MEDITAÇÃO
LIVRO DO CÉU VOLUME 1
(121) E assim passei alguns anos sofrendo por parte das criaturas, dos demônios e diretamente de Deus, às vezes chegava a tanta amargura por parte das criaturas, e pelo modo como pensavam, que tinha vergonha de que qualquer pessoa me visse, tanto, que o meu maior sacrifício era aparecer no meio das pessoas; tanta era a vergonha e a confusão que me sentia atordoada.
Houve outras visitas de outros médicos, mas não serviram para nada, às vezes derramando amargas lágrimas dizia-lhe com todo o coração: "Senhor, como se tornaram públicos os meus sofrimentos, agora não só a família o sabe mas também os estranhos me vejo toda coberta de confusão, parece-me que todos me apontam com o dedo, como se estes sofrimentos fossem as mais más ações, eu mesma não sei dizer o que me acontece. Ah! Só Tu podes libertar-me de tal publicidade e fazer-me sofrer ocultamente. Peço-te, suplico-te, escuta-me favoravelmente".
(122) Às vezes também o Senhor mostrava não me escutar e aumentavam minhas penas, outras Vezes se compadecia de mim dizendo-me:
(123) "Pobre filha, vem a Mim que te quero consolar, tu tens razão em que sofres, mas é que não te lembras, que também Eu, oh, quanto mais sofri. Até certo momento minhas penas foram ocultas, mas quando chegou a Vontade do Pai de sofrer em público, rapidamente saí a encontrar confusões, opróbrios, desprezos, até ser despojado de minhas vestes, estar nu no meio de um povo numerosíssimo, Poderia imaginar confusão maior que esta? Minha natureza sentia muito este tipo de sofrimento, mas tinha os olhos fixos à Vontade do Pai, e oferecia essas penas em reparação de tantos que cometem as mais nefastas ações publicamente, diante dos olhos de muitos, vangloriando-se sem a mínima vergonha, e lhe dizia: "Pai, aceita as minhas confusões e a meus opróbios em reparação de tantos que cometem as mais nefastas ações publicamente, perante os olhos de muitos, vangloriando-se sem a menor vergonha, e lhe dizia: "Pai, aceita as minhas confusões e a minha desonra em reparação de tantos que têm a audácia de te ofender tão livremente sem o mínimo desgosto; perdoa-lhes, dá-lhes luz a fim de que vejam a fealdade do
pecado e se convertam". Também a ti quero tornar-te partícipe deste tipo de sofrimentos. Você não sabe que os mais belos presentes que posso dar às almas que amo são as cruzes e as penas?
Você é uma criança ainda no caminho da cruz, por isso se sente muito fraca, quando tiver crescido e tiver conhecido como é precioso sofrer, então se sentirá mais forte. Por isso apóie-se em Mim, repouse porque assim adquirirá força".
2-17
Abril 26, 1899
Jesus a alegra com respeito ao confessor. Fala-lhe das almas desapegadas, que enquanto não têm nada, tudo possuem.
(1) Quando hoje meu amado Jesus se fazia ver, parecia-me que me enviava tantos raios de luz, que toda me penetravam, quando em um instante nos encontramos fora de mim mesma e junto se encontrava o confessor. Eu imediatamente pedi ao meu querido Jesus que lhe desse um beijo ao confessor e que estivesse um pouco em seus braços, (Jesus era menino). Para me contentar logo beijou o confessor no rosto, mas sem querer separar-se de mim, eu fiquei toda aflita e lhe disse: "Meu Teseu, não era esta a minha intenção, de te fazer beijar o seu rosto, mas a boca, a fim de que tocada pelos teus lábios puríssimos fosse santificada e fortificada daquela debilidade, assim poderá anunciar mais livremente a santa palavra e santificar os demais. Ah, te rogo que me contentes!" Assim, Jesus deu outro beijo, mas agora na boca dele, e depois me disse:
(2) "Me são tão agradáveis as almas desapegadas de tudo, não só no afeto, mas também em efeito, que à medida que vão despojando-se, assim minha luz as vai investindo e chegam a ser como cristais, nos quais a luz do sol não encontra impedimento para penetrar dentro deles, como o encontra nas construções e nas demais coisas materiais".
(3) Ah! disse depois: "Crêem despojar-se, mas em troca vêm a vestir-se não só das coisas espirituais, mas também das corporais, porque minha providência tem um cuidado todo especial e particular por estas almas desapegadas, minha providência as cobre por toda parte; acontece que nada têm, mas todos possuem".
(4) Depois disso nos retiramos do confessor e encontramos muitas pessoas religiosas que pareciam ter toda a intenção de trabalhar por fins de interesses, Jesus passando no meio delas
disse:
(5) "Ai daquele que trabalha pela finalidade de adquirir dinheiro, já receberam em vida seu pagamento!"
3-16
Novembro 30, 1899
Membros doentes e membros sãos no corpo místico de Jesus
(1) Continua vindo meu adorável Jesus, e desta vez o via no momento quando estava atado à coluna; Ele, desatendo se lançava em meus braços para ser compadecido por mim. Eu o estreitava e começava a arrumar-lhe os cabelos, todos com coágulos de sangue, a secar-lhe os olhos e o rosto, e ao mesmo tempo o beijava e fazia diversos atos de reparação. Quando cheguei às mãos e lhe tirei a corrente, com suma maravilha vi que a cabeça era de Nosso Senhor, mas os membros eram de tantas outras pessoas, especialmente religiosas. Oh! quantos membros infectados que davam mais trevas do que luz; no lado esquerdo estavam os que davam mais sofrimento a Jesus, se viam membros doentes, cheios de chagas com vermes e profundas, outros que apenas ficavam unidos por um nervo àquele corpo, oh, como se doía e vacilava aquela cabeça divina sobre aqueles membros. Ao lado direito se viam aqueles que eram melhores, isto é, membros sãos, resplandecentes, cobertos de flores e de orvalho celestial, perfumados com fragrâncias, e entre estes membros se descobria algum que desprendia um perfume apagado.
(2) Esta cabeça divina sobre estes membros sofria muito; é verdade que havia membros resplandecentes, que quase se assemelhavam à luz daquela cabeça, que a recriavam e lhe davam grandíssima glória, mas eram em número maior os membros infectados. Jesus, abrindo sua dulcíssima boca me disse:
(3) "Minha filha, quantas dores me dão estes membros! Este corpo que você vê é o corpo místico de minha Igreja, do qual me glorio de ser sua cabeça, mas que cruel rasgo fazem estes membros neste corpo! Eles parecem estar se esgueirando entre eles para ver quem pode me causar mais tormento".
(4) Ele disse outras coisas que eu não me lembro bem sobre este corpo, por isso ponho ponto.
4-16
Outubro 4, 1900
Jesus sofre ao castigar o homem porque são suas imagens.
(1) Depois de ter passado um dia de privação e com escasso sofrimento, sentia-me convencida de que o Senhor não queria ter-me mais neste estado; no entanto a obediência, mesmo nisto, não quer ceder, e quer que continue a estar nele, ainda que deva morrer. Seja sempre bendito o Senhor e em tudo seja feito seu santo e amável Querer. Então, esta manhã, ao vir o bendito Jesus, fazia-se ver em um estado que dava compaixão, parecia que sofria em seus membros, e seu corpo era cortado em tantos pedaços que era impossível numera-los; e com voz lastimosa dizia:
(2) "Minha filha, que sinto! O que sinto! são penas inenarráveis e incompreensíveis à natureza humana; é carne de meus filhos que é dilacerada, e é tanto a dor que sinto, que me sinto dilacerar minha própria carne".
(3) E enquanto isso gemia e doía. Eu sentia-me enternecedor ao vê-lo neste estado, e fiz tudo o que pude por compadecê-lo e rogar-lhe que me participasse suas tristezas. Agradou-me em parte e apenas pude dizer-lhe: "Ah Senhor, não te dizia eu, que não lançasses mão dos castigos, porque o que mais me desagrada é que ficarás ferido nos teus próprios membros? Ah, desta vez não houve modos nem orações para aplacar-te!" Mas Jesus não prestou atenção a minhas palavras, parecia que tinha uma coisa séria no coração que o levava a outra parte, e num instante me transportou fora de mim mesma, levando-me a lugares onde Ocorriam massacres sangrentos.
Oh, quantas cenas dolorosas se viam no mundo, quantas carnes humanas atormentadas, feitas em pedaços, pisoteadas como se pisa a terra e deixadas sem sepultar; quantas desgraças, quantas misérias! e o pior era que outras coisas mais terríveis deviam acontecer. O bendito Senhor olhou, e comovendo-se tudo começou a chorar amargamente. Eu, não podendo resistir chorei junto com Ele a triste condição do mundo, tanto que minhas lágrimas se misturavam com as de Jesus. Depois de ter chorado um bom momento, admirei outro traço da bondade de Nosso Senhor: Para fazer que deixasse de chorar ocultou seu rosto de mim, secou-se as lágrimas, e logo voltando-se de novo com rosto alegre me disse:
(4) "Amada minha, não chores, basta, basta, o que vês serve para justificar a minha Justiça".
(5) E eu: "Ah Senhor, digo bem que já não é Vontade tua o meu estado, em que aproveita o meu estado de vítima se não me for dado livrar os teus caríssimos membros e isentar o mundo de
tantos castigos?"
(6) E Ele: "Não é como você diz; também Eu fui vítima, e apesar de sê-lo não me foi dado livrar ao mundo de todos os castigos; abri-lhe o Céu, o livrei da culpa, sim, levei sobre Mim suas penas, mas é justiça que o homem receba sobre si parte daqueles castigos que ele mesmo se atrai pecando.
E, se não fosse pelas vítimas, não só mereceria o simples castigo, ou seja, a destruição do corpo, mas também a perda da alma; e eis a necessidade das vítimas, que quem se quiser servir delas, porque o homem é sempre livre na sua vontade, pode encontrar o perdão da pena e o porto de sua
salvação".
(7) E eu: "Ah Senhor, como gostaria de ir antes que avancem mais estes castigos!"
(8) E Ele: "Se o mundo chega a tal impiedade de não merecer nenhuma vítima, seguro que te levarei".
(9) Ao ouvir isto disse: "Senhor, não permita que permaneça aqui, e assistir a cenas tão dolorosas".
(10) E Jesus, quase me repreendeu acrescentou: "Em vez de me pedir que os liberte, você diz que quer vir; se Eu levasse todos os meus, o que seria do pobre mundo? Certamente não teria mais o que fazer com ele, e não lhe teria mais nenhuma consideração".
(11) Depois disso eu pedi por várias pessoas, Ele desapareceu e eu retornei em mim mesma.
6-15
Julho 3, 1903
Quem se dá a Jesus em vida, Jesus dá-Se a Ela na morte e a isenta do purgatório.
(1) Esta manhã, encontrando-me extremamente aflita pela perda do meu adorável Jesus, fez-se ver dentro de mim, que enchia toda a minha pessoa, isto é, a minha cabeça, os meus braços e assim por diante. E, vendo isto, disse-me, como querendo explicar-me o significado de como se fazia ver:
(2) "Minha filha, por que te afliges sendo Eu o dono de ti? Quando uma alma chega a me fazer dono de sua mente, dos braços, do coração e dos pés, o pecado não pode reinar, e se alguma
coisa involuntária entra nela, sendo Eu o dono, e a alma estando sob a influência de meu domínio, está em contínua atitude de expiação e rapidamente sai. Além disso, sendo eu santo, é difícil reter em si qualquer coisa que não seja santa; além disso, tendo-me dado a si mesma em vida, é justiça que Eu te dê a todo o Eu mesmo na morte, admitindo-a sem qualquer demora à visão beatífica. A quem tudo é dado a Mim, as chamas do purgatório nada têm a ver com ela".
7-17
Maio 15, 1906
A alma é como uma esponja, que se se exprime a si mesma, se impregna de Deus.
