MEDITAÇÃO
Volume 1
(115) Depois disso voltei a mim mesma e percebi que estava rodeada pela família, todos choravam e estavam alarmados e tinham tal temor de que se repetisse esse estado, pensando que morreria, que decidiram voltar a Corato O mais rápido possível para me fazer observar pelos médicos. Não sei dizer por que sentia tanta pena ao pensar que devia ser examinada pelos médicos, muitas vezes chorava e me lamentava com o Senhor dizendo:
"Quantas vezes, ó Senhor, te roguei que me faça sofrer em segredo, isto era meu único contentamento, e agora também disto estou privada. ¡ Ah! me diga, como farei? Só você pode me ajudar e me consolar em minha aflição, não vê tantas coisas que dizem? Uns pensam de um modo e outros de outro, quem quer aplicar-me um remédio e quem outro, são todos olhos sobre mim, de modo que não tenho mais paz. Ah, socorre-me em tantas penas, porque me sinto faltar a vida". E o Senhor benignamente acrescentou:
(116) "Não queiras afligir-te por isto, o que quero de ti é que te abandones como morta entre meus braços. Até que você mantenha os olhos abertos para ver o que Eu faço e o que fazem e dizem as criaturas, Eu não posso livremente agir sobre você. Não queres confiar em mim? Não sabes o quanto te amo e que tudo o que permito, ou através das criaturas ou através dos demónios, ou através de mim diretamente, é para o teu verdadeiro bem e não serve para outra coisa senão para conduzir a tua alma ao estado para o qual a escolhi? Por isso quero que de olhos fechados esteja em meus braços, sem olhar nem investigar isto ou aquilo, confiando inteiramente em Mim e deixando-me operar livremente. Se em troca queres fazer o contrário, perderás tempo e chegarás ao oposto do que quero fazer de ti. Quanto às criaturas, use um profundo silêncio, seja benigna e dócil com todos, faça que sua vida, seu respiro, seus pensamentos e afetos, sejam contínuos atos de reparação que aplaquem minha Justiça, oferecendo-me também as moléstias que te dão as criaturas, que não serão poucas".
(117) Depois disto fiz quanto mais pude para resignar-me à Vontade de Deus, ainda que muitas vezes era posta em tais problemas por parte das criaturas, que às vezes não fazia outra coisa senão chorar. Chegou o momento de receber a visita do médico, e julgou que meu estado não era outra coisa que um problema nervoso, pelo que receitou medicamentos, distrações, passeios,
banhos frios, recomendou à família que me cuidassem bem quando era surpreendida por aquele estado de ficar petrificada.
(118) Então começou uma guerra por parte da família, impediam-me de ir à igreja, não me davam já a liberdade de ficar só, era observada continuamente, pelo que freqüentemente percebiam que caía nesse estado. Muitas vezes me lamentava com o Senhor dizendo lhe:
119) "Meu bom Jesus, quanto aumentaram as minhas penas, até das coisas mais amadas estou privada, como são os Sacramentos. Nunca pensei que chegaria a isso, quem sabe onde irei terminar. Ah! Dê-me ajuda e força, porque minha natureza desfalece". Muitas vezes dignava-se bondosamente dizer-me algumas palavras, por exemplo:
(120) "Eu sou a tua ajuda, de que temes? Não te lembras que também sofri da parte de todo o tipo de pessoas? Uns pensavam de Mim de um modo, e outros de outro, as coisas mais santas que Eu fazia eram julgadas por eles como defeituosas, más, até me disseram que era um Endemoninhado, tanto que me viam com olhos sinistros, tinham-me entre eles mas de má vontade, e maquinavam entre eles tirar-me a vida o mais depressa possível, porque a minha presença se tinha tornado intolerável para eles. Então, não queres que te faça semelhante a Mim fazendo-te sofrer por parte das criaturas?".
(121) E assim passei alguns anos sofrendo por parte das criaturas, dos demônios e diretamente de Deus, às vezes chegava a tanta amargura por parte das criaturas, e pelo modo como pensavam, que tinha vergonha de que qualquer pessoa me visse, tanto, que o meu maior sacrifício era aparecer no meio das pessoas; tanta era a vergonha e a confusão que me sentia atordoada.
Houve outras visitas de outros médicos, mas não serviram para nada, às vezes derramando amargas lágrimas dizia-lhe com todo o coração: "Senhor, como se tornaram públicos os meus sofrimentos, agora não só a família o sabe mas também os estranhos me vejo toda coberta de confusão, parece-me que todos me apontam com o dedo, como se estes sofrimentos fossem as mais más ações, eu mesma não sei dizer o que me acontece. Ah! Só Tu podes libertar-me de tal publicidade e fazer-me sofrer ocultamente. Peço-te, suplico-te, escuta-me favoravelmente".
2-16
Abril 23, 1899
Os louvores e desprezos dos outros
(1) Hoje meditei sobre o mal que pode vir às nossas almas pelos louvores que as criaturas não nos dão. Enquanto o aplicava a mim mesma para ver se havia em mim a complacência pelos louvores humanos, Jesus aproximou-se de mim e disse-me:
(2) "Quando o coração está cheio do conhecimento de si mesmo, os louvores dos homens são como aquelas ondas do mar, que se elevam e transbordam mas jamais saem de seus limites, assim os louvores humanos fazem estrondo, alvoroçam, aproximam-se até o coração, mas encontrando-o cheio e bem circundado pelos fortes muros do conhecimento de si mesmo, não tendo portanto onde ficar, voltam-se atrás sem fazer nenhum mal à alma, por isso deves estar atenta a isto, que os louvores e os desprezos das criaturas não devem ser levados em conta".
3-14
Novembro 27, 1899
A graça faz feliz a alma.
(1) Esta manhã meu amado Jesus não vinha, mas depois de muito esperar, enquanto o Vi me lamentei com Ele por sua demora, dizendo-lhe: "Senhor bendito, como é que demoras tanto, talvez te tenhas esquecido que não posso estar sem Ti? Ou por acaso perdi a tua graça e por isso não vens?" E Ele interrompeu os meus lamentos e disse-me:
(2) "Minha filha, sabes o que faz a minha graça? Minha graça faz feliz a alma dos bem-aventurados compromissados, e torna feliz a alma dos viadores, com esta única diferença, que os compromissados se alegrando e deleitando-se, e os viadores trabalhando e colocando-a em comércio. Assim, quem possui a graça, tem em si mesma o paraíso, porque a graça não é outra coisa que possuir-me a Mim mesmo, e sendo Eu só o objeto encantador que encanta a todo o paraíso e que formo todos os contentos dos bem-aventurados, a alma, possuindo a alma, possuindo a graça, onde quer que se encontre possui o seu paraíso".
4-15
Outubro 2, 1900
Estado de vítima pela Itália e Corato.
(1) Temendo que não fosse mais Vontade de Deus meu estado, ao vir o bendito Jesus disse:
"Quanto temo que já não seja Vontade teu estado, porque vejo que me faltam as duas coisas principais que me haviam atado, isto é, o sofrimento e tua presença".
(2) E Ele: "Minha filha, não é que não queira ter-te mais neste estado, senão como quero castigar ao mundo, por isso não venho e te faço faltar o sofrer".
(3) E eu: "Para que estou neste estado?"
(4) E Ele: "Tua posição de vítima e teu contínuo esperar me desarmam os braços, porque tu não me vês, Eu em troca te vejo muito bem e numero todos os teus suspiros, tuas penas, teus desejos de me amar, e este teu estar toda atenta em Mim, é sempre um ato de reparação por tantos que não se preocupam comigo, nem me desejam, mas sim me desprezam e estão todos atentos às coisas terrenas, enlameados na sujeira dos vícios. Então, seu estado sendo totalmente oposto ao deles, vem sempre a desarmar a justiça, tanto, que ter você neste estado e começar as guerras sangrentas na Itália, me resulta quase impossível".
(5) E eu: "Ah! Senhor, estar neste estado sem sofrer me parece quase impossível, sinto que me faltam as forças, porque a força para estar neste estado me vem dos sofrimentos. Então, faltando-me estes, algum dia que não venha eu tratarei de sair, te digo isso antes a fim de que não te desgoste".(6) E Ele: "Ah sim, sim, sairá deste estado quando começar a matança na Itália, então te suspenderei de tudo".
(7) Enquanto dizia isto, fazia-me ver as guerras ferozes que deverão acontecer tanto entre os leigos, como aquelas contra a Igreja; o sangue inundava as cidades como quando há uma chuva densa, meu pobre coração se retorceu pela dor ao ver isto, E pensando na minha cidade, eu disse:
"Ah! Senhor, se Tu dizes que me suspenderás de todo, dás a entender que nem sequer do pobre Corato terás compaixão, nem o perdoarás?".
(8) E Ele: "Se os pecados chegam a um certo número, de modo que não mereçam ter almas vítimas, e aqueles que te têm vítima não se interessam, Eu não terei nenhuma consideração de Corato".
(9) Dito isto desapareceu, e eu fiquei toda afligida e oprimida.
5-14
Junho 16, 1903
O que torna a alma mais amada, mais bela, mais amável e mais íntima com Deus, é a perseverança no agir só para agradar a Ele.
(1) Continuando o meu habitual estado, encontrei-me fora de mim mesma, e via o menino Jesus que tinha na mão uma taça cheia de amargura e uma vara, e Ele disse-me:
(2) "Olha minha filha que taça de amargura me dá a beber continuamente o mundo".
(3) E eu: "Senhor, parti-me algo a mim, assim não sofrerás sozinho".
(4) Então me deu a beber um pouquinho daquela amargura, e depois com a vara que tinha na mão pôs-se a trespassar-me o coração, tanto que fazia um buraco de onde saía um rio daquela amargura que tinha bebido, mas mudada em leite doce, e ia à boca do menino, que tudo se adoçava e confortava, e depois me disse:
(5) "Minha filha, quando dou à alma o amargo, as tribulações, se a alma se uniformiza à minha Vontade, se me agradece por isso, e disso me faz um presente oferecendo-o a Mim mesmo, para ela é amargo, é sofrimento, e para Mim se muda em doçura e alívio, mas o que mais me alegra e me dá prazer, é ver se a alma quando obra e padece está atenta a me agradar somente a Mim, sem outro fim ou propósito de recompensa, porém o que faz mais querida à alma, mais bela, mais amável, mais íntima no Ser Divino, é a perseverança neste modo de comportar-se, tornando-a imutável junto com o imutável Deus; porque se hoje faz e amanhã não; se uma vez tem um fim, e outra vez outro; hoje trata de agradar a Deus, amanhã às criaturas, é imagem de quem hoje é rainha e amanhã é vilíssima serva, hoje se alimenta de deliciosos alimentos e amanhã de porcarias".
(6) Pouco depois desapareceu, mas logo voltou acrescentando:
(7) "O sol está para benefício de todos, mas nem todos gozam de seus benéficos efeitos. Assim o Sol Divino, a todos dá sua luz, mas quem goza seus benéficos efeitos? Quem tem abertos os olhos à luz da verdade, todos os outros, apesar de que o Sol está exposto ficam na escuridão; mas propriamente goza, recebe toda a plenitude deste Sol, que está tudo ocupado em me agradar".
6-16
Janeiro 6, 1904
A raça humana é toda uma família; quando alguém faz alguma boa obra e a oferece a Deus, toda a família humana participa naquela oferta, e para Ele é como se todos a oferecessem.
(1) Continuando o meu habitual estado, veio o bendito Menino Jesus, e depois de se ter colocado nos meus braços e de me ter abençoado com as suas mãozinhas, disse-me:
(2) "Minha filha, sendo a raça humana toda uma família, quando alguém faz alguma obra boa e me oferece alguma coisa, toda a família humana participa naquela oferta e está presente como se todos me oferecessem. Como hoje os magos, ao oferecer-me seus dons Eu tive em suas pessoas presente a toda a geração humana, e todos participaram do mérito de sua boa obra. A primeira
coisa que me ofereceram foi o ouro, e Eu em correspondência lhes dei a inteligência e o conhecimento da verdade; mas você sabe qual é o ouro que quero agora das almas? Não o ouro material, não, mas o ouro espiritual, isto é, o ouro de sua vontade, o ouro dos afetos, dos desejos, dos próprios gostos, o ouro de todo o interior do homem, este é todo o ouro que a alma tem, e o quero tudo para Mim.
Agora, para dar-me isto, à alma é muito difícil dá-lo sem sacrificar-se e mortificar-se, e esta é a mirra, que como fio elétrico ata o interior do homem e o faz mais resplandecente, e lhe dá a tinta de múltiplas cores, dando à alma todas as espécies de belezas; mas isto não é tudo, é necessário quem mantenha sempre vivas as cores, o frescor, que como perfume e brisa exala do interior da alma, requer-se quem ofereça e quem obtenha dons maiores daqueles que doa, como também se requer ainda quem obrigue a habitar no próprio interior Aquele que recebe e Aquele que dá e tê-lo em contínua conversa e em contínuo comércio com ele, então quem faz tudo isto? A oração, em especial o espírito de oração interior, que sabe converter não só as obras internas em ouro, mas também as obras externas, e este é o incenso".
7-16
Maio 7, 1906
Jesus não quer sair do interior de Luísa.
