ESCOLA DA DIVINA VONTADE - DÉCIMA SEGUNDA SEMANA DE ESTUDOS

 LUZES INÉDITAS

Luisa é escolhida como vítima.

(103) "Aproxima-te a beijar as chagas de meu Filho, Ele te escolhe como vítima, e se tantos o ofendem, tu oferecendo-te a sofrer o que Ele sofre lhe darás um alívio em tanto sofrer, não o aceitas?"
(104) Eu me sentia tão aniquilada, tão má (como ainda sou) e indigna, que não ousava dizer "sim". Minha natureza tremia, me sentia tão fraca pelas penas passadas, que mal me restava um fio de vida. Além disso, não sei como, de longe via os demônios que tanto alvoroçavam, faziam muito ruído, e via que tudo o que tinha visto que tinham feito ao Senhor deviam faze-lo a mim se aceitasse. Em mim mesma sentia tais penas, dores, estiramentos de nervos, que acreditei que deixaria a vida. Finalmente me aproximei e lhe beijei as chagas, parecia que ao fazê-lo aqueles membros tão lacerados se curavam, e o Senhor que antes parecia quase morto começava a reanimar-se a nova vida. Internamente recebia tais luzes sobre as ofensas que se cometem, atrações para aceitar ser vítima ainda que devesse sofrer mil mortes, porque o Senhor tudo merecia, e que eu não poderia opor-me ao que Ele queria. Isto acontecia enquanto estávamos em silêncio, mas aqueles olhares que reciprocamente nos dávamos eram tantos convites, tantas flechas ardentes que me trespassavam o coração. Especialmente a Santíssima Virgem me incitava a aceitar, mas quem pode dizer tudo o que passei? Finalmente o Senhor, olhando-me com benignidade, disse-me:

(105) "Tu viste o quanto me ofendem e quantos caminham pelos caminhos da iniqüidade, e sem o perceberem precipitam-se no abismo. Vem oferecer-te ante a Divina Justiça como vítima de reparação pelas ofensas que se fazem e pela conversão dos pecadores, que a olhos fechados bebem na fonte envenenada do pecado. Um imenso campo se abre diante de ti, de sofrimentos, sim, mas também de graças; Eu não te deixarei mais, virei em ti a sofrer tudo o que me fazem os homens, fazendo-te participar das minhas penas. Como ajuda e consolo te dou a minha Mãe".
(106) E parecia que me entregava a Ela, e Ela me aceitava. Eu também me ofereci toda a Ele e à Virgem, disposta a fazer o que Ele queria, e assim terminou a primeira vez.
(107) Depois de me recuperar daquele estado, sentia tais penas, tal aniquilamento de mim mesma, que me via como um miserável verme que não sabia fazer mais que arrastar-se por terra, e dizia ao Senhor: "Ajuda, tua Onipotência me aterroriza, vejo que se Tu não me levantas, meu nada se desfaz e vai dispersar-se. Dá-me o sofrimento, mas te rogo me dê a força, porque me sinto morrer". E assim começou um alternar-se de visitas de Nosso Senhor e de tormentos por parte dos demônios; quanto mais me resignava, tanto mais aumentava sua raiva.
(108) Poucos dias depois do dito anteriormente, senti de novo perder os sentidos (Lembro-me que no início, sempre que isso me acontecia, eu achava que devia deixar a vida). Quando perdi os sentidos, Nosso Senhor voltou a fez ver-se com a coroa de espinhos na cabeça, tudo jorrando sangue, e dirigindo-se a mim disse:
(109) "Filha, olha o que me fazem os homens; nestes tristes tempos é tanta sua soberba que infestaram todo o ar, e é tanta a peste que por toda parte se espalha, tanto, que chegou até meu trono no empírico. Fazem de tal modo que eles mesmos se fecham o Céu; os miseráveis, não têm olhos para ver a verdade porque estão ofuscados pelo pecado da soberba, com o cortejo dos demais vícios que levam consigo. Ah, dá-me um alívio a tão acerbos dores e uma reparação a tantas ofensas que me fazem".
(110) Dizendo isto ele tirou a coroa, que não parecia coroa mais um novelo inteiro, assim, nem sequer uma pequena parte da cabeça ficava livre, mas toda era atravessada por aqueles espinhos.
Quando ele tirou a coroa, veio ter comigo e perguntou-me se eu a aceitava. Eu me sentia tão aniquilada, sentia tais penas pelas ofensas que lhe são feitas, que me sentia destroçar o coração e lhe disse: "Senhor, faz de mim o que queiras". E assim o fez e a empurrou sobre minha cabeça e desapareceu.