(1) Continuando meu habitual estado, sentia uma extrema aflição pela privação do bendito Jesus, cansada e quase extenuada de forças. Agora, assim que se fez ver em meu interior me disse: (2) "Minha filha, o que a alma deve fazer é um contínuo espremer-se a si mesma, porque a alma é como uma esponja, se espreme a si mesma e se impregna de Deus, e embebendo-se de Deus sente a Vida de Deus em si mesma, e por isso sente o amor à virtude, sente tendências santas, sente-se vazia de si mesma e transformada em Deus, e se não se exprime a si mesma fica impregnada de si mesma, e portanto sente todos os efeitos que contém a corrupta natureza, todos os vícios aparecem na cabeça. A soberba, a inveja, a desobediência, a impureza, etc, etc"
8-15
Outubro 29, 1907
O verdadeiro amor e sacrifício.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, encontrei-me fora de mim mesma, e via o Menino Jesus, que, pondo-se sobre a minha cama, me batia com as suas mãos todo o corpo, dando-me também pontapés. Quando me derrubou muito bem e pisou, desapareceu. Voltando em mim mesma não entendia o por que destes golpes, mas estava contente porque lembrava-me que eu mesma me punha debaixo de Jesus para ser mais golpeada. Depois, sentindo-me toda ferida, de novo fui surpreendida pelo bendito Jesus, que, tirando a coroa de espinhos, Ele mesmo a cravou na minha cabeça, mas com tal força que todos os espinhos me penetravam dentro; depois, entrando no meu interior, quase no ato de seguir adiante me disse:
(2) "Minha filha, como estamos? Vamos, vamos mais adiante em castigar o mundo".
(3) Eu me assustei ao ouvir que unia minha vontade à sua no ir além nos castigos. E Ele acrescentou:
(4) "O que Eu te digo não deves esquecer. Lembra-te que há muito tempo eu te fazia ver os castigos presentes e aqueles que devia mandar, e tu, apresentando-te ante minha justiça, tanto imploraste em favor do género humano, oferecendo-te tu a sofrer qualquer coisa, que te foi concedido como esmola que em vez de fazer por dez faria por cinco em consideração tua. Por isso esta manhã te bati, para poder te conceder seu desejo, que deve fazer por dez faça só por cinco".
(5) De novo acrescentou: "Minha filha, o amor é o que enobrece a alma e a põe em posse de todas minhas riquezas, porque o verdadeiro amor não tolera divisão de classe ou condição, por muito que um possa ser inferior ao outro. O que é meu é teu, esta é a linguagem de dois seres que na verdade se amam, porque o verdadeiro amor é transformação portanto, a beleza de um tira a fealdade do outro e o torna belo; se é pobre o torna rico; se é ignorante o converte douto; se é ignóbil o torna nobre; um é o batimento, um o respiro, uma a vontade em dois seres que se amam, E se algum outro batimento ou fôlego quiser entrar neles, eles se sentem sufocados, agitados e dilacerados, e ficam doentes. Assim, o verdadeiro amor é saúde e santidade, e nele se respira um ar balsâmico, perfumado, qual é o respiro e a vida do mesmo amor, mas onde este amor fica mais enobrecido, mais consolidado, mais confirmado e maior, é no sacrifício, assim que o amor é a chama, o sacrifício a lenha; então onde há mais lenha, mais altas são as chamas, e o fogo é sempre maior. O que é sacrifício? É o desvirar-se um no amor e no ser da pessoa amada, e quanto mais se sacrifica, tanto mais fica consumado no ser amado, perdendo seu ser e retomando todos os lineamentos e nobreza do Ser Divino. Olhe, também no mundo natural a coisa passa assim, se bem em modo muito imperfeito, quem adquire nome, nobreza, heroísmo, um soldado que se sacrifica, se expõe às batalhas, expõe a vida por amor do rei, ou algum outro que se está com os braços cruzados? Certamente o primeiro. Assim, um servo, quem pode esperar sentar-se à mesa de seu mestre, o servo fiel que se sacrifica, que põe a própria vida, que tem mais cuidado dos interesses de seu amo que dos seus por amor a seu amo, ou aquele servo que, embora faça seu dever, quando pode fugir do sacrifício o evita? Certo que o primeiro. E assim o filho com o pai, o amigo com o amigo, etc. Assim que o amor enobrece e une e forma uma só coisa; o sacrifício é a lenha para engrandecer o fogo do amor, e a obediência ordena tudo".
9-17
Outubro 7, 1909
Cautela e zelo de Jesus circundar as criaturas de espinhos na alma e no corpo.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, assim que veio o bendito Jesus me disse:
(2) "Minha filha, é tal e tanto o zelo, a cautela que tenho com minhas criaturas, que para não deixá- las danificar-se estou obrigado a circundar de espinhos a alma e o corpo, a fim de que os espinhos mantenham afastada a lama que poderia sujá-las. É por isso minha filha que até os meus maiores favores com que favoreço às almas a Mim mais amadas as circundado de espinhos, isto é, de amarguras, de privações, de estados de ânimo, a fim de que estes espinhos não só me guardem, mas que não os deixem sujar-se com a lama do amor próprio e de outras coisas".
(3) E desapareceu.
10-19
Março 26, 1911
O único consolo que consola Jesus é o amor.
(1) Esta manhã, encontrando-me fora de mim mesma via a Celestial Mãe com o menino nos braços; o divino menino me chamou com sua pequena mãozinha, e eu voei para me pôr de joelhos
diante da Mãe Rainha, e Jesus me disse:
(2) "Minha filha, hoje quero que fale com nossa Mãe".
(3) E eu disse: "Celestial Mãe, diz-me, há alguma coisa em mim que desagrade a Jesus?"
(4) E Ela: "Caríssima filha minha, fica tranquila, por agora não vejo nada que desagrade a meu Filho, se, jamais, chegar a incorrer em alguma coisa que possa desgostá-lo, rapidamente te avisarei, confia em tua Mãe e não temas".
(5) Como a Celestial Rainha me assegurava o anterior, me sentia infundir nova vida, e adicionei:
"Dulcíssima Mãe minha, em que tristes tempos estamos, diga-me, é verdade que Jesus quer as casas de reunião dos sacerdotes?"
(6) E Ela: "Certamente as quer, porque as ondas estão por elevar-se demasiado alto, e estas reuniões serão as âncoras, as lâmpadas, o comando com o qual a Igreja se salvará do naufrágio na tempestade, porque enquanto parecerá que a tempestade tenha submergido tudo, depois da tempestade se verá que permaneceram as âncoras, as lâmpadas, o comando, ou seja as coisas mais estáveis para continuar a vida da Igreja. Mas, oh! como são vis, covardes e duros de coração, quase nenhum se move enquanto são tempos de obras, os inimigos não descansam, e eles estão negligentemente, mas pior será para eles".
(7) Depois ele adicionou: "Minha filha, procura suprir tudo com o amor, uma só coisa te importa, amar, um só pensamento, uma só palavra, uma só vida, amor; se queres contentar e agradar a Jesus, ama-o e dá-lhe sempre ocasião de falar de amor, este é seu único consolo que o reconforta, o amor; lhe diga que te fale de amor e Ele se porá em festa".
(8) E eu: "Meu querido Jesus, ouves o que diz a nossa Mãe? Que te peça amor e que fales de amor".
(9) E Jesus festejando disse tais e tantas coisas da virtude, da altura, da nobreza do amor, que não me é dado saber dizê-lo com a minha linguagem humana, por isso melhor ponho ponto final.
11-16
Abril 20,1912
A natureza tende à felicidade.
(1) Continuando meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus me disse:
(2) "Minha filha, a natureza é levada por uma força irresistível para a felicidade, e isto com razão, pois foi feita para ser feliz, e de uma felicidade divina e eterna, mas com grande dano seu se vai apegando, quem a um gosto, quem a dois, quem a três e quem a quatro, e o resto da natureza fica, ou vazia e sem gosto, ou bem amarga, aborrecida e nauseada, porque os gostos humanos e ainda os gostos santos estão misturados com um pouco de humano, não têm a força de absorver toda a natureza e de envolvê-la toda no gosto, muito mais do que Eu vou amargando estes gostos para poder dar-lhe todos os meus gostos, porque sendo eles inumeráveis têm força para absorver toda a natureza no gosto. Pode-se dar amor maior, que para dar o mais lhes tiro o pouco, e para dar o tudo lhes tiro o nada? No entanto, este meu trabalho é levado a mal pelas criaturas".
11-17
Abril 23,1912
Como em todas as coisas Jesus nos demonstra seu Amor. A verdadeira santidade está em fazer a Divina Vontade, e em reordenar todas as coisas em Jesus.
(1) Encontrando-me no meu estado habitual, brevemente o bendito Jesus veio e me disse:
(2) "Minha filha, algumas vezes permito a culpa em alguma alma que me ama para estreitá-la mais fortemente a Mim e para obrigá-la a fazer coisas maiores para minha glória, porque por quanto mais lhe dou, permitindo2 a mesma culpa para me enternecer mais de suas misérias e para amá-la principalmente enchendo-a de meus carismas, tanto mais a forço a fazer coisas grandes por Mim; estes são os excessos de meu Amor. Minha filha, meu Amor pela criatura é grande, olhe como a luz do sol invade a terra, se você pudesse desfazer essa luz em tantos átomos, naqueles átomos de luz ouviria minha voz melodiosa, que te repetiriam um após outro:
"Te amo, te amo, te amo". De modo que não lhe dariam tempo para numera-los, ficaria afogada no amor. E em realidade te amo: amo-te na luz que enche teus olhos, te amo no ar que respiras, te amo no murmúrio do vento que chega a teus ouvidos, te amo no calor e no frio que sente teu corpo, te amo no sangue que corre em tuas veias, Te amo no batimento de seu coração te diz meu batimento, amo te repito em cada pensamento de sua mente, te amo em cada movimento das tuas mãos, amo-te em cada passo dos teus pés, amo-te em cada palavra, porque nada acontece dentro e fora de ti se não houver um ato meu de amor para contigo, assim que um te amo meu não espera o outro, e dos teus te amo, quantos são para Mim?"
(3) Eu fiquei confusa, me sentia ensurdecida dentro e fora de mim pelo te amo, a plenos coros do meu doce Jesus e meus te amo eram tão escassos, tão limitados que disse: "Oh, meu amante
Jesus, quem poderá jamais te igualar?" Mas apesar de tudo o que disse, parece que não disse nada do que Jesus me fazia compreender.
(4) Depois acrescentou: "A verdadeira santidade está em fazer minha Vontade e em reordenar todas as coisas em Mim assim como Eu tenho tudo ordenado para a criatura, assim a criatura deveria ordenar todas as coisas para Mim e em Mim, minha Vontade faz estarem em ordem todas as coisas".
MEDITAÇÃO
15. Como conclusão do Pré-Evangelho.
6 de setembro de 1944.
Jesus diz:
“O ciclo terminou. E, com este ciclo tão doce e suave, o teu Jesus te fez sair, sem sobressaltos, para fora do tumulto destes dias. Como um menino enfaixado em lãs macias, colocado sobre fofas almofadas, tu também foste enfaixada por estas felizes visões, para que não sentisses, com terror, a ferocidade dos homens, que se odeiam,* em vez de se amarem. Não poderias mais suportar certas coisas, eu não quero que morras por causa delas, mas tomo conta da minha “porta-voz”.
Está para terminar no mundo a causa pela qual as vítimas foram torturadas por todo tipo de desespero. Também para ti, Maria, cessa, por isso, o tempo do tremendo sofrimento causado por razões tão diferentes do teu modo de entender. Não cessará o teu sofrimento, pois és vítima. Mas, uma parte dele, sim: essa parte cessa. Depois chegará o dia em que Eu te direi, como disse a Maria de Magdala, quando estava morrendo:* “Repousa.
Agora é teu tempo de repousar. Dá-me teus espinhos. Agora é tempo de rosas. Repousa e espera. Eu te abençôo, bendita”.
Isto eu te dizia, e era uma promessa, que tu não chegaste a compreender, quando estava chegando o tempo em que terias ficado mergulhada, revolvida, acorrentada, repleta até o mais profundo do teu ser, com espinhos… Eu te repito isto agora, com uma alegria que só o Amor que Eu sou, é capaz de fazer experimentar, ao cessar uma dor de um seu filho querido. Isto Eu te digo agora, quando cessa aquele tempo de sacrifício. Eu, que sei, te digo, para o mundo que não sabe, para a Itália, para Viareggio, esta pequena aldeia, à qual tu me levaste. Medita no sentido destas palavras, medita no agradecimento que se deve aos holocaustos, pelo sacrifício deles.