(1) Esta manhã, tendo recebido a comunhão, via o bendito Jesus dentro de mim e dizia-lhe: "Meu amado, sai daí, vem para fora, para que te possa estreitar, beijar e falar contigo". E Ele me fazendo um sinal com a mão me disse:
(2) "Minha filha, não quero sair, estou bem em ti, porque se sair de tua humanidade, sendo que a humanidade contém ternura, compaixão, debilidade, temor, seria como se saísse de dentro de minha Humanidade vivente, e ocupando você o mesmo ofício meu de vítima, deveria fazer-te sentir o peso das penas dos demais, e portanto perdoar-lhes em parte. Sairei, sim, mas não de dentro de ti, mas fora de Deus, sem Humanidade e a minha justiça fará o seu curso como convém para punir as criaturas".
(3) E parecia que mais se adentrava, e eu lhe repetia: "Senhor, sai, perdoa em parte a teus filhos, teus mesmos membros, tuas imagens". E Ele acenando com a mão repetia:
(4) "Não saio, não saio".
(5) Ele repetiu isso mais e mais vezes. Me comunicou-me tantas coisas do que contém a humanidade, mas não sei dizê-las, as tenho na mente e não posso explicá-las com palavras. Eu não queria escrever isso, mas a obediência quis. Fiat, sempre Fiat.
8-17
Novembro 18, 1907
A alma vivendo seu nada se enche de Deus.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual veio o bendito Jesus, e assim que o vi disse: "Doce vida minha, como me fiz má, sinto-me reduzida no nada, nada sinto em mim, tudo é vazio, só sinto em meu interior um embelezamento, e neste embelezamento te espero a Ti, que me preencha, mas em vão espero este me encher, mas sinto-me voltar sempre no nada".
(2) E Jesus: "Ah! minha filha, e tu te afliges porque te sentes reduzida em nada? Mas digo-te que quanto mais a criatura se reduz no nada, tanto mais se enche do Todo, e se fosse ainda uma sombra de si que deixa, essa sombra impede que Eu me possa dar tudo, tudo à alma; e teu retornar sempre no nada significa que vais perdendo teu ser humano para readquirir o Divino.
9-16
Outubro 6, 1909
As virtudes do verdadeiro amor são: purificar tudo, triunfar sobre tudo e chegar a tudo.
(1) Tendo recebido a comunhão veio por um pouco meu sempre amável Jesus, e tendo tido uma discussão com o confessor sobre a natureza do verdadeiro amor, eu queria perguntar a Jesus se eu tinha razão ou não, e Ele me disse:
(2) "Minha filha, é exatamente assim, como você dizia, que o verdadeiro amor facilita tudo, exclui todo temor, toda dúvida, e toda sua arte é possuir-se da pessoa amada, e quando a fez sua, o próprio amor lhe fornece os meios para conservar o objeto adquirido. Agora, que temor, que dúvida pode ter a alma de uma coisa sua? Que coisa não espera? E mais, quando chegou a tomar posse dela, o amor se faz intrépido e chega até pretender os excessos e ao incrível, não há mais teu ou meu, o amor verdadeiro pode dizer: "Teu sou eu, e meu és tu, assim que podemos dispor juntos, fazer-nos felizes juntos, alegrar-nos-á juntos".
Se te adquiri quero servir-me de ti como me agrada. E como a alma neste estado de verdadeiro amor pode ir pescando defeitos, misérias, fraquezas, se o Todo objeto adquirido lhe perdoou, de tudo a enriquece, e o objeto que possui a vai purificando continuamente? Estas são as virtudes do verdadeiro amor: purificar tudo, triunfar sobre tudo, e a tudo chegar. Com efeito, que amor poderia haver por uma pessoa que se teme, da qual se duvida, da qual não se espera tudo? O amor perderia o mais belo de suas qualidades; é verdade que também nos santos se vê isto, e isso diz que nos santos o amor pode ser imperfeito e pode ter suas variedades segundo os estados nos quais se encontram. Em ti a coisa é muito diferente, devendo estar já tu Comigo no Céu, e tendo-o sacrificado por amor à obediência e do próximo, o amor ficou confirmado em ti, a vontade confirmada a não me ofender, assim que tua vida é como uma vida que já passou, por isso não percebe o peso das misérias humanas. Por isso mantenha-se atenta ao que te convém, e a me amar até o infinito Amor".
10-20
Maio 16, 1911
Jesus não quer confundir os inimigos da Igreja, e chora pelas chagas dolorosas que há no corpo d’Ela.
(1) Estava rogando ao bendito Jesus que confundisse os inimigos da Igreja, e meu sempre amável Jesus ao vir me disse:
(2) "Minha filha, poderia confundir os inimigos da santa Igreja, mas não quero, se isso fizesse, quem purgaria a minha Igreja? Os membros da Igreja, e especialmente quem está em postos e em altura de dignidades, têm os olhos cegos e se equivocam grandemente, tanto, que chegam a proteger os fingidos virtuosos e a oprimir e condenar os verdadeiros bons, isto me desagrada de tal
maneira, ver aqueles poucos verdadeiros filhos meus sob o peso da injustiça, aqueles filhos dos quais deve ressurgir a Igreja e aos quais Eu estou dando muita graça para dispô-los a isto, Eu os vejo de costas para o muro e atados para impedir os passos, isto me dói tanto, que me sinto todo furor por eles.
(3) Escuta minha filha, Eu sou toda doçura, benigno, clemente e misericordioso, tanto que por minha doçura arrebato os corações, mas também sou forte, de rasgar e incinerar aqueles que não só oprimem os bons, mas chegam a impedir o bem que querem fazer. Ah! tu choras pelos leigos, e eu choro as chagas dolorosas que há no corpo da Igreja, as que me magoam tanto, de ultrapassar as chagas dos leigos, porque são pela parte que não me esperava, e que me fazem dispor os leigos a clamar contra eles".
10-21
Maio 19, 1911
A confiança arrebata Jesus. Ele quer que a alma se esqueça de si mesma e se ocupe só d’Ele.
(1) Continuando meu habitual estado, meu sempre amável Jesus se fazia ver todo aflito, e eu estava junto a Ele para compadecê-lo, amá-lo, abraçá-lo e consolá-lo com toda a plenitude da confiança, e meu doce Jesus me disse:
(2) "Minha filha, tu és o meu contentamento, assim me agrada, que a alma se esqueça de si mesma, de suas misérias, que se ocupe só de Mim, de minhas aflições, de minhas amarguras, de meu amor, e que com toda confiança se esteja junto a Mim. Esta confiança me arrebata o coração e me inunda de muita alegria, porque como a alma se esquece de si por Mim, assim Eu esqueço tudo por ela e a faço uma só coisa para Mim, e chego não só a dar-lhe, mas a fazer-lhe tomar o que quer. Ao contrário a alma que não esquece tudo por Mim, mesmo suas misérias e se quer estar ao redor de Mim com todo respeito, com temor e sem a confiança que me arrebata o coração, e como se quisesse estar com temerosa compostura Comigo e toda reservada, a este tal nada lhe dou e nada pode tomar, porque falta a chave da confiança, da liberdade, da simplicidade, coisas todas necessárias, para Mim para dar, e para ela para tomar; portanto, com as misérias vem e com as misérias fica".
11-17
Abril 23,1912
Como em todas as coisas Jesus nos demonstra seu Amor. A verdadeira santidade está em fazer a Divina Vontade, e em reordenar todas as coisas em Jesus.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, brevemente o bendito Jesus veio e me disse:
(2) "Minha filha, algumas vezes permito a culpa em alguma alma que me ama para estreitá-la mais fortemente a Mim e para obrigá-la a fazer coisas maiores para minha glória, porque por quanto mais lhe dou, permitindo a mesma culpa para me enternecer mais de suas misérias e para amá-la principalmente enchendo-a de meus carismas, tanto mais a forço a fazer coisas grandes por Mim; estes são os excessos de meu Amor. Minha filha, meu Amor pela criatura é grande, olhe como a luz do sol invade a terra, se você pudesse desfazer essa luz em tantos átomos, naqueles átomos de luz ouviria minha voz melodiosa, que te repetiriam um após outro:
"Te amo, te amo, te amo". De modo que não lhe dariam tempo para numera-los, ficaria afogada no amor. E em realidade te amo: amo-te na luz que enche teus olhos, te amo no ar que respiras, te amo no murmúrio do vento que chega a teus ouvidos, te amo no calor e no frio que sente teu corpo, te amo no sangue que corre em tuas veias, Te amo no batimento de seu coração te diz meu batimento, amo te repito em cada pensamento de sua mente, te amo em cada movimento das tuas mãos, amo-te em cada passo dos teus pés, amo-te em cada palavra, porque nada acontece dentro e fora de ti se não houver um ato meu de amor para contigo, assim que um te amo meu não espera o outro, e dos teus te amo, quantos são para Mim?"
(3) Eu fiquei confusa, me sentia ensurdecida dentro e fora de mim pelo te amo, a plenos coros do meu doce Jesus e meus te amo eram tão escassos, tão limitados que disse: "Oh, meu amante Jesus, quem poderá jamais te igualar?" Mas apesar de tudo o que disse, parece que não disse nada do que Jesus me fazia compreender.
(4) Depois acrescentou: "A verdadeira santidade está em fazer minha Vontade e em reordenar todas as coisas em Mim assim como Eu tenho tudo ordenado para a criatura, assim a criatura deveria ordenar todas as coisas para Mim e em Mim, minha Vontade faz estarem em ordem todas as coisas".
MEDITAÇÃO
Ouça o capítulo inteiro
14. Os Esposos chegam a Nazaré.
6 de setembro de 1944.
O céu muito azul, de um fevereiro sereno, se estende por sobre as colinas da Galiléia. São amenas estas colinas que, nesta fase da virgem menina, eu ainda não tinha visto, mas que agora já são tão familiares aos meus olhos, como se eu tivesse nascido entre essas colinas.
Na estrada mestra agora a temperatura está agradável, por causa da chuva que parece ter caído na noite passada. Na estrada não há poeira, nem lama; está firme e limpa como uma rua de cidade, e vaise estendendo por entre duas sebes de espinheiro-alvar em flor. A neve que caiu veio trazendo dos bosques um cheiro levemente amargo, mas depois foi desfeita pelas singulares aglomerações dos cáctus de folhas grossas e em forma de pequenas pás, todas rígidas e cheias de espinhos, ornadas com as grandes granadas, que são os seus estranhos frutos, nascidos sem pedúnculos, mas saindo diretamente das folhas, as quais, pela cor e pela forma, me fazem lembrar das profundezas do mar, dos bosques de coral e das medusas, ou de outros bichos dos mares profundos.
As sebes cuja função é separar as várias propriedades, estendidas em todas as direções, formando um esquisito desenho geométrico cheio de curvas e de ângulos, de losangos, quadrados,
semicírculos e triângulos de agudezas e obtusidades incríveis, um desenho, todo borrifado de branco, como uma fita excêntrica estendida ao longo dos campos, como sinal de alegria, e sobre a qual voam, piam e cantam centenas de passarinhos de toda espécie, na alegria do amor, ou no trabalho da reconstrução de seus ninhos. Adiante das sebes, estão os campos, com os trigais já mais crescidos do que os dos campos da Judéia, prados já cobertos de flores. Como uma resposta às nuvenzinhas que passam ligeiras pelo céu e que o pôr-do-sol que torna ou róseas, ou de um lilás delicado, um roxo pervinca, um opalino azulado, um laranja coral, assim também as centenas de nuvens vegetais, com suas árvores frutíferas, são brancas, róseas, vermelhas, em todas as nuances das cores branca, rosa e vermelha.
Ao suave vento da tarde, as primeiras pétalas das árvores floridas borboleteiam pelo ar e vão caindo, parecendo enxames de pequenas borboletas, à procura do pólen sobre as flores dos campos.
Entre uma árvore e outra, nos sarmentos das videiras ainda nuas, nas pontas, onde o sol bate, as primeiras folhinhas vão-se abrindo aos poucos, ingênuas, assombradas e palpitantes de vida.
Plácido em seu ocaso, o sol está para sumir no horizonte, e o céu já tão bonito em seu azul, torna-se de um azul mais claro com os raios de luz. Lá longe está brilhando o branco das neves do monte Hermon e de outros picos mais afastados.
Um carro de boi está indo pela estrada. É o carro que leva José e Maria com seus primos. A viagem está chegando ao fim.
Maria olha, com aqueles olhos cheios de ansiedade de quem quer conhecer, ou melhor, reconhecer, aquilo que ela já viu, mas de que não se lembra mais, e sorri, quando alguma sombra de lembrança volta à sua memória e se detém, como uma luz que mostra esta ou aquela coisa, este ou aquele ponto.
Isabel, Zacarias e José, ajudam Maria a se lembrar, mostrando uma elevação do terreno, ou uma ou outra casa.
Desta forma, Nazaré começa a despontar, estendida por cima das ondulações de sua colina. Olhada pelo lado esquerdo do sol poente, Nazaré nos mostra a cor branca rosada de suas casinhas largas e baixas com seus terraços sobrepostos. Algumas delas, atingidas em cheio pelo sol, parecem estar para pegar fogo, pois, a fachada fica tão vermelha com o sol, que incendeia até a água dos regos e dos poços rasos, quase sem peitoril por onde os cântaros com água para a casa e os odres para a horta sobem chiando.
