de Mim, isto é, agir e amar humanamente, ponho-lhe os
espinhos, os desgostos, as amarguras, as quais picam e amargam aquela obra e aquele amor
humano, e a alma vendo-se mortificada, descobre que aquele seu modo não é divino, entra em si
mesma e obra diversamente, porque as picadas são as sentinelas do coração humano e lhe
proporcionam os olhos para lhe fazer ver quem é quem a move: Deus ou a criatura. Mas quando
uma alma deixa tudo, age e ama tudo divinamente, goza a minha paz, e em vez de ter as
sentinelas e os olhos das picadas, tem a sentinela da paz que o afasta tudo o que a pode
perturbar, e os olhos do amor, os quais põem em fuga e queimam aqueles que querem perturbá-la,
por isso estes estão em paz com respeito àquela alma e lhe dão paz e se põem à sua disposição.
Parece que a alma pode dizer: "Ninguém me toca porque sou divina e sou toda de meu doce amor
Jesus; ninguém ousa perturbar meu doce repouso com meu Sumo Bem, e se se atreve, com a
Potência de Jesus que é minha, o porei em fuga".
(3) Parece que disse muitos absurdos, mas Jesus certamente me perdoará, porque o fiz por
obedecer, parece que me dá o tema em palavras, mas eu sendo ignorante e menina não tenho
capacidade de desenvolvê-lo".
11-50
Março 24,1913
Jesus é a alegria dos alegres
(1) Sentia um certo descontentamento pelas privações de meu sempre amável Jesus, e Ele
assim que veio me disse:
(2) "Minha filha, o que faz? Eu sou a alegria dos alegres; estando em ti e você sentindo alguns
descontentamentos, venho a reconhecer que és tu a origem desse descontentamento, e portanto não me reconheço que estou só em ti,
porque as infelicidades são parte da sua natureza humana, não da minha natureza divina, enquanto minha Vontade é
que o humano não exista mais em ti, seja vazia de si mesma, senão só tenha minha Vida Divina".
(3) Acrescento que pensava comigo na doce Mãe, e Jesus disse-me:
(4) "Minha filha, à minha querida Mãe nunca lhe escapou o pensamento da minha Paixão, e à
força de a repetir encheu-se toda, toda de Mim. Assim acontece à alma, à força de repetir o que
Eu sofri vem a encher-se de Mim".
52. As bodas de Caná. O Filho, não mais sujeito à mãe, realiza, a pedido dela, o primeiro milagre.
Tarde de 16 de janeiro de 1944. As bodas de Caná.
52.1 Vejo uma casa. Uma característica casa oriental — um cubo branco,
mais largo do que alto, com raras aberturas — transposta por um terraço,
que serve de telhado, cercada por um pequeno muro de mais ou menos um
metro de altura e sombreada pela parreira de uma videira, que sobe até o
alto e estende os seus ramos além da metade deste ensolarado terraço. Uma
escada externa, ao longo da fachada, vai até uma porta que se abre a meia
altura da fachada. Em baixo, no térreo, há portas baixas e poucas, não mais
do que duas de cada lado, que dão para quartos baixos e escuros. A casa
surge em meio a uma espécie de eira, mais um espaço gramado do que uma
eira, tendo ao centro um poço. Ali há figueiras e macieiras. A casa tem a sua
frente que dá para a rua, mas não está junto à rua. Fica um pouco para dentro
do terreno e um atalho, pelo meio da grama, faz a ligação com a rua, que
parece uma rua mestra.
Dir-se-ia que a casa está na periferia de Caná: casa cujos donos são
camponeses que vivem no meio do seu sitiozinho. O campo se estende além
da casa, com as suas distâncias verdejantes e plácidas. Faz um belo sol e o
céu está de um azul muito claro. Em princípio, não vejo outra coisa. É uma
casa solitária.
52.2Depois, vejo duas mulheres com longas vestes e um manto, que serve
também de véu, irem pela rua e em seguida pelo atalho. Uma delas é mais
velha, terá seus cinqüenta anos, veste-se de escuro, uma cor pardo-marrom,
como o da lã natural. A outra está com uma veste mais clara, de um amarelo
claro com um manto azul; parece ter uns trinta e cinco anos. É muito bonita,
esbelta, e tem um porte cheio de dignidade, mesmo sendo muito gentil e
humilde. Quando ela está mais perto, posso notar a cor pálida do seu rosto,
os olhos azuis e os cabelos loiros, que aparecem sob o véu que lhe cobre a
fronte. Reco nheço nela Maria, mãe de Jesus. Quem é a outra, que é morena e
mais velha, eu não sei. Falam entre si, e ela sorri. Quando estão próximas da
casa, alguém, certamente encarregado de receber os que vão chegando, dá o
aviso e vêm homens e mulheres ao encontro das duas, todos com roupas de
festa e fazendo grandes demonstrações de alegria pela vinda delas,
especialmente por Maria, mãe de Jesus.
A hora parece ser matutina, eu diria lá pelas nove, talvez antes, porque o
campo tem ainda aquele aspecto fresco das primeiras horas do dia, por
causa do orvalho que faz mais verde a relva e pelo ar, não ainda embaçado
pela poeira. A estação parece-me primaveril, porque os prados não estão
com a relva abrasada do verão, e os campos têm os trigos ainda novos e sem
espigas, tudo verde. As folhas da figueira e da macieira estão verdes e até
tenras ainda, assim como as da videira. Mas, não vejo flores na macieira e
não vejo frutos nem na macieira, nem na figueira, nem na videira. Sinal de
que a macieira já floriu, mas há pouco tempo e os seus frutos ainda não se
vêem.
52.3Maria, muito festejada, ladeada por um idoso que parece ser o
dono da casa, sobe pela escada externa e entra em uma ampla sala, que
parece ocupar todo ou boa parte do andar de cima.
Parece-me compreender que os cômodos do térreo são os verdadeiros
dormitórios, as despensas, os depósitos, as adegas, e que este seja o
ambiente reservado para ocasiões especiais, como festas excepcionais, ou
trabalhos que exijam muito espaço; ou também para depósito de produtos
agrícolas. Nas festas, retiram tudo o que ocupa o espaço e enfeitam, como
fizeram hoje, com ramos verdes, esteiras e mesas preparadas. No centro está
uma mesa suntuosa, sobre a qual há ânforas e pratos cheios de frutas. Ao
longo da parede da direita, em relação a mim que estou olhando, está uma
outra mesa preparada, mas de modo mais simples. Ao longo da parede da
esquerda, está uma espécie de longo aparador, sobre o qual há pratos com
queijos e outros alimentos que me parecem pães cozidos cobertos com mel e
doces. No chão, sempre junto a esta parede, há outras ânforas e três
[94]
grandes vasos em forma de bilha de cobre (mais ou menos). Eu os chamaria
de jarras.
Maria escuta com benevolência tudo o que lhe dizem. Depois, bem
disposta, tira o manto e vai ajudar a terminar os preparativos da mesa. Eu a
vejo ir e vir, arrumando as cadeiras-leitos, endireitando as grinaldas de
flores, dando melhor aspecto às fruteiras, examinando se nas candeias não
está faltando óleo. Ela sorri e fala muito pouco e em voz baixa. Mas escuta
muito e com muita paciência.
Um grande barulho de instrumentos musicais (na verdade pouco
harmônicos) ouve-se na rua. Todos, menos Maria, correm lá fora. Vejo entrar
a noiva, toda ataviada e feliz, rodeada pelos parentes e amigos, ao lado do
noivo, que foi o primeiro a correr ao seu encontro.
52.4Neste ponto a visão tem uma mudança. Vejo, ao invés da casa, uma
aldeia. Não sei se é Caná ou outra aldeia vizinha. E vejo Jesus com João e
um outro, que me parece Judas Tadeu, mas sobre este segundo eu poderia
estar me enganando. Quanto a João, não há engano. Jesus está vestido de
branco e com um manto azul escuro. Ouvindo o barulho dos instrumentos, o
companheiro de Jesus pergunta qualquer coisa a um homem do povo e leva a
informação a Jesus.
– Vamos fazer feliz minha mãe –diz então, Jesus, sorrindo.
E se encaminha através dos campos, com os dois companheiros, em
direção da casa. Esqueci de dizer que tenho a impressão de que Maria seja
parente ou muito amiga dos parentes do noivo, pois pode-se ver que está em
confidência com eles.
Quando Jesus chega, conforme o costume, o que está de sentinela avisa
aos outros. O dono da casa, acompanhado por seu filho, que é o noivo, e por
Maria, desce ao encontro de Jesus e o saúda respeitosamente. Saúda também
os outros dois; o noivo faz o mesmo.
Mas o que me agrada é a saudação cheia de amor e de respeito de Maria
ao seu Filho, e vice-versa. Não são grandes expansões, mas é um olhar
especial que acompanha as palavras de saudação: “A paz esteja contigo”, e
um sorriso tal, que vale por cem abraços e cem beijos. O beijo treme nos
lábios de Maria, mas não chega a ser dado. Ela somente põe a sua mão
branca e pequena sobre o ombro de Jesus e toca de leve num caracol de sua
longa cabeleira. É uma carícia de namorada cheia de pudor.
52.5 Jesus sobe ao lado da mãe, seguido pelos discípulos e pelos donos da
casa, e entra na sala do banquete onde as mulheres estão atarefadas em
colocar os assentos e os pratos para os três hóspedes, inesperados, ao que
me parece. Eu diria que a vinda de Jesus era incerta e que a de seus
companheiros era absolutamente imprevista.
Ouço distintamente a voz cheia, viril e dulcíssima do Mestre, dizer, ao
entrar na sala:
– A paz esteja nesta casa, e a bênção de Deus sobre todos vós.
É uma saudação coletiva a todos os presentes e cheia de majestade.
Jesus, com seu aspecto e sua estatura, domina todos os outros. É um
hóspede, fortuito, mas parece o rei do banquete, mais do que o esposo, mais
do que o dono da casa. Ainda que humilde e condescendente, é aquele que se
impõe.
Jesus toma um lugar à mesa do centro, com o noivo, a noiva, os parentes
dos noivos e os amigos mais influentes. Os dois discípulos, por respeito ao
Mestre, são convidados a sentar-se à mesma mesa.
Jesus está com as costas viradas para a parede, onde estão as grandes
jarras e os aparadores.
Observo uma coisa. Exceto as respectivas mães dos esposos, e também
Maria, nenhuma outra mulher está sentada àquela mesa. Todas as mulheres
estão na outra mesa, viradas para a parede, fazendo um barulho como se
fossem cem, e são servidas depois de terem sido servidos os esposos e os
hóspedes importantes. Jesus está perto do dono da casa e tem à sua frente
Maria, a qual está sentada ao lado da noiva.
O banquete começa. Eu vos asseguro que apetite não falta, nem sede.
Aqueles que pouco se sobressaem são Jesus e sua mãe, a qual, além disso,
fala muito pouco. Jesus fala um pouco mais. Mas, ainda que seja comedido
em suas palavras, não é, no seu escasso falar, nem carrancudo nem
desdenhoso. É um homem cortês, mas não um conversador. Quando é
interrogado, responde; se alguém fala com Ele, Ele se interessa, dá o seu
parecer, mas depois se recolhe, como alguém habituado a meditar. Sorri, não
ri nunca. E, se ouve alguma brincadeira muito leviana, faz como se não a
tivesse ouvido. Maria se alimenta na contemplação do seu Jesus, e assim
também João, que está na ponta da mesa, atento aos lábios do seu Mestre.
52.6Maria nota que os serventes cochicham com o mordomo e que este
está embaraçado; então, ela percebe o que é que está acontecendo de
desagradável.
– Filho –ela fala baixinho, chamando a atenção de Jesus com aquela
palavra–. Filho, eles não têm mais vinho.
– Mulher, o que ainda há entre Mim e ti?
Jesus, ao dizer esta frase, sorri ainda mais docemente e Maria também
sorri; fazem como duas pessoas que sabem uma verdade que é para elas um
alegre segredo ignorado por todos os outros.
52.7 Jesus me explica o significado da frase.
– Aquele “ainda”, que muitos tradutores omitem[95]
, é a chave da frase e
a explica em seu verdadeiro significado.
Eu era o Filho sujeito à mãe até o momento em que a vontade do meu Pai
me mostrou que havia chegado a hora de ser o Mestre. Desde o momento em
que teve início a minha missão eu não era mais o Filho sujeito à mãe, mas o
Servo de Deus. Estavam rompidos os laços morais para com a minha
genitora. Estes tinham sido mudados em outros mais altos e todos se haviam
refugiado no espírito. Aquele chamava sempre o nome de “mamãe” Maria, a
minha santa. O amor não teve parada, nem esfriamento; ao contrário, nunca
ele foi tão perfeito como quando, separado dela como por uma segunda
filiação, ela me deu ao mundo para o mundo, como Messias, como
Evangelizador. Essa sua terceira, sublime e mística maternidade se deu
quando, na angústia do Gólgota, ela gerou-Me à Cruz fazendo de Mim o
Redentor do mundo.
“Que é que ainda há entre Mim e ti?” Antes, Eu era teu, unicamente teu.
Tu me davas ordens, Eu obedecia. Eu te estava “sujeito”. Agora Eu sou da
minha missão.
Será que Eu não disse
[96]
isto? “Quem, tendo posto a mão no arado,
vira-se para trás para saudar a quem fica, não é apto para o Reino de Deus.”
Eu tinha posto a mão no arado para abrir com a relha não as glebas, mas os
corações para semear neles a Palavra de Deus. Eu teria levantado aquela
mão, somente quando me tivessem arrancado de lá para pregá-la na cruz e
abrir com o meu torturante prego, o coração do meu Pai, fazendo sair o
perdão para a humanidade.
Aquele “ainda”, geralmente esquecido, queria dizer o seguinte: “Tudo
tens sido para Mim, ó mãe, enquanto Eu fui unicamente o Jesus de Maria de
Nazaré, e tudo és em meu espírito; mas, desde que Eu sou o Messias
esperado, sou de meu Pai. Espera um pouco ainda que, terminada a missão,
serei de novo todo teu; ter-me-ás de novo nos braços, como quando Eu era
menino e ninguém te disputará mais este teu Filho, considerado um opróbrio
da humanidade, a qual te jogará os despojos dele, para cobrir-te a ti também
do opróbrio de ser a mãe de um condenado à morte. E depois, Me terás de
novo, triunfante, depois me terás para sempre, triunfante Tu também, no Céu.
Mas agora Eu sou de todos os homens. E sou do Pai que a eles me enviou.”
Eis o que quer dizer aquele “ainda”, pequeno e tão denso de
significado.
52.8Maria pede aos serventes:
– Fazei aquilo que Ele vos disser.
Maria já tinha lido nos olhos sorridentes de seu Filho o assentimento
velado pelo grande ensinamento a todos os “vocacionados.”
E Jesus ordena aos serventes:
– Enchei as bilhas de água.
Vejo os serventes enchê-las com a água trazida do poço (ouço o ranger
do sarilho, que leva para baixo e para cima o balde gotejante). Vejo o
mordomo, com olhos de grande espanto, servir-se daquele líquido, prová-lo
com atos de ainda maior espanto, saboreá-lo e falar ao dono da casa e ao
noivo (eles estavam perto).
Maria está ainda olhando para o Filho e sorrindo; depois, ao receber um
sorriso Dele, inclina a cabeça, enrubescendo levemente. Ela está feliz.
Pela sala passa um murmúrio, as cabeças se voltam todas para Jesus e
Maria, alguns se levantam para vê-los melhor, outros vão ver as bilhas. Fazse um grande silêncio. Depois se ergue um coro de louvores a Jesus.
Mas Jesus se levanta e diz uma palavra:
– Agradecei a Maria.
E, em seguida, sai do banquete. Os discípulos o seguem. Já na porta, Ele
repete:
– A paz esteja nesta casa e a bênção de Deus sobre vós, –e
acrescenta–: Mãe, Eu te saúdo.
Cessa a visão.
52.9 Jesus me instrui assim:
– Quando Eu disse aos discípulos: “Vamos fazer feliz minha mãe”, Eu
tinha dado àquela frase um sentido mais alto do que o que parecia. Não a
felicidade de me ver, mas de ser ela a iniciadora de minha atividade de fazer
milagres e a primeira benfeitora da humanidade. Lembrai-vos disso sempre.
O meu primeiro milagre aconteceu por causa de Maria. O primeiro. Sinal de
que Maria é a chave dos milagres. Eu não recuso nada à minha mãe, e pela
sua oração antecipo também o tempo da graça. Eu conheço minha mãe, a
segunda em bondade depois de Deus. Eu sei que conceder-vos uma graça é
fazê-la feliz, porque ela é a Toda Amor. Eis porque Eu disse, Eu que tudo
sabia: “Vamos fazê-la feliz.”
Além disso, Eu quis manifestar o seu poder ao mundo, junto com o meu.
Destinada a ser unida a Mim na carne — pois nós fomos uma só carne: Eu
nela, e ela ao redor de Mim, como as pétalas de um lírio ao redor do pistilo
perfumado e cheio de vida —; unida a Mim na dor, porque estivemos sobre a
cruz: Eu com a carne e ela com seu espírito, assim como o lírio exala
perfume com sua corola e com a essência extraída dela, era justo que
estivesse unida a Mim no poder que se mostra ao mundo.
Digo a vós o que Eu disse àqueles convidados: “Agradecei a Maria. Foi
por ela que tivestes o dom dos milagres e as minhas graças, e especialmente
as do perdão.”
Repousa em paz. Nós estamos contigo.
[94] três, é corrigido em seis numa cópia dactilografada, com escritura que não se pode dizer de Maria Valtorta, com certeza.
[95] omitem, ao traduzir as palavras que estão em: João 2,4.
[96] disse, em: Lucas 9,62 (178.4 e 276.6)
CAPÍTULO 20
SINGULAR FAVOR PELO QUAL O ALTÍSSIMO SE REVELOU À SUA DILETA MARIA.
Aproxima-se o fim da ausência divina
728. Sentia nossa divina Princesa aproximar-se o claro dia da almejada
visão do sumo bem. Por certo crepúsculo e indícios percebia em suas faculdades
a influência dos raios daquela luz divina que já se aproximava. Abrasava-se com
a proximidade da invisível chama que ilumina e não consome.