Quando Eu te mostrei Cecília, a virgem-esposa, te disse que ela se impregnou dos meus perfumes, arrastando o marido, o cunhado, os escravos, os parentes e amigos. Tu não o sabes, mas Eu que sei, te digo que fizeste a parte de Cecília neste mundo enlouquecido. Tu te saciaste de Mim, da minha palavra. Levaste os meus ideais entre as pessoas, das quais, as que são melhores compreenderam estes ideais, surgindo muita gente atrás de ti, oferta como vítima. A partir daí, portanto, não aconteceu uma ruína completa de tua pátria ou dos lugares que a ti são tão caros, porque tantas hóstias se consumaram, seguindo o teu exemplo e o teu ministério.
Obrigado, bendita. Mas, continua ainda. Tenho muita necessidade de salvar a terra. De comprar de novo a terra. E as moedas sois vós, como vítimas.
A sabedoria que instruiu os santos, e te instruiu com um magistério direto, te eleve sempre mais ao compreender a ciência da vida e colocá-la em prática. Levanta a tua pequena tenda junto à casa do Senhor. Finca as estacas da tua própria morada, na morada da sabedoria, sem saíres nunca mais dela. Repousarás debaixo da proteção do Senhor, que te ama, como um passarinho por entre ramos em flor, e Ele será teu abrigo, contra todas as intempéries espirituais, e estarás na luz da glória de Deus, do qual descerão para ti, palavras de paz e de verdade.
Vai em paz. Eu te abençôo, bendita”.
Logo depois, Maria diz:
“A Maria o presente da mãe, para a sua festa. Uma porção de presentes. E, se algum espinho estiver entremeado com eles, não te lamentes ao Senhor, que te amou, como poucos.
Eu te havia dito, desde o princípio: “Escreve sobre mim. Toda pena tua será consolada”. Estás vendo que era verdade. Este dom estava reservado a ti neste tempo de agitação, porque não cuidamos apenas do espírito, mas também da matéria, que não é rainha, mas uma serva útil ao espírito, a fim de que ele possa cumprir a sua missão.
Sê grata ao Altíssimo, que para ti é verdadeiramente Pai, até mesmo no sentido afetivo e humano, afagando-te com êxtases suaves, para ocultar o que poderia assustar-te.
Procura querer-me sempre bem. Eu te mostrei os segredos dos meus primeiros anos. Agora sabes tudo de mim como mãe. Procura querer-me bem como filha e como irmã, na qualidade de vítima.
Ama a Deus Pai, a Deus Filho, a Deus Espírito Santo com perfeição de amor.
A bênção do Pai, do Filho e do Espírito Santo que passa pelas minhas mãos, perfuma-se com o meu amor materno, desça e repouse em ti. Que sejas sobrenaturalmente feliz”.
MEDITAÇÃO LUZES INEDITAS
CAPÍTULO 12
PROPAGADA A LINHAGEM HUMANA, CRESCERAM OS CLAMORES DOS JUSTOS PELA VINDA DO MESSIAS E AUMENTARAM TAMBÉM OS PECADOS. NESTA NOITE DA ANTIGA LEI , DEUS ENVIOU AO MUNDO DOIS LUZEIROS PARA ANUNCIAREM A L E I DA GRAÇA.
A época da vinda do Redentor
164. Cresceu grandemente em número a posteridade e linhagem de Adão.
Multiplicaram-se os justos e injustos, as súplicas dos santos pela vinda do Redentor e os delitos dos pecadores para a desmerecer.
O povo do Altíssimo e o tempo para o Verbo se humanar, já estavam nas últimas disposições que a divina vontade neles preparara, para a vinda do Messias.
O reino do pecado nos filhos da perdição levara sua malícia quase até ao extremo, e chegara o tempo oportuno para o remédio. Aumentara a recompensa e os méritos dos justos e os profetas e santos padres jubilosamente reconheciam, na divina luz, estar próxima a salvação e a presença do seu redentor. Multiplicavam os clamores pedindo a Deus o cumprimento das profecias e promessas feitas a seu povo.
Ante o trono real da divina misericórdia representavam a longa noite (Sb 17,20) que estava a transcorrer nas trevas do pecado, desde a criação do primeiro homem, e a cegueira das idolatrias em que se mergulhara o resto da humanidade.
O domínio do mal
165. A antiga serpente havia infeccionado com seu hálito todo o orbe, e parecia gozar tranqüilamente a posse dos mortais. Estes, desatinados da luz, quer da razão natural (Rm 1,20), quer da antiga lei que poderiam ter conhecido, em lugar de procurar a verdadeira divindade inventavam muitas falsas. Cada qual fabricava um deus a seu gosto, sem perceber que a confusão de tantos deuses, mesmo para a perfeição, ordem e tranqüilidade, era repugnante.
Com estes erros, tornavam-se normais a malícia, a ignorância, e o esquecimento do verdadeiro Deus. Desconhecia-se a mortal enfermidade e letargia que o mundo estava a sofrer, sem que os míseros doentes nem abrissem a boca para suplicar o remédio. Reinava a soberba, o número dos néscios era incontável (Eclo 1,15) e a arrogância de Lúcifer pretendia tragar as águas puras do Jordão (Jó 40,18).
Quando, com estas injúrias, Deus era mais ofendido e menos obrigado pelos homens, e o atributo de sua justiça tinha tantas razões para aniquilar toda a criação fazendo-a voltar ao nada;
São Joaquim
166. Nesta ocasião - ao nosso modo de entender - o Altíssimo voltou sua atenção para o atributo da misericórdia e com a lei da clemência inclinou o peso de sua incompreensível equidade. Sentiu-se mais empenhado pelos clamores e serviços dos justos e profetas de seu povo, do que dispensado pelas ofensas e maldade de todo o resto dos pecadores.
Naquela tão densa noite da antiga lei, determinou dar sinais certos do dia da graça, enviando dois astros brilhantes que anunciassem a claridade já próxima do sol da justiça, Cristo nossa salvação.
Foram eles São Joaquim e Sant' Ana preparados e criados pela divina vontade, segundo a semelhança de seu coração.
São Joaquim tinha residência, família e parentes em Nazaré, povoado da Galiléia, e sempre foi homem justo e santo, ilustrado com especial graça e luz do alto.
Possuía compreensão de muitos mistérios das Escrituras e dos antigos profetas.
Com oração contínua e fervorosa, pedia o cumprimento das promessas divinas, e sua fé e caridade penetravam os céus. Era homem humilíssimo e puro, de costumes santos e suma retidão, de grande peso e seriedade, de incomparável modéstia e honestidade.
Sant¨Ana
167. A felicíssima Ana morava em Belém, era donzela castíssima, humilde, formosa, santa desde a infância, distinta e cheia de virtudes.
Recebeu também grandes e contínuas ilustrações do Altíssimo, e sempre exercitava a vida interior com altíssima contemplação. Ao mesmo tempo era muito ativa e laboriosa, alcançando a plenitude da perfeição das vidas ativa e contemplativa.
Possuía conhecimento das divinas Escrituras e profunda inteligência de seus ocultos mistérios. Nas virtudes infusas, fé, esperança e caridade foi incomparável.
Preparada por estes dons, orava continuamente pela vinda do Messias.
Seus rogos foram tão agradáveis ao Senhor para apressá-la, que se pode dizer, tinha-o ferido com um de seus cabelos (Ct 4,9). Sem dúvida alguma, os merecimentos de Sant'Ana entre os santos do Antigo Testamento, tiveram lugar de destaque para apressar a encarnação do Verbo.
Oração de Sant'Ana e São Joaquim
168. Esta mulher forte também rezou fervorosamente para o Altíssimo lhe conceder, no estado de matrimônio, esposo que a ajudasse na observância da divina lei e pudesse ser perfeita em guardar seus preceitos. Ao mesmo tempo que Sant¨ Ana fazia estas petições ao Senhor, ordenou sua providencia que São Joaquim lhe dirigisse igual oração.
Unidas apresentaram-se estas preces no tribunal da beatíssima Trindade, onde foram deferidas. Em seguida, por disposição divina, ficou determinado que Joaquim e Ana tomariam estado de matrimônio e seriam pais da Mãe do mesmo Deus humanado.
Para se executar este decreto o santo anjo Gabriel foi enviado para manifestá-lo a ambos.
A Sant¨Ana apareceu corporalmente, estando ela em fervorosa oração, pedindo a vinda do Salvador do mundo e a salvação dos homens. Viu o santo príncipe com grande formosura e luz, produzindo-lhe esta visão alguma perturbação e temor, ao mesmo tempo que júbilo e iluminação interior. Prostrou-se a santa com profunda humildade para reverenciar o embaixador celeste. Este a impediu e animou, pois ela viria a ser guarda da arca do verdadeiro maná, Maria Santíssima, Mãe do Verbo eterno.
O santo Arcanjo já estava a par deste mistério quando foi enviado pelo Senhor nessa embaixada, apesar dos demais anjos ainda não o conhecerem, pois só a S. Gabriel foi feita essa revelação ou iluminação direta por Deus. Tampouco manifestou o anjo à Sant'Ana, por enquanto, este grande mistério, mas pediu-lhe atenção e disse: O Altíssimo te abençoe e seja tua salvação. Sua Alteza ouviu tuas petições, e quer que perseveres nelas e supliques a vinda do Salvador. É sua vontade que recebas Joaquim por esposo, homem de coração reto e agradável aos olhos do Senhor, e em sua companhia poderás continuar na observância de sua divina lei e serviço.
Continua tuas orações e súplicas, e de tua parte não faças outra diligência, que o mesmo Senhor providenciará a realização de tudo. Caminha pelas sendas retas da justiça, e tua atenção interior seja sempre para as alturas. Pede continuamente a vinda do Messias, e alegra-te no Senhor que é tua salvação.
Com isto desapareceu o anjo, deixando-a ilustrada em muitos mistérios da Escritura, e com o espírito renovado e fortalecido.
Revelação a São Joaquim
169. A São Joaquim apareceu e falou o Arcanjo, não corporalmente como a Sant¨Ana, mas em sonhos, compreendendo o homem de Deus que o Anjo lhe dizia o seguinte: Joaquim, bendito sejas pela divina destra do Altíssimo, persevera em teus desejos e vive com retidão e passos perfeitos. E vontade do Senhor que recebas Ana por tua esposa, pessoa abençoada pelo Todo-poderoso. Guarda-a e estima-a como presente do Altíssimo, e dá graças à sua Majestade por tê-la confiado a ti.
Em virtude destas divinas embaixadas, Joaquim logo pediu Ana por esposa, e o casamento realizou-se, obedecendo ambos à divina providência. Nem um deles, porém, manifestou ao outro o segredo do que lhes havia sucedido, até depois de alguns anos, como direi em seu lugar.
Viveram os dois santos esposos em Nazaré, procedendo e caminhando segundo as leis do Senhor. Com retidão e sinceridade agiam com grande perfeição, sem a menor falta e tomaram-se muito agradáveis e aceitos ao Altíssimo. Todos os anos dividiam suas rendas em três partes: a primeira ofereciam ao Templo de Jerusalém para o culto do Senhor; a segunda distribuíam aos pobres; e com a terceira sustentavam-se honestamente. Deus lhes aumentava os bens temporais, porque os distribuíam com tão generosa caridade.
Concórdia entre Joaquim e Ana
170. Viviam também, na mais completa paz e união sem a menor queixa ou rusga. A humilíssima Ana era em tudo submissa à vontade de Joaquim, e o homem de Deus em santa competição da mesma virtude, antecipava-se para conhecer a vontade da esposa, confiando nela (Pr 31, 11) e não ficando decepcionado.
Deste modo viveram em tão perfeita caridade, que em toda a vida jamais discordaram, deixando um de querer o mesmo que o outro. Unidos (Mt 18, 20) em nome do Senhor, Deus e seu santo temor permaneciam com eles. Obedeceu e cumpriu S.Joaquim o mandato do anjo na estima e guarda de sua esposa.