Meninos e mulheres aparecem à beira da estrada para olhar o carro, saúdam José, que é muito conhecido. Mas depois ficam perplexos e atemorizados, ao verem os outros três.
Quando chegam a entrar na pequena cidade propriamente dita, não encontram mais nenhuma perplexidade, nem temor. Muitas pessoas, de todas as idades, estão na entrada da cidade, sob um arco rústico com flores e folhagens. Mal o carro de boi aponta atrás do cotovelo formado pela última casa, construída enviesada, ouve-se um trilar de vozes agudas, acompanhado pelo rumor de ramos e flores agitados. São as mulheres e as crianças de Nazaré que saúdam os esposos. Os homens, mais sisudos, estão atrás da cerca viva dos cantores, saudando-os com moderação.
O carro já foi descoberto, pois tiraram o toldo, antes de chegarem à cidade, visto que o sol não mais incomoda, e Maria assim tem oportunidade de ver melhor a sua terra natal. Portanto, agora ela também aparece em sua beleza, como uma flor. Branca e loira como um anjo, ela sorri com bondade para as crianças, que lhe jogam flores e beijos, para as jovens de sua idade, que a chamam pelo nome, para as esposas, para as mães, para as velhas que a abençoam cantando. Ela faz uma inclinação para os homens, e especialmente para um que parece ser o rabino, ou a pessoa mais influente da cidade.
Enquanto isso, o carro continua lentamente pela rua principal, acompanhado, durante um bom tempo, pela multidão, para a qual aquela chegada foi um agradável acontecimento.
– Aqui está a tua casa Maria – diz José, mostrando, com o chicote que está em sua mão, uma casinha que fica precisamente ao pé de uma das ondulações da colina, tendo aos fundos um belo e vasto jardim todo florido, e que termina em um pequenino olival. Do outro lado, está a costumeira sebe com o espinheiro-alvar e as cactáceas, marcando o limite da propriedade. Os campos, que antes pertenciam a Joaquim, estão atrás da sebe.
– Como estás vendo, te restou pouca coisa. – diz Zacarias – A doença de teu pai foi longa e se gastou muito com ela. Também se gastou bastante com as despesas para reparar os prejuízos dados por Roma. Estás vendo? A estrada feita pelos romanos levou os três principais cômodos da casa, deixando-a muito diminuída. Para torná-la mais ampla, sem que fossem necessárias despesas excessivas, foi aproveitada uma parte do monte onde há uma gruta. Era lá que Joaquim guardava as suas provisões, e Ana os seus teares. Tu farás aí o que achares bom.
– Oh! Que seja pouca coisa, não tem importância! Sempre para mim bastará. Eu vou trabalhar…
– Não, Maria. – é José que está falando – Eu é que trabalharei. Tu não farás mais do que tecer e costurar as coisas da casa. Eu estou jovem e forte, e sou teu esposo. Não me faças ficar
envergonhado com o teu trabalho.
– Farei como queres.
– Sim, neste ponto eu quero. Em qualquer outra coisa o teu desejo é lei. Exceto isto.
Chegaram. O carro pára.
Duas mulheres e dois homens, respectivamente com os seus quarenta e cinqüenta anos, estão à porta, rodeados por muitas crianças e adolescentes.
– A paz de Deus esteja contigo, Maria – diz o homem mais velho, enquanto uma das mulheres se aproxima de Maria, a abraça e beija.
– É o meu irmão Alfeu e Maria, sua mulher, e estes são os filhos dele. Vieram de propósito para te fazerem festa e para te dizerem que a casa deles é tua, se quiseres – diz José.
– Sim, vem, Maria, se te for penoso ficar vivendo sozinha. O campo é belo na primavera, e nossa casa fica no meio dos campos em flor. Entre as outras flores, tu serás a mais bela – diz Maria de Alfeu.
– Eu te agradeço, Maria. Eu iria de muito boa vontade. Irei em alguma oportunidade, irei sem falta para as núpcias. Mas estou com tanto desejo de ver, de reconhecer a minha casa. Eu a deixei, quando ainda era pequena, e tinha perdido a sua lembrança… Agora eu a reencontro… parece-me reencontrar a minha mãe, que se foi, e o meu amado pai, com o eco de suas palavras…
e o perfume do seu último suspiro. Parece-me não estar mais órfã, porque tenho de novo, ao redor de mim, o abraço destas paredes…
Compreende-me, Maria. Maria está, um pouco, com pranto na voz e nos olhos.
Maria de Alfeu lhe responde:
– Como quiseres, querida. Quero que me consideres irmã e amiga e também um pouco mãe, porque sou muito mais velha do que tu.
A outra mulher vem para a frente:
– Maria, eu te saúdo. Sou Sara, * amiga de tua mãe. Eu te vi nascer. E este é o Alfeu, sobrinho de Alfeu e grande amigo de tua mãe. O que eu fiz por tua mãe, farei por ti, se quiseres. Estás vendo? A minha casa é a que está mais perto da tua, e os teus campos agora são nossos. Mas, se quiseres vir, faze-o a qualquer hora. Nós abriremos uma passagem na sebe, e estaremos juntas, mesmo se estiver cada uma em sua casa. Este é o meu marido.
– Eu vos agradeço a todos, e por tudo. Por todo o bem que desejastes aos meus e desejais a mim.
Que o Senhor Onipotente vos abençoe por isso.
As caixas pesadas são descarregadas e levadas para casa. Entram. Agora eu reconheço a casinha de Nazaré como é vista, mais tarde, na vida de Jesus Cristo.
Como costume, José toma Maria pela mão para entrar na casa. Na entrada, ele lhe diz:
– Agora, na soleira desta porta, quero de ti uma promessa. Que qualquer coisa que te aconteça, ou que te suceda, não tenhas outro amigo, outra ajuda, para a qual te voltes, a não ser José, e que, por nenhum motivo tenhas que ficar-te atormentando sozinha. Eu sou tudo para ti, lembra-te disso, e será minha alegria tornar feliz o teu caminho, pois, se a felicidade nem sempre depende do nosso poder, pelo menos posso tornar este caminho para ti calmo e seguro.
– Prometo, José.
Abrem-se as portas e janelas. Os últimos raios de sol, curiosos, entram.
Maria tirou o manto e o véu, porque tendo, por enquanto, tirado só as flores de mirto, ainda está com as vestes das núpcias. Sai para o jardim florido. E fica olhando, sorri e, sempre segura pela mão de José, dá uma volta pelo jardim. Parece estar tomando de novo posse de um lugar perdido.
José fala dos seus trabalhos:
– Estás vendo? Aqui eu fiz esta cava para receber a água da chuva, pois estas videiras sempre sofrem com o calor. Eu cortei os ramos mais velhos desta oliveira, para dar-lhe um novo vigor, pus no lugar definitivo estas macieiras, porque duas delas já estavam mortas. Mais adiante, plantei duas figueiras. Quando elas crescerem, protegerão a casa do ardor do sol e dos olhares dos curiosos. A armação da parreira é a antiga. Nada mais fiz do que mudar os mourões que estavam podres e trabalhar com a tesoura. Espero que esta parreira dê muita uva. E aqui, olha – enquanto a leva, orgulhoso, para a encosta que se ergue atrás da casa, cercando o pomar do lado norte – aqui escavei uma pequena gruta, reforçando-a para que quando estas plantinhas pegarem, fique quase igual àquela que tinhas. Falta a nascente… mas eu espero trazer até aqui um fio de água da nascente. Vou trabalhar nas longas tardes do verão, quando eu vier te ver…
– Mas como? – diz Alfeu – Não ireis casar-vos neste verão?*
– Não. Maria quer fiar os tecidos de lã, as últimas coisas que estão faltando para o enxoval. E eu estou contente que seja assim. Maria é tão jovem, que esperar um ano, ou até mais, não é nada.
Enquanto isso, ela se vai acostumando com a casa…
– Ora, ora! Tu sempre foste um pouco diferente dos outros, e ainda continuas o mesmo.
Não sei se poderia haver alguém que não tivesse pressa em ter por mulher uma flor, como Maria. E tu ainda queres esperar meses!…
– Alegria longamente esperada, é alegria mais intensamente gozada – responde José com um amável sorriso.
O irmão encolhe os ombros, e pergunta:
– E então? Quando achas que sairá o casamento?
– Quando Maria fizer dezesseis anos. Depois da Festa dos Tabernáculos. Assim, serão doces as tardes de inverno para os novos esposos!…- e sorri outra vez, olhando para Maria. É um sorriso
suave, que faz parte de uma combinação secreta. Faz parte de uma castidade fraterna e consoladora.
Depois, José retorna ao seu passeio:
– Este é o quarto grande, do lado do monte. Se achas bom, dele farei a minha oficina, quando vier aqui. Ele está perto da casa sem fazer parte dela. Assim não perturbarei ninguém, fazendo barulho ou desordem. Mas, se quiseres de outro modo…
– Não, José. Está muito bem assim.
Tornam a entrar em casa e acendem as lâmpadas.
– Maria está cansada – diz José – Deixemo-la descansar com os primos.
Todos se despedem. José fica ali ainda alguns minutos e fala com Zacarias em voz baixa.
– Teu primo deixa contigo Isabel, por algum tempo. Estás contente? Eu sim. Porque ela vai te ajudar… para que te tornes uma perfeita dona de casa. Com ela poderás pôr em ordem, como gostas, as tuas coisas e tuas alfaias, e eu virei todas as tardes também para te ajudar. Com ela poderás ir comprar lã e o mais que for preciso. Eu responderei pela despesa. Lembra-te que prometeste me procurar para tudo. Adeus, Maria. Dorme o primeiro sono nesta tua casa, e o anjo de Deus torne o teu sono tranqüilo.
O Senhor esteja sempre contigo.
– Adeus, José. Que tu também estejas sob as asas do anjo de Deus. Obrigada, José. Por tudo. Na medida que eu puder, vou te dar, com o meu amor, uma compensação ao teu amor por mim.
José saúda os primos e sai.
E com isto cessa a visão.
20-44 Janeiro 1, 1927 A vontade da alma como presente de ano novo para o menino Jesus. Como toda sua vida foi símbolo e chamada da Vontade Divina. Como o meio para apressar o Reino de sua Vontade são os conhecimentos.
(1) (Estava a meditar sobre o ano velho que chegava ao fim e sobre o novo que surgia) (2) Meu estado continua no voo da luz do Querer Divino e rogava ao gracioso Menino que assim como morria o ano velho, sem renascer mais, assim fizesse morrer minha vontade sem fazê-la reviver mais, e que como presente de ano novo me desse sua Vontade assim como eu lhe fazia o dom, como presente, da minha, para a pôr como escabelo aos seus ternos pezinhos, a fim de que não tivesse outra vida senão a sua Vontade. Agora, enquanto isto e outras coisas dizia, meu doce Jesus saiu de dentro de mim e me disse:
(3) "Filha do meu Querer, como amo, quero, desejo que teu querer tenha fim em ti. Oh! como aceito seu presente de fim de ano, como me será agradável tê-la como suave banco a meus pés, porque a vontade humana enquanto está na criatura, fora do seu centro que é Deus, é dura, mas quando regressa ao seu centro de onde saiu e serve como banco aos pés do teu Menino Jesus, torna-se branda e me serve para entreter, não é justo que sendo eu pequeno tenha uma diversão, e no meio de tantas dores, privações e lágrimas tenha sua vontade que me faça sorrir? Agora, tu deves saber que quem põe fim à sua vontade, regressa ao seu princípio, de onde saiu, e começa nela a vida nova, a vida de luz, a vida perene da minha Vontade. Olha, quando eu vim para a Terra eu quis dar muitos exemplos e semelhanças de como eu queria que a vontade humana terminasse:
Eu quis nascer à meia-noite para dividir a noite da vontade humana com o dia brilhante da minha, e se bem que à meia noite a noite segue, não termina, mas é princípio de um novo dia, e meus anjos para fazer honra a meu nascimento e para indicar a todos o dia de minha Vontade, encheram de alegria e felicidade, de meia noite em diante, na abóbada dos céus, novas estrelas, novos sóis, até fazer mudar a noite em dia, era a homenagem que os anjos davam à minha pequena Humanidade, onde residia o pleno dia do Sol da minha Vontade Divina e a chamada à criatura ao pleno dia dela.
Pequeno ainda me submeti ao duríssimo corte da circuncisão, que me fez verter pela dor amargas lágrimas, não só a Mim, mas também junto Comigo choraram minha Mãe e o amado São José; era o corte que Eu queria dar à vontade humana, a fim de que naquele corte fizessem correr a Vontade Divina para que não tivesse mais vida uma vontade dividida, mas sim só a minha, que tinha corrido naquele corte a fim de que começasse novamente sua Vida. Pequeno ainda quis fugir para o Egito, uma vontade tirana, iníqua, queria me assassinar, símbolo da vontade humana que quer matar a minha, e Eu fugi para dizer a todos: Fujam da vontade humana se não querem que seja assassinada a minha.‟ Toda minha vida não foi outra coisa que a chamada da Vontade Divina na humana. No Egito vivia como um estranho no meio daquele povo, símbolo da minha Vontade, que a têm como estranha no meio deles, e símbolo de que quem quer viver em paz e unido com a minha, deve viver como estranho à vontade humana, de outra maneira haverá sempre guerra entre uma e a outra, são duas vontades irreconciliáveis. Depois de meu exílio voltei a minha pátria, símbolo de minha Vontade que depois de seu longo exílio de séculos e séculos voltará a sua amada pátria no meio de seus filhos para reinar, e à medida que Eu passava estas circunstâncias em minha Vida, assim formava seu Reino em Mim e a chamava com orações incessantes, com penas e lágrimas a vir a reinar no meio das criaturas. Regressei à minha pátria e vivi escondido e desconhecido, oh! como isto simboliza a dor de minha Vontade, que enquanto vive no meio dos povos, vive desconhecida e escondida, e Eu implorava com meu ocultamento que a Suprema Vontade fosse conhecida, a fim de que recebesse a homenagem e a glória a Ela devidos. Não houve coisa feita por Mim que não simbolizasse uma dor de Minha Vontade, a condição na qual as criaturas a colocam e um chamado que Eu fazia para restituir-lhe seu Reino. E isto quero que seja a tua vida, a chamada contínua do Reino da minha Vontade em meio às criaturas".