2-13
Abril 12, 1899
Jesus disse a Luísa: Tu és o meu tabernáculo, aliás, sinto-me mais feliz em ti, porque te compartilho as minhas dores.
(1) Hoje, sem me fazer esperar tanto, Jesus veio logo e me disse:
(2) "Tu és o meu tabernáculo; para mim é o mesmo estar no sacramento que em teu coração, aliás, em ti se encontra outra coisa de mais, que é o poder participar minhas penas e te ter junto Comigo como vítima vivente ante a divina justiça, o que não encontro no Sacramento".
(3) E enquanto dizia estas palavras se fechou dentro de mim. Estando em mim, Jesus fazia-me sentir agora as picadas dos espinhos, agora as dores da cruz, os esforços e os sofrimentos do coração. Em torno de seu coração via um trançado de pontas de ferro que fazia sofrer muito a Jesus. Ah! Quanta dor me dava vê-lo sofrer tanto, teria querido sofrer tudo eu antes de fazer sofrer a meu doce Jesus, e de coração lhe pedia que a mim me desse as penas, a mim o sofrer. Então Jesus me disse:
(4) "Filha, as ofensas que mais trespassam meu coração são as Missas ditas sacrílegamente, e as hipocrisias".
(5) Quem pode dizer o que compreendi nestas duas palavras? Parece-me que externamente se faz ver que se ama, se louva ao Senhor, mas internamente se tem o veneno pronto para matá-lo; externamente se faz ver que se quer a glória, a honra de Deus, mas internamente se busca a honra, a estima própria. Todas as obras feitas com hipocrisia, mesmo as mais santas, são obras todas envenenadas que amarguram o coração de Jesus.

3-12
Novembro 24, 1899

Luisa quer receber as amarguras de Jesus.

(1) Esta manhã o meu doce Jesus veio e me transportou para fora de mim mesma. Agora, como tenho visto tudo cheio de amargura, pedi-lhe e voltei a pedir-lhe que a derramasse em mim, mas, porque lhe roguei, não consegui obter que vertesse em mim suas amarguras, e conforme me aproximava de sua boca para recebê-las saía um hálito amargo. Enquanto fazia isto via um sacerdote que morria, mas não sabia bem quem era, e como tinha a intenção de rezar por um sacerdote doente, não o reconhecendo me confundi se era ele ou algum outro. Então eu disse a Jesus: "Senhor, o que fazes? Não vês quanta falta de sacerdotes há em Corato, e queres tirar-nos outros?" Jesus não me dando atenção e ameaçando com a mão dizia:
(2) "Eu os destruirei demais".

4-13
Setembro 29, 1900

As almas vítimas são apoios e suportes para Jesus.

(1) Tendo passado alguns dias de silêncio entre Jesus e eu, e com pouco sofrimento, parece-me que gostaria de continuar a tentar fazer-me exercitar um pouco mais a paciência, e eis como:
(2) Ao vir, dizia: "Minha amada, do Céu te suspiro, no Céu, no Céu te espero".
(3) E como relâmpago desaparecia. Depois, voltando, repetia: "Cessa já dos teus ardentes suspiros, que me fazes definhar continuamente, até desfalecer".
(4) Outras vezes: "Teu ardente amor, tuas ânsias são consolo a meu triste coração".
(5) Mas quem pode dizer tudo? Parecia-me que tinha vontades de fazer versos, e estes versos às vezes os expressava cantando-os; mas sem dar-me tempo de lhe dizer uma palavra, logo fugia.
Depois, esta manhã, tendo posto o confessor a intenção de me fazer sofrer a crucificação, vi a Rainha Mãe que chorava e quase discutia com Jesus para livrar o mundo dos tantos castigos, mas Ele mostrava-se relutante, E só para agradar à mãe, ela veio para me fazer sofrer. Pouco depois, como se tivesse diminuído um pouco disse:
(6) "Minha filha, é verdade que quero castigar o mundo, tenho na mão os castigos para golpeá-lo, mas é também verdade que se se interessarem tanto você como o confessor em rogar-me e sofrer, é sempre um apoio, e viriam a pôr tantos suportes para livrar o pelo menos em parte, caso contrário, não encontrar qualquer apoio e escora, mãos livres eu vou desabafar sobre as pessoas".
(7) Dito isto desapareceu.