Santidade de Ana
171. Preveniu o Senhor com preciosas bênçãos (SI 20, 4) a santa matrona Ana. Comunicou-lhe altíssimos dons de graça e ciência infusa para dispô-la à felicidade que a esperava: tomar-se mãe da que seria do mesmo Senhor. Como as obras do Altíssimo são perfeitas e acabadas, foi lógico que a fizesse digna mãe da criatura mais pura na santidade, inferior só a Deus e superior a toda a criação.
Provação de Joaquim e Ana
172. Estes santos passaram casados vinte anos sem terem filhos, coisa que, naquela época e povo, considerava-se grande infelicidade e desgraça. Por esse motivo, sofreram muitos opróbrios e desprezos dos vizinhos e conhecidos, pois os que não tinham filhos eram reputados por excluídos de participarem na vinda do Messias esperado.
O Altíssimo, porém, querendo prová-los e dispô-los por meio desta humilhação para a graça que lhes reservava, também lhes deu paciência e conformidade para que semeassem, com lágrimas (Sl 125,5) e orações, o ditoso fruto que depois haveriam de colher.
Fizeram ardentes súplicas do fundo do coração, tendo para isto especial ordem do alto. Prometeram ao Senhor, por voto, que se tivessem filhos, consagrariam ao seu serviço no templo, o fruto que de sua bênção recebessem.
Promessa de Joaquim e Ana
173. Esta promessa foi especial inspiração do Espírito Santo. Foi o meio para que Aquela que seria morada de seu Unigênito Filho, ainda antes de existir fosse oferecida e entregue por seus pais ao mesmo Senhor.
Se antes de conhecê-la e conviver com ela, não se tivessem obrigado por voto a oferecê-la ao Templo, vendo-a depois tão doce e aprazível criatura, não o poderiam fazer com tanta prontidão, pelo veemente amor que lhe teriam. Ao nosso modo de entender, esta promessa apaziguava os ciúmes do Senhor vendo sua Mãe Santíssima aos cuidados de outros, como também entretinha seu amor durante a espera de seu crescimento.
São Joaquim humilhado
174. Havendo perseverado um ano inteiro nessas fervorosas petições, desde que o Senhor assim lhe ordenara, aconteceu ir São Joaquim, por divina disposição, ao templo de Jerusalém oferecer orações e sacrifícios pela vinda do Messias e pelo fruto que desejava. Chegando com outros conterrâneos para oferecer os costumeiros dons e oferendas na presença do sumo sacerdote, outro inferior chamado Isacar, repreendeu asperamente o venerável ancião Joaquim, por vir fazer ofertas com os demais, sendo infecundo.
Disse-lhe entre outras coisas: - Joaquim, por que vens fazer ofertas, sendo homem inútil? Afasta-te dos demais e não irrites a Deus com tuas oferendas e sacrifícios que não são gratos a seus olhos.
O santo homem, envergonhado e confuso, com humilde e amoroso sentimento voltou-se para o Senhor e lhe disse:
- Altíssimo Deus eterno, por vossa ordem e vontade vim ao templo, mas quem está em vosso lugar me despreza. Meus pecados são a causa desta ignomínia! Aceito-a como vossa vontade, não desprezeis a obra de vossas mãos (SI 137, 8).
Partiu Joaquim do templo, contrístado, porém, sereno e em paz, para uma casa de campo ou granja que possuía. Ali, em solidão, durante alguns dias, clamou ao Senhor e fez esta oração:
Oração de São Joaquim
175. - Altíssimo Deus eterno, de quem depende a existência e a salvação da linhagem humana: prostrado ante vossa real presença, vos suplico digne-se vossa infinita bondade olhar a aflição de minha alma, e ouvir minhas petições e as de vossa serva Ana. A vossos olhos são conhecidos todos os nossos desejos (SI 37, 10) e se eu não mereço ser ouvido, não desprezeis minha humilde esposa. Santo Deus de Abraão, Isaac e Jacó, nossos antigos pais, não afasteis vossa piedade de nós. Sois pai, não permitais que eu seja dos réprobos e excluído em minhas oferendas como inútil, por não me dardes filhos.
- Lembrai-vos, Senhor, dos sacrifícios (Dt 9, 27) e oblações de vossos servos e profetas, meus antigos pais, e tende presentes suas obras, gratas a vossos divinos olhos. Já que me ordenais, Senhor meu, pedir-vos com confiança como a poderoso e rico em misericórdias, concedei-me o que por Vós desejo e peço.
Pedindo, faço vossa santa vontade que deseja me conceder o que peço, e se minhas culpas impedem vossas misericórdias, afastai de mim o que vos desagrada.
- Poderoso sois, Senhor Deus de Israel (Est 13, 9) e tudo quanto quereis podeis fazer, sem que nada vos impeça.
Cheguem a vossos ouvidos minhas súplicas, porque se sou pobre e pequeno, Vós sois o Rei dos reis o Senhor dos senhores e todo poderoso. A vossos filhos e servos enchestes, Senhor, de dons e bênçãos em suas gerações. A mim me ensinais a desejar e esperar de vossa liberalidade o que fizestes a meus irmãos. Se for vosso beneplácito conceder meu pedido, oferecerei e
consagrarei ao vosso serviço em vosso santo templo nossa descendência, fruto recebido de vossa mão. À vossa vontade entreguei minha mente e coração e sempre desejei afastar meus olhos da vaidade.
Fazei de mim o que for de vosso agrado e alegrai, Senhor, nosso espírito com o cumprimento de nossa esperança. Olhai do vosso trono ao humilde pó, e levantai-o para que vos glorifique e adore, e em tudo cumpra-se vossa vontade e não a minha.
Oração de Sant¨Ana
176. São Joaquim fez esta petição em seu retiro. Neste ínterim o santo anjo declarou a Sant'Ana que seria agradável orar a Deus e pedir-lhe filhos, com o santo afeto e intenção com que os desejava.
Conhecendo a santa matrona ser essa a divina vontade, como também a de seu esposo Joaquim, com humilde submissão e confiança, na presença do Senhor, orou conforme lhe era ordenado, e disse: - Deus Altíssimo, Senhor meu, Criador e conservador de todas as coisas, a quem minha alma reverencia e adora como a Deus verdadeiro, infinito, santo e eterno: prostrada em vossa real presença falarei, ainda que seja pó e cinza (Gn 18, 27), expondo minha necessidade e aflição.
- Senhor Deus incriado, tornai-nos dignos de vossa bênção, dando-nos fruto abençoado para oferecer a vosso serviço em vosso templo (IRs 1). Lembrai-Vos Senhor meu, que Ana, vossa serva, mãe de Samuel, era estéril e com vossa liberal misericórdia alcançou o cumprimento de seus desejos. Sinto em meu coração uma força que me anima a pedir-vos façais comigo esta misericórdia. Ouvi, pois, dulcíssimo Senhor e dono meu, minha súplica e lembrai-vos dos serviços, oferendas e sacrifícios de meus antigos pais e os favores que lhes concedeu o poderoso braço de vossa onipotência.
- Quisera, Senhor, oferecer oblação agradável e aceitável a vossos olhos, porém, a maior que posso, é minha alma com as potências e sentidos que me destes e todo o meu ser. Se, olhando-me do vosso real trono, me concederdes descendência, desde já a consagro e ofereço para vos servir no templo. Senhor Deus de Israel, se for de vossa vontade e agrado olhar esta pobre e vil criatura e consolar vosso servo Joaquim, concedei-nos esta graça e em tudo cumpra-se vossa santa e eterna vontade.
177. Foram estas as súplicas feitas pelos santos Joaquim e Ana. Da inteligência que delas tive e da santidade incomparável destes felizes pais, não posso, por minha ignorância e incapacidade,
dizer quanto sinto e conheço. E me impossível referir tudo, nem é necessário, pois o que fica dito é suficiente para meu escopo.
Para se ter altos conceitos destes Santos, basta medi-los pelos altíssimos fins e mistérios para os quais foram escolhidos por Deus: serem avós imediatos de Cristo Senhor nosso e pais de sua Mãe Santíssima.
MEDITAÇÃO COM LUZES RARAS
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Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-66
Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-67
Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-68
Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-69
Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-70
Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-71
Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-72
O RESGATE.
Encontrando-se, portanto, minha cara Mãe em tanta angústia e amargura, recebeu-me em seus castos e amorosos braços, apertando-me ao peito com grande amor; eu a olhei com olhos benignos, amorosos e compassivos de sua dor. Assim ela inteiramente se consolou e confortou, tendo o seu caro penhor nos braços. Antes, porém, de receber-me nos braços, convinha-lhe resgatar-me com poucas moedas, segundo o uso da lei. Ao resgatar-me disse ela ao Pai com grande sentimento estas palavras: "Pai amantíssimo, pudesse eu ter a sorte de resgatar o vosso e meu Filho da maneira que o resgato agora, quando for se sacrificar como vítima pela salvação do gênero humano e morrer de maneira cruenta numa cruz! Mas que digo? Pudesse resgatá-lo com todo o meu sangue, e libertá-lo de tão dura morte!" Mas nisto não teve resposta minha Mãe querida. Como conhecesse a vontade do Pai, conformou-se inteiramente a ela e mostrou-se pronta a sacrificar o Filho, mesmo numa cruz, como de fato o fez no tempo devido com ânimo invicto e constante. Roguei depois ao Pai que, por aquela acerbíssima dor sentida pela cara Mãe, se dignasse dar a todos os meus irmãos dor muito grande à recordação de minhas dores. O Pai me prometeu dar a todos compaixão e sentimento por minhas penas, tanto mais que por amor deles eu as suportei, embora nos corações duros faça pouca impressão semelhante sentimento. Refeita a cara Mãe um tanto da dor, e confortada pela minha presença, agradeceu ao Pai por se ter dignado devolver-lhe o amado Filho, ao qual ela se mantinha estreitamente abraçada. Deu muitas graças ao Pai por parte de todos os meus irmãos, porque se dignara restituir-me a eles, a fim de que mais copiosa fosse a sua Redenção.
SAEM DO TEMPLO.
Terminadas as cerimônias e as funções que em tal caso se costumam fazer, partimos do Templo para voltar a Nazaré, retornando à pátria e à casa onde meu Pai havia operado o inefável mistério da Encarnação. Mas antes de sair do Templo, disse a meu Pai que de bom grado teria ficado naquele lugar para glorificá-lo melhor; todavia como minha idade não me permitia agir de modo algum, e estava ligado em faixas e privado da fala, dali partia porque assim ainda cumpria a sua vontade, protestando, porém, que, chegado o tempo por ele determinado, não deixaria de realizar no Templo a parte que me competia, declarando a sua celeste doutrina e revelando aos Escribas, aos Anciãos e aos Sacerdotes do Templo a vinda do Messias que lhes fora prometido. Agradou ao Pai o meu desejo e respondeu-me que tinha falado em linguagem inteiramente divina e que com gosto seria ouvido por muitos, embora depois não lhes fosse de proveito, porque a semente de minha palavra teria caído em corações pedregosos e teria ficado sufocada pelos espinhos da ambição e do interesse, como de fato aconteceu.
REFEIÇÃO FRUGAL.