(4) Depois disto estava girando por toda a Criação para levar junto comigo o céu, as estrelas, o sol, a lua, o mar, em suma, tudo, aos pés do menino Jesus para pedir todos juntos que a vinda deste Reino de sua Vontade à terra chegasse logo, e no meu desejo lhe dizia: "Olha, não estou sozinha em pedir-te, senão que te roga o céu com as vozes de todas as estrelas, o sol com a voz de sua luz e de seu calor, o mar com seu murmúrio, todos te pedem que venha teu Querer a reinar sobre a terra, como pode resistir e não ouvir tantas vozes implorando? São vozes inocentes, vozes animadas por tua mesma Vontade que te pedem". Agora, enquanto dizia isto, o meu pequeno Jesus saiu de dentro de mim para receber a homenagem de toda a Criação e ouvir a sua linguagem muda, e estreitando-me a Si disse-me:
(5) "Minha filha, o meio mais fácil para apressar a vinda da minha Vontade à terra são os conhecimentos d‟Ela. Os conhecimentos levam luz e calor à alma e formam nela o ato primeiro de Deus, no qual a criatura encontra o primeiro ato para modelar o seu, se não encontra esse primeiro ato, a criatura não tem virtude de formar seu primeiro ato, portanto faltariam os atos, as coisas de primeira necessidade para formar este Reino. Olhe então o que significa um conhecimento a mais sobre minha Vontade: Levando em si o ato primeiro de Deus, levará consigo uma força magnética, um ímã potente para atrair as criaturas a repetir o ato primeiro de Deus; com sua luz levará o desapontamento da vontade humana; com o seu calor amolecerá os corações mais duros para se curvarem diante deste ato divino e se sentirão atraídos a querer modelar-se neste ato. Por isso, quanto mais conhecimento manifesto sobre minha Vontade, tanto mais cedo se apressa o Reino do Fiat Divino sobre a terra".
MEDITAÇÃO
O Gênesis
147. Para não me deter muito no que o Senhor me deu a conhecer sobre este assunto e para chegar ao que vou procurando - as preparações que fez este Senhor para enviar ao mundo o Verbo humanado e sua Mãe Santíssima - farei uma descrição sucinta, seguindo a ordem das divinas Escrituras.
O Gênesis contém o que respeita ao exórdio e criação do mundo para a linhagem humana; a divisão das terras e povos; o castigo c a restauração; a confusão das línguas e origem do povo escolhido; sua descida ao Egito e outros muitos e grandes mistérios declarados por Deus a Moisés. Por intermédio dele chegamos a conhecer o amor e justiça que, desde o princípio, Deus usou para trazer os homens ao seu conhecimento e serviço, e indicar o que havia determinado fazer no futuro.
Êxodo
148.0 Êxodo contém o que sucedeu no Egito com o povo escolhido, as pragas e castigos que enviou para misteriosamente resgatá-lo. A saída e travessia do mar, a lei escrita dada com tantas preparações e prodígios e outros muitos mistérios que Deus operou para seu povo. Umas vezes afligindo seus inimigos, outras a eles, castigando a uns como juiz severo, corrigindo a outros como pai amantíssimo e ensinando-lhes a conhecer a utilidade das provações. Fez grandes maravilhas pela vara de Moisés, figura da cruz onde o Verbo humanado seria sacrificado como cordeiro, salvação para uns e ruína para outros (Lc 2,34), assim como o era a vara.
No Mar Vermelho defendeu o povo com muralhas de água e nelas afogou aos seus perseguidores. Por todos estes mistérios ia tecendo a vida dos santos com alegria e pranto, trabalhos e consolações e com infinita sabedoria e providência neles reproduzia a futura vida e morte de Cristo Senhor nosso.
Levítico
149. No Levítico descreve e ordena muitos sacrifícios e cerimônias legais para aplacar a Deus. Significavam o sacrifício do Cordeiro oferecido por todos nós, e que depois nós mesmos ofereceríamos a Deus, cumprindo-se então a realidade simbolizada naqueles sacrifícios figurativos.
Descreve também as vestes de Aarão, sumo sacerdote e figura de Cristo, ainda que este iria ser da ordem de Melquisedec, superior a Aarão (SI 109,4).
•
Números
150. Os Números contêm as estadas no deserto, simbolizando o que aconteceria com a santa Igreja, com o Verbo humanado, com sua Mãe Santíssima, e também com os demais justos. Sob diversos sentidos, tudo está compreendido naqueles sucessos da coluna de fogo, do maná, da pedra que verteu água, além de outros grandes mistérios contidos noutros acontecimentos. Inclui também os que pertencem às estatísticas e em tudo há profundos sacramentos.
Deuteronômio
151.0 Deuteronômio é como uma segunda lei, não diferente mas redigida em outro estilo e mais apropriadamente figurativa da lei evangélica. Demorando, pelos ocultos juízos de Deus e a conveniência conhecida por sua sabedoria, a assumir a natureza humana, renovava e criava leis que se assemelhassem àquela que depois estabeleceria por seu unigênito Filho.
Josué
152. Jesus Navé ou Josué, atravessando o Jordão introduz o povo de Deus na terra da promissão e a reparte. Pelo seu nome e por suas grandes façanhas é expressiva figura de nosso Redentor.
Representou-o na destruição dos reinos que o demônio possuía, e na separação entre os bons e maus no último dia.
.
Os Juizes
153. Depois de Josué, estando já o povo na posse da terra prometida e desejada - que propriamente representa a Igreja adquirida por Jesus Cristo com o preço de seu sangue - vem o Livro dos Juizes. Deus os estabelecia para governar seu povo, e atuavam particularmente nas guerras. Devido aos contínuos pecados e idolatria, os israelitas eram atacados pelos filisteus e outros inimigos vizinhos, dos quais Deus os defendia e libertava, quando a Ele se convertiam pela penitência e emenda da vida.
Refere-se neste livro à ação de mulheres fortes e valorosas, como Débora julgando e libertando o povo de uma grande opressão; Jael, que também concorreu para a vitória. Todas estas história são expressas figuras e testemunhos do que se passa na Igreja.
Os Reis
154. Depois dos Juizes vêm os Reis, pedidos pelos israelitas, para no governo serem como os demais povos.
Contêm estes livros grandes mistérios da vinda do Messias.
Heli sacerdote e Saul rei, ambos tragicamente mortos, representam a reprovação da antiga lei.
Sadoc e David figuram o novo reino e sacerdócio de Jesus Cristo, com a Igreja e seu pequeno número de fiéis, em relação ao resto do mundo. Os outros reis de Israel e Judá, e seus cativeiros, figuram outros grandes mistérios da santa Igreja.
155. Por essas épocas existiu o pacientíssimo Jó, cujas palavras são muito misteriosas. Nenhuma há sem profundos mistérios da vida de Cristo nosso Senhor, da ressurreição dos mortos, do último juízo em nossa própria carne, da força e astúcia do demônio e seus ataques.
Acima de tudo, apresentou-o Deus como espelho de paciência aos mortais.
Com ele aprendemos como padecer as tribulações depois da morte de Cristo que já presenciamos, pois antes dela existiu um santo, que só de o ver à grande distância no tempo, imitou-o com tanta paciência.
Os patriarcas e profetas
156. Nos muitos e grandes profetas que Deus enviou a seu povo no tempo dos reis - porque então havia mais necessidade deles - há numerosos mistérios. Por eles, o Altíssimo não omitiu revelar nenhum dos que pertenciam à vinda do Messias e sua Lei. Outro tanto fez, ainda que mais de longe, com os antigos pais e patriarcas. Tudo era multiplicar retratos e imagens do Verbo humanado e preparar lhe o povo e a lei que devia ensinar.
Abraão
157. Nos três grandes patriarcas, Abraão, Isaac e Jacó, depositou grandes e valiosas graças para poder chamar-se Deus de Abraão, Isaac e Jacó. Com este nome quis honrar a si e homenagear a eles, manifestando sua dignidade, excelentes virtudes e os sacramentos que lhes havia confiado.
Para fazer uma clara representação do que o eterno Pai executaria com seu Unigênito, provou Abraão mandando-o sacrificar Isaac (Gn 22,1). Quando, porém, o obediente pai estava para fazer o sacrifício, impediu-o o mesmo Senhor que lho havia ordenado. Somente ao Pai eterno ficaria reservada a execução de tão heróico ato, imolando efetivamente seu Unigênito, o que somente em tentativa fez Abraão.
Parece que nisto os ciúmes do amor divino foram tão fortes quanto a morte (Ct 8,6).
Não convinha, entretanto, que tão expressa figura ficasse incompleta, e assim cumpriu-se o sacrifício quando Abraão imolou o carneiro, que também representava o Cordeiro que havia de tirar os pecados do mundo (Jo 1, 29).
Jacó
158. A Jacó mostrou aquela misteriosa escada cheia de significados (Gn 28,12). O principal foi representar o Verbo divino humanado que, tendo do Pai descido a nós, é caminho e escada por onde subimos a Ele.
Pelo Verbo humanado sobem e descem os anjos que nos iluminam, guardam, e nos levam em suas mãos, a fim de que não nos firam as pedras (SI 90,12) dos erros, heresias e vícios de que está semeado o caminho da vida mortal.
Por entre tais pedras, podemos subir seguros esta escada, por meio da fé e esperança, partindo da santa Igreja, casa de Deus, onde se encontra a porta do céu e da santidade.
Moisés
159. Para constituir Moisés chefe de seu povo e seu delegado junto ao Faraó, mostrou-lhe aquela mística sarça (Ex 3,2) que ardia sem se consumir. Indicava profeticamente a Divindade encoberta pela nossa humanidade, sem que o humano derrogasse o divino, nem o divino destruísse o humano.
Juntamente com este mistério assinalava também a perpétua virgindade da Mãe do Verbo, não somente no corpo, mas também na alma. Não seria manchada nem ofendida, apesar de ser filha de Adão, vestida e formada daquela natureza queimada pela primeira culpa.
Davi
160. Suscitou também Davi, homem segundo seu coração (lRs 13, 14), que pôde dignamente cantar as misericórdias do Altíssimo (SI 88,1). Encerrou em seus salmos todos os mistérios, não apenas da Lei da graça (SI 118,18) mas ainda da lei escrita e da lei natural.
Não cessava de falar dos testemunhos, juízos e obras do Senhor, porque os tinha no coração para os meditar dia e noite. No perdoar injúrias foi expressa imagem ou figura daquele que havia de perdoar as nossas, pelo que lhe foram feitas as mais claras e seguras promessas da vinda do Redentor do mundo.
Salomão
161. Salomão, rei pacífico, figura do verdadeiro Rei dos reis, manifestou sua grande sabedoria. Expôs em diversas composições escritas os mistérios de Cristo, especialmente nas metáforas dos Cânticos, onde encerrou os mistérios entre o Verbo humanado e sua Mãe Santíssima, entre a Igreja e os fiéis. Ensinou também regras de costumes, por diversos modos, e daquela fonte têm bebido as águas da verdade e vida outros muitos escritores.
Isaías e Jeremias
162. Quem, porém, poderá dignamente agradecer ao Senhor o benefício de nos haver dado, dentre seu povo, tão grande número de santos profetas, nos quais a eterna Sabedoria copiosamente derramou a graça da profecia? Iluminam a Igreja com tanta claridade, porque de mui distante começaram a anunciar o Sol de justiça e os raios que projetaria na Lei da graça, por
meio de suas obras.
Os dois grandes profetas, Isaías e Jeremias, foram escolhidos para anunciar-nos, de modo sublime e suave, os mistérios da encarnação do Verbo, seu nascimento, vida e morte.
Isaías predisse (Is 7, 14; 9,6) que uma virgem conceberia e daria à luz um filho que se chamaria Emanuel, e que um pequenino nasceria para nós e Ievaria seu império sobre os ombros. Falou sobre todo o resto da vida de Cristo com tanta clareza que sua profecia mais parece um Evangelho.
Jeremias falou (Jr 31, 22) sobre a novidade que Deus suscitaria no fato de uma mulher trazer um homem em seu seio; este homem só poderia ser Cristo, Deus e homem perfeito (Tren 3). Anunciou ainda sua vinda, paixão, opróbrios e morte.
Fico admirada e atônita na consideração destes profetas. Isaías (Is 16, 1) pede ao Senhor enviar o Cordeiro que há de conquistar o mundo, da pedra do deserto ao monte da Filha de Sião.