Retocado seu espírito com os reflexos desta nova claridade, perguntava a seus anjos: Amigos e senhores
meus, minhas vigilantes e fiéis sentinelas, dizei-me em que hora de minha noite
estou. Dizei quando chegará a aurora do claro dia, no qual verão meus olhos o
Sol de justiça, que os alumia e dá vida a meus afetos e espírito.
Responderam-lhe os santos príncipes: Esposa do Altíssimo, está próxima
vossa desejada verdade e luz, não tardará muito a vir. Com esta resposta afastou-se um pouco a cortina, que encobria
a vista das substâncias espirituais, e se lhe manifestaram os santos anjos. Viu-os
como costumava, em seu mesmo ser, sem estorvo nem dependência do corpo e sentidos.
Maria vê os anjos
729. Com estas esperanças e com a vista dos espíritos divinos, aliviaram-se
um pouco as ânsias de Maria Santíssima pela visão de seu amado. Aquele grau de
amor, porém, procura o objeto nobilíssimo da vontade e somente com ele se satisfaz.
Sem ele, ainda que sejam os mesmos anjos e santos, não encontra repouso o coração
ferido pelas flechas do Todo-poderoso.
Apesar disso, alegre com esse refrigério, nossa divina Princesa falou aos
anjos: - Príncipes soberanos e luzeiros da inacessível luz onde habita o meu amado,
por que tão longo tempo desmereci vos ver? Em que vos desagradei? Dizei-me,
meus senhores e mestres, em que fui negligente, para que não me desampareis por
culpa minha.
- Senhora, Esposa do Todo-poderoso - responderam-lhe eles -
obedecemos à voz de nosso Criador e nos governamos por sua vontade, que nos
envia e ordena como a seus espíritos, para o que é de seu serviço. Mandou-nos ficar
ocultos à vossa vista, quando também encobriu a sua, mas ordenou que, escondidos, assistíssemos cuidadosos a vossa
proteção e defesa. Assim fizemos, ficando em vossa companhia, ainda que sem ser vistos.
Maria pede aos anjos notícias de Deus
730. Dizei-me, então - replicou Maria Santíssima - onde está meu dono,
meu bem e Criador; dizei se meus olhos o verão logo, ou se o tenho desgostado, para
que esta vilíssima criatura chore amargamente a causa de sua pena. Ministros e
embaixadores do supremo Rei, tende compaixão de minha amorosa aflição e dai-me
notícias de meu amado.
Logo, Senhora - responderam-lhe vereis aquele que vossa alma deseja. Seja
esta confiança, a consolação de vossa doce pena. Nosso Deus não se recusa a
quem o busca tão ardentemente; grande é, Senhora, o amor de sua bondade por quem
o procura, e não será avaro em satisfazer vossos clamores.
Chamavam-na os anjos, Senhora sem receio, seguros de sua profundíssima
humildade. Dissimulavam a honra desse título, com o de Esposa do Altíssimo, p o i s
tinham sido testemunhas do desposório que o Excelso celebrara com a Rainha
Pôde sua sabedoria dispor que, ocultando-Ihe os anjos a dignidade de Mãe do
Verbo até seu devido tempo, no mais lhe manifestassem grande reverência. Assim a
tratavam exteriormente, ainda que, intimamente, a respeitassem muito mais.
Os serafins começam a prepará-la para a visão divina
731. Entre estas conferências e amorosos colóquios, aguardava a divina
Princesa a chegada do Esposo e sumo bem,
quando os serafins que lhe assistiam começaram a prepará-la com nova iluminação de faculdades, penhor certo e exórdio
do bem que a esperava. Como, porém, estas graças inflamavam cada vez mais a
chama de seu amor, sem ainda conseguir o desejado fim, crescia sempre o afeto de
suas amorosas angústias.
Disse aos serafins: - Espíritos supremos que vos encontrais mais próximos de meu bem, espelhos brilhantíssimos,
onde refletindo seu retrato, eu o costumava contemplar com alegria de minha alma,
dizei-me: Onde está a luz que vos ilumina e enche de formosura? Por que meu amado
tarda tanto? Que impede meus olhos de o verem? Sendo por minha culpa, emendarei
meus erros. Se não mereço a satisfação de meus desejos, conformar-me-ei com sua
vontade. Se ele deseja minha dor, sofrerei com alegria de coração, porém, como viverei
sem minha vida e me guiarei sem minha luz?
Resposta dos serafins
732 A estes doces queixumes responderam-lhe os santos serafins: - Senhora, não larda vosso amado, quando por
vosso bem e amor se ausenta. Para consolar, aflige a quem mais ama; para dar mais
alegria, entristece; c para ser encontrado, retira-se. Quer que semeeis com lágrimas
(Sl 125,5) para colher depois com alegria o doce fruto da dor. Se o bem-amado não
se ocultasse, nunca seria procurado com as ânsias que sua ausência produz, nem a
alma multiplicaria seus afetos, nem cresceria tanto na devida estimação de seu tesouro.
Deus e os serafins terminam a preparação de Maria
733, Comunicaram-lhe aquela luz que deixei explicada , para lhe purificar as
potências, não por ter culpas de que se purificar, pois não as pôde cometer. Não
obstante, todos seus movimentos e atos, naquela ausência do Senhor, terem sido
muito meritórios e santos, contudo, eram necessários estes novos dons, para lhe
serenar o espírito e potências, dos movimentos causados pelo sofrimento e afetuosas tristezas de estar o Senhor oculto.
Para passar daquele estado a outro de diferentes e novos dons, e proporcionar
as potências ao objeto e modo de vê-lo, era mister renová-las e dispô-las. Tudo isto
faziam os serafins, pelo modo que acima ficou dito.
Por fim, deu-lhe o Senhor o último adorno e preparação, para estar
disposta à imediata visão que lhe queria conceder.
Maria recebe a visão abstrativa da divindade
734, Esta ordem de elevações ia produzindo nas potências da divina Rainha, os efeitos e atos de amor e virtudes
que o Senhor pretendia, sendo isto tudo quanto posso dizer. No meio delas, afastou
o véu e, depois de ter permanecido tanto tempo oculto, manifestou-se à sua esposa,
única e dileta, Maria Santíssima, por visão abstrativa da divindade. Apesar desta visão ter sido por espécies, e não imediata,
foi clara e altíssima em seu gênero.
Por ela, o Senhor enxugou as lágrimas de nossa Rainha, recompensou
seus amorosos afetos e ânsias, satisfez seu desejo. Ela descansou inteiramente na
afluência de delícias, reclinada (Ct 8,5) nos braços de seu amado. AH se renovou a
juventude (Sl 102, 5) desta ardente e fervorosa águia, para mais elevar o vôo à
região impenetrável da divindade. Com as espécies que, depois da visão lhe
permaneceram por admirável modo, subia até
onde não pôde chegar, nem entender criatura alguma.
Gozo recebido por Maria
735. O gozo que esta puríssima Senhora recebeu nesta visão, devia regular-se tanto pela extrema dor, como pelos
méritos que a precederam. De minha parte, só posso dizer que onde abundou a dor,
assim também abundou a consolação (2Cor 1,5). A paciência, a humildade, a fortaleza,
a constância, afetos e ânsias amorosas foram em Maria, durante todo o tempo
desta ausência, as mais insignes e excelentes que, em pura criatura, nunca houve,
nem depois haveria.
Somente essa única Senhora entendeu o primor desta sabedoria, e pôde
dar o devido peso à privação da vista do Senhor e sentir sua ausência. Sentindo e
pesando sua importância, soube também buscá-lo com paciência, padecendo com
humildade, tolerando com fortaleza e santificando tudo com seu inefável amor, para
depois estimar e gozar do benefício.
Oração de Maria
736. Elevada Maria Santíssima a esta visão, prostrando-se com o afeto na
presença divina, disse à Sua Majestade: - Senhor e Deus Altíssimo, incomparável e
sumo bem de minha alma, já que levantais do pó este pobre e vil bichinho, recebei,
Senhor, vossa mesma bondade e a glória que vos dá vossos cortesãos, como humilde agradecimento de minha alma. Se
minhas obras, como de criatura baixa e terrena, vos desagradaram, reformai, Senhor meu, o que em mim vos desagrada.
Oh! bondade e sabedoria única e infinita! Purificai este coração. Transformaio para vos ser grato, humilde e contrito e
assim não o desprezardes. Se não recebi os pequenos sofrimentos e morte de meus
pais como devia e, em alguma coisa, me desviei de vossa vontade, ordenai, Altíssimo, minhas potências e obras como
Senhor poderoso, como Pai e único Esposo de minha alma.
Resposta de Deus
737. A esta humilde oração, respondeu o Altíssimo: - Esposa e pomba
minha, a dor da morte de teus pais, e o sentimento de outras provações é natural
efeito da condição humana. Não é culpa, e pelo amor com que te conformaste em tudo
com a disposição de minha vontade, mereceste de novo minha graça e agrado. Como
Senhor, dispenso tudo com minha sabedoria e verdadeira luz e seus efeitos, e formo
sucessivamente o dia e a noite. Crio a serenidade e dou tempo também para a
tormenta, para que meu poder e glória engrandeçam. e
Nessas vicissitudes, a alma caminha mais segura, com o lastro do próprio
conhecimento. Nas violentas vagas da tributação apressa a viagem, e chega ao porto
seguro de minha amizade e graça, mais cheia de merecimentos, obrigando-me assim a recebê-la com maior agrado. Esta é
minha querida, a ordem admirável de minha sabedoria e, por isto, me escondi tanto
tempo à tua vista, porque de ti quero o mais santo e perfeito. Serve-me, pois, minha
formosa, como a teu Esposo e Deus de misericórdias infinitas, pois meu nome é
admirável na diversidade de minhas grandes obras.
Efeitos da visão
738. Saiu desta visão nossa Princesa Maria toda renovada e deificada, cheia
de nova ciência da divindade, e dos ocultos sacramentos do Rei. Engrandecendo-o,
e louvando-o com incessantes cânticos e
vôos de seu pacífico e tranqüilíssimo espírito, no mesmo passo aumentavam sua
humildade e demais virtudes. Sua contínua
súplica era sempre inquirir a mais perfeita
e agradável vontade do Altíssimo e, em
tudo e por tudo, executá-la. Assim passou
alguns dias, até que sucedeu o que se dirá
no capítulo seguinte.
DOUTRINA DA RAINHA DO CÉU, SENHORA NOSSA.
Exortação ao amor da cruz
739. Minha filha, muitas vezes te
repetirei a lição da maior sabedoria espiritual, que consiste em adquirir o co-
nhecimento da cruz, mediante o amor e a aceitação dos sofrimentos. Se os mortais
não fossem de índole tão grosseira, deveriam cobiçá-los, apenas pelo gosto de seu
Deus e Senhor, que, nessa matéria, lhes manifestou sua vontade e beneplácito.
O amoroso servo, para ser fiel, deve sempre antepor o agrado de seu dono
à sua própria comodidade. Nada, porém, pode quebrar a dureza dos mundanos: nem
a boa correspondência que devem a seu Pai e Senhor, nem o ter-lhes declarado que
a salvação só se alcança seguindo a Cristo pela cruz. Filhos pecadores, cumpre-lhes
padecer com o Pai inocente, a fim de conseguirem os frutos da redenção, e ser
membros semelhantes à cabeça.
Preferir o sofrimento ao gozo
740. Acolhe, pois, caríssima, este ensinamento e grava-o no fundo do coração. Entende que, sendo filhado Altíssimo,
esposa de meu Filho Santíssimo e minha discípula, quando não tivesse outro interesse, deverias, pra teu adorno, comprar a
preciosa pérola do sofrimento, e assim te tomares agradável a teu Senhor e Esposo.
Lembro-te, minha filha, que na escolha entre as carícias e favores de sua mão, e os
trabalhos de sua cruz, deves preferir antes o padecer do que ser regalada com seus carinhos.
No escolher favores e delícias, pode entrar o amor de ti mesma, mas na
aceitação de tribulações e penas, somente opera o amor de Cristo. Se entre os carinhos do Senhor, e qualquer sofrimento,
mesmo sem culpa, se hão de preferir as penas ao próprio gozo espiritual, qual será
a estultice dos homens em amar tão cegamente os deleites sensíveis e feios, e
aborrecer tanto todo o padecer por Cristo, quando isso lhes é necessário para salvação da alma?
Oração e pureza da alma fiel
741. Tua insistente oração, minha filha, seja repetir sempre: Aqui estou,
Senhor, que quereis fazer de mim? Preparado está o meu coração, disposto e não
contrariado. Que quereis, Senhor, que eu faça por Vós? Estas palavras sejam em ti
sinceras, pronunciando-as mais com o interior e fervoroso afeto do coração, do que
com os lábios. Teus pensamentos sejam elevados, tua intenção muito reta, pura e
nobre, de fazer somente, e em tudo, o que mais agrada ao Senhor que, com medida e
peso, distribui os trabalhos como suas graças e favores.
Examina sempre quais pensamentos, ações e ocasiões que podem te
levar a ofender ou a mais agradar a teu amado, para conheceres o que deves evitar
ou ambicionar. Qualquer desordem, por pequena que seja, qualquer coisa menos
pura e perfeita, corta e afasta logo, mesmo que te pareça lícita e de algum proveito.
Tudo o que agrada menos ao Senhor, deves julgar mal e inútil para ti, e
nenhuma imperfeição te pareça pequena, se desagrada a Deus. Com este cuidadoso
temor e santo cuidado, caminharás segura.
Fica certa, filha caríssima, que não cabe em humano pensamento, a copiosa recompensa que o Altíssimo Senhor reserva para
as almas fiéis, que vivem com esta atenção e solicitude.
12-53
Julho 2, 1918
Enquanto a alma se abandona em Jesus, Ele abandona-se na alma.
(1) Eu estava dizendo ao meu amado Jesus: "Jesus, eu te amo, mas meu amor é pequeno, por
isso te amo em seu amor para torná-lo grande; eu quero adorá-lo com suas adorações, rezar
em sua oração, agradecer-lhe em seus agradecimentos". Agora, enquanto dizia isto, o meu
amável Jesus disse-me:
(2) "Minha filha, assim que puseste o teu amor no meu para me amar, o teu amor ficou fixo no
meu e se ampliou e se ampliou no meu, e me senti amar como queria que a criatura me
amasse; e conforme adoravas nas minhas adorações, rezavas, agradecias, assim ficavam fixos
em Mim, e sentia-me a adorar, rezar e agradecer com as minhas adorações, orações e
agradecimentos. ¡ Ah! minha filha, é preciso grande abandono em Mim, e à medida que a alma
se abandona em Mim, assim Eu me abandono nela, e enchendo-a de Mim faço Eu mesmo o
que ela deve fazer para Mim; mas se não se abandona em Mim, então o que faz fica fixado
nela, não em Mim, e sinto o obrar da criatura cheio de imperfeições e misérias, o que não
poderá me agradar".
12-56
Julho 16, 1918
Quem quer fazer bem a todos, deve estar na Vontade de Deus.
(1) Esta manhã meu doce Jesus veio e me disse:
(2) "Minha filha, não estejas em ti, na tua vontade, senão entra em Mim e na minha Vontade. Eu
sou imenso, e só quem é imenso pode multiplicar os atos por quantos quer; quem está no alto
pode dar luz ao baixo, não vê o sol? Porque está no alto é luz de cada olho, aliás, cada homem
pode ter o sol à sua disposição como se fosse todo seu; mas as plantas, as árvores, os rios, os
mares, porque estão no baixo não estão à disposição de todos, não podem dizer deles como do
sol; "Se quero, faço tudo Meu, mesmo que os outros possam também goza-los." No entanto
todas as coisas do baixo recebem o benefício do sol, quem a luz, quem o calor, a fecundidade,
a cor, etc. Agora, Eu sou a luz eterna, estou no ponto mais alto, e quanto mais alto, mais me
encontro em toda parte e até no mais baixo, e por isso sou vida de todos, e como se fosse só
para cada um. Então, se queres fazer bem a todos, entra na minha imensidão, vive no alto,
desapegada de tudo e até de ti mesma, de outra maneira se fará terra em torno de ti, e então
poderás ser uma planta, uma árvore, jamais um sol, e em vez de dar deves receber, e o bem
que farás será tão limitado que se poderá numerar".
12-57
Agosto 1, 1918
Efeitos da privação de Jesus.
(1) Passo-a entre privações e ânsias, e freqüentemente me lamento com meu doce Jesus,
então Ele veio e aproximando-se me apertou ao seu coração e me disse:
(2) "Bebe do meu lado".
(3) Eu bebi o santíssimo sangue que brotava da chaga de seu coração. Como me sentia feliz!
Mas Jesus não ficou feliz em me fazer beber a primeira vez, disse-me para beber a segunda e
depois a terceira. Eu fiquei maravilhada de sua bondade, pois sem pedir, Ele mesmo queria que
eu bebesse. Depois acrescentou:
(4) "Minha filha, cada vez que te lembras que estás privada de Mim e sofres, teu coração fica
ferido com uma ferida divina, a qual sendo divina tem virtude de refletir-se em meu coração e
feri-lo; esta ferida é doce, é bálsamo para meu coração, E eu me sirvo dela para adoçar-me das
feridas cruéis que me fazem as criaturas, da indiferença a Mim, dos desprezos que me fazem,
até chegar a esquecer-se de Mim. Assim, se a alma se sente fria, árida, distraída, e por isso
sente pena por causa de Mim, fica ferida e me fere, e por isso fiquei aliviado".
14-51
Agosto 15, 1922
Os atos de Jesus e os da Santíssima Virgem na Divina Vontade.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, estava a abandonar-me nos braços da Santíssima
Vontade de Deus, e o meu doce Jesus disse-me:
(2) "Minha filha, em meu Querer não só encontrará todos os atos que fez minha Humanidade,
nos quais entrelaçava todas as criaturas juntas, senão que encontrará também tudo o que fez
minha amada Mamãe, que entrelaçando-se junto Comigo, suas ações formavam um só com os
meus. Assim que fui concebido em seu seio, Ela começou o entrelaçamento com meus atos, e
como minha humanidade não tinha outra vida, outro alimento, outra finalidade que a única
Vontade de meu Pai, que correndo em tudo me constituía ato de cada criatura, para restituir ao
Pai os direitos de Criador por parte das criaturas, e para dar-me como vida a todas elas, por
isso, assim que começou seu entrelaçamento Comigo, assim também Ela restituía em nome de
todos, os direitos de Criador, e se dava a todas as criaturas, assim, todas as criaturas recebiam
como vida, junto com meus atos os de minha Mãe.