Deixei o Templo, com a Mãe dileta e seu esposo José, que jamais nos abandonou e foi sempre guarda fiel e ainda partícipe de nossas penas e de nossas alegrias reveladas exteriormente — não foi, contudo, capaz nem teve jamais conhecimento do que se passava no íntimo, tanto no meu quanto no da cara esposa — e saímos da cidade. Retirou-se José com minha Mãe a um recanto do campo para tomarem algum alimento, estando muito cansados e precisados de comida. Também eu, esposa minha, tinha disso grande necessidade. Afligiam-se eles de estarem em tanta penúria e não poderem dar-me algum socorro, requerido pela necessidade e por seu amor. Então assim no campo, puseram-se primeiro de joelhos e adoraram-me. Depois, minha querida mãe queria aleitar-me, mas eu recusava receber o leite, preferindo que antes eles se alimentassem, pois tinham grande necessidade. E assim agi sempre em tais ocorrências, para dar exemplo a meus irmãos, que vendo a necessidade do próximo, devem pospor-se a si mesmos e as suas necessidades para socorrer de outrem. Consiste nisto a perfeita caridade. Ofertei este ato ao Pai e supliquei-lhe que em virtude da caridade que empregava naquela ocasião, pospondo a minha necessidade à de Maria e José, se dignasse aceitar isso em suplência por todos aqueles que falham em virtude tão rara, e se dignasse dar a todos sentimento de caridade e compaixão para com o próximo; se não lhes fosse possível socorrê-lo nas necessidades, ao menos dele se compadecessem e o consolassem. O Pai tudo me prometeu, e só os corações que não são seus deixam de sentir tal compaixão, porque um coração verdadeiramente de Deus sente aquilo que meu Pai lhe comunica, ou seja, sentimentos de caridade e de compaixão. Minha dileta Mãe e seu esposo José, sustentados com um pouco de pão e água, renderam as devidas graças ao Pai; pediram-me que aceitasse também eu o alimento que me vinha miraculosamente do seio de minha dileta Mãe e eu de boa vontade o aceitei. Mas tu, esposa minha, admiras-te como sofreram minha querida Mãe e seu esposo José, e como meu Pai e eu suportávamos isso. Sabei que na maioria dos casos, quando eles se alimentavam e não encontravam outra coisa a não ser um pouco de pão e água — tal era quase continuamente a comida deles — pedia a meu Pai se dignasse condimentar este pouco de pão e de água com o sabor de sua doçura e amabilidade, a fim de lhes nutrir a alma com a graça, e o corpo com a suavidade que costuma trazer um alimento verdadeiramente abençoado por Deus, que então contém todo sabor. E depois mostrava-lhes meu rosto com ar amável e isto só bastava para enchê-los de doçura e suavidade, e por isso, saboreavam, o mais das vezes, em seu padecer, porque era condimentado o alimento com sabores do Paraíso, mais valiosos do que qualquer requintada vianda do mundo. Enquanto comiam tão prazeirosamente, parecendo-lhe provar as delícias do Paraíso naquele pouco de pão e de água, eu os contemplava com grande amor e pedia ao Pai se dignasse comunicar aquela suavidade e fazer com que a saboreassem, se não de igual modo, ao menos em parte, as almas que vivem na penitência e se mortificam por meu amor e para imitar-me, nutrindo-se parcamente, que se privam das viandas delicadas e mortificam o próprio paladar. De fato, o Pai não deixa de fazer com que a tais almas pareça assaz mais delicado o próprio alimento, simples e sem condimento, do que o sabor de qualquer vianda gostosa e delicada para quem se deleita com alimentos requintados e superabundantes. Tomei, também eu, meu alimento, a fim de que minha humanidade não sofresse descuido ao ter dele grande necessidade. Fruía minha dileta Mãe naquele instante da fortuna de oferecer-me a nutrição, porque o fazia com grande amor e gosto de sua alma. Agradecia ao mesmo tempo ao Pai, e suplicava-lhe se dignasse conceder a todos os meus irmãos o sustento necessário à conservação de sua vida humana, em particular os pobres que, se forem errantes, acham-se desprovidos de tudo. Prometeu-me o Pai que jamais deixaria perecer quem a Ele recorresse, e estenderia a todos universalmente a providência divina.
OS CÂNTICOS DE LOUVOR.
Depois de alimentado, estando no campo com minha Mãe querida e seu esposo José, tive o desejo de cantar alguns cânticos em louvor e ação de graças ao Pai, e com expressão muda, fiz o coração de minha cara Mãe entender isso, pois ainda não podia alçar a voz no canto, nem proferir palavra, por causa de minha tenra idade, e assim lhe disse que o fizesse junto com seu esposo José. Efetivamente, a Mãe querida começou a cantar suavemente, José seguia-a e eu ao mesmo tempo pedi ao Pai que enviasse aves canoras, para que também elas louvassem o Criador à sua maneira de cantar. De fato, atendeu-me o Pai, e veio um bando de aves que se puseram a fazer eco a sua Rainha e a louvar com vozes harmoniosas o Criador. Os anjos também cantavam suavemente cânticos de louvor, mas só minha querida Mãe os ouvia. Depois de louvarem assim um pouco ao Pai, os anjos partiram e minha querida Mãe e José puseram-se a caminho. Enquanto estavam assim louvando o Pai, aprazia-me muito, esposa caríssima, ouvir aquelas harmonias e meu Pai muito se comprazia, tanto mais que também eu o louvava em espírito, uma vez que a humanidade estava impedida devido à infância. Oferecia ao Pai tais louvores para suprir a falta das pessoas ingratas que jamais sabem alçar a voz para louvarem o Criador, mas sabem exercitá-la em coisas que o ofendem e em elogio a coisas censuráveis. Como desagradam essas ao Pai e como me desgostam muitas neste ponto! Procurava, porém, suprir tal deficiência, fazendo com que fosse freqüentemente louvado o Pai por minha querida Mãe, e eu o bendizia, na infância, em espírito.
QUER VISITAR A GRUTA.
Começada a nossa viagem, esposa caríssima, e estando assim contente e alegre de volta à pátria, quis passar pela amada gruta, e visitar novamente o lugar tão amado por mim, onde se realizara o grande mistério de minha Natividade. Fí-lo entender à dileta Mãe, que tinha desejo semelhante de lá se abrigar e fazer a nossa pousada antes de nossa chegada. Na viagem ia discorrendo com o Pai, e tratava do interesse importantíssimo da salvação eterna de meus irmãos. Minha querida Mãe conversava com José, seu esposo, explicando-lhe os mistérios divinos escondidos em minha humanidade. Eu estava a ouvi-los com grande gosto, como também meu Pai comprazia-se em ouví-los. Eu lhe oferecia suas conversas santas, e pedia-lhe se dignasse inserir na mente de todos os meus irmãos semelhantes sentimentos em suas vidas e em seus entretenimentos, o que me prometeu o Pai fazer, embora por poucos isto teria sido executado; a maior parte deles se dispersa em conversas vãs, ociosas, muitas vezes ofensivas ao Pai, porque ofendem o próximo, que lhes compete amar e do qual se devem compadecer sem censurar e criticar. Mas, para ter poderosa ajuda, deve a pessoa que se acha em companhia de outra, ou em viagem, ou em lugares fixos, deve, digo, convidar a mim e a minha dileta Mãe para fazer-lhe companhia, e imaginar que estamos presentes, e assim conseguirá ter conversas santas, como as de José, em companhia de Jesus e de Maria.
JESUS NA MANJEDOURA.
Estava ela com fisionomia tão amável que enchia de felicidade a alma de José, o qual a contemplava com atenção e devoção, e com isto se liquefazia de alegria a sua alma e fruía das delícias do Paraíso. Ambos ficaram muito consolados. Voltando do êxtase, minha cara Mãe começou a cantar cânticos de louvor e de agradecimento ao Pai; por isto continuava a se regozijar a alma do afortunado José. Eu agradecia ao Pai a graça concedida à querida Mãe e a seu esposo, e ofertava-lhe os cânticos dela, para que lhe fossem mais gratos. E pedia que os recebesse em suplência pelas almas ingratas que, depois de terem recebido as graças divinas e as consolações celestes, não se recordam de agradecer ao Pai tão grande favor, mas vivem esquecidas, como se fosse obrigação de meu Pai comunicar-lhes tais graças, enquanto Ele tudo faz unicamente por bondade, sem que a criatura possa chegar a ter tanto mérito, sendo por si mesma indigníssima de qualquer dom e consolação celeste. As minhas ofertas agradavam ao Pai e Ele ficava satisfeito por tudo.
JESUS FALA À MÃE.
Terminados os louvores, a querida Mãe disse a José que se tomasse algum alimento e se repousasse por causa do cansaço; foi José à procura de alguns víveres. Ficou a querida Mãe em minha companhia, e olhava-me com muita compaixão, vendo-me em tanto sofrimento, em leito tão duro e transido de frio. Não ousava tomar-me nos braços para aquecer-me, mas eu, querendo satisfazer a seu desejo, falei-lhe com voz sensível e disse-lhe: "Segurai, querida Mãe, o vosso caro Filho, fruto de vossas puríssimas entranhas". Ao proferir estas palavras, minha Mãe experimentava gáudio inefável. "E aquecei, com o fogo do divino amor que arde em vosso peito, aquele que tanto ama a vossa alma!" Tomou-me a querida Mãe, estreitou-me com grande amor, e aqueceu-me, porque na verdade seu seio era um fogo ardente de amor divino, alastrando-se com grande violência até no exterior a chama que lhe ardia no peito. Estando no colo de minha Mãe, oferecia ao Pai aquele alívio de fato muito grande, e rogava-lhe se dignasse dar consolo, refrigério e alívio a todas as almas que sofrem por meu amor, na realização da divina vontade; e onde faltasse o socorro humano, ali acorresse Ele com o divino, e se dignasse inflamar com seu amor o peito daqueles que, por seu amor, dão algum refrigério ao próximo, a fim de que o fizessem com toda a caridade que convém e só por seu amor. Isto agradou muito ao Pai e Ele prometeu atender me as preces. Mas bem poucos são, caríssima esposa, os que se exercitam em tal ministério e se inflamam no amor a Deus.
LOUVOR DA MANHÃ.
A querida Mãe, tendo tomado algum repouso, convidou seu esposo A render graças ao Pai. Juntos louvaram-no e agradeceram-lhe quanto lhes (fava e como de modo admirável os conserva-vas E isto faziam-no sempre juntos. Alegrava-me vendo a virtude e a união de suas almas, tão agradáveis ao Pai, e como por elas era glorificado! Oferecia esta complacência ao Pai e pedia-lhe se dignasse recebê-la para suprir, pelos, que não sabem' alegrar-se de ver que há no mundo pessoas que o louvam, honram e glorificam pela santidade de vida e a Perfeição no agir Agradava muito a meu Pai que eu lhe oferecesse todas as ações e intenções minhas em suprimento pelas criaturas ingratas e com isto ficava inteiramente satisfeito.
LUZES SUPER INÉDITAS!
12-15
Julho 18, 1917
A alma que vive na Divina Vontade vive em Jesus e à custa Dele.
(1) Continuando o meu estado habitual, eu tentei verter-me toda no Santo Querer de Jesus, e pedi-lhe que Ele derramasse tudo em mim, de modo de não me sentir mais eu mesma, mas todo Jesus. Então o bendito Jesus veio e me disse:
(2) "Minha filha, quando a alma vive de minha Vontade e tudo o que faz o faz em meu Querer, Eu a sinto por toda parte, sinto-a na mente, seus pensamentos correm nos meus, e como Eu difundo a vida da inteligência nas criaturas, Ela se difunde junto Comigo nas mentes das criaturas, e quando vê que me ofendem ela sente minha dor; sinto-a em meu coração, mas bem sinto um batimento em dois em meu coração, e conforme meu amor se derrama nas criaturas, ela se derrama junto Comigo e ama Comigo, e se não sou amado, ela me ama por todos para me corresponder no amor e me consola; em meus desejos sinto o desejo da alma que vive em meu Querer; em minhas obras sinto as suas, em tudo; assim pode dizer que vive de Mim, às custas de Mim".
(3) E eu: "Meu amor, Tu fazes tudo por Ti mesmo e não tens necessidade da criatura, por que então amas tanto que a criatura viva em ti e do teu Querer?"
(4) E Jesus: "Claro que de nada tenho necessidade e faço tudo por Mim mesmo, mas o amor para ter vida quer seu desabafo. Supõe um sol que não tem necessidade de luz porque tem suficiente para si e para os demais, mas havendo outras pequenas luzes, apesar de que não tem necessidade as quer em si como companhia, para desafogar-se e para engrandecer-se às pequenas luzes, que injúria não fariam as pequenas luzes se o rejeitassem? ¡ Ah, minha filha, a vontade quando está sozinha é sempre estéril; o amor isolado definha e se apaga, e Eu amo tanto a criatura que a quero unida com minha Vontade para fazê-la fecunda, para dar-lhe vida de amor; e nisto Eu encontro meu alívio, porque só para desabafar no amor criei a criatura, não para outra coisa, e por isso é todo o meu empenho!"