Este Cordeiro, o Verbo humanado, quanto à divindade, encontrava-se no deserto do céu. Chama-o deserto por lhe faltar os homens, e pedra pela segurança, firmeza e repouso eterno que goza. O monte para onde pede que venha, no sentido místico é a santa Igreja, e em primeiro lugar Maria Santíssima, filha da visão de paz, significado do monte Sião.
O profeta a interpõe por medianeira, para obrigar o Pai eterno a enviar o Cordeiro, seu unigênito. Em todo o resto do gênero humano, não havia quem o pudesse obrigar tanto como a previsão de tal Mãe. Ela daria a este Cordeiro a pele ou velo de sua humanidade Santíssima. Este é o conteúdo daquela comovente oração e profecia de Isaías.
Ezequiel, Habacuc, Joel
163. Ezequiel, também viu esta Virgem Mãe na figura ou metáfora daquela porta fechada (Ez 44, 2), somente para o Deus de Israel aberta, sem que nenhum outro homem passasse por ela.
Habacuc (Cap. 13) contemplou o Cristo Senhor nosso na cruz, e com profundas palavras profetizou os mistérios da redenção e os admiráveis efeitos da paixão e morte de nosso redentor.
Joel (Jl 2,28) descreve a terra das doze tribos, figura dos doze apóstolos que seriam cabeça de todos os filhos da Igreja.
Anunciou também a vinda do Espírito Santo sobre os servos e servas do Altíssimo, marcando o tempo da vinda de Cristo.
Os demais profetas contribuíram também nesses vaticínios, porque o Altíssimo quis que tudo ficasse dito, profetizando e figurando muito remota e copiosamente.
Estes fatos admiráveis deviam provar o amor e cuidado que Deus teve para com os homens, e como enriqueceu sua Igreja. Servem também de censura à nossa tibieza, pois aqueles antigos pais e profetas, somente com sombras e figuras inflamaram-se no divino amor, entoando cânticos de louvor e glória ao Senhor. Nós, entretanto, possuindo a verdade e o claro dia da graça, nos sepultamos no esquecimento de tantos benefícios, deixamos a luz e procuramos as trevas.
27 21-13 Abril 8, 1927 Como todas as figuras e símbolos do antigo testamento simbolizavam os filhos da Divina Vontade.
(1) Estava seguindo os atos que o Querer Divino havia feito em toda a Criação, também buscava os atos que havia feito tanto em nosso primeiro pai Adão como em todos os santos do antigo testamento, especialmente onde o Supremo Querer havia feito ressaltar sua potência, sua força, sua virtude vivificadora, e meu doce Jesus movendo-se em meu interior me disse:
(2) "Minha filha, as maiores figuras do antigo testamento, enquanto eram figuras e figuravam o futuro Messias, encerravam ao mesmo tempo os dons, a figura, e simbolizavam todos os dons que teriam possuído os filhos do Fiat Supremo. Adão foi a verdadeira e perfeita imagem, quando foi criado, dos filhos do meu Reino. Abraão foi símbolo dos privilégios e do heroísmo dos filhos de meu Querer e assim como chamei Abraão a uma terra prometida que manava leite e mel, fazendo-o dono daquela terra, terra tão fecunda que era invejável e ambicionada por todas as outras nações, era todo símbolo do que teria feito com os filhos de minha Vontade. Jacó foi outro símbolo deles, porque descendendo dele as doze tribos de Israel, devia nascer no meio deles o futuro Redentor que devia retomar de novo o Reino do Fiat Divino a meus filhos. José foi o símbolo do domínio que os filhos da minha vontade teriam tido, e como ele não deixou morrer de fome a tantos povos e até aos seus irmãos ingratos, assim os filhos do Fiat Divino terão o domínio e serão causa de não deixar perecer os povos que pedirão deles o pão da minha Vontade. Moisés foi figura do poder, Sansão símbolo da força dos filhos de meu Querer. Davi simbolizava o reinar deles. Todos os profetas simbolizavam a graça, as comunicações, as intimidades com Deus, que mais do que eles teriam possuído os filhos do Fiat Divino. Olha, todos estes eram nada mais que símbolos, figuras deles, o que será quando forem postos fora a vida destes símbolos? Depois de todos aqueles veio a Celestial Senhora, a Soberana Imperatriz, a Imaculada, a sem mancha, minha Mãe, Ela não era símbolo nem figura, mas a realidade, a verdadeira Vida, a primeira filha privilegiada da minha Vontade, e eu olhava na Rainha do Céu a geração dos filhos do meu Reino, era a primeira incomparável criatura que possuía íntegra a Vida do Querer Supremo, e por isso mereceu conceber o Verbo Eterno e amadurecer em seu coração materno a geração dos filhos do eterno Fiat. Depois veio a minha própria Vida, na qual vinha estabelecido o Reino que deviam possuir estes filhos afortunados. Por tudo isto podes compreender que tudo o que Deus fez desde o princípio desde a Criação do mundo, que faz e que fará, sua finalidade principal é de formar o Reino de sua Vontade no meio das criaturas. Esta é toda nossa mira, esta é nossa Vontade e a estes filhos serão dados todos nossos bens, nossas prerrogativas, nossa semelhança; e se eu te chamo a seguir todos os atos que minha Vontade fez tanto na criação do universo quanto nas gerações das criaturas, não excluindo aqueles que fez em minha Mãe Celestial, nem os que fez em minha própria Vida, é para concentrar em ti todos os seus atos, fazer-te dom deles para poder fazer sair de ti todos juntos os bens que possui uma Vontade Divina para poder formar com decoro, honra e glória, o Reino do eterno Fiat. Por isso, seja atenta em seguir minha Vontade".
MEDITAÇÃO
PÁGINAS DO LIVRO
Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-61
Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-62
Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-63 Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-64 Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-65 Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-66
EM VIAGEM A JERUZALÉM
Em verdade, esposa caríssima, senti muito frio por causa da rigidez do ar. Padecia ainda por estar assim enrolado e coberto, como me conservava a querida Mãe, por receio de me prejudicar o rigor excessivo da estação. "Eis", dizia, "Pai amantíssimo, vai ao Templo o teu Filho dileto, aquele que geraste ab aeterno no teu seio e depois fizeste nascer desta Virgem pura no mundo, para a Redenção humana! Vai ao sacrifício aquele cordeiro imaculado, no qual tanto te comprazes! Serei resgatado, mas apenas para morrer sacrificado numa cruz, para resgate do gênero humano. Olha, amoroso Pai, para teu Filho amado! E vês que não quero outra coisa a não ser que se cumpra a tua vontade, e que sejas eternamente honrado e glorificado por todas as criaturas, se não como mereces, pois a criatura não é capaz disso, ao menos quanto podem e devem, segundo a própria capacidade. Põe em mim as tuas complacências, Pai amado, e faze de mim o que queres, pois meu desejo já sabes qual é. Cumpre, portanto, os meus desejos, porque assim estarei contente e igualmente tu, meu amantíssimo Pai!" O Pai respondia com grande amor e muito se comprazia em mim, tendo nisto suas complacências; e fazia todos os anjos que me acompanhavam e a Mãe dileta que me carregava, ouvirem aquelas palavras: "Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição" (Mt. 3:17), Fazia os espíritos bem-aventurados ouvirem-nas com freqüência e algumas vezes escutarem também os homens, como aconteceu no Jordão e no Tabor. Alegravam-se muito os anjos, quando o Pai com mútua eloquência, fazia-lhes perceber tal complacência, porque todo o contentamento dos espíritos bem-aventurados acha-se em verem honrado e glorificado o Criador; como este recebia de mim muita glória, honra e prazer, faziam por isso grande festa e ficavam muito contentes e satisfeitos. Também eles agradeciam ao Pai, porque lhe aprouvera fazer-me nascer na terra para sua imensa glória, e por lhes ter dado a graça tão grande de adorarem a minha humanidade desde o primeiro instante de sua criação e de reconhecerem-me como seu Soberano e Rei, e não terem concordado com os anjos rebeldes, quando estes recusavam-se a adorar-me e reconhecer-me por seu verdadeiro Deus. Por esta submissão experimentavam então grande consolação, vendo quão grata era ao Deus sumo a minha humanidade, quanta glória e honra dela recebia, e quanta utilidade trouxera a todos os homens; e como pelo fato de ter-me abaixado tanto, elevei ao Reino eterno muitas almas, cuja companhia os anjos lá no céu muito desejam!
ENTRA NO TEMPLO.
Tendo chegado ao Templo, antes de entrar, disse ao Pai se dignasse fazer ingressarem no Templo de sua glória as almas que, por meu intermédio, lá fossem introduzidas, isto é, pela Redenção que viera obter-lhes; e como fui levado nos braços de Maria, minha Mãe, assim todas as almas que se colocassem nas mãos da mesma fossem introduzidas no Reino eterno. Mostrou-se o Pai muito favorável a isso e agradou-lhe tal pedido, que me prometeu executar, concedendo a minha cara Mãe tal graça que não será em verdade expulsa dos eternos Tabernáculos a alma que para lá for conduzida pelas mãos de Maria. Prometeu-me ainda que não seria excluído do Reino aquele que se servisse de minha Redenção e imitando-me houvesse aspirado a entrar na glória eterna, apoiado em meus méritos e em suas boas obras.
APRESENTAÇÃO DE JESUS.
Terminada a cerimônia da purificação, fez a querida Mãe a oferta de seu único Filho ao Pai. Entregou-me às mãos de Simeão, experimentando ao mesmo tempo pesar muito grande de se ver privada, embora por breve tempo, do seu caro filho, enquanto me achava nos braços do santo velho, olhei o com olhos majestosos e ao mesmo tempo amorosos, e pedi ao Pai se dignasse dar lho tanta que conhecesse ser eu o desejado das gentes e o Messias prometido. Fê-lo meu Pai. Abriu-lhe os olhos do espírito, fê-lo conhecer a divindade em mim escondida e o elevado mistério da Encarnação e redenção Imola na, que depois, com poucas palavras, declarou à dileta Mãe, nestes lermos: "Urna espada traspassará a tua alma" (Lc. 2:35). Nos braços de Simeão, ofereci-me de novo ao Pai dileto qual hóstia pura, imaculada. Ao Pai multo agradou esta oferta o entoou novamente as palavras: "Eis meu Filho amado", que foram bem entendidas por Simeão, minha querida Mãe, e seus esposo José. Ao ouvir tais palavras ficaram as três almas inebriadas de amor e repletas de celeste suavidade. Falei com grande afeto ao Pai e roguei-lhe se dignasse receber aquela oferta em nome de todos os homens pelos quais eu me oferecia, fizesse de mim o que lhe aprouvesse, porque estava pronto a fazer-lhe a vontade e disse-lhe: "Recebei, ó Pai, vosso dileto e amado Filho, que tanto vos sou agradável, fazei-me a grande graça de ficardes plenamente satisfeito pelos débitos que contraíram convosco os meus Irmãos, mina não recuse dar-vos a plena satisfação que de mim exigis, Isto é, ser sacrificado numa cruz, qual vítima Inocente. Mas, agora anelo ver voo satisfeito, com a oferta inteira de mim mesmo, e aplacado em relação a todos os débitos do gênero humano". Deu-se meu Pai por plenamente satisfeito, mas declarou-me novamente sua vontade de que eu morresse pro. gado a uma cruz, repleto de ignomínia. Ao declarar-me do novo a sua vontade, deu a entender ao velho Simeão, com espírito profético, que eu devia morrer para resgate do mundo; este, depois, declarou-o a querida Mãe, embora ela já estivesse disso plenamente Informado. Roguei ainda ao Pai que enchesse a alma do santo ancião, que me sustentava nos braços de graça e luzes celestes, a fim de que se realizasse o seu desejo de ver: nascido o Messias antes de sua morte. E, de fato, tendo-me recebido em seus braços, reconheceu-me, adorou-me e confessou-me como verdadeiro Filho de Deus; o Pai iluminou-o interiormente e encheu-o de graça. Daí, todo inflamado de amor e de desejo de passar desta vida, tendo obtido a graça tão suspirada, proferiu o cântico: Nunc dimittís, com tanto ardor que no seu regresso rendeu a alma ao Criador.
PROFECIA DE SIMEÃO.