5-13
Junho 15, 1903

Quem se serve dos sentidos para glorificar a Nosso Senhor, conserva em si a sua obra Criadora.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, meu adorável Jesus, não sei como, via-o dentro do meu olho. Então eu me admirei e Ele me disse:

(2) "Minha filha, quem se serve dos sentidos para me ofender deforma em si minha imagem, por isso o pecado dá morte à alma, não porque verdadeiramente morra, mas porque dá a morte a tudo o que é Divino. Se, pelo contrário, se serve dos sentidos para me glorificar, posso dizer: "Tu és o meu olho, o meu ouvido, a minha boca, as minhas mãos e os meus pés". E com isto conserva em si a minha obra criadora, e se ao glorificar-me acrescenta o sofrer, o satisfazer, o reparar por outros, conserva em si a minha obra redentora e, aperfeiçoando em si estas minhas obras, ressurge a minha obra santificadora, santificando tudo e conservando-o na própria alma, porque de tudo quanto fiz na obra criadora, redentora e santificadora, Transfundi na alma uma participação de mim mesmo obrar, mas tudo está em si a alma corresponde a minha obra".

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5-14
Junho 16, 1903
O que torna a alma mais amada, mais bela, mais amável e mais íntima com Deus, é a perseverança no agir só para agradar a Ele.

(1) Continuando o meu habitual estado, encontrei-me fora de mim mesma, e via o menino Jesus que tinha na mão uma taça cheia de amargura e uma vara, e Ele disse-me:
(2) "Olha minha filha que taça de amargura me dá a beber continuamente o mundo".
(3) E eu: "Senhor, parti-me algo a mim, assim não sofrerás sozinho".
(4) Então me deu a beber um pouquinho daquela amargura, e depois com a vara que tinha na mão pôs-se a trespassar-me o coração, tanto que fazia um buraco de onde saía um rio daquela amargura que tinha bebido, mas mudada em leite doce, e ia à boca do menino, que tudo se adoçava e confortava, e depois me disse:
(5) "Minha filha, quando dou à alma o amargo, as tribulações, se a alma se uniformiza à minha Vontade, se me agradece por isso, e disso me faz um presente oferecendo-o a Mim mesmo, para ela é amargo, é sofrimento, e para Mim se muda em doçura e alívio, mas o que mais me alegra e me dá prazer, é ver se a alma quando obra e padece está atenta a me agradar somente a Mim, sem outro fim ou propósito de recompensa, porém o que faz mais querida à alma, mais bela, mais amável, mais íntima no Ser Divino, é a perseverança neste modo de comportar-se, tornando-a imutável junto com o imutável Deus; porque se hoje faz e amanhã não; se uma vez tem um fim, e outra vez outro; hoje trata de agradar a Deus, amanhã às criaturas, é imagem de quem hoje é rainha e amanhã é vilíssima serva, hoje se alimenta de deliciosos alimentos e amanhã de porcarias".
(6) Pouco depois desapareceu, mas logo voltou acrescentando:
(7) "O sol está para benefício de todos, mas nem todos gozam de seus benéficos efeitos. Assim o Sol Divino, a todos dá sua luz, mas quem goza seus benéficos efeitos? Quem tem abertos os olhos à luz da verdade, todos os outros, apesar de que o Sol está exposto ficam na escuridão; mas propriamente goza, recebe toda a plenitude deste Sol, que está tudo ocupado em me agradar".

6-14

Volume 06

11
Dezembro 24, 1903

O desejo faz com que Jesus nasça na alma. O mesmo faz o demônio.

(1) Esta manhã, encontrando-me no meu estado habitual, veio o menino Jesus, e eu, vendo-o muito pequeno, como se acabasse de nascer, disse-lhe: "Meu querido, qual foi a causa, quem te fez vir do Céu e nascer tão pequeno no mundo?"
(2) E Ele: "O amor foi a causa, e não só isto, mas o meu nascimento no tempo foi o desabafo de amor da Santíssima Trindade para com as criaturas. Num desabafo de amor de minha Mãe nasci de seu seio, e num desabafo de amor renasci nas almas. Mas este desabafo é formado pelo desejo, assim que a alma começa a desejar-me, eu fico já concebido, quanto mais se adentra no desejo, assim me vou alargando na ama, quando este desejo enche todo o interior e chega a transbordar fora, então renasço em todo o homem, isto é, na mente, na boca, nas obras e nos passos.

(3) De igual modo, também o demônio faz seus nascimentos nas almas, assim que a alma começa a desejar e a querer o mal, fica concebido o demônio com suas obras perversas, e se este desejo vem alimentado, o demônio se engrandece e enche todo o interior de paixões, as mais feias e asquerosas, e chega a transbordar fora, dando ao homem o caminho de todos os vícios. Minha filha, quantos nascimentos faz o demônio nestes tristíssimos tempos, se tivessem poder, os homens e os demônios teriam destruído meus nascimentos nas almas".

7-13
Abril 29, 1906

A alma vazia de tudo é como a água que corre sempre.