(3) Agora no Céu abraça toda a glória de cada criatura, e por parte de cada uma meu Querer
lhe dá tal glória, que não há glória que Ela não contenha, nem glória que dela não desça. E
como Comigo entrelaçou suas obras, seu amor, suas penas, etc., agora no Céu está
circundada de tal glória por quantos entretecidos fez em minha Vontade, por isso supera tudo,
abraça tudo e concorre a tudo. Eis o que significa viver em meu Querer. Jamais minha amada
Mamãe teria podido receber tanta glória, se todos seus atos não houvessem corrido em meu
Querer, os quais a constituem Rainha e coroa de todos.
(4) Agora quero-te a ti no meu Querer, a fim de que o entrelaçamento não seja entre dois mas
entre três; a minha Vontade quer expandir-se, a fim de que encontre numa criatura todas as
criaturas juntas. Olha o grande bem que te virá, quanta glória me darás, e quanto bem farás a
todos".
16-48
Fevereiro 18, 1924
Todas as coisas criadas têm um só Eu TE amo, e um amor diferente.
(1) Estava segundo meu costume fundindo-me no Divino Querer para encontrar todas as coisas
criadas e poder nelas dar minha correspondência de amor por mim e por todos. Enquanto fazia isto
pensava : "Meu Jesus diz que tudo criou por amor de mim e por amor de cada um, mas como pode
ser isto se muitas coisas criadas eu nem sequer as conheço? Como tantos peixes que se agitam
no mar, tantos pássaros que voam pelo ar, tantas plantas, tantas flores, tanta variedade de beleza
que contém todo o universo, quem os conhece? Apenas em pequeníssimo número; portanto, se eu
nem sequer sei, especialmente eu que levo anos e anos confinada em uma cama, como pode dizer
que todas as coisas criadas têm a marca, o selo de seu te amo para mim?" Enquanto isso pensa-
va, meu doce Jesus se moveu em meu interior em ato de prestar atenção para me ouvir e me dis-
se:
(2) "Minha filha, e no entanto é verdade que todas as coisas criadas têm cada uma amor distinto
para você; também é verdade que você não as conhece todas, mas isto diz nada, é mais, te revela
principalmente meu amor e te diz a claras notas que meu te amo por ti está perto e longe, escondi-
do e à vista. Eu não faço como as criaturas que quando estão perto são todo amor, mas assim que
se afastam se esfriam e não sabem mais amar; meu amor é estável e fixo, e não importa se está
perto ou distante, escondido e secreto, tem um mesmo som nunca interrompido: te amo. Olhe, vo-
cê conhece a luz do sol, é verdade, e recebe sua luz e seu calor por quanto quer, mas outra luz te
sobra, tanto, que enche toda a terra.
Se você quiser mais luz, o sol a daria, e ainda toda. Agora,
toda a luz do sol te diz meu te amo, a próxima e a distante, é mais, conforme percorre a terra assim
leva a melodia de meu te amo para ti, sem dúvida você não conhece nem os caminhos que perco-
rre a luz, nem as terras que ilumina, nem as pessoas que apreciam a influência benéfica de raios
solares, mas enquanto você não sabe tudo que faz a luz, você está nessa mesma luz, e se não a
tomar toda é porque te falta a capacidade de ser capaz de absorver tudo em você, mas apesar dis-
so você não pode dizer que toda a luz do sol não te diz te amo, é mais, faz mais desabafo de amor,
porque conforme vai invadindo a terra vai narrando a todos meu te amo; assim também todas as
gotas de água, você não as pode beber tudo e trancá-los em você, mas apesar disso você não po-
de dizer que não dizem te amo. Assim que todas as coisas criadas, conhecidas ou não conheci-
das, todas têm o selo de meu amo-te, porque todas servem à harmonia do universo, ao decoro da
Criação, à maestria de nossa mão criadora. Eu fiz como um pai rico e terno, amante de seu filho, e
devendo o filho sair da casa paterna para tomar estado, o pai prepara um suntuoso palácio com
incontáveis aposentos, onde cada uma contém algo que possa servir a seu filho, mas como estas
estadias são muitas, o filho nem sempre as vê, é mais, algumas nem as conhece, porque não teve
necessidade de se servir delas, e apesar disto, se pode acaso negar que em cada estadia não
tenha havido um amor paterno especial para com o filho, havendo ainda a bondade paterna provi-
da ao que ao filho podia não ser necessário? assim tenho Feito eu, este filho saiu de dentro de
meu seio e nada quis que lhe faltasse, é mais, criei muitas e muito variadas coisas, e um goza de
uma coisa e outro de outra, mas tudo só tem um som: eu te amo".
+ + + +
16-49
Fevereiro 20, 1924
Se outras almas antes de Luisa tivessem vivido na Divina Vontade, Jesus teria feito uso de sua Potência para fazer transparecer fora o
modo sublime de viver em seu Querer. Viver no Divino Querer significa uma troca contínua de vontade humana e Divina.
(1) De tudo o que o meu doce Jesus me disse sobre o seu Santíssimo Querer, estava a pensar en-
tre mim: "Pode ser possível que não tenha havido antes uma alma que tenha vivido no Divino Que-
rer, e que eu seja a primeira? Quem sabe quantas outras houve antes de mim e em modo mais
perfeito e mais ativo que eu". E enquanto isso dizia, meu sempre amável Jesus Mexeu-se dentro
de mim e disse:
(2) "Minha filha, porque não queres reconhecer o dom, a graça, a tua missão de ter sido modo todo
especial e novo para viver no meu Querer? Se tivesse havido outras almas em minha Igreja antes
de você, sendo o viver em meu querer a coisa mais importante, a que mais me interessa e que tan-
to me pressiona, já estariam os traços, as normas, os ensinamentos em minha Igreja de quem ti-
vesse tido a sorte de fazer vida em minha Vontade, já estariam os conhecimento, os incentivos, os
efeitos, os bens que contém este viver no meu Querer. Se tivesse havido outras manifestações já
teria feito Eu uso de minha potência, fazendo translúcir fora o modo sublime do viver em meu Que-
rer; em vista de minha grande complacência e ao me ver honrado pela alma com a glória de minha
mesma Vontade, teria posto em tais apuros para aquela alma, que não poderia ter resistido em
manifestar o que Eu queria, e assim como estão os ditos e os ensinamentos do viver resignado,
paciente, obediente, etc., estaria também isto de viver no meu Querer; seria verdadeiramente es-
tranho que a coisa que mais amo a devesse ter oculta; e mais, quanto mais você ama uma coisa,
mais você quer torná-la conhecida; Quanto mais complacência e glória me dá um modo de viver,
mais quero difundi-lo. Não é natureza do amor verdadeiro esconder o que pode fazer os outros feli-
zes e enriquecer. Se você soubesse como suspirava este tempo em que viria à luz minha pequena
recém-nascida em Minha vontade, para te fazer viver em meu Querer, e que cortejo de graça
preparava para obter o tentativa, você ficaria atordoada e me estaria mais agradecida e mais atenta.
Ah, você não sabe o que significa viver em meu Querer! Significa fazer-me retornar as puras ale-
grias da finalidade da Criação, meus inocentes entretenimentos do por que criei o homem; significa
tirar-me toda a amargura que a pérfida vontade humana me deu quase ao nascer da Criação; signi-
fica um intercâmbio contínuo de vontade humana e Divina, e a alma, temendo a sua, vive de a
minha, e esta Minha Vontade vai enchendo a alma de gozos, de amor e de bens infinitos. Oh, co-
mo me sinto feliz ao poder dar o que quero a esta alma, porque minha Vontade contém amplitude
tal de poder receber tudo! Assim que entre Eu e ela não há mais divisões, senão estável união de
agir, de pensar, de amar, porque a minha Vontade a supre em tudo, por isso estamos em acordo
perfeito e em comunidade de bens. Tinha sido esta a finalidade da criação do homem, fazê-lo viver
como nosso filho e colocar em comum com ele nossos bens, a fim de que Ele fosse feliz em tudo e
Nós ficássemos satisfeitos por sua felicidade.
(3) Agora, viver no meu Querer é precisamente isto: é fazer-nos restituir a finalidade, os gozos e as
festas da Criação, e você diz que devia tê-lo escondido em minha Igreja, sem fazê-lo sair? Teria
movido Céu e terra, teria aquecido os ânimos por uma força irresistível para fazer conhecer o que
será cumprimento da Criação. Vês o quanto me interessa este viver em meu Querer, que põe o
selo a todas minhas obras para que todas estejam Completas? A ti talvez te pareça nada, ou que já
haja coisas semelhantes na minha Igreja, não, não, para Mim em vez disso é o cumprimento de
minhas obras, e como tal deve apreciá-lo e ser mais atenta em cumprir a missão que quero de ti".
19-50
Agosto 25, 1926
A Divina Vontade forma de toda a Vida de Nosso Senhor um ato só em seu interior.
(1) Estava a recordar todos os atos de Nosso Senhor para me unir com Ele, e não só isto, mas
para encontrar a sua Santíssima Vontade obrante em todos os seus atos, para poder fundir-me
com Ela e fazer um ato só com o meu, assim que teria querido ficar concebida com Jesus, nascer
com Jesus, gemer, chorar, sofrer, rezar, derramar o meu sangue junto com o dele e morrer junto
com Jesus. Agora, enquanto eu pensava nisso, ele mexeu-se dentro de mim, fazendo-me sentir
que estava no meu coração, e levantando os braços para me abraçar a Ele, disse-me:.
(2) "Minha filha, toda minha Vida foi um só ato proveniente daquele ato único do Eterno, que não
tem sucessão de atos, e se em minha Humanidade externamente se viram pouco a pouco a
sucessão de meus atos, isto é, conceber, nascer, crescer, obrar, caminhar, sofrer, morrer, no
interior de minha Humanidade, minha Divindade, o Verbo Eterno unido a minha alma, formava um
ato só de toda minha Vida, assim que a sucessão dos atos externos que se viam em minha
Humanidade era a desembocadura do ato único, que transbordando fora formava a sucessão de
minha Vida externa, Mas no meu íntimo, quando fui concebido, ao mesmo tempo nascia, chorava,
gemia, caminhava, operava, falava, pregava o Evangelho, instituía os Sacramentos, sofria e ficava
crucificado. Assim, tudo o que se via no exterior de minha Humanidade que acontecia pouco a
pouco, dentro de Mim era um só ato, longo e continuado, e que continua ainda.
Assim, quando fui concebido, partindo do ato único do Eterno, fiquei em ato de conceber-me sempre, de nascer
sempre, de gemer e chorar sempre, em suma, tudo o que fiz ficou em ato e como ato contínuo,
porque tudo o que sai de Deus e fica em Deus não sofre mutações, nem aumento nem diminuição,
feito o ato fica com a plenitude da vida que jamais termina e que pode dar vida a todos, por quantos
a queiram; assim que minha Vontade manteve e mantém tudo em ato, toda minha Vida, como
mantém em ação a vida do sol, sem fazê-lo crescer ou diminuir em sua luz, no calor e em seus
efeitos; assim como conserva a extensão do céu com todas as estrelas, sem jamais restringir-se ou
perder uma só estrela; e de tantas outras coisas criadas por Mim, assim meu Supremo Querer
mantém a vida a todos os atos de minha Humanidade, sem perder um único fôlego. Agora, minha
Vontade onde reina não sabe fazer atos separados, sua natureza é um ato só, múltiplo nos efeitos,
mas no ato é sempre único, por isso chama a alma que se faz dominar por Ela à união de seu ato
único, a fim de que encontre todos os bens, todos os efeitos que somente um único ato de um
Deus pode possuir. Portanto, tua atenção esteja em permanecer unida àquele ato único do Eterno
se queres encontrar em ato toda a Criação e toda a Redenção, neste ato único encontrarás a
largura de minhas penas, de meus passos, minha continuada crucificação, tudo encontrarás, minha
Vontade não perde nada e tu nela ficarás fundida em minhas ações e tomarás o fruto de toda
minha Vida. Se isto não fosse assim não haveria grande diferença entre meu agir e o obrar de
meus santos, em vez de ser meu obrar um ato único, entre o meu agir e o deles há a diferença que
existe entre o sol e a pequena chama, entre o grande mar e a gota de água, entre a vastidão dos
céus e o pequeno buraco. “Só a potência de meu ato único tem o poder de dar-se a todos e
abraçar tudo, e enquanto dá nunca perde nada"..
+ + + +
19-51
Agosto 27, 1926
Jesus dá o título ao livro sobre a sua Vontade.
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, meu sempre amável Jesus me fazia ver ao reverendo
pai que deve ocupar-se da publicação dos escritos sobre a adorável Vontade de Deus, e Jesus,
pondo-se próximo a ele, lhe dizia:.
(2) "Meu filho, o título que darás ao livro que publicarás sobre a minha Vontade será este: O Reino
da minha Divina Vontade entre as criaturas. Livro do Céu. Chamar as criaturas à ordem, ao seu
posto e à finalidade para a qual foram criadas por Deus'. Olha, também o título quero que
corresponda à grande obra de minha Vontade, quero que a criatura compreenda que seu posto,
atribuído a ela por Deus, é em minha Vontade, e até enquanto não entre nela estará sem posto,
sem ordem, sem finalidade, será uma intrusa na Criação, sem direito de permanência, e por isso irá
errante, sem paz, sem herança, e Eu, movido a compaixão dela lhe gritarei continuamente: Entra
em teu posto, vem à ordem, vem tomar tua herança, a viver em tua casa, por que queres viver em
casa estranha? Por que queres ocupar um terreno que não é teu?
E, não sendo teu, vives infeliz e és o servo e motivo de chacota de todas as coisas criadas. Todas as coisas criadas por Mim,
porque permanecem em seu posto, estão na ordem e em perfeita harmonia com toda a plenitude
de seus bens que Deus lhes confiou, só você quer ser infeliz, mas infelicidade voluntária, por isso
vêem a seu posto, a ele te chamo e aí te espero'. Por isso, aquele ou aquela que se prestará a
fazer conhecer minha Vontade será meu porta-voz, e Eu lhe confiarei os segredos do Reino dela".
(3) Depois disto fazia ver toda a Criação, como todas as coisas criadas estão no posto querido por
Deus, e portanto na ordem perfeita e na completa harmonia entre elas e a Suprema Vontade,
porque todas as coisas estão em seu posto, mantêm sua existência íntegra, bela, fresca e sempre
nova, e a ordem leva a felicidade comum e a força universal a todos. Que encanto ver a ordem, a
harmonia de toda a Criação, e Jesus retomando a sua palavra acrescentou:.
(4) "Minha filha, como são belas nossas obras, são nossa honra e nossa glória perene, todas estão
em seu posto e cada uma das coisas criadas cumpre perfeitamente seu ofício, só o homem é
nossa desonra em nossa obra criadora, Porque, subtraindo-se da nossa Vontade, caminha com a
cabeça para baixo, na terra, e com os pés no ar, que desordem, que horror é vê-la! Caminhando
com a cabeça para baixo arranha a terra, se desordena tudo, transforma-se, à vista lhe falta o
espaço necessário para olhar, não pode difundir-se no espaço para conhecer as coisas, nem
defender-se se o inimigo lhe está detrás, nem fazer muito caminho, porque, pobrezinho! com a
cabeça deve arrastar-se, não caminhar, porque o ofício de caminhar é dos pés e o da cabeça é o
de dominar. Então, fazer a própria vontade é a ruína perfeita e verdadeira do homem e a desordem
da família humana. Por isso me interessa tanto que minha Vontade seja conhecida, a fim de que a
criatura retorne a seu posto, não mais se arraste com a cabeça para baixo, senão que caminhe
com os pés, não forme mais minha e sua desonra, senão minha e sua honra. olhe você mesma,
não dão uma feia aparência as criaturas ao vê-las andar com a cabeça por terra? Não te
desagrada ainda a ti vê-las tão desordenadas?".
(5) Eu olhei e as vi com a cabeça para baixo e os pés no ar. Jesus desapareceu e eu fiquei olhando
este feio espetáculo das gerações humanas, e rogava de coração que sua Vontade fosse
conhecida.
20-54
G.M. Janeiro 30, 1927
Por que Jesus não escreveu. Como nestas manifestações não há nem ameaças, nem
alarmes, mas sim o eco da Pátria Celestial. Quando virá este reino. As penas da Virgem
Santíssima e as de Nosso Senhor eram penas de ofício, e como Eles possuíam a verdadeira
felicidade. Poder das penas voluntárias, felicidade do Reino do Fiat Supremo.
(1) Estava pensando em mim: "Meu doce Jesus me disse tantas vezes que eu devo imitá-lo em
tudo, porém Ele não escreveu jamais, uma só vez diz o Evangelho que escreveu, mas nem sequer
com pena, mas com o dedo; em troca para mim quer que escreva, assim quer que me faça sair de
sua imitação, de fato Ele não escreveu e eu devo escrever tanto". Agora, enquanto pensava isto,
veio como gracioso menino, que entrando em meus braços e aproximando seu rosto ao meu me
disse:
(2) "Minha filha, dá-me teus beijos e Eu te dou os meus".
(3) Então depois de tê-lo beijado várias vezes, Ele me incitava a beijá-lo mais e depois me disse:
(4) "Minha filha, queres saber por que Eu não escrevi? Porque devia escrever por meio de ti, sou
Eu que animo a tua inteligência, que te ponho as palavras, que dou movimento com a minha mão à
tua para te fazer segurar a pena e te fazer escrever as palavras no papel, assim que sou Eu que
escrevo, não tu; tu não fazes outra coisa senão prestar atenção ao que quero escrever, por isso
todo seu trabalho é a atenção, o resto o faço tudo Eu, e você mesma não vê muitas vezes que não
tem força de escrever e se decide a não fazê-lo, e Eu para te fazer tocar com a mão que sou Eu
quem escrevo te invisto e te animo de minha mesma Vida escrevo o que quero, quantas vezes não
experimentou?