Antes de entregar-me à Mãe dileta, falou-lhe com espírito profético, e disse-lhe que aquele Filho seria para ela uma espada a traspassar-lhe de dor a alma. Ao ouvir a Mãe querida relembrar aquilo que já sabia, experimentou pena muito grande e então foi preciso um milagre do poder divino para conservá-la em vida; antes havia eu suplicado a meu Pai, uma vez que desejava fazê-la ouvir aquela palavra, que também a ajudasse com particular graça. Se dizia tais coisas ao Pai acerca de minha Mãe querida e outras ainda, não quer dizer que o Pai não as teria feito, e sim terem lhe sido gratas as minhas súplicas e queria que eu lhas pedisse, pois assim as faria com maior amor e concedê-las-ia mais prazeirosamente. Por esta razão, conhecendo sua vontade, eu em tudo lhe apresentava as minhas súplicas, com amor e confiança; e o Pai ficava plenamente satisfeito. Daí, nisto devem meus irmãos imitar-me e embora saibam ser o Pai bom e misericordioso e estejam certos de sua caridade e de seu amor, devem não obstante pedir-lhe instantemente, sem jamais se cansar, que use de misericórdia para com eles e lhes conceda quanto dele esperam por meus méritos. A Mãe querida muito se alegrara ao ver-me reconhecido e confessado como verdadeiro Messias pelo santo ancião, e com isto experimentou muito consolo. Ficou, contudo, muito amargurada ao ouvir a dolorosa profecia. Era decreto imutável que minha dileta Mãe não tivesse consolação senão acompanhada de mil amarguras, tendo sempre na mente e no coração a minha Paixão, que a traspassava e atormentava com dor acerba. Ao ver eu tão aflita e dolorida minha querida Mãe, senti muito e participei de sua cruel dor. Ofereci-a ao Pai e supliquei-lhe que em virtude da dor acerba sofrida pela querida Mãe e por mim também se dignasse dar a todos os meus irmãos verdadeiro sentimento das dores dela e das minhas próprias, a fim de nos acompanharem ao menos com a compaixão, para poderem depois seguir-nos na glória. E saiba, esposa minha, que não entrará no Reino quem não me houver imitado e acompanhado no sofrer. Pedi ainda ao Pai que assim como lhe aprouvera e se dignara fazer com que o velho Simeão reconhecesse-me ao receber-me nos braços, se dignasse dar semelhante sentimento e luz a todos os que me recebessem sacramentado nos braços da alma, a fim de que, conhecendo a minha dignidade, grandeza, poder e bondade, rendam-lhe as devidas graças e estimem o grande benefício que lhes é concedido. Atendeu-me nisto o Pai. Mas as graças e as luzes divinas não causam neles os sentimentos e os afetos provocados no santo ancião, porque esse se dispôs a recebê-las, enquanto meus irmãos não pensam nisto, e agem como se devessem acolher na alma pessoa totalmente desconhecida e por isto não recebem os frutos que costuma operar tal Sacramento nas almas bem dispostas e preparadas.
PARTE 1 -PARTE 2
12-17
Agosto 6, 1917
A Divina Vontade faz feliz a alma, mesmo no meio das maiores tempestades.
(1) Continuando meu habitual estado, meu sempre amável Jesus veio, e estando eu muito afligida pelas contínuas ameaças de piores castigos, e por suas privações, me disse:
(2) "Minha filha, anima-te, não te abatas demasiado, minha Vontade torna a alma feliz mesmo no meio das maiores tempestades, mas bem se eleva tão alto, que as tempestades não a
podem tocar, se bem as vê e as sente. O lugar onde ela habita não está sujeito a tempestades, mas é sempre sereno e com sol radiante, porque a sua origem está no Céu, a sua nobreza é divina, a sua santidade está em Deus, onde está guardada pelo próprio Deus, porque zeloso da santidade desta alma que vive do meu Querer, a conservo no mais íntimo do coração e digo:
Ninguém me toque, porque meu Querer é intangível, é sagrado, e todos devem fazer honra ao meu Querer".
13-15
Setembro 2, 1921
Quem sai do Divino Querer vai ao encontro de todas as misérias. Um conhecimento de mais prepara a alma a um conhecimento maior.
(1) Estava me lamentando com meu doce Jesus por estes benditos escritos que querem divulgar, e me sentia como se quisesse me subtrair de seu Querer, e meu doce Jesus me disse:
(2) "Minha filha, como? Queres fugir ao meu Querer? Tarde demais, depois de te teres amarrado na minha Vontade, ela para te ter mais segura amarrou-te com correntes duplas.
Viveste como Rainha na minha Vontade, habituaste-te a viver com alimentos delicadíssimos e substanciais, não dominada por nenhum, mas dominadora de tudo, até de ti mesma; estás habituada a viver com todas as comodidades, imersa em imensas riquezas. Se tu saíres da minha Vontade, de imediato sentirias a miséria, o frio, o domínio perdido, todos os bens te desaparecerão e de rainha te converterás em vilíssima serva. Assim que você mesma, advertindo o grande contraste que há entre viver em meu Querer e sair dele, te jogaria mais ao fundo de minha Vontade, por isso te digo: "Muito tarde". Além disso me tirarias um grande contentamento; tu deves saber que Eu te fiz como um rei que quer amar a um amigo muito ao contrário dele na condição, mas é tanto seu amor, que decidiu fazê-lo semelhante a ele. Agora, este rei não pode fazer tudo de um só golpe e fazer do amigo rei como ele mesmo, senão que o faz pouco a pouco, primeiro lhe prepara a morada real semelhante à sua, depois lhe manda os ornamentos para adornar o palácio, lhe forma um pequeno exército, A seguir dá-lhe metade do reino, de modo que pode dizer: "O que possuis eu possuo eu, rei sou eu, rei és tu". Mas cada vez que o rei lhe dava seus dons, via sua fidelidade, e dar-lhe o dom era-lhe ocasião de novo contente, de maior glória e honra, e de uma nova festa. Se o rei tivesse querido dar ao amigo de um só golpe tudo o que lhe deu pouco a pouco, teria incomodado e perturbado o amigo porque não estava adestrado a saber dominar, mas pouco a pouco, com sua fidelidade, veio instruindo-se e tudo lhe resulta fácil.
(3) Assim fiz contigo. Tendo-te escolhido de modo especial a viver na altura da minha Vontade, pouco a pouco te instruí fazendo-te conhecer, e conforme te fazia conhecer alargava a tua capacidade e a preparava para um conhecimento maior, e cada vez que te manifesto um valor, um efeito do meu Querer, Eu sinto por isso um contente maior e junto com o Céu faço festa. Agora, conforme saem estas minhas verdades, você duplica minhas contentes e minhas festas, por isso me deixe fazer a Mim, você profunde-se mais em meu Querer".
14-15
Março 21, 1922
O duplo selo do Fiat em todas as coisas criadas.
(1) Continuando meu estado habitual, estava pensando no Santo Querer Divino, e meu sempre adorável Jesus me tem estreitada entre seus braços, e suspirando forte eu sentia seu alento que me penetrava até no coração, e depois me disse:
(2) "Filha de meu Querer, meu sopro onipotente te dá a vida de meu Querer, porque a quem faz minha Vontade meu Querer lhe fornece seu fôlego por vida, e conforme lhe dá o alento lhe afasta tudo o que não pertence a Mim, e ela não respira outra coisa que o ar de minha Vontade, e assim como o ar que se respira se recebe e se tira, assim a alma é um contínuo receber a (3) Sobre tudo o que foi criado bate a minha Vontade, não há nada em que o meu Querer não tenha o seu selo; assim que pronunciei o Fiat ao criar as coisas, o meu Querer tomou sobre elas o domínio e fez-se vida e conservação de todas as coisas. Agora, este meu Querer quer todas as coisas sejam encerradas Nele, para receber a correspondência de seus mesmos atos nobres e divinos, quer ver pairar sobre todos os atos humanos o ar, o vento, o perfume, a Luz de seu Querer, de maneira que tremulando juntos os atos seus com os da criatura, se confundam e formem uma só coisa. Isto foi o único fim da Criação, que as emanações dos quereres fossem contínuas; quero-o, pretendo-o, espero-o, por isso tenho tanta pressa de que se conheça meu Querer, seu valor e seus efeitos, para fazer que as almas que vivam em meu Querer, com suas emanações contínuas em minha Vontade, conforme façam seus atos, como ar os difundirão sobretudo, multiplicar-se-ão em todos os atos humanos, investindo e cobrindo tudo, como atos de minha Vontade, e então terei a finalidade da Criação, minha Vontade repousará nelas e formará a nova geração, e todas as coisas criadas terão o duplo selo de meu Querer: o Fiat da Criação e o eco de meu Fiat das criaturas".
15-16
Abril 20, 1923
Deus quer fazer as maiores obras em almas desconhecidas.
(1) Estava pensando no que está dito antes, e minha pobre mente nadava no mar da Divina Vontade, me sentia como afogada nela; em muitas coisas me faltam as palavras, em outras, como são tantas, não sei ter ordem e me parece que as ponho como desconectadas sobre papel, Mas Jesus parece que me tolera, basta que as escreva, e se não o faço repreende-me dizendo:
(2) "Cuidado, que não são coisas que devem servir a ti só, mas devem servir também aos demais".
(3) Agora pensava entre mim: "Se Jesus ama tanto que este modo de viver no Divino Querer seja conhecido, e que deve ser uma nova época que tanto bem deve trazer, de ultrapassar os mesmos bens da Redenção, podia falar ao Papa, que como cabeça da Igreja, tendo autoridade sobre ela poderia influenciar rapidamente os membros de toda a Igreja para fazer conhecer esta celestial doutrina e levar este grande bem às gerações humanas, ou a qualquer outra pessoa com autoridade, Esta seria mais fácil, mas a mim, pobre ignorante, desconhecida, como poderei fazer conhecer este grande bem?" E Jesus, suspirando e apertando-me mais forte a Ele, disse-me:
(4) "Filha queridíssima ao meu Supremo Querer, é meu costume fazer minhas maiores obras em almas virgens e desconhecidas, e não só virgens de natureza, mas virgens de afetos, de coração, de pensamentos, porque a verdadeira virgindade é a sombra divina, e eu só à minha sombra posso fecundar as minhas maiores obras; também nos tempos em que vim redimir estavam os pontífices, as autoridades, mas não fui ter com eles porque a minha sombra não estava neles, por isso escolhi uma Virgem desconhecida a todos, mas bem conhecida por Mim, e se a verdadeira virgindade é minha sombra, escolhê-la desconhecida era o zelo divino, que amando-a toda para Mim a fazia desconhecida a todos os demais, mas com tudo e que esta Virgem Celestial era desconhecida, Eu me fiz conhecer fazendo-me caminho para fazer conhecer a todos a Redenção. Quanto maior é a obra que quero fazer, tanto mais vou cobrindo a alma com a superfície das coisas mais ordinárias; agora, as pessoas que você diz, sendo pessoas conhecidas, o zelo divino não poderia manter sua sentinela e a sombra divina. Como é difícil encontrá-la! E além disso eu escolho a quem me agrada; está estabelecido que duas Virgens devem vir em ajuda da humanidade: Uma para salvar o homem, a outra para fazer reinar a minha Vontade sobre a terra para dar ao homem sua felicidade terrena, para unir as duas vontades, a Divina e a humana e fazer delas uma só, a fim de que a finalidade pela qual foi criado o homem tenha seu pleno cumprimento; Eu me ocuparei em fazer-me caminho para fazer conhecer o que quero. O que me interessa é ter a primeira criatura onde concentrar este meu Querer, e que nela tenha vida como no Céu assim na terra; o resto virá por si só, por isso te digo sempre: talhe Teu vôo em meu Querer', porque a vontade humana contém fraquezas, paixões, misérias, que são véus que impedem entrar no Querer Eterno, e se são pecados graves, são barricadas que se formam entre a Uma e o outro, e se o meu Fiat como no Céu assim na terra não reina sobre a terra, é precisamente isto que o impede. Agora, a ti é dado quebrar estes véus, abater estas barricadas e fazer de todos os atos humanos como um só ato na potência de meu Querer, envolvendo-os todos, e levá-los aos pés de meu Pai Celestial, como beijados e selados por seu próprio Querer, então vendo que uma criatura cobriu toda a família humana com sua Vontade, atraído e agradado, por meio dela faça descer sua Vontade sobre a terra, fazendo-a reinar como no Céu assim na terra".
16-15
Agosto 16, 1923
A razão pela qual Jesus quer que a Sua Vontade seja feita, é para encontrar ocasião e meios de poder dar sempre.
(1) Estava pensando entre mim: "Por que o bendito Jesus tem tanto interesse, quer e ama tanto que se faça sua Vontade? Que glória pode receber quando uma pobre e vil criatura cede seu querer em sua altíssima, santíssima e amavel Vontade?" Enquanto isso pensava, meu Jesus gentil e gentil disse-me:
(2) "Minha filha, queres saber? Porque é tanto o meu amor e a minha suprema bondade, que cada quando a criatura faz minha vontade e obra porque o quero Eu, lhe dou do meu, e para lhe dar sempre do meu quero que faça minha Vontade; portanto, toda a razão e o interesse pelo qual quero que faça minha Vontade, é para encontrar ocasiões e meios para poder sempre dar; é meu amor que não quer estar quieto, quer sempre correr, voar para a criatura, mas, para fazer o que? Para dar, e ela com fazer a minha Vontade se aproxima a Mim e Eu a ela, e Eu dou e ela toma. Em vez disso, se não agir para fazer a minha Vontade fica longe de Mim, fazendo-se como estranha a Mim e portanto não pode tomar o que Eu gostaria de lhe dar; e se Eu lhe quisera de dar o meu, lhe seria nocivo e indigerível, porque seu paladar tosco e contaminado pela vontade humana não o deixaria gostar ou apreciar os dons divinos; portanto, todo o Interesse é porque quero dar sempre o meu.
Quanto à minha glória, é a mesma glória minha a que recebo através do obrar da criatura que faz minha Vontade, é uma glória que desce do Céu e sobe de novo diretamente aos pés de meu Trono, multiplicada pela Vontade Divina exercitada pela criatura; em troca a glória que me podem dar aqueles que não fazem minha Vontade, se acaso houvesse alguma, seria uma glória estranha a Mim, que muitas vezes chega a me dar náusea. Muito mais, que com o obrar para fazer minha Vontade e com lhe dar Eu do meu, ponho juntas nessa obra minha Santidade, minha Potência e Sabedoria, a beleza de minhas obras, um valor incalculável e infinito, poderia dizer que são frutos de meus jardins, obras de meu celestial reino, glória de minha família e de meus filhos legítimos; portanto, como não poderão me agradar? Como não sentir a força raptora de meu Supremo Querer naquela obra da criatura que só trabalha para cumprir minha Vontade? " Oh! se todos conhecessem o bem dela não se deixariam enganar pela própria vontade".