(1) Continuando meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus, enchendo todo meu interior de Si mesmo me disse:
(2) "Minha filha, a alma vazia é como a água que corre sempre, e só se detém quando chega ao centro de onde saiu; e assim como a água que não tem cor pode receber em si todas as cores que nela se reflitam assim a alma vazia, corre sempre para o centro divino de onde saiu, e só se detém quando chega a encher-se toda, toda de Deus, porque estando vazia nada lhe escapa do Ser Divino, e como não tem cor própria recebe em si todas as cores divinas. Agora, só a alma vazia, porque está vazia de tudo, compreende as coisas segundo a verdade, por exemplo:
a preciosidade do sofrer, o verdadeiro bem da virtude, a única necessidade do eterno, porque para amar uma coisa é de absoluta necessidade que se odeie a coisa contrária à que se ama, e só a alma vazia é a que chega a tanta felicidade.

8-15
Outubro 29, 1907

O verdadeiro amor e sacrifício.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, encontrei-me fora de mim mesma, e via o Menino Jesus, que, pondo-se sobre a minha cama, me batia com as suas mãos todo o corpo, dando-me também pontapés. Quando me derrubou muito bem e pisou, desapareceu. Voltando em mim mesma não entendia o por que destes golpes, mas estava contente porque lembrava-me que eu mesma me punha debaixo de Jesus para ser mais golpeada. Depois, sentindo-me toda ferida, de novo fui surpreendida pelo bendito Jesus, que, tirando a coroa de espinhos, Ele mesmo a cravou na minha cabeça, mas com tal força que todos os espinhos me penetravam dentro; depois, entrando no meu interior, quase no ato de seguir adiante me disse:

(2) "Minha filha, como estamos? Vamos, vamos mais adiante em castigar o mundo".

(3) Eu me assustei ao ouvir que unia minha vontade à sua no ir além nos castigos. E Ele acrescentou:
(4) "O que Eu te digo não deves esquecer. Lembra-te que há muito tempo eu te fazia ver os castigos presentes e aqueles que devia mandar, e tu, apresentando-te ante minha justiça, tanto imploraste em favor do género humano, oferecendo-te tu a sofrer qualquer coisa, que te foi concedido como esmola que em vez de fazer por dez faria por cinco em consideração tua. Por isso esta manhã te bati, para poder te conceder seu desejo, que deve fazer por dez faça só por cinco".
(5) De novo acrescentou: "Minha filha, o amor é o que enobrece a alma e a põe em posse de todas minhas riquezas, porque o verdadeiro amor não tolera divisão de classe ou condição, por muito que um possa ser inferior ao outro. O que é meu é teu, esta é a linguagem de dois seres que na verdade se amam, porque o verdadeiro amor é transformação portanto, a beleza de um tira a fealdade do outro e o torna belo; se é pobre o torna rico; se é ignorante o converte douto; se é ignóbil o torna nobre; um é o batimento, um o respiro, uma a vontade em dois seres que se amam, E se algum outro batimento ou fôlego quiser entrar neles, eles se sentem sufocados, agitados e dilacerados, e ficam doentes.

Assim, o verdadeiro amor é saúde e santidade, e nele se respira um ar balsâmico, perfumado, qual é o respiro e a vida do mesmo amor, mas onde este amor fica mais enobrecido, mais consolidado, mais confirmado e maior, é no sacrifício, assim que o amor é a chama, o sacrifício a lenha; então onde há mais lenha, mais altas são as chamas, e o fogo é sempre maior.

 

O que é sacrifício? É o desvirar-se um no amor e no ser da pessoa amada, e quanto mais se sacrifica, tanto mais fica consumado no ser amado, perdendo seu ser e retomando todos os lineamentos e nobreza do Ser Divino. Olhe, também no mundo natural a coisa passa assim, se bem em modo muito imperfeito, quem adquire nome, nobreza, heroísmo, um soldado que se sacrifica, se expõe às batalhas, expõe a vida por amor do rei, ou algum outro que se está com os braços cruzados? Certamente o primeiro. Assim, um servo, quem pode esperar sentar-se à mesa de seu mestre, o servo fiel que se sacrifica, que põe a própria vida, que tem mais cuidado dos interesses de seu amo que dos seus por amor a seu amo, ou aquele servo que, embora faça seu dever, quando pode fugir do sacrifício o evita? Certo que o primeiro. E assim o filho com o pai, o amigo com o amigo, etc. Assim que o amor enobrece e une e forma uma só coisa; o sacrifício é a lenha para engrandecer o fogo do amor, e a obediência ordena tudo".

9-12
Julho 29, 1909

A paz é virtude divina.