Agora, devendo passar uma época para fazer conhecer o Reino do Fiat Supremo,
para dar tempo para fazer conhecer primeiro o Reino da Redenção e depois o outro do Fiat Divino,
decretei não escrever então, mas escrever junto contigo, por meio teu, quando este Reino
estivesse mais próximo, e também para dar uma nova surpresa às criaturas do excesso do amor
desta minha Vontade, o que fez, o que sofreu e o que quer fazer por amor delas. Muitas vezes
minha filha, as novidades levam nova vida, novos bens, e as criaturas são levadas tanto às
novidades e se deixam como se transportar por elas. Muito mais que as novidades das novas
manifestações sobre meu Divino Querer, que têm uma força divina e um doce encanto, que
choverão como orvalho celeste sobre as almas queimadas pela vontade humana, serão portadoras
de felicidade, de luz e de bens infinitos. Não há ameaças nestas manifestações, nem medo, e se
alguma coisa de medo existe, é para quem quiser ficar no labirinto da vontade humana, mas em
tudo o resto não se vê outra coisa que o eco, a linguagem da Pátria Celestial, o bálsamo de lá de
cima que santifica, diviniza e dá a garantia da felicidade que só reina na Pátria bem-aventurada.
Por isso me deleito tanto em escrever o que se refere ao Fiat Divino, porque escrevo coisas que
pertencem a minha Pátria. Será demasiado pérfido e ingrato quem não reconhecer nestas
manifestações minhas o eco do Céu, a longa cadeia de amor do Querer Supremo, a comunidade
dos bens de nosso Pai Celestial que quer dar às criaturas, e como querendo pôr tudo de lado o que
aconteceu na história do mundo, quer começar uma era nova, uma nova criação, como se agora
começasse a nova história da Criação. Por isso deixe-me fazer, porque o que faço é de suma
importância".
(5) Depois disto lhe disse: "Meu amor, parece que mais do que tudo amas muito este Reino do
Eterno Fiat, nele Tu concentras todo o teu amor, todas as tuas obras e quase como que sentes o
triunfo de que todas servirão a este Reino; se tanto o amas, quando virá? Por que não o chama
logo?" E Jesus acrescentou:
(6) "Minha filha, quando os conhecimentos de meu Divino Querer tiverem feito seu caminho, em
vista do grande bem que eles contêm, bens nos quais nenhuma criatura pensou até agora, que o
Reino de minha Vontade será o desabafo do Céu, o eco da felicidade celeste, a plenitude dos bens
terrenos, então em vista de tão grande bem, suspirarão, pedirão a unanimidade que venha em
breve o meu Reino. Assim, tanto toda a Criação em sua linguagem muda, muda só em aparência,
pois dentro dela está minha Vontade que com voz forte e eloquente pede seus direitos de que seja
conhecida, domine e reine sobre todos, por isso um será o eco de um ponto ao outro da terra, um o
suspiro, uma a oração que sairá de todos os seres:
Que venha o Reino do Fiat Supremo.‟ Então triunfante virá no meio das criaturas, eis a necessidade
do conhecimento, estes serão incitamentos, estimularão o apetite das criaturas para saborear um alimento
tão requintado, sentirão toda a vontade, a ânsia de viver num Reino tão feliz para se libertar da tirania e escravidão nas quais as
teve o próprio querer. E conforme se adentrem a conhecer todas as manifestações, os bens que há
no Fiat Supremo encontrarão as tuas normas, como puseste Céu e Terra virados para baixo,
girando por toda a parte e pedindo que logo fosse conhecido este Reino, encontrarão o que
sofreste para obter-lhes um bem tão grande, como devem comportar-se, o que devem fazer para
poder ter livre acesso a viver nele. Por isso é necessário que se faça conhecer tudo, para fazer que
meu Reino esteja todo completo, para fazer que nada falte, tanto as coisas maiores quanto as
menores, por isso certas coisas que a ti parecem pequenas, poderão ser uma pedra divina
transformada em ouro puríssimo que fará parte dos fundamentos do Reino da minha Suprema
Vontade".
(7) Depois disto pensava em mim: "Meu doce Jesus exalta tanto a felicidade do Reino do Fiat
Supremo, no entanto Ele mesmo, que era a mesma Vontade Divina, minha Mãe Celestial que a
possuía íntegra, não foram felizes sobre a terra, mas foram os que mais sofreram na terra; também
de mim mesma, que diz que sou a filha primogênita de sua Vontade, Eu tive quarenta e três anos e
mais confinada dentro de uma cama, e só Jesus sabe o que sofri, é verdade que fui prisioneira feliz
e não trocaria minha feliz sorte ainda que me oferecessem cetros e coroas, porque o que Jesus me
deu me tornou mais que feliz, mas aparentemente ao olho humano desaparece esta felicidade,
portanto parece que choca esta felicidade dita por Jesus se se pensa em suas penas e naquelas
da Soberana Rainha e em meu estado, última de suas criaturas". Mas enquanto pensava assim, o
meu doce Jesus surpreendeu-me e disse-me:
(8) "Minha filha, há uma diferença grandíssima entre quem deve formar um bem, um reino, e quem
deve recebê-lo para o gozar. Eu vim à terra para expiar, para redimir, para salvar ao homem, para
fazer isto me tocavam as penas das criaturas, tomá-las sobre Mim como se fossem minhas; minha
Mãe Divina que devia ser regente não devia ser contrária de Mim, é mais, as cinco gotas de
sangue que me deu de seu coração puríssimo para formar minha pequena Humanidade, saíram de
seu coração crucificado; para nós as penas eram ofícios que vimos a cumprir, por isso todas eram
penas voluntárias, não imposição da frágil natureza. Mas você deve saber que apesar de tantas
tristezas nossas que tínhamos para desempenhar nosso ofício, era inseparável de Mim e de minha
Mamãe Rainha a suma felicidade, alegrias que jamais terminavam e sempre novas, paraíso
contínuo, para Nós era mais fácil separar-nos das penas porque não eram coisas nossas,
intrínsecas, coisas de natureza, mas coisas de ofício, que nos separar do oceano das imensas
felicidades e alegrias que produzia em Nós, como coisas nossas e intrínsecas, a natureza de nossa
Vontade Divina que possuíamos.
Assim como a natureza do sol é dar luz, a da água tirar a sede, a
do fogo esquentar e converter tudo em fogo, e se isto não fizessem perderiam sua natureza, assim
é natureza em minha Vontade, que onde Ela reina faz surgir a felicidade, a alegria, o paraíso; a
vontade de Deus e a infelicidade não existem, nem pode existir, ou bem não existe toda sua
plenitude e por isso os rios da vontade humana formam as amarguras às pobres criaturas. Para
Nós, que a vontade humana não tinha nenhuma entrada em Nós, a felicidade estava sempre em
seu cúmulo, os mares das alegrias eram inseparáveis de Nós, até sobre a cruz, e minha Mãe
crucificada a meus pés divinos, a perfeita felicidade jamais se separou de Nós, e se isto pudesse
acontecer deveria ter saído da Vontade Divina e separar-me da Natureza Divina e agir só com a
vontade e natureza humana, por isso nossas penas foram todas voluntárias, escolhidas por Nós
mesmos para o ofício que viemos a cumprir, não frutos de natureza humana, de fragilidade ou de
imposição de natureza degradada. E além disso, não lembra que também suas penas são penas
de ofício, penas voluntárias? Porque quando te chamei ao estado de vítima perguntei-te se
voluntariamente aceitavas, e tu com toda a vontade aceitaste e pronunciaste o Fiat. Passou tempo
e repeti-lhe o meu refrão, se aceitavas viver na minha e com a minha Vontade Divina, e tu repetiste
o Fiat, que regendo-te a nova vida te constituía filha sua, para te dar o ofício e as penas que a ele
convêm, para o cumprimento do Reino do Fiat Supremo. Minha filha, as penas voluntárias têm tal
poder ante a Divindade, que têm a força, o império de abrir o seio do Pai Celestial, e desta abertura
que forma em Deus, faz transbordar os mares de graças que forma o triunfo da Majestade
Suprema e o triunfo da criatura que possui este império de suas penas voluntárias. Por isso, tanto
para o grande presságio da Redenção, quanto para o grande prodígio do Reino de meu Fiat,
necessitavam-se penas voluntárias, penas de ofício, as quais deviam ser animadas por uma
Vontade Divina, que imperando sobre Deus e sobre as criaturas, deviam dar o grande bem que seu
ofício encerrava. Por isso minha felicidade exaltada do Reino do Fiat Divino, não choca como você
diz, só porque Eu era a mesma Vontade Divina e sofri, e só porque te tive tanto tempo no leito;
quem deve formar um bem, um reino, convém que faça uma coisa, que sofra, que prepare as
coisas necessárias e que vença a Deus para fazê-lo dar; quem deve recebê-lo é conveniente que
faça outra coisa, ou seja, recebê-lo, apreciá-lo e ser agradecidos com quem lutou, sofreu, e tendo
vencido dá a eles suas conquistas para torná-los felizes.
Portanto, o Reino da minha Vontade no
meio das criaturas levará o eco da felicidade do Céu, porque uma será a Vontade que deve reinar
e dominar o um e o outro. E assim como a minha humanidade foi formada pelo sangue puríssimo
do coração crucificado da Soberana Rainha, e a Redenção foi formada pela minha contínua
crucificação, e sobre o calvário pus o selo da cruz ao Reino dos redimidos, assim o Reino do Fiat
Supremo sairá de um coração crucificado, do qual a minha Vontade, crucificando a tua, fará sair o
seu Reino e a felicidade aos filhos do seu Reino. Por isso desde que te chamei ao estado de vítima
te falei sempre de crucificação, e você acreditava que era a crucificação das mãos e dos pés, e Eu
fazia-te correr nesta crucificação, mas não era esta, não teria bastado para fazer sair o meu Reino,
se necessitava a crucificação inteira e contínua da minha Vontade em todo o teu ser, e era isto
exatamente o que Eu queria dizer-te, que sua vontade sofresse a contínua crucificação da minha
para fazer sair o Reino do Fiat Supremo".
21-17
18 de abril de 1927
A Ressurreição de Nosso Senhor deu às criaturas o direito de ressuscitar. Diferença que passa entre quem trabalha na Vontade Divina e o que funciona fora dela.
(1) Eu estava seguindo a Santa Vontade Divina no ato quando Ele ressuscitou do sepulcro, glorioso e triunfante, e meu amável Jesus, saindo de dentro do meu interior, me disse:
(2) “Minha filha, com a ressurreição de minha Humanidade, deu a todas as criaturas o direito de elevar não apenas suas almas à glória e bem-aventurança eternas, mas também seus corpos. O pecado havia tirado esses direitos das criaturas para serem ressuscitadas; minha Humanidade os restaurou com a ressurreição. Envolveu o germe da ressurreição de todos e, em virtude desse germe encerrado em Mim, todos tiveram o bem de poder ressuscitar dos mortos. Quem faz o primeiro ato deve ter a virtude de encerrar em si todos os outros atos que as outras criaturas devem fazer, para que, em virtude do primeiro ato, os outros possam imitar e fazer o mesmo ato. Quão bem a Ressurreição da minha Humanidade não trouxe, dando a todos o direito de serem ressuscitados. Para o homem, porque se retirou da minha Vontade, glória, felicidade, honras, tudo falhou, ele rompeu o vínculo que, unindo-o a Deus, lhe deu o direito a todos os bens de seu Criador e meus. a ressurreição juntou-se ao anel da união, devolvendo-lhe os direitos perdidos, dando-lhe a virtude de ressuscitar.
Toda a glória, toda a honra é da minha Humanidade, se eu não tivesse ressuscitado, ninguém poderia ressuscitar. Com o primeiro ato vem a sucessão de atos semelhantes ao primeiro. Veja qual é o poder de um primeiro ato, minha Rainha Mamãe fez o primeiro ato de me conceber; Para poder conceber-me, o Verbo Eterno, encerrou em si todos os atos das criaturas para retribuir ao seu Criador, para poder dizer-lhe: "Sou eu que te amo, te adoro, te satisfaço para todos". Portanto, encontrando todos em minha Mamãe, apesar de minha concepção ter sido uma, pude me entregar a todos como a vida de cada criatura. Assim, minha filha, fazendo seus primeiros atos em minha Vontade, as outras criaturas recebem o direito de entrar nela e de repetir seus atos, para receber os mesmos efeitos. Quanto é preciso que mesmo um faça o primeiro ato, porque isso serve para abrir a porta, para preparar as matérias-primas, para formar o modelo para dar vida a esse ato. Quando o primeiro é feito, é mais fácil para os outros imitá-lo. Isso também acontece no mundo inferior, quem é o primeiro a formar um objeto deve trabalhar mais, sacrificar-se mais, deve preparar todos os assuntos necessários, deve fazer muitos testes e quando o primeiro é feito, não só adquire o direito de poder fazê-lo, fazer os outros, mas é mais fácil para ela repeti-lo, mas toda a glória pertence a quem fez o primeiro, porque se o primeiro não fosse feito, os outros atos semelhantes nunca poderiam ter existido. Portanto, tenha o cuidado de formar seus primeiros atos, se você deseja que o reino do Fiat Divino venha e reine na terra”.
(3) Depois disso fui me fundindo na Santa Vontade Divina, recordando todos os atos das criaturas para que nela todos ressuscitassem e meu doce Jesus me disse:
(4) “Minha filha, que grande diferença existe entre um ato feito em minha Vontade e um ato ainda bom feito fora Dele. No primeiro corre dentro dele uma Vida Divina e esta Vida enche o Céu e a Terra e esse ato recebe o valor de uma Vida Divina; no segundo há um ato da vida humana e este é limitado, restrito, que muitas vezes seu valor acaba por acabar com o ato e se há valor dentro, é um valor humano sujeito a perecer”.
22-3
12 de junho de 1927
As relações que existem entre o Criador e a criatura, entre o Redentor e os redimidos, entre Santificador e santificado e quem poderá ler os caracteres Divinos.
(1) Eu estava seguindo, conforme meu costume, os atos do Fiat Divino para reparar e ligar todas as relações quebradas pela vontade humana entre Criador e criatura, entre o Redentor e aqueles que o fazem, entre o Santificador e o santificado e meu amado Jesus movendo-se no meu interior me disse:
(2) "Minha filha, quem quiser conhecer todas as relações que existem entre Criador e criatura e manter seus vínculos em vigor, deve fazer minha Divina Vontade reinar nela com domínio absoluto, porque estando em toda Criação a Vida dela formar uma única vida para todas as coisas criadas e sendo uma vida, entenderá a linguagem delas e as relações que existem entre seu Criador. Cada coisa criada fala do seu Criador, possui caracteres legíveis do meu Fiat Divino. Mas você sabe quem é capaz de ouvir sua voz, entender sua fala celestial e ler os caracteres divinos que cada coisa criada mantém impressa? Quem possui minha Vontade tem ouvido para ouvir sua voz, inteligência para compreendê-la, olhos para ler os caracteres divinos que seu Criador imprimiu com tanto amor em cada coisa criada.
Por outro lado, para quem não deixa minha Vontade reinar, encontra-se nas condições de quem é surdo e não ouve, de quem é estúpido e não entende, de quem não estudou a variedade de línguas e para o que é dito não entende nada. Da mesma forma, para manter as relações e conhecê-las entre o Redentor e os remidos, eles devem estudar minha vida, cada palavra, trabalho, passo, batimento cardíaco e dores foram todos os laços com os quais vim ligar todos os resgatado. Mas quem permanece preso? Quem estuda minha vida e tenta me imitar, assim como me imita, fica preso às minhas palavras, obras, passos, etc. olhos para ler todos os caracteres impressos em mim ao vir para redimir o genro humano. E se a criatura não fizer isso, os caracteres da Redenção serão ilegíveis para ela, será uma língua estrangeira para ela e as relações e vínculos da Redenção não terão força. A criatura será sempre o cego nascido para todos os nossos bens com os quais quisemos enriquecê-la. E para quem quer conhecer e receber todas as relações e vínculos de santidade, deve amar o Santificador, o Espírito Santo acende suas chamas para aqueles que realmente amam e o liga com as relações de sua santidade; sem amor não há santidade, porque os laços da verdadeira santidade já estão rompidos”.
(3) Meu Jesus fez silêncio e eu fiquei completamente imerso no Supremo Fiat e meu bem amado acrescentou:
(4) "Minha filha, quem vive em minha Vontade bebe luz e como a luz enquanto vê e desfruta de uma, os outros podem ver e desfrutar dela, então minha Vontade dando-se como luz à alma e investindo tudo, biloca tudo ... dentro dela e ilumina o pensamento de cada criatura, biloca sua palavra e ilumina as palavras dos outros, biloca suas obras, seus passos e ilumina os dos outros. A luz possui bilocação verdadeira e perfeita e, embora seja una, tem a virtude de bilocação para cada um que queira apreciá-la e vê-la. O sol não é um, mas quantos o veem e o apreciam? Muito mais o Sol de minha Vontade, que a alma bebe e se enche inteiramente de sua luz, detém a virtude que, enquanto uno, se biloca para cada ato, palavra, passo, etc. e ali forma o encantamento de sua luz divina”. .
23-3
25 de setembro de 1927
Quem vive na Vontade Divina não encontra mais meios de sair dela, e quem vive na Ele contém todas as sementes da glória que a Criação possui. Como Jesus a chama junto com a obra do seu reino.
(1) Senti-me sob o pesadelo da privação do meu doce Jesus e pensei comigo mesmo: "Não sei como o meu amado Jesus me deixa, Ele não pensa que posso tornar-me mais mau sem Aquele que é a minha vida, e quem sozinho pode me dar vida para fazer o bem? Ele não cuida mais de nada, nem de me vigiar, nem de me empurrar, nem de me corrigir”. Mas enquanto eu pensava assim, meu amado Jesus saiu de dentro do meu interior e me disse:
(2) "Minha filha, porque tenho certeza de que você não pode sair de dentro do grande mar de minha Divina Vontade, tendo colocado você nele, e você, com sua total adesão, quis entrar, portanto, há não há como sair dele, porque os limites deste mar não são encontrados, enquanto você andar por dentro, você não encontrará sua margem, nem seu fim. De onde estou certo de que minha filhinha não pode sair de dentro do mar da minha Vontade e por isso moro no mesmo mar e você me perde de vista, mas como um é o mar em que estamos, tudo o que você faz tem o caminho para chegar a Mim, e tenho certeza de como seus atos Me alcançam, que você está no meu mar e, portanto, não me dou atenção. Enquanto antes eu não tinha certeza de você, por isso eu estava tão ansioso para te vigiar, te empurrar e nunca te deixei, porque eu não te vi no fundo do mar da minha Divina Vontade, de onde há sem medo de poder sair, porque esta é a beleza de viver em minha Divina Vontade, que todos os perigos e medos permaneçam deslocados, ao contrário, quem vive resignado ou faz a Divina Vontade, está sempre em perigo e com medo, e pode encontrar muitos caminhos que o distanciam do imenso mar do Supremo Fiat”.