13-16
Setembro 6, 1921
Conforme se conhecem as verdades, assim se forma nova união com Jesus. Jesus quer fazer conhecer o que fazia sua Vontade em sua Humanidade para fazer herdeiras às novas gerações de sua Vontade, dos efeitos, do valor que Ela contém.
(1) Estava eu toda no Santo Querer do meu doce Jesus, e dizia-lhe: "Meu amor, entro em teu Querer e aqui encontro todos os pensamentos de tua mente e todos os das criaturas, e eu faço coroa com meus pensamentos e com os de todos meus irmãos em torno dos teus, e depois os uno todos e faço de todos um só, para te dar a homenagem, a adoração, a glória, o amor, a reparação de sua própria inteligência". E enquanto dizia isto, o meu Jesus mexeu-se dentro de mim e, levantando-se, disse-me:
(2) "Filha inseparável de minha Vontade, como estou contente ao ouvir repetir o que fazia minha Humanidade em minha Vontade, e Eu beijo teus pensamentos nos meus, tuas palavras nas minhas, teu batimento no meu".
(3) E enquanto dizia isto, cobria-me de beijos. Então lhe disse: "Minha vida, por que gozas tanto e fazes festa cada vez que manifestas outro efeito da tua Vontade?"
(4) E Jesus: "Tu deves saber que cada vez que te manifesto uma verdade a mais sobre a minha Vontade, é uma união a mais que formo entre tu e Eu e com toda a família humana; é uma união maior, um vínculo mais estreito, é um maior participar na minha herança, e conforme as manifesto formo a escritura da oferta de alimentos, e vendo os meus filhos mais ricos, e tomando parte na herança, sinto novos contentes e faço festa. Acontece-me a mim como a um pai, que possui muitas posses, mas estas posses não são conhecidas pelos filhos, assim que não sabem que são filhos de um pai tão rico. Agora, vindo o pai os filhos à idade mais velha, dia após dia lhes vai dizendo que possui tal e tal fazenda; os filhos ao ouvi-lo festejam e estreitam- se com um maior vínculo de amor em torno do pai; este, ao ver a festa dos filhos, faz também festa e prepara-lhes uma surpresa maior e diz-lhes: Tal província é minha, depois tal reino. Os filhos ficam encantados e não só fazem festa, mas se sentem afortunados de ser filhos de tal pai. Mas o pai não só faz conhecer suas posses aos filhos, senão que os constitui herdeiros de seus bens. Assim me sucede a Mim, até agora fiz conhecer o que fez minha humanidade, suas virtudes, suas penas, para constituir a família humana herdeira dos bens de minha Humanidade, mas agora quero ir mais além, quero fazer-lhes conhecer o que fazia minha Vontade em minha Humanidade para constituir herdeiras de minha Vontade, dos efeitos, do valor que Ela contém às novas gerações, por isso sei atenta em me escutar e não perca nada dos efeitos e do valor de minha Vontade, para que possas ser fiel relator destes bens e primeiro vínculo de união com o meu Querer e de comunicação para as demais criaturas".
14-15
Março 21, 1922
O duplo selo do Fiat em todas as coisas criadas.
(1) Continuando meu estado habitual, estava pensando no Santo Querer Divino, e meu sempre adorável Jesus me tem estreitada entre seus braços, e suspirando forte eu sentia seu alento que me penetrava até no coração, e depois me disse:
(2) "Filha de meu Querer, meu sopro onipotente te dá a vida de meu Querer, porque a quem faz minha Vontade meu Querer lhe fornece seu fôlego por vida, e conforme lhe dá o alento lhe afasta tudo o que não pertence a Mim, e ela não respira outra coisa que o ar de minha Vontade, e assim como o ar que se respira se recebe e se tira, assim a alma é um contínuo receber a Mim, e um dar-se em cada respiro a Mim.
(3) Sobre tudo o que foi criado bate a minha Vontade, não há nada em que o meu Querer não tenha o seu selo; assim que pronunciei o Fiat ao criar as coisas, o meu Querer tomou sobre elas o domínio e fez-se vida e conservação de todas as coisas. Agora, este meu Querer quer todas as coisas sejam encerradas Nele, para receber a correspondência de seus mesmos atos nobres e divinos, quer ver pairar sobre todos os atos humanos o ar, o vento, o perfume, a Luz de seu Querer, de maneira que tremulando juntos os atos seus com os da criatura, se confundam e formem uma só coisa. Isto foi o único fim da Criação, que as emanações dos quereres fossem contínuas; quero-o, pretendo-o, espero-o, por isso tenho tanta pressa de que se conheça meu Querer, seu valor e seus efeitos, para fazer que as almas que vivam em meu Querer, com suas emanações contínuas em minha Vontade, conforme façam seus atos, como ar os difundirão sobretudo, multiplicar-se-ão em todos os atos humanos, investindo e cobrindo tudo, como atos de minha Vontade, e então terei a finalidade da Criação, minha Vontade repousará nelas e formará a nova geração, e todas as coisas criadas terão o duplo selo de meu Querer: o Fiat da Criação e o eco de meu Fiat das criaturas".
15-18
Abril 25, 1923
A Vontade de Deus é o caminho real que conduz à Santidade da semelhança do Criador. Luisa continuando de onde ficou Adão, Deus a constitui como cabeça de todos e portadora da felicidade e bens que haviam sido atribuídos a todos.
(1) Estava rezando e meu doce Jesus veio, pondo-se junto a mim para rezar junto comigo, mas bem sua inteligência se refletia na minha e eu rezava com a sua, sua voz ecoava na minha e rezava com sua palavra; mas quem pode dizer os efeitos intermináveis desta oração? Depois o meu amado Jesus disse-me:
(2) "Minha filha, quis rezar juntamente contigo para te reafirmar em minha Vontade e te dar a graça de te encontrar ante a Majestade Suprema no ato da criação do homem, e como o dotamos de todos os bens e sua vontade era a nossa, e a nossa a sua, tudo era harmonia entre Ele e Nós, o que queria tomava de Nós: santidade, sabedoria, poder, felicidade, etc., era nosso protótipo, nosso retrato, nosso filho feliz, Assim que Adão no princípio de sua existência teve uma época em que cumpria a maravilha a finalidade para a qual foi criado, provou o que significa viver do Querer de seu Criador, éramos felizes mutuamente ao ver reproduzir em nossa imagem nossos mesmos atos. Logo, assim que rompeu a sua vontade com a nossa, ficou dividido de nós; portanto os primeiros atos do homem estão em nossa vontade, e eu não quero outra coisa de ti, senão que venhas em nosso Querer para seguir de onde Adão deixou, para poder ligar em ti todas as harmonias que ele rompeu; e assim como esta primeira criatura tendo sido criada por nós como cabeça de toda a família humana, com subtrair-se do nosso Querer levou a infelicidade a todos, assim tu com vir a continuar de onde ele deixou, constituímos-te como cabeça de todos, e portanto portadora daquela felicidade e bens que tinham sido atribuídos a todos se tivessem vivido em nosso Querer".
(3) E eu: "Meu Jesus, como pode ser possível isto, se com vir Tu mesmo sobre a terra a redimir-nos e a sofrer tantas penas, não se adquiriu a felicidade que o primeiro homem perdeu para si e para todos, Como pode ser agora que ao me vincular em teu Eterno Querer possa restituir esta felicidade perdida?"
(4) E Jesus: "Minha filha, todos os tempos estão em minhas mãos, dou a quem quero, e para isso me sirvo de quem quero. Muito bem poderia ter trazido a felicidade que contém minha Vontade sobre a terra, mas não encontrei nenhuma vontade humana que quisesse fazer vida perene na minha, para retomar os vínculos da Criação e dar-me novamente todos os atos do primeiro homem como se os tivesse feito todos com o selo da Vontade Suprema, e por isso pôr à disposição de todos a felicidade perdida. É verdade que estava a minha amada Mãe, mas Ela devia cooperar junto Comigo à Redenção. Além disso, o homem era escravo, aprisionado por suas mesmas culpas, doente, coberto de chagas, as mais asquerosas, e Eu como pai amante vinha a desembolsar meu sangue para resgatá-lo, vinha como médico a curá-lo, como professor a ensinar-lhe o caminho, o meio para não deixá-lo precipitar no inferno; pobre enfermo, como poderia ter-se espaçado nos eternos vôos de meu Querer se não sabia caminhar; se Eu tivesse querido dar a felicidade que contém minha Vontade, teria sido como dá-la aos mortos e fazê-la pisotear, o homem estava indisposto para receber tanto bem e por isso quis ensinar a oração para dispô-los, e me conformei em esperar outras épocas, deixar passar séculos e séculos para fazer conhecer o viver em meu Querer, para dar o princípio a esta felicidade".
(5) E eu: "Meu amor, se com a tua Redenção nem todos se salvam, como pode a tua Vontade dar a todos esta felicidade?"
(6) E Jesus: "O homem será sempre livre, não lhe tirarei jamais os direitos que lhe dei ao criá-lo; só que na Redenção vim abrir tantos caminhos, sendas, atalhos para facilitar a salvação, a santidade do homem; com a minha Vontade venho abrir o caminho real e direto que conduz à santidade da semelhança do seu Criador e que contém a verdadeira felicidade, mas apesar de tudo isto serão sempre livres de ficar, quem no caminho real, quem nos caminhos, e quem fora de tudo, mas estará no mundo o que agora não há, a felicidade do Fiat Volutas Tua como no Céu assim na terra. O homem fez os primeiros atos em meu Querer e depois se subtraiu, por isso arruinou tudo, e como era a cabeça de todos, junto se arruinaram os membros. Minha Humanidade formou o plano de todos os atos humanos na Vontade Divina, minha Mãe me seguiu fielmente, assim que tudo está preparado; agora não se necessita outra coisa, que outra criatura que querendo viver perenemente neste Querer, venha a tomar a posse do plano feito por Mim, e abra este caminho real a todos, o qual conduz à felicidade terrena e Celeste".
16-17
Agosto 28, 1923
Não basta possuir, senão se requer cultivar e guardar o que se possui.
(1) Sentia-me extremamente aflita pela privação do meu doce Jesus, porque o chamava e rogava, não se dignava retornar a sua pequena exilada daqui abaixo. Ai, como é duro meu exílio! Meu pobre coração agonizava pela dor que sentia, porque Aquele que forma sua vida estava distante de mim; mas enquanto suspirava seu retorno, veio o confessor, e Jesus, precisamente então, depois de tanto esperar se moveu em meu interior, estreitando-me forte o coração se fazia ver e eu lhe disse:
(2) "Meu Jesus, não podias ter vindo antes? Agora devo obedecer; se te parece bem virás quando te receber no Santíssimo Sacramento, então ficaremos sós outra vez e Estaremos livres para ficarmos juntos".
(3) E Jesus, com um aspecto digno e descuidado, disse-me:
(4) "Minha filha, quereis que destrua a ordem da minha Sabedoria e que retire esse poder dada à minha Igreja?"
(5) E, enquanto dizia, fazia-me participar nas suas penas. Depois disse-lhe:
(6) "Mas diz-me, meu amor, porque não vens? Fizeste-me esperar tanto, quase até me fazer perder a esperança de seu retorno, e meu pobre coração, pela dor, se debate entre a vida e a morte".
(7) E Jesus todo bondade: "Minha filha, tendo posto em ti a propriedade do meu querer, quero que não só seja possuído por ti, mas que o saibas conservar bem, cultivar, ampliar, de maneira de multiplicá-lo; assim que as penas, as mortificações, a vigilância, a paciência, e até minha mesma privação servem para ampliar e guardar os confins de minha Vontade em tua alma. Não basta possuir, mas saber possuir; de que serve ao homem possuir uma propriedade se não se toma o cuidado de semeá-la, cultivá-la, guardá-la, para depois recolher os frutos de suas fadiga? Se você não trabalhar seu terreno, mesmo que você o possui você pode dizer que você não terá com o que tirar a fome, assim que não é possuir o que faz rico e feliz ao homem, senão o saber cultivar bem o que possui. Assim são minhas graças, meus dons, especialmente minha Vontade que como Rainha tenho posto em ti, quer o alimento de ti, quer o trabalho de tuas penas, de tuas ações, quer que em cada coisa, sua vontade toda submetida à sua lhe dê as honras e o cortejo que como a Rainha convém, e Ela em cada coisa que faça ou sofra terá disposto o alimento com que nutrir tua alma. E assim tu por um lado e minha Vontade pela outra, alongareis os confins da minha Suprema Vontade em ti".