17-10
Setembro 2, 1924
Quanto dano causa a desconfiança na alma.
(1) Sentia-me muito oprimida, mas toda abandonada nos braços de Jesus, e lhe pedia que tivesse compaixão de mim, mas enquanto isso fazia senti perder os sentidos, e via que saía de dentro de mim uma pequena menina, débil, pálida e toda absorta em uma profunda tristeza; e Jesus bendito, indo ao seu encontro, tomava-a nos braços e, movendo-se com piedade, apertava-a ao coração, e com as mãos acariciava-lhe a testa, marcando-lhe com sinais de cruz os olhos, os lábios, o peito e todo o resto da menina; enquanto isso fazia a menina se revigorava, adquiria a cor e se sacudia do estado de tristeza, e Jesus vendo que a menina readquiria as forças, a estreitava mais forte para mais energizar e lhe dizia:.
(2) "Pobre pequena, a que estado estás reduzida, mas não temas, teu Jesus te fará sair deste estado".
(3) Então, enquanto isso acontecia eu pensava entre mim: "Quem será esta menina que saiu de mim e que Jesus ama tanto?" E meu doce Jesus me disse:.
(4) "Minha filha, esta menina é a tua alma, e Eu a amo tanto que não tolero ver-te tão triste e débil, por isso vim para infundir-te nova vida e novo vigor".
(5) Então eu, ouvindo isto, disse-lhe chorando: "Meu amor e minha vida, Jesus, quanto temo que Tu me deixes, como farei sem Ti? Como poderei viver, a que estado deplorável se reduzirá minha pobre alma? Que pena tão dilacerante é o pensamento de que Você possa me deixar! Pena que me lacera, me tira a paz e me põe o inferno no coração. Jesus, piedade, compaixão, misericórdia de mim, pequena menina, não tenho ninguém, se me deixares, tudo terá terminado para mim".
(6) E Jesus, falando de novo acrescentou: "Minha filha, acalma-te, não temas, teu Jesus não te deixa. Eu sou ciumento de sua confiança, não quero que desconfie minimamente de Mim. Olhe, Eu amo tanto que as almas estejam com toda confiança Comigo, que muitas vezes escondo algum defeito ou imperfeição delas, ou alguma incorrespondência a minha graça, para não dar-lhes ocasião de que não estejam Comigo com toda confiança, porque se perde a confiança a alma fica como dividida de Mim e toda encolhida em si mesma, põe-se a distância de Mim e fica paralisada no lançar-se ao amor, e por isso paralisada no sacrificar-se por Mim. Oh! quanto dano faz a desconfiança, pode-se dizer que é como essa geada primaveril que apaga a vida às plantas, e muitas vezes se a geada é forte as faz mesmo morrer; assim a desconfiança, mais que geada detém o desenvolvimento às virtudes e põe o gelo ao mais ardente amor; OH! quantas vezes por falta de confiança ficam presos meus desígnios e as maiores santidades, por isso Eu tolero qualquer defeito exceto a desconfiança, porque jamais lhe podem produzir tanto dano. E além disso, como posso deixá-la se trabalhei tanto em sua alma? Olhe um pouco quanto tive que trabalhar"..
(7) E enquanto dizia isto, fazia ver um palácio suntuoso e imenso, construído pelas mãos de Jesus no fundo da minha alma e depois acrescentou:
(8) "Minha filha, como posso deixar-te? Veja quantas permanências, são quase inumeráveis; por quantos conhecimentos, efeitos, valores e méritos em minha Vontade te fiz conhecer, tantas permanências formava Eu em ti, para depositar todos esses bens. Não me resta outra coisa, que acrescentar alguma outra variedade de outras cores diferentes para pintar outras raras belezas de minha Suprema Vontade, para dar mais realce e honra a meu trabalho. E você duvida, pensando que poderia deixar tanto trabalho meu? Me custa muito, está minha Vontade comprometida, e onde está minha Vontade está a Vida, Vida não sujeita a morrer. Seu temor não é outra coisa que um pouco de desconfiança de sua parte, por isso confia de Mim e estaremos de acordo, e Eu cumprirei o trabalho de minha Vontade".
18-14
Novembro 19, 1925
O Divino Querer quer a companhia da criatura para poder enriquecê-la, instruí-la e dar-lhe a posse do bem que a faz conhecer.
(1) Sentia-me como imersa no imenso mar da Suprema Vontade, e teria querido, como me diz meu amável Jesus, que nada me escapasse de todos os atos que fez, faz e fará, que para Jesus são um ato só, e que eu sempre estivesse junto com esta Divina Vontade para dar-lhe minha pequena correspondência de amor e de agradecimento; teria querido ao menos fazer uma longa lista de todos os atos desta Vontade Suprema para admirar, louvar o que Ela sabe fazer, e estar sempre junto com Ela, jamais deixá-la sozinha. Mas, ai de mim! Minha pequenez é tanta, que me perco e não sei onde tomá-la para segui-la, porque onde quer que a encontro e sempre em ato de fazer coisas surpreendentes, seja nas coisas grandes como nas mais pequenas. Mas enquanto isso eu pensava, meu doce Jesus saindo de dentro de mim me disse:.
(2) "Filha do meu Santo Querer, que é filha deve saber o que o pai faz, deve saber o que ele tem e deve poder dizer ao pai: O que é teu é meu'. E se isso não for, significa que não há acordo entre pai e filha, ou que talvez não seja filha legítima deste pai. Assim é, quem é verdadeira filha de minha Vontade deve conhecer o que faz e os imensos bens que possui; é propriamente isto viver em meu Querer, fazer companhia a todos os atos que faz minha Vontade. Ela não quer viver isolada no meio da Criação, mas quer a companhia da criatura, por causa da qual, porque a ama tanto, mantém a ordem de toda a Criação e faz-se vida de cada coisa; e quando encontra a alma que lhe faz companhia nesta vida que mantém em todo o universo, minha Vontade jubilosa faz festa e se sente feliz, encontra a que ama e pela qual é correspondida em amor, encontra a quem pode fazer-se conhecer, o que possui, e em sua felicidade narra à alma os arcanos de seu Querer, seu valor e seus efeitos surpreendentes; mas isto é nada, conforme narra seus conhecimentos, o que faz e o que é, assim lhe faz doação do que lhe manifesta, e mais que válida escritura é o mesmo conhecimento, que com caracteres de luz imprimiu na alma a posse dos bens que seu conhecimento contém. Oh! como é bonito ver a santidade, a potência, a imensidão do meu querer entreter-se com a pequenez da vontade humana no ato em que lhe faz companhia; Ele quer dar sempre, não se detém jamais, quer ver a pequenez bela, rica, potente, quer tê-la sempre por perto para poder dar-lhe sempre. Não há coisa mais bela, mais graciosa, mais surpreendente ao ver-se, que uma alma que procura seguir os atos da Vontade do seu Criador; há uma competência contínua entre eles, um amor recíproco, um dar e um receber contínuo. Oh! se tu soubesses como és rica; por quantas coisas conheces da minha Vontade, tantos bens possuis; se tu os enumerasses, te perderias e ficarias afogada neles. Por isso seja atenta em seguir os atos de meu Querer se quiser fazer-lhe contínua companhia".
19-14
Abril 25, 1926
O Fiat no Céu é triunfador, na terra é conquistador.
(1) Passo dias amargos pelas privações de meu doce Jesus, sinto que respiro um ar venenoso, bastante para me dar não uma morte mas milhares de mortes, mas enquanto estou por sucumbir
sob o golpe mortal, sinto o ar vital e balsâmico do Querer Supremo que me serve de antídoto para não me deixar morrer, e me tem em vida para sofrer mortes contínuas sob o peso incalculável da privação do meu sumo e único Bem. Oh, privação de meu Jesus, como é dolorosa, você é o verdadeiro martírio para minha pobre alma! ¡ Ó Vontade Suprema, como é forte e potente, que com me dar vida me impede o vôo para a pátria celestial para encontrar Aquele que tanto suspiro e anseio! Ah, piedade de meu duro exílio, piedade de mim que vivo sem Aquele que é o único que pode me dar vida! Mas enquanto me sentia esmagada sob o peso de sua privação, meu amável Jesus se moveu em meu interior e me olhava fixamente, a seu olhar piedoso me sentia retornar da morte à vida, e como eu estava fazendo meus acostumados atos em seu Querer Supremo, me disse:.
(2) "Minha filha, enquanto você imprimia o seu eu te amo' em minha Vontade sobre todas as coisas criadas, toda a Criação se sentia duplicar o amor do seu Criador, e como as coisas criadas não têm razão, aquele amor corria com ímpeto para Aquele que as tinha criado; e o Pai Celestial ao ver-se duplicado o amor que tirou na Criação pela pequena recém-nascida de seu Querer, para não se deixar vencer em amor, duplica seu amor e o faz correr sobre todas as coisas criadas, para fazer o mesmo caminho que fez sua pequena filha, e depois todo este amor o concentra naquela que lhe enviou seu amor duplicado, e com ternura paterna espera a nova surpresa, que a sua recém-nascida lhe duplique de novo o seu amor. ¡ Oh, se você soubesse as correntes e as ondas de amor que vão e vêm da terra ao Céu, e do Céu à terra, como toda a Criação sente, embora em sua linguagem muda e sem razão, este amor duplicado d'Aquele que as criou, e daquela, por causa da qual foram criadas, como todas se põem em atitude de sorriso, de festa e de fazer correr benévolos seus afetos às criaturas! Viver no meu Querer move tudo, investe tudo e cumpre a obra do seu Criador na Criação. O Fiat como no Céu sobre a terra tem um prodígio, uma nota mais harmoniosa, uma característica mais bela que não goza nem possui no mesmo Céu, porque no Céu possui o prodígio de um Fiat de absoluto triunfo, que nenhum lhe pode resistir, e todo o gozar nas regiões celestiais vem do Fiat Supremo. Aqui no exílio, no fundo da alma, contém o prodígio de um Fiat conquistador, e de novas conquistas, enquanto no Céu não há novas conquistas porque tudo é seu. Na alma peregrina meu Fiat não é absoluto, mas quer a alma junto, em sua mesma obra, e por isso se deleita de manifestar-se, de ordenar e até de rogar-lhe que trabalhe com Ele, e quando a alma cede e se deixa investir pelo Fiat Supremo, se formam tais notas harmoniosas produzidas por ambas as partes, que o próprio Criador se sente recriar por suas mesmas notas divinas formadas pela criatura. Estas notas no Céu não existem, porque não é morada de obras, mas de alegrias, e por isso o meu Fiat na terra tem a bela característica de imprimir na alma o seu próprio agir divino, para fazê-la repetidora das suas obras. Assim, se no Céu o meu Fiat é triunfador e ninguém pode dizer na região celestial que fez uma obra para testemunhar o seu amor, seu sacrifício ao Fiat Supremo; aqui na terra é conquistador, e se gosta do trono, muito mais gostam as novas conquistas, e quanto não faria meu Fiat para conquistar uma alma, para fazê-la operar em seu Querer? Quanto não fez e não faz por você?".
(3) Depois, o meu doce Jesus fazia-se ver crucificado, e sofria muito, eu não sabia o que fazer para o aliviar, sentia-me aniquilada pelas súbitas privações, e Jesus, descravando-se da cruz se lançou nos meus braços dizendo-me:
(4) "Ajuda-me a aplacar a Divina Justiça que quer golpear as criaturas".
(5) Então se sentia um forte terremoto que trazia destruição de cidades. Eu fiquei espantada, Jesus desapareceu, e eu me encontrei em mim mesma....
20-13
Outubro 19, 1926
(Sem título).