(3) Então eu me abandonei completamente naquele mar e me senti feliz por não poder sair, e meu doce Jesus acrescentou:
(4) "Minha filha, meu Fiat onipotente na Criação criou muitas coisas, colocando em cada uma delas um bem para as criaturas, para receber o retorno da glória de sua parte por quantas coisas Ele colocou à luz do dia, mas você sabe em quem foi depositada esta glória que estava esperando pelo seu Criador? Você é minha filha, porque vivendo em minha Vontade e possuindo-a, você possui todas as sementes de cada glória que cada coisa criada possui e, portanto, ao se voltar na Criação, você sente em si o bem que cada coisa criada contém, e você faz o seu ofício para liberar de você aquela glória que seu Criador espera com tanto amor. Que harmonia, que ordem, que amor, que encanto de beleza passa entre a alma que vive em Minha Vontade e entre todas as coisas criadas por Mim, estão tão unidas que parecem inseparáveis; a alma que vive em minha Divina Vontade vive em plena luz do dia, e seus atos, seus pensamentos, suas palavras nada mais são do que os reflexos dela, o Sol de minha Vontade reflete mais do que dentro de um cristal nela. e pensa, reflete e fala, reflete e trabalha, reflete e ama, não há nada maior, nem mais belo, do que uma alma que vive dos reflexos deste Sol, esses reflexos o mantêm em comum com os atos de seu Criador e na posse de seu próprio bens. Além disso, vocês devem saber que, assim como minha Humanidade incluiu todos os bens da Redenção e deles saiu para o bem dos remidos, assim Ele quis encerrar em Si todos os atos e bens dos filhos do reino do meu Divino Fiat, pois assim como a alma faz seus atos Nele, eu alargo sua capacidade e coloco meus atos nela e assim como ela entra em meu reino e está emitindo seus atos, eu estou sempre expandindo sua capacidade, para colocar nela todos os atos que minha Humanidade possui, para nela completar o reino de minha Vontade. Por isso eu os chamo para trabalharem juntos comigo neste meu reino, eu trabalho preparando a terra, é preciso purificá-la, ela está muito suja, há certos pontos que não merecem mais existir, tantos são os atrocidades, portanto é necessário que desapareçam tanto os habitantes quanto o próprio solo. O reino da minha Divina Vontade é o reino mais santo, mais puro, mais belo e ordeiro que deve vir à terra, por isso é necessário que a terra seja preparada, purificada, pois enquanto eu trabalho para purificá-la e, se necessário, destruir lugares indignos e de tão santo reino, trabalhareis movendo o céu e a terra com teus atos feitos em minha vontade, teu eco será incessante, que farás ressoar em toda a criação que pedires o reino de meu Fiat, teu contínuo atos e se necessário, suas dores e o fim de sua vida, implorar um bem tão grande e um reino que trará tanta felicidade. Portanto, não preste atenção a mais nada, mas ao trabalho que temos que fazer”.
(5) Mas com todas as palavras de Jesus senti um medo que Ele pudesse me deixar ou mesmo ir tão longe neste mar de sua bendita Vontade, que quem sabe quando ele teve que voltar para sua filhinha torturada por amor dele, e Jesus se movendo no meu. interno me disse:
(6) "Minha pobre filhinha, é claro que você é uma menina, que não se aflige ou se preocupa com nada além de estar nos braços de sua mãe e se alguma vez ela estiver, sua mãe a deixa por um tempo, ela chora, fica inconsolável e é todos os olhos para ver sua mãe e correr para os braços dela. Assim é você, meu pobre pequeno, mas você deve saber que a mãe pode estar deixando seu filho, mas eu nunca deixarei meu filho pequeno, é meu interesse não deixá-lo, eu tenho minha vontade em você. meus atos, minhas propriedades, pois tendo as minhas em ti, tenho interesse em não te deixar, aliás minhas próprias coisas me chamam a ti e venho gozar minhas coisas, minha Divina Vontade reinando em ti. Então você pode temer que eu o deixe quando eu disse a você: “Dá-me a minha, dá-me a minha Vontade”. Mas o seu Jesus nunca lhe dirá isso, então fique em paz”.
24-3
1º de abril de 1928
Necessidade de prova; qual será a prova dos filhos do reino divino. Quem ele vive na Vontade Divina e oferece dons a Deus. Longa história disso. Exemplo.
(1) Meu abandono na Vontade Divina é contínuo, mas enquanto estava completamente abandonado nela, pensei comigo mesmo: “Qual será a prova que Jesus vai querer para aqueles que viverem no Reino da Vontade Divina? Se de todos Jesus quer uma prova de fidelidade para confirmar o estado em que o chama e ter a certeza de poder confiar à criatura os bens que lhe quer dar, muito mais a estes filhos do seu reino que serão os estado mais sublime que pode existir. , exigirá essa prova". Mas enquanto pensava nisso, meu sempre amável Jesus se moveu dentro de mim e me disse:
(2) "Minha filha, é claro que não há segurança sem prova, e quando a alma resiste à prova, recebe a confirmação de meus desígnios e tudo o que é necessário e conveniente para realizar o estado por mim chamado. Por isso quis provar Adão, para confirmar o seu estado feliz e o direito de rei sobre toda a Criação, e como não foi fiel na prova, da justiça não pôde receber a confirmação dos bens que o seu Criador lhe quis dar, porque na prova o homem adquire o selo de fidelidade, que o coloca no direito de receber os bens que Deus havia estabelecido para lhe dar no estado em que a alma foi chamada por ele. Quem não é provado, pode-se dizer que não tem valor, nem diante de Deus, nem diante dos homens, nem diante de si mesmo; Deus não pode confiar em um homem sem provas, ele mesmo, que é o homem, não sabe que força ele tem. Portanto, se Adão tivesse resistido ao teste, todas as gerações humanas teriam sido confirmadas em seu estado feliz e real. Então eu, amando estes filhos de minha Divina Vontade com um amor muito especial, eu mesmo quis fazer a prova para todos eles em minha Humanidade, reservando para eles a única prova de nunca deixá-los fazer sua vontade, mas somente e sempre a minha. para reconfirmar a ele todos os bens que são necessários para viver no reino do meu Divino Fiat, com isso fechei todas as portas de saída para ele, ungi-o com uma fortaleza invencível, para que ninguém possa entrar no mais altos recintos do meu reino, porque quando eu mando que isso não se faça, é uma porta que eu permaneço onde a vontade humana pode sair, é uma ocasião que a criatura sempre guarda, de onde minha vontade pode sair de dentro, mas quando digo: daqui você não sai, todas as portas permanecem fechadas, a fraqueza se fortalece, e só resta a decisão de entrar e nunca sair, ou não entrar. Portanto, para viver no reino da minha Vontade haverá apenas a decisão, a decisão trará o ato consumado; não estou fazendo isso com você? Não lhe clamo sempre do fundo do coração que nada se atreva a entrar, a não ser apenas a minha Vontade? Ela como centro de vida, com sua força onipotente, com sua luz deslumbrante, mantém tudo fora de você, e eclipsando tudo, faz fluir seu primeiro movimento de vida em todos os seus atos e domina e reina como uma rainha”.
(3) Depois disso fui seguindo os atos da Vontade Divina em toda a Criação, para trazê-los como homenagens ao meu Criador, e em todas as coisas criadas fluía um movimento de vida que as reunia e movia tudo, fiquei surpreso. e meu doce Jesus acrescentou:
(4) “Minha filha, este movimento de vida em toda a Criação é minha Vontade, que move tudo e mantém todas as coisas como em seu próprio punho de vida. Quão longo é o seu movimento e, embora seja múltiplo, é um, portanto, a história de minha Vontade é longa, e seu trabalho em compor sua história se torna muito longo, e por mais que você queira restringir seu dizer, é difícil para porque seu movimento que move tudo continuamente, tem tanto a dizer sobre o que ela fez em sua longa história, que de acordo com o que ela disse, parece-lhe que ela não disse nada, e desde os movimentos, tudo as vidas, todos os campos são dela, tem muitas saídas para contar sua longa história, e você será o narrador e portador da história de uma Vontade Eterna, que ao contar sua história te envolve por dentro para te dar a vida de seus atos e comunicar a você, tanto quanto possível. , seu movimento e os bens que ele contém. Portanto, você deve saber que quem vive em minha vontade oferece à Eterna Majestade atos reais, atos que só são encontrados no palácio divino de minha vontade, e então nos sentimos verdadeiramente honrados pela criatura, quando ela vem diante de nós com os atos reais que faz nossa Vontade em toda a Criação, são atos divinos e dignos de nossa Majestade, mas quem não vive em nossa Vontade, por quantos bens pode fazer, são sempre atos humanos que ele nos oferece, não divinos, inferiores a Nós porque não flui neles o ato régio de nosso Fiat Divino.
Acontece como um rei que é servido por um pajem seu, de todas aquelas coisas que estão em seu palácio, o rei, apesar de serem suas coisas, sente-se honrado porque se bebe, bebe sua água pura em jarras de ' ouro, nítido e limpo; se ela come, a comida é digna dele e é dada a ela em pratos de prata; se ela se veste, ela é trazida com vestes reais como convém a um rei, o rei se sente todo satisfeito e satisfeito porque ele é servido pelas coisas reais que lhe pertencem; em vez disso, outro pajem serve ao rei, mas quando ele quer beber, vai à sua vil morada buscar sua água turva, leva-a em potes de barro, mal lavados; se come, vai buscar sua comida grosseira e em pratos nojentos; se ele se veste, ele leva as roupas dela sem adornos e não dignas de um rei, o rei não fica satisfeito nem honrado em ser servido por este pajem, "O que, eu guardo minhas coisas reais e este se atreve a me servir com as coisas vis de sua casa?" A primeira página é aquela que vive na minha Vontade, a segunda que vive pela vontade humana, o que é uma grande diferença entre uma e outra”.
25-3
17 de outubro de 1928
Como toda verdade do Fiat possui um encantamento na vontade humana, guerra da Fiat. Analogia entre a concepção de Jesus e entre a Eucaristia, e entre o prisioneiro e o prisioneiro.
( 1 ) Minha pobre mente estava perdida na Vontade Divina, todas as verdades que me ditaram meu Supremo Bom Jesus, senti-as como tantos sóis, que me investindo de minha pequena vontade humana, arrebatada por tanta variedade de luz, já não sentia o desejo de 'agir'. E meu Supremo Bom Jesus, movendo-se dentro de mim, me disse:
( 2) "Minha filha, todas as verdades que manifestei sobre minha Vontade Divina não são apenas uma Vida Divina que coloquei fora de Mim, mas possuem um doce encantamento para encantar a vontade humana, que, encantada pela minha, sentirá sob o encantamento de uma inatividade e dará livre campo de ação à minha Divina Vontade. Assim, toda verdade sobre minha Vontade Divina será um exército feroz contra a vontade humana. Mas você sabe o que ele vai ser feroz sobre? De luz, de força, de amor, de beleza, de santidade, para combater a vontade humana por meio de todas essas armas; diante dessas armas, ela sofrerá um doce encantamento e se deixará vencer pelo Fiat Divino. Portanto, qualquer verdade mais acima É um encantamento maior que a vontade humana sofrerá.
( 3 ) Ora, como toda verdade possui um encantamento, todo ato feito pela criatura em minha vontade é um encontro que ela faz com minha vontade para receber toda a força desse encantamento divino. Portanto, quanto mais atos de minha Vontade ele faz, tanto terreno humano ele perde e adquire o divino; e se tudo nela mergulhar, ela só terá que lembrar que tem uma vontade, mas que a mantém em repouso e encantada pela Vontade Divina”.
( 4) Depois disso segui meus atos no Fiat Divino, e seguindo Seus atos, fui acompanhando a concepção de Jesus no ventre, e Jesus movendo-se dentro de mim me disse:
( 5) “Minha filha, quanta analogia há entre a concepção que fiz no ventre e entre o que faço em cada hóstia consagrada. Veja, do céu desci para conceber no seio da Mamãe Celestial, do céu desci para permanecer consagrado, escondido entre os véus das espécies de pão. No escuro, imóvel, permaneci no ventre materno, no escuro, imóvel e ínfimo repouso em cada hospedeiro. Olhe para mim, estou escondido aqui neste tabernáculo, rezo, choro, e nem deixo que minha respiração seja ouvida, nos véus sacramentais minha própria Vontade Divina me segura como morto, aniquilado, restringido, comprimido, enquanto Estou vivo e dou vida a todos. Oh! abismo do meu amor, quão incomensurável você é. No ventre eu estava sobrecarregado com o peso de todas as almas e todos os pecados, aqui, em todas as hostes, por menores que sejam,
( 6) Agora quero dizer-vos a satisfação que sinto por vos manter perto do meu sacrário, sob o meu olhar sacramental e a analogia que existe entre mim e vós. Veja, estou escondido aqui sob o império de minha Divina Vontade. Ah! é ela mesma, seu poder, que contém o prodígio de me esconder em cada hóstia com a consagração. Você está na sua cama, só pelo império do meu Fiat, ah! não são os males corporais que te prendem, não, mas apenas a minha Vontade que assim quer, que, formando um véu de ti, Me esconde e me forma uma hóstia viva, um tabernáculo vivo. Aqui, neste tabernáculo, eu oro continuamente, mas você sabe qual é a minha primeira oração? Que a minha Vontade seja conhecida, que o seu império que me mantém oculto sobre todas as criaturas reine e domine ali, porque então a minha Vida Sacramental terá o seu fruto completo. o cumprimento dos muitos sacrifícios, a restauração de minha Vida nas criaturas, quando minha Vontade for conhecida e ali formar Seu reino. E aqui estou escondido, fazendo tantos sacrifícios para esperar o triunfo, o reino da minha Divina Vontade. Tu também rezas e, ecoando a minha oração, ouço o teu dizer contínuo, pondo em movimento todos os meus atos e todas as coisas criadas, e em nome de todos e de tudo, pedes-me que a minha Vontade seja conhecida e forme o Seu reino; o teu eco e o meu são um só, e só pedimos uma coisa, que tudo volte ao Fiat Eterno, que lhe sejam restituídos os seus justos direitos. Então você vê quanta analogia existe entre você e Eu, mas o mais bonito é aquele que eu quero, você quer, nós dois somos sacrificados por uma causa tão sagrada,
26-3
16 de abril de 1929
Para quem mora no Fiat, é uma troca de vida entre o Fiat e a alma. Amor duplicado.
( 1 ) As privações do meu doce Jesus se tornam mais longas, e eu não faço nada além de suspirar e gemer seu retorno. E por mais que eu viva completamente abandonado no Fiat Divino, suas privações são feridas tão profundas e amargas, que mais que um veado ferido eu emito meus gritos de dor, que se pudesse surtaria o céu e a terra e me moveria tudo até as lágrimas, por uma dor tão excruciante e por uma privação tão grande, que me faz sentir o peso de uma dor infinita e de uma ferida sempre aberta, exceto nos poucos momentos em que Ele me fala de Sua Divina Vontade que parece-me fechar, mas reabrir com mais dor, amarga, e por isso sou obrigado em meus escritos, a escrever minha nota dolorosa de minha pequena alma, que mais do que um cervo ferido, envio meus gritos de dor, para fere aquele Jesus que me fere, quem sabe, ferido, volta para mim e dá uma trégua no meu ponto dolorido. Assim, enquanto eu me sentia imerso na dor de sua privação e completamente abandonado em sua Vontade, ele se moveu dentro de mim e me disse:
( 2 ) “Coragem ou filha, não se abandone na sua dor, mas suba mais alto. Você sabe que tem uma tarefa a cumprir, e esta tarefa é tão grande, que nem mesmo a dor da minha privação deve detê-lo, na verdade, deve servir-lhe como uma elevação mais alta à luz da minha Divina Vontade. Seu encontro com Ele deve ser contínuo, porque é uma troca de vida que você deve fazer: Ele deve continuamente se dar a você, e você a Ele. E você sabe que o movimento, o batimento cardíaco, a respiração, devem ser contínuos, senão a vida não pode existir, e você faria sua vida faltar no meu Fiat, e sentiria a dor que sua filhinha, seu querido bebê recém-nascido. , faz sua falta nela seu movimento, seu batimento cardíaco, sua respiração, ela sentiria o dilaceramento de seu recém-nascido, que, para sentir sua vida como sua Vida, sempre a mantém no ato de nascer, sem colocá-la fora de si. peito, nem mesmo para fazê-lo dar um passo, e você sentiria a Vida de seu movimento contínuo, seu batimento cardíaco, sua respiração falhando; você sentiria o vazio de uma Vontade Divina em sua alma. Não, não, minha filha, não quero em ti nenhum vazio da minha Vontade. Agora, você deve saber que cada manifestação em meu Fiat Divino que eu faço para você é como tantos passos em que minha Vontade desce à alma, para tomar posse dela, para formar seu reino, e a alma sobe ao Céu para levar do céu à terra. Portanto, é uma grande tarefa e não vale a pena por qualquer motivo, mesmo que fosse sagrado, perder tempo. E você vê como Eu mesmo me eclipso em minha Divina Vontade de dar todo o lugar a Ela, e se eu escapo ao vir, é apenas para tratar, rearranjar e fazer você saber o que pertence à minha Divina Vontade, assim seja atencioso. e seu vôo em É contínuo”.
( 3 ) Depois disso ela continuou a sentir-se oprimida pelas privações de Jesus e eu pensei comigo mesmo: "Como o seu amor por mim diminuiu, comparado com o que ele me trouxe antes, parece-me que assim que as sombras permaneceram meu amor por Jesus , mas enquanto eu pensava isso se moveu dentro de mim e me disse:
( 4 ) "Minha filha, cada ato feito em minha Divina Vontade duplica meu amor por você, portanto, depois de tantos atos que você fez nela, posso dizer que meu amor cresceu tanto, que devo expandir sua capacidade para poder fazer você receber meu amor crescente que surge em Mim em cada ato que você faz em minha Divina Vontade. Portanto, meu amor é mais intenso e cem vezes mais do que antes, então você pode ter certeza de que nunca sentirá falta do meu amor”.
27-3
2 de outubro de 1929
Só a Vontade Divina faz a criatura feliz; atacam uns aos outros. Quem não tem verdadeira vontade de fazer o bem, ele é um pobre aleijado, e Deus não quer usá-lo.