(1) Continuando o meu habitual estado dizia entre mim: "por que o Senhor quer que não entre em mim nem um sopro de perturbação, e que em todas as coisas me mantenha sempre em paz?
Parece que nada lhe agrada, ainda que fossem obras grandes, virtudes heróicas, sofrimentos atrozes; parece que Ele cheira a alma, e apesar de todas estas obras, virtudes e sofrimentos, se não há paz fica nauseado e descontente da alma". Nesse momento se fez ouvir, e com uma voz digna e imponente, respondendo a meu “porque”? , disse-me:

(2) "Porque a paz é virtude divina, e as outras virtudes são humanas; assim, qualquer virtude, se não é coroada pela paz, não se pode chamar virtude, mas vício. Eis por que me preocupo tanto com a paz, porque a paz é o sinal mais certo de que se sofre e se trabalha por Mim, e é a herança que dou a meus filhos, a paz eterna que gozarão Comigo no Céu".

10-17
Fevereiro 8, 1911

O amor torna Jesus feliz. Luísa, o Paraíso de Jesus na terra.

(1) Continuando meu habitual estado, passei cerca de seis dias imersa no amor de meu bendito Jesus, tanto, que às vezes sentia que não podia mais e lhe dizia: "Basta, basta porque não posso mais". Sentia-me como dentro de um banho de amor que me penetrava até a medula dos ossos, hora me falava Jesus de amor e de quanto me amava, e hora eu lhe falava de amor. O belo era que às vezes Jesus não se deixava ver, e eu nadando neste banho de amor sentia romper-me o cerco da pobre natureza, e me lamentava com Jesus, e Ele me sussurrava ao ouvido:
(2) "O Amor sou Eu, e se você sente o amor, certo é que estou contigo".
(3) Outras vezes, me lamentando, me dizia ao ouvido, mas tudo de improviso:
(4) "Luísa, tu és o meu paraíso na terra, e o teu amor faz-me feliz".
(5) E eu: "Jesus, meu amor, o que dizes? Queres gozar comigo? Você está feliz por Si mesmo, por que diz que está feliz por mim?"

(6) E Ele: "Ouça-me bem, minha filha, e entenderá o que Eu te digo. Não há coisa criada que não tenha vida de meu coração, todas as criaturas são como tantas cordas que saem de meu coração e que têm vida de Mim, por isso por necessidade e naturalmente tudo o que fazem repercute em meu coração, ainda que seja um só movimento; por consequência, se fazem mal, se não me amam, dão-me contínuo incômodo, aquela corda faz soar em meu coração sons de desgostos, de amarguras, de pecados e forma sons fúnebres que me tornam infeliz por parte daquela corda ou vida que sai de Mim; em troca se me ama e está toda atenta a me contentar, aquela corda me dá contínuo prazer e forma sons festivos, doces, que harmonizam com a minha própria Vida, e por parte daquela corda Eu gozo tanto, até me tornar feliz e gozar por causa dela meu mesmo paraíso.
Se compreendes bem tudo isto, não dirás mais que me burlo de ti".
(7) E agora digo o que dizia eu de amor e o que dizia Jesus, o direi enlouquecendo e talvez revoltado, porque a mente não se adapta de tudo às palavras:
(8) "Oh! meu Jesus, amor és Tu, és todo amor, e amor eu quero, amor desejo, amor suspiro, amor eu suplico e te rogo amor, amor me convida, o amor me é vida, amor me arrebata o coração até o seio de meu Senhor. De amor me embriaga, de amor me faz feliz. Eu sozinha, sozinha e só para Ti! Você sozinho, e só para mim! Agora que estamos sozinhos falemos de amor, ah! faz-me entender quanto me amas, porque só em teu coração, amor se compreende!"
(9) "De amor queres tu que te fale? Escuta filha amada minha vida de amor: Se respiro te amo; se me bate o coração, meu coração te diz amor, amor, são loucuras de amor por ti; se me movo, amor te acrescento, de amor te inundo, de amor te circundo, de amor te acaricio, de amor te flecho, de amor te atraio, de amor te alimento e agudos dardos te mando ao coração".
(10) "Pare com isso! meu Jesus por agora, já me sinto desfalecer de amor, segure-me entre teus braços, me endireite em teu coração e desde dentro dele me faz desalar também a mim de amor, de outra maneira morro de amor, de amor deliro, de amor me queimo, de amor faço festa, de amor definho, de amor me consumo, o amor me mata e me faz ressurgir mais bela a uma vida nova. A minha vida foge-me e sinto só a vida de Jesus, meu amor, e em Jesus meu amor sinto-me imensa e amo todos, sinto-me ferida de amor, doente de amor, de amor, embeleza-me e faz-me mais rica ainda. Dizer mais não sei, oh! Amor, só Tu me entendes, Tu só me compreendes, meu silêncio te
diz mais ainda, em teu belo coração se diz mais com o calar que com o falar, e amando se aprende a amar. Amor, Amor, fala só Tu, porque sendo amor sabes falar de amor".
(11) "Amor tu queres ouvir? Tudo o que é criado te diz amor: Se as estrelas brilham amor te dizem; se nasce o sol, amor te manda; se resplandece de toda a sua luz no seu pleno meio-dia, dardos de amor te manda ao coração; se o sol se põe te diz: "Jesus morre por ti de amor". Nos trovões e relâmpagos amor te mando e toques de beijos te dou ao coração; sobre as asas dos ventos é amor que corre; se murmuram as águas te estendo os braços; se se movem as folhas, te estreito ao coração; se perfuma a flor, te recreio de amor. Tudo o que foi criado em linguagem muda diz ao coração: Só de ti quero vida de amor. Amor Eu quero, amor desejo, amor mendigo de dentro do coração, só estou contente se me der amor".
(12) "Meu bem, meu tudo, amor insaciável, se queres amor, dai-me amor; se me queres feliz, amor me dizes; se me queres contente, amor me entregas. Amor me investe, amor me eleva, me leva ao trono de meu Criador; o amor me indica a sabedoria incriada e me conduz ao eterno amor e aí eu faço minha morada.
(13) Vida de amor viverei em teu coração, te amarei por todos, te amarei com todos, te amarei em todos. Jesus, seque-me toda de amor dentro de teu coração, abre-me as veias e em vez de sangue faz correr amor; tira-me o fôlego e faz que respire ar de amor; queima-me os ossos e as carnes e toma-me toda, toda de amor. O amor me transforme, o amor me conforme, o amor me ensine a sofrer Contigo, o amor me crucifique e me torne toda similar a Ti".