17-15
Setembro 22, 1924
Raiva diabólica porque se escreve sobre a Divina Vontade. Viver no Divino Querer leva consigo a perda de qualquer direito de vontade própria.
(1) Continuo: Enquanto escrevia o que estava dito acima, via o meu doce Jesus que apoiava a sua boca na parte do meu coração e com o seu alento infundia-me as palavras que estava a escrever, e ao mesmo tempo ouvia um horrível escândalo ao longe, como de pessoas que brigavam e batiam com tanto estrondo que infundia espanto. E eu, dirigindo-me ao meu Jesus, disse-lhe:.
(2) "Meu Jesus, meu amor, quem são os que fazem tanto escândalo? Acho que eles são demônios enfurecidos, o que eles querem que brigam tanto?.
(3) E Jesus: "Minha filha, são precisamente eles, gostariam que tu não escrevesses sobre a minha Vontade, e quando te vêem escrever verdades mais importantes sobre o viver no meu Querer sofrem um duplo inferno, e atormentam demais todos os condenados; temem tanto que possam publicar-se estes escritos sobre minha Vontade, porque vêem perdido seu reino sobre a terra, adquirido por eles quando o homem, subtraindo-se da Vontade Divina, deu livre passo a sua vontade humana. Ah! sim, foi precisamente então que o inimigo adquiriu o seu reino sobre a terra; e se o meu Querer pudesse reinar sobre a terra, o inimigo, ele mesmo se esconderia nos mais obscuros abismos. Eis por que pelejam com tanto furor, sentem a potência de minha Vontade nestes escritos, e só ante a dúvida de que podem sair fora, montam em fúria e buscam com todo seu poder impedir um bem tão grande. Tu não lhes dês ouvidos, e disto aprende a apreciar os
meus ensinamentos".
(4) E eu: "Meu Jesus, sinto que é necessária a tua mão onipotente para me fazer escrever o que Tu dizes sobre viver no teu querer. Devido às tantas dificuldades que os outros colocam, especialmente quando me repetem: Será possível que nenhuma outra criatura tenha vivido em sua Santíssima Vontade? Sinto-me tão aniquilada que gostaria de desaparecer da face da terra, a fim de que ninguém mais me visse, mas apesar de mim sou obrigada a permanecer para cumprir a tua Santa Vontade".
(5) E Jesus: "Minha filha, viver em meu Querer leva consigo a perda de qualquer direito de vontade própria, todos os direitos são por parte da Vontade Divina, e se a alma não perde os próprios direitos, não se pode dizer verdadeiro viver em meu Querer, no máximo se pode dizer viver resignada, uniformada, porque viver em meu Querer não é a única ação que faça segundo minha
Vontade, senão que todo o interior da criatura não dê lugar nem a um afeto, nem a um pensamento, nem a um desejo, nem sequer a um respiro no qual meu Querer não tenha seu lugar, nem meu Querer toleraria ainda um afeto humano do qual Ele não fosse a vida; teria asco de fazer viver a alma em minha Vontade com seus afetos, pensamentos, etc., que pudesse ter uma vontade
humana. E achas que é fácil para uma alma perder os seus direitos voluntariamente? Oh, como é difícil! Mas há almas que quando chegam ao ponto de perder todos os direitos sobre sua vontade, se deitam para trás, e se contentam em levar uma vida mediana, porque perder os próprios direitos é o maior sacrifício que a criatura pode fazer, e que dispõe a minha bondade a abrir-lhe as portas de meu Querer, e fazendo-a viver nela, recompensá-la com meus direitos divinos. Por isso sê atenta e não saias jamais dos confins de minha Vontade".
18-15
Novembro 22, 1925
O grande bem que a alma recebe ao viver no Querer Supremo. Os atos feitos nele formam um orvalho celestial que cobre todas as criaturas.
(1) Estava segundo meu costume Fundindo-me no Santo Querer Divino, tratando por quanto a mim é possível de abraçar tudo em meu pequeno colo, para poder pôr meu pequeno "te amo" sobre todas as coisas, meu "obrigado", minha "adoração", meu "te bendigo" com a potência do Fiat Supremo para poder fazer companhia a esta Suprema Vontade espalhada com tanto amor na Criação. Mas enquanto fazia isso, pensava entre mim: "O que recebe a alma vivendo nesta atmosfera celestial da Suprema Vontade?" Enquanto eu estava nisto, meu amável Jesus saiu de dentro de mim e me apertando toda a Ele me disse:.
(2) "Minha filha, queres saber o que recebe a alma vivendo em minha Vontade? Recebe a união da Vontade Suprema com a sua, e nesta união minha Vontade assume o trabalho de dar a paridade da sua com a vontade da alma. Assim, minha Vontade é santa, é pura, é luz, e quer pôr a alma em santidade, pureza e luz, e se o trabalho da alma é o de viver em minha Vontade, o trabalho da minha é dar em modo perfeito minha semelhança à vontade da alma, e por isso te quero sempre nela, para fazer com que não só te tenha na sua companhia, mas que te faça crescer à sua semelhança, e por isso te dou o alimento dos seus conhecimentos, para te fazer crescer de modo divino e com a sua perfeita semelhança; e é por isso que te quer junto, onde quer que a minha Vontade opera, a fim de que te possa dar o ato de seu obrar, o valor que contém o obrar de uma Vontade Divina e você possa recebê-los".
(3) Eu ao ouvir isto disse: "Meu amor, a Tua Vontade está por toda parte, assim que todos vivem nela, porém nem todos recebem esta semelhança". E Jesus imediatamente adicionou:.
(4) "E quanto a isso, minha filha? É verdade que todos vivem em minha Vontade, porque não há ponto onde Ela não se encontre, mas quase todos vivem nela como estranhos, ou como mercenários, outros forçados, outros rebeldes; estes tais vivem nela e não a conhecem nem possuem seus bens, São mais usurpadores daquela mesma vida que receberam da minha Vontade. Cada ato destes é um desequilíbrio que adquirem entre sua vontade e a do seu Criador, é a confirmação de sua pobreza, de suas paixões e das densas trevas das quais se enchem, de modo que são cegos para tudo o que é Céu. Para chegar à paridade de minha Vontade não se pode viver como estranhos, senão como donos, deve olhar todas as coisas como suas coisas, ter todo o cuidado com elas, por isso é necessário conhecê-las para amá-las e possuí-las.
Por quanto bela e boa seja uma coisa, se não é totalmente sua, não se ama, não se estima, não se põe todo o cuidado que merece, se tem sempre um olho frio ao olhá-la e um batimento sem vida para amá-la; em vez disso se a coisa fosse sua, é todo olhos para olhá-la e todo coração para amá-la, a estima e chega a tanto, que faz dela um ídolo para seu próprio coração; a coisa em si mesma não se fez mais bela, tal qual era, é, não sofreu nenhuma mudança, a mudança foi sofrida pela pessoa ao adquiri-la e tê-la como coisa exclusivamente sua. Eis o que recebe a alma com viver em minha Vontade: A recebe como sua, a possui, sente sua aura celestial, sua Vida de Céu, a semelhança d'Aquele que a criou, e como vive em meu Querer se sente adornada pelos reflexos de seu Criador, em tudo sente a potência daquele Fiat que dá vida a todas as coisas, e no oceano dos bens que possui diz: Como sou feliz, a Vontade de Deus é minha, a possuo e a amo! 'Por isso todos os atos feitos em meu Querer se difundem sobre todos, e todos tomam parte. Olha, quando tu ao primeiro surgir do dia dizias: Surja minha mente na Vontade Suprema para cobrir todas as inteligências das criaturas com tua Vontade, a fim de que todas surjam nela, e eu em nome de todas te dou a adoração, o amor, a submissão de todas as inteligências criadas. Enquanto isto dizias um orvalho celestial caía sobre todas as criaturas, que as cobria para levar a todas a correspondência do teu ato. Ah! como era belo ver cobertas todas as criaturas com este orvalho celestial que formava a minha Vontade, do qual é símbolo o orvalho noturno que na manhã se encontra sobre todas as plantas para embelezar e fecundá-las, e às que estão por secar para impedir que se possam secar; com seu toque celestial parece que ponha um toque de vida para fazê-las viver. “Como é encantador o orvalho da manhã, mas muito mais encantador e belo é o orvalho dos atos que forma a alma na minha Vontade".
(5) E eu: "No entanto, meu amor e minha vida, com todo este orvalho as criaturas não mudam".
(6) E Jesus: "Se o orvalho noturno faz tanto bem às plantas, contanto que não caia sobre lenha seca, cortada das plantas, ou sobre coisas que não contêm vida alguma, e se bem que estas estejam cobertas de orvalho e como embelezadas, mas para elas está como morto e o sol quanto desponta, pouco a pouco se retira; muito mais bem faz o orvalho que faz descer minha Vontade sobre as almas, desde que não estejam completamente mortas à graça; no entanto, com a virtude vivificante que possui, se estiverem mortas procura infundir-lhes um sopro de vida, mas todos os demais sentem, quem mais, quem menos, segundo suas disposições, os efeitos deste orvalho benéfico"..
19-15
Abril 28, 1926
A Criação e a Mãe Celestial são os exemplares mais perfeitos do viver no Divino Querer. A Virgem superou a todos no sofrer.
(1) Estava pensando entre mim: "Meu doce Jesus quando fala de seu Querer une quase sempre à Soberana Rainha do Céu, ou bem à Criação, parece que se deleita tanto de falar de Uma ou da outra, que vai buscando ocasiões, pretextos, reencontros para manifestar o que faz sua Santíssima Vontade tanto na Mãe Celestial como na Criação". Agora, enquanto pensava nisso, o meu amável Jesus moveu-se dentro de mim e todo ternura me apertou a Si e me disse:.
(2) "Minha filha, se faço isto tenho fortes razões para fazê-lo. Você deve saber que minha Vontade somente na Criação e em minha Mãe Celestial sempre foi íntegra e teve livre seu campo de ação.
Agora, devendo chamar-te a viver em meu Querer como uma delas, devia propor-te como exemplo, como uma imagem à qual tu deves imitar. Assim, para poder fazer coisas grandes, de maneira que todos possam receber daquele bem, a menos que não o queiram, a primeira coisa é que minha Vontade deve operar integralmente na alma; olha a Criação, como minha Vontade está íntegra nela, e porque Ela está íntegra, a Criação está em seu posto e contém a plenitude daquele bem com o qual foi criada, e por isso se mantém sempre nova, nobre, pura, fresca, e pode participar a todos o bem que possui, mas o belo é que enquanto se dá a todos, ela nada perde e está sempre tal como foi criada por Deus; que coisa perdeu o sol com dar tanta luz e calor à terra? Nada; o que é que o céu azul perdeu por estar espalhado na atmosfera, na terra, por produzir tantas e tão variadas plantas? Nada; e assim de todas as coisas criadas por Mim. ¡ Oh, como a Criação exalta em modo admirável aquele ditado que dizem de Mim: É sempre antigo e sempre novo! Assim, minha Vontade na Criação é centro de vida, é plenitude de bem, é ordem, harmonia; todas as coisas as tem no posto querido por Ela. Onde você poderá encontrar um exemplo mais belo, uma imagem mais perfeita de viver em meu Querer, senão na Criação? Por isso Eu te chamo a viver no meio das coisas criadas como uma irmã delas, a fim de que aprendas a viver no Supremo Querer para poder estar também tu no lugar querido por Mim, para poder encerrar em ti a plenitude do bem que meu Querer quer encerrar em ti, a fim de que quem quiser possa tomar daquele bem, e como tu estás dotada de razão, deves superá-las a todas e corresponder ao seu Criador em amor e glória por cada coisa criada, como se todas estivessem dotadas de razão, assim que serás a provedora de toda a Criação, e ela te servirá de espelho onde te olhar para poder copiar o viver em meu Querer, a fim de que não te separes de teu posto; te servirá de guia e te fará de mestra dando-te as lições mais altas e perfeitas sobre o viver em meu Querer.