(1) Continua o meu abandono e a vivência no Fiat Divino, oh! quão poderosa é sua força criativa, oh! como é deslumbrante a sua luz, que infiltrando as fibras mais íntimas do coração, as reveste e acaricia, faz-se um lugar e erige ali o seu trono de domínio e comando, mas com tal doçura arrebatadora, que a pequenez da criatura fica desaparecida, mas feliz por permanecer sem vida e perdido no Fiat Divino. Oh! se todos te conhecessem, ah! Vontade adorável, oh! como eles gostariam de se perder em Ti para recuperar sua Vida e ser felizes com a mesma felicidade divina. Mas enquanto minha pequenez se perdia no Fiat Divino, meu amável Jesus movia-se dentro de mim e me apertando com força, com força em Seu divino coração, Ele me disse:
(2) "Minha filha, somente minha Divina Vontade pode fazer a criatura feliz. Ela, com sua luz, ou eclipsa ou põe em fuga todos os males, e diz com seu poder divino: "Eu sou a felicidade perene, fuja. todos os males, Quero ser livre, porque antes da minha felicidade todos os males perdem a vida”. Quem vive completamente na minha Divina Vontade, tanto é o seu amor que transforma as ações da criatura, e ocorre uma troca de vida entre Deus e ela, uma troca de ações, de passos, de batimentos cardíacos. Deus permanece ligado à criatura, e a criatura a Deus, tornam-se seres inseparáveis, e nessa troca de ação e vida se forma o jogo entre Criador e criatura, um se torna presa do outro, e nisso eles brincam um com o outro. uma maneira divina, eles estão felizes, eles celebram, e Deus e a criatura se gloriam, eles se sentem vitoriosos porque ninguém perdeu, mas um venceu o outro, porque na minha Divina Vontade ninguém perde, perdas não existem nela. . Só de quem vive na minha Vontade posso dizer, é meu divertimento na Criação, e sinto-me vitorioso em me rebaixar para me deixar vencer pela criatura, porque tenho certeza de que ela não se oporá a ser superada por Mim. Por isso o vôo em minha Vontade é sempre contínuo”.
(3) Depois disso eu pensava em tantas coisas que o bendito Jesus me havia falado sobre sua Divina Vontade, sobre os muitos desejos ardentes dele para torná-la conhecida, e que apesar dos muitos desejos de Jesus nada surgiu para obter sua intenção ... e disse a mim mesmo: “Que sabedoria de Deus, que mistérios profundos, quem pode entendê-los? Ela o quer, é dolorosa porque não há quem lhe dê a conhecer, mostra seu coração que anseia, suspira que sua Vontade Divina se dará a conhecer, para formar seu reino entre as criaturas, e então , como se fosse um Deus impotente, os caminhos estão trancados, as portas estão fechadas, e Jesus tolera, e com paciência invencível e indizível, espera que as portas e os caminhos se abram, bate nos corações para encontrar quem será aqueles que cuidarão de fazer conhecer sua Divina Vontade”. Mas enquanto eu pensava nisso, meu doce Jesus, fazendo-se ver toda bondade e ternura, para quebrar os corações mais duros, me disse:
(4) "Minha filha, se eu soubesse o quanto sofro quando quero formar minhas obras e torná-las conhecidas das criaturas para dar-lhes o bem que elas contêm, e não encontro ninguém que tenha um verdadeiro ímpeto, um verdadeiro desejo e vontade de fazer do meu trabalho a sua vida para o dar a conhecer, para dar aos outros a vida do bem do meu trabalho que sente em si mesmo; e quando vejo essas disposições em quem tem que cuidar, a quem com tanto amor chamo e escolho para as obras que me pertencem, sinto-me tão atraída por ele, que para fazer bem o que quero me rebaixo, Desço nele e lhe dou minha mente, minha boca, minhas mãos e até meus pés, para que em tudo ela sinta a vida do meu trabalho, e como uma vida sincera, não como algo estranho para ele, ela pode sentir a necessidade de dá-lo aos outros. Minha filha, quando um bem não se sente em si como vida, tudo termina em palavras, não em obras, e eu fico fora deles, não dentro, e por isso eles ficam como pobres aleijados, sem inteligência, cegos, mudos, sem mãos ... e sem pés, e nas minhas obras não quero servir-me dos pobres aleijados, ponho-os de lado, e não prestando atenção ao tempo que vou voltando para encontrar os dispostos que devem servir ao meu trabalho.
E assim como não me cansei de percorrer os séculos e toda a terra para encontrar o menor, para depositar em sua pequenez o grande depósito do conhecimento de minha Divina Vontade, também não me cansarei de girar a terra e girar para encontrar os verdadeiramente dispostos, que apreciarão como vida o que manifestei no Fiat Divino, e estes farão qualquer sacrifício para torná-lo conhecido. Portanto, não sou o Deus impotente, mas sim aquele Deus paciente, que quer que minhas obras sejam feitas com decoro e por pessoas dispostas, não forçadas, porque o que mais abomino em minhas obras é o esforço da criatura, como se eu não mereciam os seus pequenos sacrifícios, e que pelo decoro de tão grande obra, que é dar a conhecer a minha Divina Vontade, não quero servir-me de pobres aleijados, porque quem não tem verdadeira vontade de fazer o bem, está sempre um aleijado que lhe faz a alma, mas quero me servir de gente que, administrando meus divinos membros, o faça com decoro, como merece um trabalho que deve trazer tanto bem às criaturas e grande glória a minha Majestade”.
28-3
5 de março de 1930
Como Jesus quer ver seu Fiat palpitante na criatura. Como viver Nele está o chamado de todos os atos na Unidade Divina. O que significa Unidade.
( 1 ) Vivo sempre na dor da privação do meu doce Jesus; que duro martírio! Se não fosse pelo fato de que sua Santa Vontade tinha no seu lugar, fazendo-se sentir continuamente, que enquanto Ele me dá a vida Ele sempre me mantém ocupado e perdido Nele, eu não sei como viver, mas com tudo isso, as muitas lembranças queridas de Jesus que pensei que nunca mais o perderia de vista, suas doces e repetidas visitas, seus muitos estratagemas amorosos, suas muitas surpresas de que eu parecia viver mais no céu do que na terra, só de lembrar dele são cruéis feridas, que tornam mais endurecido o meu doloroso martírio. Ah! Jesus, Jesus! ! ! Como é fácil aturar e esquecer quem te ama e forma seu martírio, e que você mesmo disse tantas vezes que me amava tanto! Ah! Jesus, volte porque eu não aguento mais. Mas enquanto minha pobre alma sentia a febre, que Jesus queria, e delirava desproporcionalmente, meu doce Jesus, movendo-se dentro de mim e me segurando em seus braços, como que para acabar com meus erros, me disse:
( 2 ) "Minha filha, acalme-se, acalme-se, eu estou aqui, nem te coloquei como uma banda, nem a natureza do meu Amor sabe esquecer ninguém, mas estou em você para dirigir todos os seus atos em minha Divina Vontade, porque não quero nenhum ato seu, mesmo mínimo, não é nobre e divino e que não tenha o selo do meu Fiat Divino, quero vê-lo palpitar em todos os seus atos, tudo isso é meu compromisso , para formar a primeira cópia da alma que deve viver em minha Divina Vontade”.
( 3 ) Dito isto, Ele fez silêncio, e eu segui meu passeio no Fiat Divino, quis recolher tudo o que as criaturas fizeram para fechar tudo na Vontade Divina, e meu Supremo Bom Jesus acrescentou:
( 4 ) “Minha filha, viver em minha Divina Vontade é o chamado de todos os atos das criaturas na unidade dela. Tudo saiu de dentro de sua unidade, de nosso único ato que dá vida a todos os atos, portanto é nosso direito, de justiça, que tudo nos retorne para reconhecer de onde vieram. Reconhecer de onde vem um ato, quem é que dá vida a tantos atos, de que maneira e como, é a mais bela homenagem ao nosso Poder e Sabedoria que com um único ato é a vida de todos os atos. E só aquele que vive no meu Fiat, abraçando tudo junto com Ele, toma tudo em sua mão e encerra tudo naquela Vontade em que vive, sobe em nossa unidade para nos trazer tudo, e nos dar as verdadeiras homenagens de todos os efeitos do nosso único ato. Por isso, voltar-se para a nossa Vontade Divina não só recolhe tudo, mas comunica o teu ato a todas as coisas criadas, de modo que todo o céu se põe às adorações junto com as tuas adorações, o sol para nos amar junto com o teu amor, o vento para glorificar nós junto convosco, enfim, todas as coisas criadas, sentindo na minha Vontade com que todas estão investidas, o vosso ato que nela fazeis, todas elas posam para nos amar, para nos adorar, para nos dar glória e graças, assim que sentimos que em nosso Fiat Divino a criatura nos dá a plenitude do amor, a totalidade da adoração, a glória completa. Portanto, siga seu vôo em minha Divina Vontade e não se preocupe com mais nada, porque Nela você tem muito o que fazer”.
( 5 ) De onde fiquei pensando na unidade da Vontade Divina, e meu doce Jesus acrescentou:
( 6 ) “Minha filha, você sabe o que significa a Unidade da Vontade Divina? Significa que de dentro desta Vontade não há nada belo, bom ou santo que não saia de dentro Dela. Esta nossa Vontade Divina, uma é sua Unidade, uma é seu ato; mas enquanto é um, a Vontade, a unidade e o ato se estendem por toda parte; e porque se estende por toda parte como num só fôlego, tudo faz, tudo abraça e tudo dá vida. Assim, quem vive em nossa Divina Vontade se funde em nossa Unidade, e tudo o que faz não sai de Nós, mas dentro de Nós. Por outro lado, quem vive fora dela, sentimos a dor do rasgo que faz de seus atos de dentro de nossa Vontade, e enquanto ele os rasga não os devolve a nós, porque não forma uma nossa Divina Vontade. com o seu. Por isso a grande diferença de quem vive fora do nosso Fiat, todos os seus atos são atos divididos e quebrados, não fundidos, pois não terá o bem de sentir em si a plenitude da luz, a felicidade e todos os bens, mas tudo. será miséria, fraqueza e escassez de luz”.
29-3
Fevereiro 17, 1931
Imposições, lágrimas amarguíssimas; Jesus consola-a assegurando-lhe que lhe concede a
graça de não a fazer cair nos sofrimentos. O sofrimento voluntário constitui a verdadeira vítima.
(1) Passo dias amargos, a minha pobre existência desenvolve-se sob o pesadelo de uma tragédia.
Meu Jesus, ajuda-me! Não me abandones! Tu que sempre foste tão bom para mim e que com
tanto amor me sustentaste nas lutas da minha vida, ah! Não me deixes agora que as lutas são
mais tremendas e encarniçadas. Meu amor, mostra o teu poder, olha! Jesus, não são demônios
que lutam comigo, que com um sinal da cruz os faria fugir quem sabe para onde, senão que são
superiores que só Tu os podes pôr em seu lugar; sou a condenada pobre, e eu mesma não sei o
que fiz, oh! Como a minha história é dolorosa.
Disseram-me que me querem colocar outro sacerdote designado pelo Bispo, que chamará médicos e fará todas as provas que quiser,
deixando-me abandonada por todos os outros em seu poder. Diante de tal anúncio rompi em
pranto, sem poder cessar de chorar, meus olhos se tornaram fontes, toda a noite a passei
chorando e rogava a Jesus que me desse a força e que pusesse fim a tantas tempestades; olha,
dizia, Meu amor, já são dois meses e mais em lutas contínuas, lutas com as criaturas, lutas contigo
para que não me faças cair nos sofrimentos, e oh! Quanto me custa lutar com meu Jesus, mas não
porque não quisesse sofrer, mas porque assim querem aqueles que têm direito sobre mim, mas
agora não posso mais, e só deixarei de chorar quando me disser que me concede livrar-me do
aborrecimento que dou ao sacerdote, por isso é toda a guerra, e chorava e chorava com tal
amargura, que me sentia a envenenar o sangue nas veias, tanto que muitas vezes me sentia como
sem vida, sem fôlego, mas como me sentia assim, continuava a chorar e soluçar. E, quando eu
estava num mar de lágrimas, o meu doce Jesus abraçou-me a Si nos seus braços, e com voz
terna, como se eu também quisesse chorar, disse-me Ele:
(2) "Minha filha boa, não chores, meu coração não pode mais, tuas lágrimas desceram até o fundo
dele, e sinto tua amargura tão viva que me sinto estourar; minha filha, ânimo, você sabe que te
amei muito, muito, e agora este amor me obriga a te contentar, se até agora Eu te tive suspensa do
estado de sofrimento algum dia, para fazê-los compreender que a minha Vontade era a de
continuar a ter-te como tive durante quarenta e seis anos. Mas agora que querem pôr-te de costas
para a parede, põem-me em condições de fazer uso da minha Vontade permissiva, não querida, de
suspender-te do estado de vítima. Por isso não temas, de agora em diante não te comunicarei mais
minhas penas, não me estenderei mais em ti de modo que tu ficavas rígida e sem movimento; por
isso ficarás livre sem ter necessidade de nenhum. Fique calma filha, até que não se aquietem e
que não queiram que você caia nos sofrimentos, não o farei mais. Agora, você deve saber que o
estado de sofrimentos nos quais Eu te colocava correspondiam a minha Humanidade, a qual queria
continuar sua Vida de penas em você. Agora fica a coisa mais importante, minha Vontade; dai-me
tua palavra de que viverás sempre nela? Que será a sacrificada, a vítima de minha Vontade, que
fazendo-a dominar em você não cederá um só ato de vida a sua vontade? Assegura-me filha boa
que nada omitirás do que te ensinei a fazer, e de seguir o que tens feito até agora em meu Fiat.
Este é o ponto culminante do teu Jesus sobre ti, pôr a salvo os direitos da minha Vontade em tua
alma. Por isso fá-lo logo, diz-me que me contentarás".
(3) E eu: "Meu Jesus o prometo, o juro, o quero, seguir o que Tu me ensinaste, mas Tu não me
deves deixar, porque Contigo sei fazer tudo, sem Ti não sou boa para nada". E Jesus voltou a
dizer:
(4) "Não temas, não te deixo; deves saber que te amo e se me induziram a ceder em que tu não
caias no estado de sofrimento, não foi outra coisa que um amor grande, intenso, excessivo para ti,
meu amor ao ver-te chorar tanto venceu a minha Vontade e pôs um basta por agora, mas deves
saber que os flagelos choverão como chuva densa, o merecem, quando não querem as vítimas
como gosto a Mim, e no modo querido por Mim, justamente merecem que sejam golpeados
severamente, e não acredite que o farei hoje mesmo, mas deixe que passe um pouco de tempo e
então verá e ouvirá o que minha Justiça tem preparado".
(5) Então passei o primeiro dia livre sem lutar com meu Jesus, porque tendo-me assegurado que
não me teria feito cair nos sofrimentos, não me sentia mais incitar, empurrar, a que aceitasse
submeter-me às penas que Jesus queria dar-me. Por isso, enquanto a luta havia cessado, havia
ficado ainda um temor de que meu amado Jesus de improviso me surpreendesse, e para me
tranquilizar me disse:
(6) "Minha filha, não temas, te disse Jesus, e basta, não sou uma criatura que posso faltar à
palavra, sou Deus, e quando falo não mudo, te disse que até então não se tranquilizam e não
queiram as coisas, não te farei cair, e assim será, e ainda que o mundo se ponha de cabeça,
porque a minha Justiça quer castigar as criaturas, Eu não mudarei a minha palavra, porque tu
deves saber que não há coisa que aplaque mais a minha Justiça, e que chegue a mudar os
maiores castigos em reescritos de graças, que o sofrer voluntário, e se podem chamar verdadeiras
vítimas não aquelas que sofrem por necessidade, por doença, por infortúnio, todo o mundo está
cheio destes sofrimentos, mas aquelas que voluntariamente se expõem a sofrer o que Eu quero e
no modo como quero, estas são as vítimas que me assemelham, meu sofrer foi todo voluntario,
nenhuma pena podiam dar-me, inclusive mínima, se Eu não o quisesse. É por isso que quase
sempre te perguntava quando te devia fazer cair nos sofrimentos, se tu voluntariamente aceitavas,
para ter teu sofrer voluntário, não forçado; não é algo grande diante de Deus um sofrer forçado ou
por necessidade, o que apaixona, que rapta e que chega a atar ao mesmo Deus, é o sofrer
voluntário.
Se tu soubesses como me magoava o coração quando te punhas nas minhas mãos
como uma cordeirinha, a fim de que te amarrasse e fizesse o que quisesse, te tirava o movimento,
te petrificava, posso dizer que te fazia sentir penas mortais, e você me deixava fazer, e isto era
nada, o nó mais forte era que tu não podias sair daquele estado de penas no qual teu Sacrificador
Jesus te tinha posto se não viesse meu ministro para te chamar à obediência; era isto o que te
constituía verdadeira vítima, a nenhum enfermo, nem sequer aos mesmos encarcerados lhes é
negado o movimento e o pedir ajuda nas necessidades extremas, só para você meu amor tinha
preparado a cruz maior, porque coisas grandes queria e quero fazer de você, quanto maiores são
meus desígnios tanta cruz singular forma, e posso dizer que não houve jamais no mundo cruz
semelhante àquela que com tanto amor teu Jesus tinha preparado para ti. Por isso minha dor é
indescritível ao ver-me contrariado pelas criaturas, por quanta autoridade têm, nos modos que
quero ter com as almas querem impor-me as leis como se elas as entendessem melhor que Eu.
Por isso minha dor é grande, e minha Justiça quer punir aqueles que foram causa de tanto
sofrimento meu".
30-3
Novembro 16, 1931
Cada ato humano é um jogo, uma prenda para vencer as graças celestiais. O ato humano é
terra onde o Querer Divino põe sua semente. Como o amor constitui um direito.