11-13
Março 20,1912
O todo está em dar tudo a Jesus e fazer em tudo e sempre o seu Querer.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, meu sempre amável Jesus fazia-se ver todo sofredor e me disse:
(2) "Minha filha, não querem entender, que o todo está em dar tudo a Mim e fazer em tudo e sempre o meu Querer; quando Eu obtiver isto, Eu mesmo vou empurrando as almas dizendo a cada uma:

"Minha filha, toma este gosto, este conforto, este consolo, este descanso", com esta diferença, que antes de dar-se toda a Mim e de fazer em tudo e sempre minha Vontade, se os tomava eram humanos, em troca depois são divinos, e Eu, sendo coisas minhas, já não me dão ciúmes e digo entre Mim: "Se toma o lícito prazer toma-o porquê o quero Eu, se trata com pessoas, se licitamente conversa, é porque o quero Eu, e se Eu não o quisesse ela está disposta e pronta a deixar tudo", e por isso Eu ponho as coisas a sua disposição, porque tudo o que faz é todo o efeito do meu Querer, não mais do seu. Diz-me! Minha filha, o que te faltou desde que me deste tudo? Dei-te os meus gostos, os meus prazeres e todo o Eu mesmo para tua satisfação, isto na ordem sobrenatural, e na ordem natural também não te fiz faltar nada, confessores, comunhões, e todo o resto, aliás, tu querendo só a Mim não querias aos confessores tão frequentemente, Mas eu, desejando que abundasse de tudo quem de tudo se queria privar por Mim, não te prestei atenção. Filha, que dor sinto em meu coração ao ver que as almas não o querem compreender, nem mesmo as almas que se dizem as melhores!".


 



MEDITAÇÃO DO CAPÍTULO
Capítulo na íntegra
12. José escolhido como esposo da Virgem.

4 de setembro de 1944.

Vejo um rico salão lindamente pavimentado, com cortinas, tapetes e móveis entalhados.
Deve ainda ser também essa, uma parte do Templo, porque vejo sacerdotes, entre os quais Zacarias, e muitos homens de várias idades, ou seja: de vinte a cinqüenta anos, mais ou menos.
Eles estão falando animadamente uns com os outros em voz baixa. Parecem estar ansiosos por alguma coisa, que eu ainda não sei o que seja. Todos estão com roupas novas, ou pelo menos lavadas há pouco, como se estivessem preparados para uma festa. Muitos tiraram o véu que lhes estava cobrindo a cabeça, mas outros ficaram cobertos, especialmente os anciãos. Os jovens preferem ficar com as cabeças descobertas, uns ostentando suas cabeleiras loiro-escuras; outros, as cor de amora; alguns, as bem escuras; e vejo uma de cor vermelho cobre. A maior parte dos jovens tem os cabelos cortados curtos; mas há também os de longas cabeleiras que descem até os ombros.
Parece que eles não se conhecem uns aos outros, pois vejo como estão se observando mútua e curiosamente. Mas devem ser parentes entre si, porque pode-se notar que há um pensamento que está preocupando a todos.