(3) Mas a que supera a todos é minha Mãe Celestial, Ela é o novo céu, é o sol mais fulgurante, é a lua mais brilhante, é a terra mais florida, tudo, tudo encerra em Si, e se cada coisa criada encerra a plenitude de seu bem recebido por Deus, minha Mãe encerra todos os bens juntos, porque dotada de razão e vivendo minha Vontade íntegra nela, a plenitude da Graça, da luz, da Santidade, crescia a cada instante, cada ato que fazia eram sóis, estrelas que meu Querer formava nela, Então ele ultrapassou toda a Criação, e minha Vontade íntegra e permanente nela fez a maior coisa e obteve o suspirado Redentor. Por isso minha Mãe é Rainha em meio à Criação, porque ultrapassou tudo e minha Vontade encontrou nela o alimento de sua razão, que íntegra e permanentemente a fazia viver nela, havia sumo acordo, davam a mão mutuamente; não havia fibra de seu coração, palavra, pensamento, sobre o qual a minha Vontade não possuía a sua Vida. E o que um Querer Divino não pode fazer? Tudo, não há potência que lhe falte nem coisa que não possa fazer, por isso se pode dizer que tudo fez, e tudo o que os demais não puderam fazer nem poderão fazer todos juntos, o fez Ela sozinha..
(4) Portanto não te admires se te aponto a Criação e a Soberana Rainha, porque devo indicar-te os exemplares mais perfeitos onde minha Vontade tem Vida perene e onde jamais encontrou obstáculo a seu campo de ação divina para poder operar coisas dignas de Si. Por isso minha filha, se queres que meu Fiat Supremo reine como no Céu, que é a maior coisa que nos resta fazer para as humanas gerações, faz com que meu Querer tenha o posto de soberano e que viva íntegro e permanente em ti, de todo o resto não tenhas nenhum pensamento, nem de tua incapacidade, nem das circunstâncias, nem das coisas novas que podem surgir em torno de ti, porque reinando em ti meu Querer, servirão como matéria e alimento para que meu Fiat tenha seu cumprimento".
(5) Depois eu estava pensando entre mim: "É verdade que minha Rainha Mãe fez o maior dos sacrifícios, que nenhum outro fez, isto é, não querer saber de modo algum sua vontade, mas só a de Deus, e nisto abraçou todas as dores, todas as penas, até o heroísmo do sacrifício de sacrificar a seu próprio Filho para cumprir o Querer Supremo, mas uma vez que fez este sacrifício, tudo o que sofreu depois foi o efeito de seu primeiro ato, não teve que lutar como nós nas diversas circunstâncias, nos encontros imprevistos, nas perdas inesperadas, é sempre luta, até sangrar o próprio coração por temor de ceder à nossa combatente vontade humana; com quanta atenção se necessita estar para que o Querer Supremo tenha sempre seu posto de honra e a supremacia sobre tudo, e muitas vezes é mais dura a luta que a mesma pena". Mas enquanto isso eu pensava, meu amável Jesus se moveu dentro de mim dizendo:.
(6) "Minha filha, tu te equivocas, não foi um o máximo sacrifício de minha Mãe, senão foram tais e tantos, por quantas dores, penas, circunstâncias e encontros foi exposta sua existência e a minha; as penas nela sempre eram duplicadas, porque minhas penas eram mais que penas suas, e além disso minha Sabedoria não mudou nunca direção com minha Mamãe, em cada pena que devia tocá-lo eu perguntava-lhe sempre se queria aceitá-las, para ouvir-me repetir por Ela aquele Fiat em cada pena, em cada circunstância e até em cada respiro; aquele Fiat me soava tão doce, tão suave e harmonioso, que o queria ouvir repetir a cada instante de sua vida, e por isso lhe perguntava sempre: Mamãe, quer fazer isto? Queres sofrer esta dor?
E a Ela meu Fiat lhe levava os mares de bens que contém e lhe fazia entender a imensidão da pena que aceitava, e este entender com luz divina o que passo a passo devia sofrer, dava-lhe tal martírio que supera infinitamente a luta que sofrem as criaturas, porque, faltando nela o germe da culpa, faltava o germe da luta, e a minha vontade devia encontrar outro meio para fazer que não fosse menor do que as outras criaturas no sofrimento, porque, sendo justo, deve adquirir o direito de rainha das dores, devia superar todas as criaturas juntas nas penas. Quantas vezes não sentiu você mesma, que enquanto não sentia nenhuma luta, meu Querer, fazendo-te entender as penas a que te sujeitava, você ficava petrificada pela força da dor, e enquanto ficava destroçada na pena, você era a pequena cordeirinha em meus braços, pronta a aceitar outras penas às quais meu Querer te queria submetida; ah! Não sofrias tu mais que com a mesma luta? A luta é sinal de paixões veementes, enquanto que minha Vontade, se leva a dor, ao mesmo tempo dá a intrepidez, e com o conhecimento da intensidade da pena lhe dá tal mérito, que só uma Vontade Divina pode dar. “Por isso, como faço contigo, que em cada coisa que quero de ti primeiro te pergunto se queres, se aceitas, assim fazia com a minha Mãe, a fim de que o sacrifício seja sempre novo e me dê a ocasião de conversar com a criatura, de entreter-me com ela, e que o meu Querer tenha o seu campo de ação divino na vontade humana".
(7) Agora, enquanto estava escrevendo o que está escrito acima, não pude seguir adiante porque minha mente ficou alienada por um canto belo e harmonioso, acompanhado por um som jamais
ouvido, Este cântico punha a todos em atenção e harmonizava com toda a Criação e com a pátria celeste. Tudo isto escrevo por obedecer. Enquanto ouvia o canto, meu Jesus me disse:.
(8) "Minha filha, escuta como é belo este som e canto, é um cântico novo formado pelos anjos como homenagem, glória e honra à união da Vontade Divina com sua vontade humana, é tanta a
alegria de todo o Céu e da Criação toda, que não podendo contê-la soa e canta".
(9) Dito isto encontrei-me em mim mesma.
20-16
Outubro 26, 1926
Em todos os atos que Jesus fez, sua finalidade era o reino do Fiat Divino. Adão se sente dando de novo a honra perdida por Ele.
(1) Continuava unindo-me junto com os atos que Jesus fez na Redenção, e meu sempre amável Jesus me disse:
(2) "Minha filha, olha como todos os atos que fiz ao redimir ao homem, ainda meus mesmos milagres que fiz em minha vida pública, não eram outra coisa que chamar o reino do Fiat Supremo no meio das criaturas, no ato de fazê-los pedia a meu Pai Celestial que o fizesse conhecer e o restabelecesse no meio das gerações humanas. Se eu olhava para os cegos, o meu primeiro ato era pôr em fuga as trevas da vontade humana, causa primária da cegueira da alma e do corpo, e que a luz da minha iluminasse as almas de tantos cegos, a fim de que obtivessem a vista para olhar minha Vontade para amá-la, a fim de que também seus corpos estivessem livres de perder a vista; se desse o ouvido aos surdos, primeiro pedia a meu Pai que adquirissem o ouvido para
escutar as vozes, os conhecimentos, os prodígios de meu Querer Divino, a fim de que entrasse em seus corações como caminho para dominá-los, a fim de que não mais surdos existissem no mundo, nem na alma nem no corpo; também quando ressuscitei os mortos pedia que ressuscitassem as almas em meu Eterno Querer, também aquelas apodrecidas e mais que cadáveres pela vontade humana. E quando tomei as cordas para lançar aos profanadores do templo, era à vontade humana que lançava, a fim de que entrasse a minha, reinante e dominante, para que fossem verdadeiramente ricos na alma e não mais sujeitos a pobreza natural. E até quando eu entrei triunfante em Jerusalém, no meio da multidão, rodeado de honra e de glória, era o triunfo da minha
Vontade que estabelecia no meio dos povos, não houve um ato que eu fizesse estando na terra em que não pusesse a minha Vontade como ato primeiro para restaurá-la no meio das criaturas, porque era a coisa que mais me importava. E se não fosse assim, que em tudo o que fiz e sofri não tivesse tido como ato primeiro o reino do Fiat Supremo para restaurá-lo no meio das criaturas, a minha vinda à terra teria trazido às gerações humanas um bem pela metade, não completo, e a glória de meu Pai Celestial não teria sido completamente reintegrada por Mim, porque como minha Vontade é princípio de todo bem, é finalidade única da Criação e Redenção, portanto é fim de cumprimento de todas as nossas obras. Assim, sem Ela, nossas obras mais belas são iniciadas e sem cumprimento, porque é Ela sozinha a coroa de nossas obras e o selo de que nossa obra está cumprida. Eis por que, por honra e glória da mesma obra da Redenção, devia ter como ato primeiro a finalidade do Reino da minha Vontade".
(3) Depois disto estava começando meu giro na Divina Vontade e pondo-me no Éden terreno, onde Adão havia feito o primeiro ato de subtração de sua vontade à Divina, dizia a meu doce Jesus:
"Meu amor, quero aniquilar meu querer no teu, para que jamais tenha vida, para fazer que em tudo e para sempre tenha vida a tua, para reparar o primeiro ato que fez Adão, para voltar a dar toda aquela glória a teu Supremo Querer como se Adão não se tivesse subtraído d‟Ele. Oh! como gostaria de voltar a dar-lhe a honra perdida por ele porque fez sua vontade e rejeitou a tua, e este ato tento fazê-lo por quantas vezes todas as criaturas têm feito sua vontade, causa de todos seus males e têm rejeitado a tua, princípio e fonte de todos os bens, por isso te rogo que venha logo o Reino do Fiat Supremo, a fim de que todos, desde Adão até todas as criaturas que fizeram sua vontade, recebam a honra, a glória perdida e teu Querer receba o triunfo, a glória e seu cumprimento". Agora, enquanto dizia isto, o meu Sumo Bem Jesus comoveu-se todo e abrandado, e fazendo-me presente ao meu primeiro pai Adão, fez com que ele me dissesse com uma ênfase de amor todo especial:
(4) "Filha bendita, finalmente meu Senhor Deus depois de tantos séculos, fez sair à luz do dia aquela que devia pensar em voltar a dar-me a honra e a glória que perdi ao fazer infelizmente minha vontade. Como me sinto duplicada minha felicidade, até agora ninguém pensou em voltar a dar-me esta honra que perdi, por isso agradeço vivamente a Deus que te fez sair à luz, e agradeço a ti, como filha a mim muito amada, que tenhas tomado o empenho de voltar a dar a Deus a glória como se jamais sua Vontade tivesse sido ofendida por mim, e a mim a grande honra de que o Reino do Fiat Supremo seja restabelecido no meio das gerações humanas. É justo que te ceda o lugar que a mim me tocava, como primeira criatura que saiu das mãos do nosso Criador".
(5) Depois disto meu amável Jesus me apertando a Ele me disse:
(6) "Minha filha, não só Adão, mas todo o Céu esperam tuas ações em meu Querer, a fim de que recebam a honra que lhes tirou seu querer humano; tu deves saber que pus mais graça em ti que não pus em Adão, para fazer que meu Querer te possuísse e com triunfo te dominasse, e o teu se sentisse honrado de nunca ter vida e cedesse o posto à minha Vontade. Nele não pus a minha humanidade como ajuda e força sua e como cortejo da minha vontade, porque não a tinha então, em ti a pus para te fornecer todas as ajudas que se precisa para fazer com que a tua esteja em seu posto e a minha possa reinar, e junto contigo seguir teus giros no meu Eterno Querer para estabelecer o seu Reino".
(7) Eu, ao ouvir isto, como surpreendida disse: "Meu Jesus, o que dizes? Eu acho que você quer me tentar e zombar de mim. Será possível que você colocou mais graça em mim do que em
Adão?"
(8) E Jesus: "Certo, certo filha minha, devia fazer de modo que tua vontade fosse sustentada por uma Humanidade Divina para fazer que não vacilasse e estivesse firme em minha Vontade, por
isso não me burlo, mas sim te digo a fim de que me correspondas e sejas atenta".
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