(1) Sinto-me em poder da Divina Vontade, mas não forçada, mas voluntária, e sinto a viva
necessidade de conseguir também eu uma presa que me faça feliz no tempo e na eternidade, e por
isso em todos meus atos trato de tomar presa à luz da Divina Vontade, à sua santidade, à sua
própria Vida. Por isso a chamo, a tomo para raptá-la em meus atos, para encerrá-la neles e poder
dizer: "Cada ato meu é uma presa e uma conquista que faço". Presa e conquista da Vontade
Divina, muito mais, que tendo aprisionado a minha, sem vontade não posso viver, portanto é justo
e direito, que eu faça presa da sua, e neste tomar-nos como presa reciprocamente parece-me que
mantemos a correspondência, o jogo, e o amor de ambos os lados acende mais. Agora, enquanto
pensava isto, meu doce Jesus parecia que se agradava ao ouvir minhas loucuras, e eu dizia entre
mim: "Além disso sou pequena e recém-nascida apenas, se digo desatinos não é grande coisa,
mas bem há que me compadecer, porque os pequenos é fácil que digam desatinos, e muitas vezes
o amado Jesus se deleita dos desatinos feitos por puro amor, e toma ocasião deles para dar uma
lição, como de fato o fez". Visitando minha pequena alma me disse:
(2) "Minha pequena filha do meu Querer, é certo que tudo o que acontece entre o Criador e a
criatura, os atos que ela faz, e o que recebe de Deus, serve para manter a correspondência, para
conhecer-se mais, para amar-se mais e para manter o jogo entre um e outro, para conseguir o
intento do que quer Deus da criatura, e do que ela quer de Deus. Assim, cada ato é um jogo que se
prepara para fazer as mais belas vitórias e levá-las em penhor reciprocamente. O ato serve como
matéria para jogar e como penhor para ter o que dar a quem vence. Deus com dar põe sua prenda,
a criatura ao fazer seu ato põe a sua e organizam o jogo, e nossa bondade é tanta, que nos
fazemos fracos para fazer vencer a criatura, outras vezes nos fazemos fortes e vencemos Nós, e
isto o fazemos para colocá-la no ponto de que fazendo mais atos, ponha mais roupas e assim
poder vencer para refazer-se da derrota. Além disso, como poderia manter-se a união se nada
devíamos dar, e nada devia dar-nos a criatura?
Cada ato é um compromisso de gratidão, e umacorrespondência entre o Céu e a Terra,
e um jogo em que você chama seu Criador para se divertir
com você. Muito mais que cada ato feito pela Divina Vontade no ato da criatura, é uma semente
divina que germina nela, o ato prepara a terra onde minha Vontade lança sua semente para fazê-la
germinar em planta divina, porque de acordo com a semente que se lança no seio da terra, essa
planta nasce; se a semente é de flores, nascem flores; se a semente é de fruto, nasce o fruto.
Agora, minha Divina Vontade em cada ato de criatura lança uma semente diferente, onde lança a
semente da santidade, onde a semente do amor, em outros a semente da bondade, e assim do
resto, quanto mais atos faz nela, tanta terra prepara onde meu Querer põe sua semente distinta
para encher a terra destes atos humanos. Então, quem se faz dominar por minha Vontade Divina é
bela, é formosa, cada ato seu contendo a variedade de sementes divinas, é uma nota de seu
Criador: Um ato diz santidade, outro misericórdia, outro justiça, sabedoria, beleza, amor, em
resumo, se vê uma harmonia divina, com tal ordem que aponta o dedo de Deus que age nela. Vês
então a necessidade do ato da criatura para poder encontrar a terra onde pôr nossa semente
divina? Caso contrário, onde o colocaria? Nós não temos terra, por isso deve-nos formar com seus
atos, para poder com nossas sementes germinar nosso Ser Divino na criatura. Por isso quem faz e
vive em nosso Querer Divino, pode-se chamar aquele que reproduz a seu Criador, e abriga nela
Aquele que a criou".
(3) Depois continuava meus atos no Divino Querer, e minha pequenez queria abraçar tudo em meu
abraço de amor, para poder fazer correr meu pequeno amor em todas as coisas e por todas as
partes. Mas enquanto isso fazia, meu doce Jesus continuou:
(4) "Minha filha, amar significa possuir e querer fazer sua a pessoa ou ao objeto que se ama. Amar
significa vínculo, ou de amizade ou de parentesco ou de filiação, de acordo mais ou menos com a
intensidade do amor. Portanto, se entre a criatura e Deus não há nenhum vazio de amor divino, se
todos os seus atos correm para Deus para amá-lo, se do amor têm princípio e no amor terminam,
se olha todas as coisas que pertencem ao Ser Supremo como suas, isto diz amor de filho para com
o seu Pai, porque assim não se sai nem das propriedades divinas nem da habitação do Pai
Celestial, porque o amor verdadeiro constitui um direito na criatura, direito de filiação, direito de
participação de bens, direito de ser amado. Cada ato seu de amor é uma nota vibrante que bate no
coração divino e com seu som diz ‘Eu te amo, e me ame', e o som não termina se você não ouvir a
nota do seu Criador, que ecoando ao som da alma responde, ‘te amo oh filho'. Oh! Como
esperamos o te amo da criatura para fazê-la tomar o seu lugar no nosso amor, para ter o doce
gosto de poder dizer-lhe ‘te amo, oh filho', e assim poder dar-lhe mais direito de nos amar e de
fazê-lo pertencer à nossa família. Um amor interrompido e que não faz suas coisas, nem as
defende, não se pode chamar amor de filho, mas poderá ser amor de amizade, amor de
circunstância, amor de interesse, amor de necessidade, que não constitui um direito, porque só os
filhos têm direito de possuir os bens do Pai, e o Pai tem o sacrossanto dever, mesmo com leis
divinas e humanas de fazer possuir os bens a seus filhos. Por isso ama sempre, a fim de que
encontres em todos os teus atos o amor, o encontro, o beijo do teu Criador".
31-3
Agosto 14, 1932
Quem não vive na Divina Vontade, se encontra nas condições dos ociosos ante a luz do sol.
Quem vive nela possui a Santíssima Trindade em ato.
(1) Estava pensando na Divina Vontade e como quem se faz dominar por Ela, dando-lhe o pleno
domínio, todos os direitos são seus e tudo o que os demais obtêm por piedade, por misericórdia,
por bondade de Deus, ela o obtém por direito: por direito obtém a santidade, porque aquela que a
domina é Santa e tem virtude de transformar alma e corpo em santidade, em bondade, em amor,
assim que todas as vitórias, as conquistas, os direitos, são seus e como dona toma o Céu por
assalto. Que grande diferença entre quem vive na Divina Vontade e entre quem vive de vontade
humana! Mas enquanto isso eu pensava, meu adorável Jesus repetindo sua breve visita me disse:
(2) "Filha bendita, a diferença entre uma e outra é grande e incalculável; para quem não vive em
minha Vontade, Ela é como o sol para os ociosos, porque os investe com sua luz e os impele com
seu calor, eles não fazem nada, nada aprendem e nada ganham, e tornam estéril para eles a luz
do sol, e como estão sem fazer nada, cansam-se, aborrecem-se da mesma luz e buscam a
escuridão como repouso de sua infeliz ociosidade. Mas, para quem trabalha, a luz é operosa; é luz
ao olho para lhe mostrar o que deve fazer; porque, quanto à luz que tem fora, se o seu olho não
tem a vida da luz, de nada lhe servirá a luz que a circunda, e se não tem a luz exterior, de nada lhe
aproveitará ter a vida da luz em seu olho; minha paterna bondade tem posto tal união entre a luz
exterior que pode ter a criatura, e a de seu olho, que uma não pode agir sem a outra; é luz para as
mãos se quiser agir, se quiser escrever, se quiser ler, e assim do resto. Assim, a primeira parte que
atua na criatura é tomada pela luz, sem ela, seria sem dúvida difícil poder fazer algum bem, e
poder ganhar um pedaço de pão para viver. Agora, tal é a luz de minha Vontade para quem não
vive Nela, Ela investe e existe para todos, mas não é constante nem dominante no ato da criatura,
esta, com toda sua luz permanece ociosa, não aprende nada de divino, nem faz nenhuma
conquista, e as coisas mais belas cansam-na e estragam-na. A vontade que quer viver na minha é
como o olho cheio de luz, que se torna capaz de unificar-se com a luz da minha Vontade, que,
pondo-se de acordo entre elas, fazem e formam trabalhos e obras prodigiosas, capazes de fazer
maravilhar Céus e terra. Veja então o que significa viver em minha Vontade: Não estar ocioso, pôr-
se de acordo com a pequena luz da alma com a luz do Fiat eterno, para convertê-lo constante em
seus atos, e assim formar a inseparabilidade entre um e outro".
(3) Por isso a multidão de pensamentos sobre a Divina Vontade continuava em minha mente, e
meu Celestial Jesus adicionou:
(4) "Filha bendita, minha Vontade produz a luz na alma, a luz gera o conhecimento, luz e
conhecimento se amam e se geram ao amor. Assim que reina minha Vontade Suprema reina a
Trindade Sacrossanta em ato. Nossa Divindade adorável é levada por natureza, em modo
irresistível, sem jamais cessar, a gerar continuamente, e o primeiro ato gerador o fazemos em Nós
mesmos. O Pai me gera continuamente, e Eu, seu Filho, sinto-me gerado continuamente n'Ele, o
Pai Celestial me gera e me ama, Eu sou gerado e o amo, e de um e outro procede o amor. Neste
ato generativo que não cessa jamais, encerram-se todos nossos conhecimentos admiráveis,
nossos segredos, nossas felicidades, os tempos, nossas disposições, nossa potência e sabedoria,
tudo quanto a eternidade encerra, em apenas um ato gerador que forma todo o conjunto do nosso
Ser Divino. Por isso, este nosso amor recíproco que forma a Terceira Pessoa de nosso Ente
Supremo, inseparável de Nós, parece que não se contenta com nosso ato gerador em Nós, mas
quer gerar fora de Nós mesmos, nas almas, e eis que a tarefa a confiamos a nossa Vontade
animada por nosso amor, que desça nas almas e vá formar com sua luz nossa geração divina, mas
isto pode fazer em quem vive em nosso Querer, fora dele não há lugar para formar nossa Vida
Divina, nossa palavra não encontraria o ouvido para fazer-se ouvir, e faltando nossos
conhecimentos, o amor não encontraria a substância para gerar, e aqui a nossa Trindade
Santíssima desordenada na criatura. Por isso só nossa Vontade é a que pode formar nossa
geração divina, por isso seja atenta a escutar o que te quer dizer esta luz, para dar o campo a seu
ato gerador".
32-3
Março 26, 1933
A pequenez na Vontade Divina. Como as obras maiores, Deus as faz gratuitamente.
Exemplo: a Criação e Redenção, assim o reino da Divina Vontade. Na Encarnação os Céus se abaixam.
(1) Sinto-me como assediada, investida pela luz do Eterno Querer, minha pequenez é tanta, que
temendo de mim mesma não faço outra coisa que me esconder sempre mais nesta doce morada.
Oh! como desejaria destruir esta minha pequenez, a fim de não sentir outra coisa que o Querer
Divino, mas compreendo que não o posso, nem Jesus quer que seja de todo destruída, senão que
a quer pequena, mas viva, para poder operar dentro de um querer vivo, não morto, para poder ter
seu pequeno campinho de ação em minha pequenez, a qual sendo pequena, incapaz, débil, com
razão deve prestar-se a receber o grande agir do Fiat Divino. Agora, nesta morada às vezes tudo é
silêncio, pacífico, com uma serenidade que nem sequer um sopro de vento se sente, outras vezes
sopra um leve ventinho que refresca e fortifica, e o Celestial Habitante Jesus se move, se deixa
ver, e com todo amor fala de sua morada e do que fez e faz seu amável e adorável Querer.
Enquanto estava nisto, a minha amada Vida fazendo-se ver me disse:
(2) "Minha pequena filha da minha Vontade, tu deves saber que a pequenez da criatura nos serve
como espaço onde poder formar nossas obras, nos serve como o nada da Criação, e porque é
nada, chamamos a vida dentro dela nossas obras mais belas; queremos que esta pequenez esteja
vazia de tudo o que a Nós não pertence, mas viva, a fim de que sinta quanto a amamos, e sinta a
vida das obras de nossa Vontade que desenvolve nela, por isso deve contentar-se em ficar viva
sem que você seja a dona, porque este é o grande sacrifício e heroísmo de quem vive de Vontade
Divina, sentir-se viva para sofrer o domínio divino, a fim de que faça o que quer, como quer, quanto
quer, este é o sacrifício dos sacrifícios, o heroísmo dos heroísmos. Parece-te pouco sentir a vida do
próprio querer para servir-se não a si mesmo, como se não tivesse direitos, perder a própria
liberdade voluntariamente para que sirva a minha Vontade, dando-lhe seus justos direitos?"
(3) Jesus fez silêncio, e depois, como se lesse em minha alma certas dúvidas passadas minhas
acerca da Divina Vontade, acrescentou:
(4) "Minha filha, as maiores obras feitas por nosso Ente Supremo, todas foram feitas gratuitamente,
sem levar em conta se as criaturas as mereciam ou nos sugeriam; se puséssemos atenção a isto
nos conviria atar os braços e não fazer mais obras, porque as criaturas ingratas não nos
glorificariam; e ficarmos sem sequer ter o bem de nos fazer glorificar e louvar pelas nossas próprias
obras, ah não, não! uma só obra nossa nos glorifica mais que todas as obras unidas de todas as
gerações humanas, um ato cumprido de nossa Vontade enche Céu e terra, e com sua virtude e
potência regenerativa e comunicativa nos regenera tanta glória que não termina jamais, e que as
criaturas apenas as gotinhas lhes é dado compreender. Com efeito, que mérito tinha o homem
quando criamos o céu, o sol, e todo o resto? Ele não existia ainda, nada nos podia dizer, assim que
a Criação foi uma obra grande, de magnificência maravilhosa, toda gratuita de Deus.
(5) E a Redenção, acha que o homem a mereceu? De maneira nenhuma, foi toda gratuita, e se nos
rogou foi porque Nós lhe fizemos a promessa do futuro Redentor, e não foi ele o primeiro a nos
dizer, senão Nós, era nosso decreto todo gratuito que o Verbo tomasse carne humana, e foi
cumprido quando o pecado, a ingratidão humana galopavam e enchiam toda a terra, e se alguma
coisa pareceu que faziam, eram apenas gotinhas que não seriam suficiente para merecer uma obra
tão grande, que dá no incrível, que um Deus se faça semelhante ao homem para colocá-lo a salvo,
e que por acréscimo o tinha ofendido tanto.
(6) Agora, a grande obra de fazer conhecer minha Vontade, a fim de que reine no meio das
criaturas, será uma obra nossa toda gratuita; e aqui está o engano, que creem que haverá mérito e
a parte das criaturas, ah! sim, estará, como as gotinhas dos hebreus quando vim redimi-los, mas a
criatura é sempre criatura, por isso nossa parte será toda gratuita, que abundando-a de luz, de
graça, de amor, a atropelaremos de modo que sentirá uma força jamais sentida, amor jamais
provado, sentirá mais viva nossa Vida palpitante em sua alma, tanto, que lhe será doce fazer
dominar a nossa Vontade. Esta nossa Vida existe ainda na alma, foi-lhe dada por Nós desde o
princípio de sua criação, mas está tão reprimida e escondida, que está como se não a tivesse, está
como o fogo sob as cinzas, que coberto e como esmagado sob elas não faz sentir o benefício da
vida de seu calor, mas suponha que um vento forte afasta as cinzas do fogo, e este faz ver e sentir
sua vida; assim o vento forte da luz de meu Fiat porá em fuga os males, as paixões, que como
cinzas escondem a Vida Divina nelas, e sentindo-a viva terão vergonha de não fazer dominar a
nossa Vontade. Minha filha, o tempo dirá tudo, e os que não acreditam ficarão confusos".
(7) Depois disto seguia a Divina Vontade na Encarnação do Verbo, para fazer correr meu amor,
minha adoração e agradecimento neste ato tão solene e cheio de ternura e de amor excessivo que,
Céu e terra são sacudidos e ficam mudos, não encontrando palavras dignas para louvar um
excesso de amor tão surpreendente, e meu doce Jesus com uma ternura que me faz partir o
coração me disse:
(8) "Filha amadíssima, em minha Encarnação foi tanto o amor, que os Céus se abaixaram e a terra
se elevou; se os Céus não se abaixavam, a terra não tinha virtude de elevar-se, foi o Céu de nosso
Ente Supremo que levado por um excesso de amor, o maior já ouvido, se abaixou, beijou a terra
elevando-a a Si, e formou-se as vestes de minha Humanidade para cobrir-se, ocultar-se, identificar-
se, unindo-se juntos para fazer vida comum com ela; e formando não um só excesso de amor,
senão uma cadeia de contínuos excessos, restringia a minha imensidão no pequeno cerco da
minha humanidade, para Mim a potência, a imensidão, a força, eram natureza, e usá-las não me
teria custado nada, o que me custou foi que na minha Humanidade devia restringir a minha
imensidão e ficar como se não tivesse nem potência, nem força, enquanto estavam comigo e
inseparáveis de Mim, e devia adaptar-me aos pequenos atos de minha Humanidade, e só por
amor, não porque não podia, assim que descendo em todos os atos humanos para elevá-los e dar-
lhes a forma e a ordem divina. O homem com fazer sua vontade destruiu em si o modo e a ordem
divina, e minha Divindade coberta por minha Humanidade veio a refazer o que ele tinha destruído;
pode-se dar amor maior para uma criatura tão ingrata?”
33-3
Dezembro 10, 1933
A primeira palavra que Adão pronunciou. Qual foi a primeira lição que Deus lhe deu. A Divina Vontade operante no homem.
(1) Sou sempre a pequena ignorante do Ser Supremo, e quando o Querer Divino me submerge em
seus mares, vejo que apenas as vogais, se acaso, conheço de sua Majestade adorável, é tanta
minha pequenez que apenas algumas gotas sei tomar de tanto que possui o Criador. Então,
girando nas obras do Fiat Divino, detive-me no Éden, onde me fez presente a criação do homem e
pensava para mim: "Qual terá sido a primeira palavra que Adão disse quando foi criado por Deus".
E meu Sumo Bem Jesus, visitando-me com sua breve visita, com toda bondade, como se Ele
mesmo quisesse me dizer me disse:
(2) "Minha filha, também Eu sinto o desejo de te dizer qual foi a primeira palavra pronunciada pelos
lábios da primeira criatura criada por Nós. Tu deves saber que assim que Adão sentiu a vida, o
movimento, a razão, viu o seu Deus diante dele, compreendeu que Ele o tinha formado, sentia em
si, em todo o seu ser ainda frescas as impressões, o toque de suas mãos criadoras, e agradecido,
num ímpeto de amor pronunciou sua primeira palavra: ‘Te amo Deus meu, Pai meu, autor da minha
vida'. Mas não foi só a palavra, mas a respiração, o batimento, as gotas de seu sangue que corriam
por suas veias, o movimento, todo seu ser unido, a coro disseram: ‘Te amo, te amo, te amo'.