A um canto estou vendo José. Ele está falando com um velhinho ainda robusto. José deve ter seus trinta anos. É um belo homem, de cabelos curtos e um tanto crespos, de cor castanho escuro, como sua barba e seus bigodes, que formam um sombreado, pondo em relevo o queixo, subindo pelas faces, que são moreno-avermelhadas, não oliváceas, como costumam ser os homens morenos. Ele tem os olhos escuros, bons e profundos, muito sérios e parecendo até um pouco tristes. Mas, quando ele sorri, como está fazendo agora, seus olhos se tornam alegres e joviais. José está todo vestido de um marrom claro, muito simples, mas muito bem arrumado.

Agora entra um grupo de jovens levitas, colocando-se entre a porta e uma longa e estreita mesa, que fica perto da parede. A porta, ao meio da mesa, fica aberta.

Somente uma das cortinas desce até vinte centímetros do solo, cobrindo o vão da porta.
A curiosidade aumenta. E, ainda mais, quando uma mão afasta a cortina para dar passagem a um levita, que traz nos braços um feixe de ramo secos, sobre o qual foi colocado um ramo florido, com todo o cuidado. Em uma fina camada, as pétalas brancas das flores mal se recordam de sua primeira cor rosada, que ainda se pode ver no centro, tornando-se, porém, mais clara, à medida que se aproxima das extremidades das delicadas pétalas. O levita coloca o feixe de ramos sobre a mesa,
com muito cuidado, para não estragar o milagre daquele ramo florido, que está em meio a tantos ramos secos.

Um murmúrio passa pelo salão. Os pescoços se espicham, os olhares se tornam mais atentos. Até Zacarias, com os sacerdotes que estão perto da porta, está querendo ver. Mas não consegue.
José, no seu canto, dá apenas uma olhadela no feixe de ramos, e quando um interlocutor lhe diz algo, faz um gesto de negação, como se estivesse dizendo:

– Impossível! e sorri.
Ouve-se um toque de trombeta, do outro lado da cortina. Todos se calam, e se colocam em ordem, com o rosto virado para a saída, que agora está completamente aberta, com a cortina deslizada pelas argolas. Entra o Sumo Pontífice, rodeado por outros anciãos.
Todos se inclinam profundamente. O Pontífice vai até à sua mesa, falando assim:
– Homens da estirpe de Davi, que aqui vos reunistes, em obediência a uma ordem minha, escutai. O Senhor falou, louvores sejam dados a Ele! De sua Glória desceu um raio e, como um sol de primavera, deu vida a um ramo seco, que floresceu milagrosamente, enquanto nenhum outro ramo da terra hoje está florido, no último dia das Encênias, quando ainda não se derreteu a neve que caiu sobre as montanhas de Judá, sendo a única candura que existe entre Sião e Betânia. Deus falou, fazendo-se Pai e tutor da virgem de Davi, que não tem nenhum outro senão Ele para a sua tutela.
Santa menina, glória do Templo e da estirpe, mereceu a palavra de Deus para ficar conhecendo o nome do esposo que agradou ao Eterno. Ele deve ser muito justo, para ser o eleito do Senhor como guarda da virgem a Ele tão querida! Por isso, a nossa dor de perdê-la se atenua, e cessa toda a nossa preocupação quanto ao seu destino de esposa. E ao que foi indicado por Deus confiamos com toda a segurança a virgem sobre a qual está a bênção de Deus e nossa. O nome do esposo é José de Jacó, de Belém, da tribo de Davi, carpinteiro em Nazaré da Galiléia. José, vem para a frente! O Sumo Pontífice te ordena.
Grande murmúrio. Cabeças que se viram, olhos e mãos que acenam, explosões de desilusão e expressões de alívio. Alguém, especialmente entre os velhos, deve ter ficado alegre por não ter tido esta sorte.

José, muito vermelho e embaraçado, vai para a frente. Está agora diante da mesa, em frente ao Pontífice, que saúda com reverência.
– Vinde todos e olhai o nome escrito sobre o ramo. Apanhe cada um o seu próprio ramo, para que se prove que não houve fraude.

Os homens obedecem. Olham para o ramo que está delicadamente seguro pelo Sumo Sacerdote, apanha cada um o seu próprio ramo, e uns o despedaçam, outros o conservam. Todos observam José, há quem olhe e se cale e outros que se felicitam. O velhinho, com quem José conversava antes, diz:

– Eu não te havia dito, José? Quem menos se sente seguro, é o que vence a partida! Agora todos já passaram.
O Sumo Sacerdote entrega a José o ramo florido, e depois põe-lhe a mão sobre o ombro, dizendo:

– A esposa que Deus te dá não é rica, tu bem o sabes. Mas possui todas as virtudes. Procura ser sempre mais digno dela. Não há em Israel outra flor de tão rara beleza e pureza. Agora, saí, todos vós ficando apenas José. Tu, Zacarias, como seu parente, conduz a esposa até aqui.
Todos saem, menos o Sumo Sacerdote e José. A cortina torna a ser baixada sobre a saída.
José, todo humilde, está junto ao majestoso Sacerdote. Há um momento de silêncio, e depois o Sacerdote lhe diz:
– Maria precisa dizer-te um voto seu. Procuras ajudar a timidez dela. Sejas bom para com ela.
– Porei a minha virilidade a seu serviço e nenhum sacrifício, por ela, me será pesado. Fica certo disso.
Maria entra com Zacarias e Ana de Fanuel.