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, meu adorável Jesus se fazia ver em meu interior, e um sol que descia do céu concentrado em seu peito, e eu conforme rezava, respirava, me movia, fazia minhas ações em seu Querer, assim, Jesus se tornava mais luz em minha alma e ocupava mais lugar; eu fiquei maravilhada ao ver que a cada coisa que fazia tomava luz do peito de Jesus, e Ele se tornava maior e se estendia mais em mim, e eu ficava mais cheia d‟Ele. Depois disto me disse:
(2) "Minha filha, minha Divindade é um ato novo contínuo, e como minha Vontade é o regime d‟Ela, o desenvolvimento de nossas obras, a portadora deste ato novo, por isso possui a plenitude deste ato novo e por isso é sempre nova em suas obras, nova em sua felicidade, na alegria e sempre nova nas manifestações dos seus conhecimentos. Eis a razão pela qual te diz sempre coisas novas de meu Fiat, porque possui a fonte da novidade, e se tantas coisas parecem que se assemelham, que se dão a mão, isto é efeito da luz interminável que contém, porque sendo inseparável parece que todas são luzes entrelaçadas juntas, e assim como na luz está a substância das cores, que são como tantos atos novos e distintos que possui a luz, e não se pode dizer que é uma só cor, mas todas as cores com a variedade de todos os matizes, pálidos, fortes, escuros, mas o que embeleza e torna mais resplandecentes estas cores, é porque estão investidas pela força da luz, de outro modo seriam como cores sem atrativo e sem beleza. Assim, os tantos conhecimentos que te vêm dados sobre minha Vontade, como saem de sua luz interminável estão investidos de luz e por isso parece que se dão a mão, que se assemelham, mas na substância são mais que cores, sempre novos nas verdades, novos no modo, novos no bem que levam, novos na santificação que comunicam, novos nas semelhanças, novos nas belezas, e talvez até mesmo uma só palavra nova que há nas diversas manifestações sobre a minha Vontade, é sempre uma cor divina e um ato eterno novo que leva a criatura a um ato que nunca termina na graça, nos bens e na glória. E você sabe o que significa possuir estes conhecimentos sobre minha Vontade? É como se alguém tivesse uma moeda que tem a virtude de fazer surgir quantas moedas quiser, e possuindo um bem que surge, a pobreza terminou. Assim estes meus conhecimentos possuem luz, santidade, força, beleza, riquezas que sempre surgem, assim quem os possuir terá a fonte da luz, da santidade, por isso para ela terminarão as trevas, as fraquezas, a fealdade da culpa, a escassez dos bens divinos, todos os males terminarão e possuirão a fonte da santidade. Olhe, esta luz que você vê concentrada em meu peito é minha Suprema Vontade, que conforme você emite seus atos, assim surge a luz e se te comunica e te leva os novos conhecimentos sobre meu Fiat, os quais, esvaziando-te expandem o lugar para poder me estender mais em você, e à medida que me estendo assim vai terminando sua vida natural, sua vontade, toda você mesma, porque dá lugar à minha e Eu me ocupo em formar e estender sempre mais o Reino do Fiat Supremo em você, e você terá mais campo para girar n‟Ela e para me ajudar no trabalho da nova formação do meu Reino em meio às criaturas".
(3) Então eu continuei meus atos no céu interminável do Querer Divino e tocava com a mão que tudo o que saiu do Fiat Eterno, tanto na Criação como na Redenção e Santificação, são tantos
seres e coisas inumeráveis, todos novos e distintos entre eles, no mais parecidos, eles apertam as mãos, mas nenhum ser ou coisa pode dizer que eu sou a mesma coisa que a outra, mesmo o menor inseto, a mais pequena flor tem a marca da novidade. Então pensei comigo: "É realmente verdade que o Fiat da Majestade Divina contém a virtude, a fonte de um ato novo contínuo. Que
felicidade ser dominada por este Fiat Onipotente, estar sob a influência de um novo ato jamais interrompido!" Agora, enquanto pensava isto, o meu doce Jesus voltou e olhou para mim com amor indescritível chamava tudo em torno d‟Ele, ao seu sinal a Criação toda, os bens da Redenção se encontraram em torno de Jesus e Ele vinculava minha pobre alma a toda a Criação e Redenção para fazer-me receber todos os efeitos de tudo o que fez sua adorável Vontade, e me disse:
(4) "Minha filha, quem se faz dominar por minha Vontade está sob a influência de todos seus atos e recebe os efeitos e a vida do que fez na Criação e na Redenção, tudo fica em relação e vinculado a ela”.
+ + + +
20-14
Outubro 22, 1926
O grande bem que levará o reino do Fiat Divino. Como será preservativo de todos os males. Assim como a Virgem, enquanto não fez nenhum milagre, fez o grande milagre de dar um Deus às criaturas, assim será quem deve fazer conhecer o Reino, fará o grande milagre de dar uma Vontade Divina.
(1) Estava a pensar no Santo Querer Divino e dizia em mim: "Mas qual será o grande bem deste reino do Fiat Supremo?" E Jesus, como interrompendo o meu pensamento e como depressa se moveu dentro de mim, dizendo-me:
(2) "Minha filha, qual será o grande bem? Qual será o grande bem? O Reino de meu Fiat encerrará todos os bens, todos os milagres, os presságios mais estrepitosos, antes os ultrapassará a todos juntos, e se milagre significa dar a vista a um cego, endireitar a um coxo, curar um enfermo, ressuscitar um morto, etc., o Reino da Minha Vontade terá o alimento preservativo, e qualquer que entrar n‟Ele, não haverá nenhum perigo de que possa permanecer cego, coxo e enfermo, a morte na alma não terá mais poder, e se o tiver sobre o corpo não será morte, mas passo, e faltando o alimento da culpa e a vontade humana degradada que produz a corrupção nos corpos, e estando o alimento preservativo da minha Vontade, tampouco os corpos estarão sujeitos a decompor-se e a corromper-se tão horrivelmente de infundir temor até aos mais fortes, como é agora, mas sim ficarão compostos em suas sepulturas esperando o dia da ressurreição de todos. Então, o que você acha que seja mais milagre, dar a vista a um pobre cego, endireitar um coxo, curar um enfermo, ou ter um meio preservativo para que o olho não perca jamais sua vista, que se caminhe sempre direito, que se esteja sempre são? Acho que é mais o milagre preservativo que o milagre depois da desventura aconteceu. Esta é a grande diferença do Reino da Redenção e do Reino do Fiat Supremo, no primeiro foi milagre para os pobres desventurados, como o é ainda agora que jazem, quem em uma desventura e quem em outra, e por isso Eu dei o exemplo também no exterior, fazendo tantas curas diferentes que eram símbolo das curas que Eu fazia nas almas, e que facilmente retornam a sua enfermidade. O segundo será milagre preservativo, porque minha Vontade possui a milagrosa Potência que quem se faz dominar por Ela não estará sujeito a nenhum mal, portanto não terá nenhuma necessidade de fazer milagres, porque os conservará sempre sãos, santos e belos, dignos daquela beleza que saiu de nossas mãos criadoras ao criar a criatura. O Reino do Fiat Divino fará o grande milagre de desterrar todos os males, todas as misérias, todos os temores, porque Ele não fará o milagre a tempo e a circunstância, mas que se manterá sobre seus filhos de seu Reino com um ato de milagre contínuo para preservá-los de qualquer mal e fazê-los distinguir como filhos de seu Reino, isto na alma, mas também no corpo haverá muitas modificações, porque é sempre a culpa o alimento de todos os males, e removida a culpa faltará o alimento ao mal, muito mais que minha Vontade e pecado não podem existir juntos, portanto, também a natureza humana terá seus benéficos efeitos.
(3) Agora, minha filha, que devo preparar o grande milagre do Reino do Fiat Supremo, estou fazendo com você, como filha primogênita da minha Vontade, como fiz com a Soberana Rainha, minha Mãe, quando preparei o Reino da Redenção, a atraí tanto a Mim, a mantive tão ocupada em seu interior para poder formar junto com Ela o milagre da Redenção, e havia tanta necessidade, tantas coisas que juntos tínhamos que fazer, que refazer, que completar, que tive que esconder em seu exterior qualquer coisa que pudesse chamar-se milagre, exceto sua perfeita virtude, com isto a deixei mais livre para fazê-la navegar o mar interminável do Fiat Eterno, e assim pudesse ter acesso à Divina Majestade para obter o Reino da Redenção. O que teria sido mais, se a Celestial Rainha tivesse dado a vista aos cegos, a palavra aos mudos e demais, ou bem o milagre de fazer descer o Verbo Eterno sobre a terra? Os primeiros teriam sido milagres acidentais, passageiros e individuais, em troca o segundo é milagre permanente e para todos, sempre e quando o queiram;
por isso os primeiros teriam sido como um nada comparados ao segundo. Ela foi o verdadeiro sol que eclipsando tudo, eclipsou em Si o mesmo Verbo do Pai, germinando de sua luz todos os bens, todos os efeitos e milagres que produziu a Redenção; mas como o sol, produzia os bens e os milagres sem fazer-se ver ou fazer-se notar de que era Ela a causa primária de tudo. De fato, tudo o que eu fiz de bem sobre a terra, eu fiz porque a Imperatriz do Céu chegou a ter seu império na Divindade, e com seu império me trouxe do Céu para me dar às criaturas.
(4) Agora, assim estou fazendo contigo para preparar o Reino do Fiat Supremo. Tenho-te Comigo, faço-te navegar o mar interminável d‟Ele para te dar o acesso junto ao Pai Celestial a fim de que lhe supliques, venças, imperes, para obter o Fiat do meu Reino. E para cumprir e consumar em ti toda a força milagrosa que se necessita para um Reino tão santo, tenho-te continuamente ocupada em teu interior no trabalho de meu Reino, faço-te girar continuamente para fazer, para refazer, para completar tudo o que se necessita e que todos deveriam fazer, para formar o grande milagre de meu Reino, e externamente nada deixo aparecer de milagroso em ti, exceto a luz de minha Vontade. Alguns poderão dizer: Como! Tantos presságios que manifesta o bendito Jesus a esta criatura deste reino do Fiat Divino, os bens que trará ultrapassarão Criação e Redenção, aliás, será coroa tanto de uma como da outra, e apesar de tanto bem nenhuma coisa milagrosa no exterior se vê nela como confirmação do grande bem deste Reino do Eterno Fiat, enquanto os outros santos, sem o presságio deste grande bem, fizeram milagres a cada passo. Mas se você olhar para trás e considerar a minha amada Mãe, a mais santa de todas as criaturas, o grande bem que encerrou em Si e que trouxe as criaturas, não há quem possa comparar-se a Ela, fez o grande milagre de conceber em Si o Verbo Divino e o presságio de dar um Deus a cada criatura. E diante deste prodígio jamais visto nem ouvido, de poder dar o Verbo Eterno às criaturas, todos os outros milagres unidos juntos são pequenas chaminhas diante do sol. Agora quem deve fazer o mais não é necessário que faça o menos, assim diante do grande milagre do Reino de minha Vontade restabelecido em meio às criaturas, todos os outros milagres serão pequenas chaminhas diante do grande Sol de meu Querer; cada dito, verdade e manifestação sobre Ele, é um milagre que saiu de minha Vontade como preservativo de todo mal e para vincular as criaturas a um bem infinito, a uma glória maior, a uma nova beleza toda divina. Cada verdade minha sobre meu Eterno Querer contém o poder e a virtude prodigiosa, mais que se ressuscitasse a um morto, que se curasse a um leproso, que um cego visse, que um mudo falasse, porque minhas palavras sobre a santidade e poder de meu Fiat, ressuscitarão as almas à sua origem, as curarão da lepra que produziu a vontade humana, lhes dará a vista para ver os bens do Reino de minha Vontade, porque até agora eram como cegos, lhes dará a palavra a tantos mudos que enquanto sabiam dizer tantas outras coisas, somente para minha Vontade eram como tantos mudos que não tinham palavra; e além disso o grande milagre de poder dar uma Vontade Divina a cada criatura, que contém todos os bens. O que não lhes dará quando estiver na posse dos filhos do seu Reino? Eis por que te tenho toda ocupada no trabalho deste meu Reino, e há muito que fazer para preparar o grande milagre de que o Reino do Fiat seja conhecido e possuído. Por isso seja atenta em atravessar o mar interminável de minha Vontade, a fim de que venha estabelecida a ordem entre Criador e criatura, e assim poderei fazer o grande milagre por meio de ti, de que o homem regresse à sua origem de onde saiu".
(5) Depois eu estava pensando no que está escrito acima, especialmente no que cada palavra e manifestação sobre a Suprema Vontade é um milagre saído d‟Ela, e Jesus para confirmar-me o
que me havia dito acrescentou:
(6) "Minha filha, que crês tu que tenha sido mais milagre quando vim à terra: Minha palavra, o evangelho que anunciei, ou bem que dei a vida aos mortos, a vista aos cegos, o ouvido aos surdos etc.? Ah! minha filha, foi maior milagre minha palavra, meu evangelho, muito mais que os mesmos milagres saíram de minha palavra; a base, a substância de todos os milagres saiu de minha palavra criadora, os Sacramentos, a própria Criação, milagre permanente, tiveram vida da minha palavra e a minha própria Igreja tem por regime, por fundamento a minha palavra, o meu Evangelho. Portanto, a minha palavra, o meu evangelho, foi mais um milagre do que os mesmos milagres, que se tinham vida, foi por minha palavra milagrosa. Portanto deves estar segura que a palavra de teu Jesus é o maior milagre; minha palavra é como vento impetuoso que corre, golpeia o ouvido, entra nos corações, esquenta, purifica, ilumina, gira, volta a girar de nação em nação, percorre todo o mundo, gira por todos os séculos; quem pode matar e sepultar uma palavra minha?
Ninguém. E se alguma vez parecer que a minha palavra está calada e como que escondida, ela não perde jamais a vida, quando menos se cria, sai e gira por todas as partes; passarão os séculos em que todos: Homens e coisas serão esmagados e desaparecerão, mas minha palavra não passará jamais, porque contém a vida, a força milagrosa d'Aquele que a fez sair. Por isso, tenha certeza de que cada palavra e manifestação que te faço sobre o Fiat Eterno é o maior milagre, que servirão para o reino de minha Vontade. Eis por que tanto te incito e tanto me interessa que nem sequer uma palavra minha não seja manifestada e escrita por ti, porque me vejo retornar um milagre meu que tanto bem levará aos filhos do Fiat Supremo".
Nenhum comentário:
Postar um comentário