Assim, a primeira lição que aprendeu do seu Criador, a primeira palavra que aprendeu a dizer, o
primeiro pensamento que teve vida em sua mente, a primeira batida que formou em seu coração,
foi: ‘Te amo, te amo’. Ele se sentiu amado e amou. Poderia dizer que seu te amo não terminava
jamais, foi tão prolongado que só foi interrompido quando teve a infelicidade de cair em pecado.
Por isso nossa Divindade sentiu-se ferida ao ouvir sobre os lábios do homem, te amo, te amo, era
a mesma palavra que Nós havíamos criado no órgão de sua voz que nos dizia: ‘Te amo'. Era nosso
amor, criado por Nós na criatura que nos dizia te amo, como não ficar ferido, como não
corresponder com um amor mais abundante, mais forte, digno de nossa magnificência?
Assim que o ouvimos dizer te amo, assim Nós lhe repetimos ‘te amo', mas em nosso ‘te amo' fizemos correr
em todo seu ser a Vida que age de nossa Divina Vontade, assim que encerramos no homem, como
dentro de nosso templo, nossa Vontade, para que encerrada no círculo humano, enquanto
permanecia em Nós, operasse coisas grandes e fora Ela o pensamento, a palavra, o batimento, a
passagem, a obra do homem; o nosso amor não podia dar coisa mais santa, mais bela, mais
potente, que pudesse formar a Vida do Criador na criatura, que a nossa Vontade que age nele, e
oh! como nos era agradável ver que nossa Vontade tinha seu posto de atuação, e o querer humano
deslumbrado por sua luz gozava seu paraíso, e dando-lhe plena liberdade o fazia fazer o que
queria, dando-lhe o primado em tudo, e o posto de honra que a um Querer tão Santo convinha. Vê
então como o princípio da vida de Adão foi um ato pleno de amor a Deus de todo seu ser, que
lições sublimes, como o princípio do amor devia correr em tudo feito pela criatura.
A primeira lição que recebeu do nosso Ser Supremo na correspondência do seu ‘te amo', foi que enquanto a amava
ternamente respondendo-lhe ‘te amo', dava-lhe a primeira lição sobre a nossa Divina Vontade, e
enquanto o instruía lhe comunicava a Vida d’Ela e a ciência infusa do que significava nosso Fiat
Divino, e cada vez que nos dizia ‘te amo', nosso amor preparava-lhe outras lições mais belas sobre
nosso Querer; ele ficava arrebatado e Nós nos deleitávamos em conversar com ele, e fazíamos
correr sobre ele rios de amor e de alegrias contínuas, assim que a vida humana era encerrada por
Nós no amor e em nossa Vontade. Por isso minha filha, não há dor maior para Nós que ver nosso
amor como destroçado na criatura e nossa Vontade impedida, sufocada, sem sua Vida constante e
como submetida ao humano querer. Por isso seja atenta e em todas as coisas tenha por princípio o
amor e minha Divina Vontade".
34-3
Dezembro 15, 1935
O verdadeiro amor quer fazer-se conhecer, expande-se, corre e voa em busca de quem ama,
porque sente a necessidade de ser amado. Poder do ato criador que é recebido quando se gira na Criação.
(1) Minha pobre mente é sempre transportada no mar da Divina Vontade, a qual me faz presente e
tem como em ato tudo o que tem feito por amor das criaturas, e suspira que elas reconheçam o
que tem feito, quanto nos amou, e nos espera em seus atos para dizer: "Façamos juntos, não me
deixe operar sozinha, a fim de que o que Eu fiz, o faça você, e assim poderemos dizer, com igual
amor nos amamos". Como é belo poder dizer uns aos outros: "Você me amou e eu te amei". É a
recompensa das obras maiores e dos sacrifícios mais dolorosos.
(2) Depois minha mente girava na Criação, naquele ato quando o Fiat Onipotente pronunciando-se
criava e estendia o céu azul, e meu eterno amor para ter-me junto com Ele neste ato, e meu doce
Jesus, fazia festa porque tinha sua companhia, e parando me disse:
(3) "Minha filha boa, amar e não fazer-se conhecer é contra a natureza do verdadeiro amor, porque
o verdadeiro amor por si mesmo se expande e corre, voa em busca de quem ama, e só se detém
quando a encontrando a prende, a esconde em seu amor, e transformando-a nas suas próprias
chamas quer encontrar o seu mesmo amor nela, as suas próprias obras feitas por quem ama por
amor d'Ele. E como a criatura jamais pode fazer o que fazemos Nós por ela, nosso Amor para
conseguir o que quer chama a criatura a Si, a esconde em seu mesmo amor e fá-la trabalhar
juntamente com o nosso ato criador e conservante, e assim na realidade a criatura pode dizer:
‘Amei-te, o que Tu fizeste por mim, eu fiz por Ti'.
E Nós nos sentimos em realidade amados por ela com nosso Amor e com nossas mesmas obras.
Você deve saber que quando a criatura se eleva com sua vontade na nossa nas coisas criadas por Nós,
nossa Entidade Suprema renova sobre ela o ato criador, e oh! as maravilhas que fazemos de graças,
de santidade, de céu, de sóis em sua
alma, nosso ato deleita-se em repetir-se, e quando ela gira nas coisas criadas, nosso amor quer
fazer-se conhecer, quer que sinta quanto a ama, e repete sobre ela o nosso ato criador que não
está jamais sujeito a cessar, de modo que sente todo o ímpeto de nosso amor, a potência de
nossas obras, e presa de estupor nos ama com nossa força criadora que infundimos nela; e oh!
nosso contentamento por nos vermos conhecidos e amados por quem tanto amamos. Por isso
criamos tantas coisas, porque esperávamos a criatura para fazer conhecer quanto a amamos, e
para dar a ela em cada coisa criada o potencial de nosso amor para nos fazer amar; o amor
quando não é conhecido se torna infeliz, e quando não é amado por quem ama sente perder a
vida, impedido, romper os passos, e pôr no esquecimento suas obras mais belas.
Mas quando é conhecido e amado, sua vida se multiplica, e eis nosso ato criador sobre a criatura para ser amada
como Nós a amamos, nossos passos são livres, mas bem voam para tomar a amada criatura,
estreitá-la a nosso seio para amá-la e fazer-nos amar, nosso amor sente a felicidade do amor que
ela lhe leva. Por isso não há honra maior que nos possa dar do que vir em nossa Divina Vontade,
Nós assim que a vemos vir colocamos à sua disposição toda a Criação, porque é sua, para ela foi
feita, e conforme gira em cada coisa criada encontra nossa potência criadora, que ao investi-la
comunica o nosso amor que cada uma possui, e nos possa amar com a nossa força criadora, que
é fonte, e nos possa amar como queira e quanto queira, e assim o amor do Criador e da criatura se
dão o beijo, um se repousa no outro e ambos sentem o contentamento de amar-se
verdadeiramente. Oh! como é bela a companhia de quem nos ama, é tanto nossa alegria, que
nosso amor surge e inventa outras obras mais belas, outras indústrias amorosas para amar e fazer-
nos amar".
35-3
Agosto 15, 1937
Império que possuem os atos feitos na Divina Vontade. Deus é cabeça dos atos de quem vive n’Ela.
(1) Meu voo continua no Querer Divino, suas surpresas são sempre novas, investidas de tal amor,
que fica um envolto e com a alma transbordante de alegria, e se quisesse estar escondida n‟Ele
sem jamais sair. Oh! Vontade adorável, como gostaria que todos te conhecessem, te amassem, te
fizessem reinar e se fizessem tomar em tua rede de amor. Mas enquanto isso pensava, meu doce
Jesus visitando minha pequena alma, todo bondade me disse:
(2) "Pequena filha de meu Querer, as surpresas, as novidades, os segredos, os atrativos que meu
Querer possui são sem número, e quem entra n‟Ele fica renovado, magnetizado, tanto, que não
pode nem quer sair d‟Ele, sente seu império divino que o investe, o bálsamo celestial que mudando
sua natureza o faz ressurgir a nova vida. Agora, tu deves saber que minha Divina Vontade dá tal
império à criatura que vive n‟Ela, que conforme faz seus pequenos atos, sente seu império: se
ama, sente o império de seu amor; se fala, sente sua força criadora; se age, sente o império, a
virtude de suas obras que se amontoam ao redor das suas, e dando-lhe seu mesmo império a
levam a cada coração para fazê-la imperar e dominar sobre cada um. Meu Querer sente seu
império no ato da criatura e se sente obrigado a ceder o que a criatura quer naquele ato: Se quer
amar, com seu ato nos faz amar e nos faz dar amor; se quer que nossa Vontade reine, com seu
império nos faz chegar a pedir às almas que a recebam. Um ato feito em nosso Querer não se
detém, nos diz: „Sou ato teu, deves dar-me o que quero'. Pode-se dizer que toma em um punho
nossa potência, a duplica, a multiplica, e imperante não pede mas toma o que seu ato quer, muito
mais que em nosso Querer, Nós mesmos não queremos que haja atos diferentes dos nossos, por
isso somos Nós mesmos os que nos fazemos imperar e dominar".
(3) Jesus fez silêncio, e eu não sei nem sequer dizer o que sentia, minha mente estava tão
magnetizada por suas palavras e investida por seu império, que queria pôr a vida para que todos
conhecessem a Divina Vontade. E meu amado Jesus, retomando seu dizer me disse:
(4) "Minha filha, não há nada de que se maravilhar, o que te digo é a pura verdade, minha Vontade
é tudo e pode tudo, e não pôr em nossas condições quem vive n‟Ela não é de nosso Ser Supremo,
ao mais se pode ver que em Nós é natureza, e para quem vive n‟Ela é graça, participação,
desabafo do nosso amor, Vontade nossa que quer que assim seja a criatura. Por isso queremos
que viva em nosso Querer, para fazer que seus atos e os nossos estejam fundidos juntos e soem
com um mesmo som, tenham um mesmo valor, um só amor. Resistir a um ato nosso nem podemos
nem queremos, é mais, você deve saber que viver em nosso Querer é unidade, tanto, que se a
criatura ama, Deus está à cabeça de seu amor, assim que o amor de um e da outra é um só; se
pensa, Deus está à cabeça de seu pensamento; se fala, Deus é princípio de sua palavra; se a
criatura trabalha, Deus é o primeiro ator e obrador de suas obras; se caminha, põe-se à cabeça de
seus passos.
Por isso viver em minha Vontade não é outra coisa que a vida da criatura em Deus, e
a de Deus nela; deixar separada de nosso amor, de nossa potência, de nossos atos a quem vive
em nosso Querer, nos resulta impossível, se uma é a Vontade todo o resto vai junto, unidade de
amor, de obras e de tudo. É por isso que viver em nosso Fiat Divino é o prodígio dos maiores
prodígios, jamais visto nem ouvido, é nosso amor exuberante, que não podendo conter-lhe
queríamos fazer este prodígio que só um Deus podia fazer na criatura, mas que ingrata não
aceitou, mas Nós não mudamos Vontade, e apesar de termos sido combatidos e de que nosso
amor foi reprimido de tal forma que nos faz sentir espasmos, usaremos tais excessos de amor, tais
indústrias e estratagemas, que conseguiremos nossa tentativa, que uma seja nossa Vontade com a
da criatura".
36-3
Abril 20, 1938
Como o "tenho sede" de Jesus na cruz, continua ainda a gritar a cada coração: "Tenho
sede". A verdadeira ressurreição está em ressurgir no Querer Divino. A quem vive n’Ele nada é negado.
(1) Meu voo continua no Querer Divino, e sinto a necessidade de fazer meu tudo o que tem feito,
pôr nisso meu pequeno amor, meus beijos afetuosos, minhas adorações profundas, meu obrigado
por tudo o que tem feito e sofrido por mim e por todos, e tendo chegado ao momento em que o
meu amado Jesus foi crucificado e levantado na cruz entre espasmos atrozes e penas inéditas,
com sotaque terno e lastimoso, tanto que me sentia partir o coração, disse-me:
(2) "Minha filha boa, a pena que mais me transpassou sobre a cruz foi minha sede ardente, me
sentia queimado vivo, todos os humores vitais tinham saído por minhas chagas, que como tantas
bocas queimavam e sentiam uma sede ardente que queriam apagar, tanto, que não podendo me
conter gritei: ‘Sede’. Esta ‘sede’ permanece sempre no ato de dizer: ‘Tenho sede’. Não termino
jamais de dizê-lo, com minhas chagas abertas e com minha boca queimada digo sempre: ‘Eu ardo,
tenho sede, ah! Dá-me uma gota do teu amor para dar um pequeno refresco à minha sede
ardente’. Portanto, em tudo o que a criatura faz, eu repito-lhe sempre com a minha boca aberta e
queimada pela sede: ‘Dá-me de beber, tenho sede ardente'. E como minha Humanidade deslocada
e chagada tinha um só grito: ‘Tenho sede', por isso, conforme a criatura caminha, Eu grito a seus
passos com minha boca ardida:
‘Me dê seus passos feitos por meu amor para acalmar minha
sede'; se age, peço-lhe suas obras feitas só por meu amor para refresco de minha sede ardente; se
fala, peço-lhe suas palavras; se pensa, peço-lhe seus pensamentos como tantas gotinhas de amor
para aliviar a minha sede ardente. Não era somente minha boca que se queimava, mas toda minha
Santíssima Humanidade sentia a extrema necessidade de um banho de refresco ao fogo ardente
de amor que me queimava, e como era pela criatura que Eu queimava em meio de penas
dilacerantes, por isso somente elas podiam, com o seu amor, extinguir a minha sede ardente e dar
o banho de refresco à minha Humanidade. Agora, este grito: ‘Sede', deixei-o em minha Vontade, e
Ela tomava o empenho de fazê-lo ouvir a cada instante nos ouvidos das criaturas, para movê-las a
compaixão de minha sede ardente, para dar-lhes meu banho de amor e receber seu banho de
amor, ainda que sejam pequenas gotinhas, como alívio da minha sede que me devora, mas quem
me escuta? Quem tem compaixão de mim? Só quem vive em minha Vontade, todos os demais se
fazem surdos e aumentam com sua ingratidão minha sede, o que me deixa intranquilo, sem
esperança de alívio. E não só o meu ‘sede', mas tudo o que fiz e disse o deixei em minha Vontade;
estou sempre em ato de dizer à minha Mãe sofredora: ‘Mãe, eis seus filhos'. E a coloco a seu lado
como ajuda, por guia, para fazê-la amar por filhos, e Ela a cada instante se sente pondo por seu
Filho ao lado de seus filhos, e oh, como os ama como Mamãe, e lhes dá sua Maternidade para me
fazer amar por eles como Ela me ama! E não só isto, mas também ao dar sua Maternidade põe o
amor perfeito entre as criaturas, a fim de que se amem entre elas com amor materno, que é amor
de sacrifício, de desinteresse e constante. Mas quem recebe todo este bem? Que vive no nosso
Fiat. Esta criatura sente a Maternidade da Rainha; Ela, pode-se dizer que põe o seu coração
materno na boca dos seus filhos para que suguem e recebam a Maternidade do seu amor, as suas
doçuras e todos os seus dotes, das quais está enriquecido o seu materno coração.
(3) Minha filha, quem quiser nos encontrar, quem quiser receber todos nossos bens e a minha
própria Mãe, deve entrar em nossa Vontade e deve permanecer dentro, Ela não só nos é Vida,
mas também forma em torno de Nós com sua imensidão, nossa sala, na qual mantém todos os
nossos atos, palavras e tudo o que somos, sempre em ação. Nossas coisas não saem de nossa
Vontade, quem as queira se deve contentar em fazer vida junto com Ela, e então tudo é seu, nada
lhe é negado; enquanto que se queremos dar-lhe e não vive em nosso Querer, não as apreciará,
não as amará, não se sentirá com o direito de fazê-las suas, e quando as coisas não se tornam
próprias, o amor não surge e morre".
(4) Depois disto continuava meu giro em tudo o que fez Nosso Senhor sobre a terra, e detive-me
no ato da Ressurreição. Que triunfo, que glória! O Céu se derramou sobre a terra para ser
espectador de uma glória tão grande. E o meu amado Jesus regressou e disse-me:
(5) "Minha filha, na minha Ressurreição foi constituído o direito a todas as criaturas de ressurgir em
Mim para uma nova vida, foi a confirmação, o selo de toda a minha Vida, das minhas obras, das
minhas palavras, e confirmação de que se vim à terra foi para dar-me a todos e a cada um como
Vida que lhes pertencia. Minha Ressurreição era o triunfo de todos e a nova conquista que todos
faziam d’Aquele que tinha morrido por todos, para lhes dar vida e fazê-los ressurgir em minha
mesma Ressurreição. Mas queres saber onde consiste a verdadeira ressurreição da criatura? Não
no final dos dias, mas enquanto ainda vive na terra; quem vive na minha Vontade ressurge à luz e
pode dizer: ‘Minha noite acabou'; ressurge no amor do seu Criador, de modo que não existe mais
para ela o frio, as neves, mas sente o sorriso da primavera celestial; ressurge à santidade, a qual
põe em precipitosa fuga às fraquezas, às misérias, às paixões; ressurge a tudo o que é Céu, e se
olha a terra, o céu, o sol, olha-os para encontrar as obras do seu Criador, para ter ocasião de lhe
contar sua glória e sua longa história de amor. Por isso quem vive em meu Querer, pode dizer
como disse o anjo às piedosas mulheres quando foram ao sepulcro:
‘Ressuscitou, não está mais aqui', e diz: 'Minha vontade não está mais comigo, ressuscitou no Fiat'. E se as circunstâncias da
vida, as ocasiões, as penas, circundam a criatura como buscando sua vontade, ela pode
responder: ‘Minha vontade ressuscitou, não a tenho mais em meu poder, em substituição tenho à
Divina Vontade e com sua luz quero investir tudo o que me circunda: Circunstâncias, penas, para
formar nelas tantas conquistas divinas'. Quem vive em nosso Querer encontra a vida nos atos de
seu Jesus, e corre sempre nela nossa Vontade trabalhadora, conquistante e triunfante, e nos dá tal
glória que o Céu não pode contê-la. Por isso vive sempre em nosso Querer, não saia jamais d’Ele
se quiser ser nosso triunfo e nossa glória".
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