– Vem, Maria. – diz o Pontífice – Eis o esposo que Deus te destinou. É José de Nazaré. Voltarás, pois, para a tua cidade. Agora eu vos deixo. Deus vos dê a Sua bênção. O Senhor vos guarde e abençoe, mostrando-vos a sua face e tendo sempre piedade de vós. Que Ele volte para vós o seu rosto e vos dé a paz.

Zacarias sai, acompanhando o Pontífice. Ana se congratula com o esposo e depois também sai.
Os dois noivos ficam um em frente ao outro. Maria, com o rosto vermelho, está de cabeça inclinada. José também ruborizado, a observa, procurando as primeiras palavras para dizer.
Finalmente um sorriso ilumina-lhe o rosto. Ele diz:

– Eu te saúdo, Maria. Eu te vi menina de poucos dias… Era amigo de teu pai, e tenho um sobrinho, filho do meu irmão Alfeu, que era muito amigo de tua mãe. Seu pequeno amigo, que hoje não tem mais do que dezoito anos, quando ainda não tinhas ainda nascido era como um homenzinho e alegrava as horas tristes de tua mãe, que o amava muito. Tu não o conheces, porque vieste para aqui ainda pequena. Mas em Nazaré todos te querem bem,
pensam na pequena Maria e falam nela, na pequena Maria do Joaquim, cujo nascimento foi um milagre do Senhor, que fez com que uma estéril florescesse… Eu me lembro daquela tarde em que nasceste…

Todos nos lembramos dela pelo prodígio acontecido de uma grande chuva que veio salvar os campos, e de um violento temporal no qual os raios não destroçaram nem mesmo um caule de erva selvagem, e que terminou com um arco-íris tão surpreendente, que ninguém jamais viu outro maior, nem mais bonito. E depois… quem não se lembra da alegria do Joaquim? Ele te levava por toda parte, mostrando-te aos vizinhos…
Como se fosses uma flor vinda do Céu, ele te admirava, e queria que todos te admirassem. O velho pai era feliz e morreu falando de sua Maria, tão bela, tão boa, e de suas palavras tão cheias de graça e sabedoria… Ele tinha razão de te admirar e de dizer que não existe outra mais bela do que tu! E tua mãe? Ela enchia com o seu canto o lugar onde era a tua casa, e parecia uma cotovia na primavera, quando te levava em suas entranhas e, mais tarde, quando
te amamentava. Fui eu que fiz o teu berço. Um bercinho todo entalhado com rosas, porque assim o quis tua mãe. Talvez ele ainda esteja na casa que está fechada…

Eu estou velho, Maria. Quando nasceste, eu estava fazendo os meus primeiros trabalhos. Já fazia alguma coisa… Quem me teria dito que eu haveria de ter-te como esposa? Talvez os teus tivessem morrido mais alegres, pois eles eram meus amigos. Eu sepultei o teu pai, chorando, com um coração sincero, porque ele foi para mim um bom mestre na vida.
Maria vai erguendo devagarinho seu rosto, reanimando-se sempre mais, ouvindo que José lhe fala assim e, quando ele se refere ao berço, ela sorri levemente, e quando José lhe fala do pai, ela lhe estende uma mão e diz:

– Obrigada, José. – Um agradecimento tímido e suave.
José toma a mãozinha de jasmim, entre as suas mãos curtas e fortes de carpinteiro e a acaricia com um afeto que quer encorajar sempre mais. Talvez espere por outras palavras.
Mas Maria se cala de novo. Então, é ele que retoma a palavra:

– A casa, como sabes, está intocada, menos naquela parte que foi demolida por ordem do Cônsul, transformando um atalho numa estrada, para as carruagens de Roma. Mas o campo está um pouco descuidado, aquela parte que ficou para ti, porque, tu sabes, a doença do pai fez que se gastasse muito do que era teu. Já são mais de três primaveras que as árvores e as videiras não vêem a tesoura do hortelão. A terra está inculta e dura. Mas as árvores, que te viram pequenina, estão lá ainda e, se tu me permites, eu vou cuidar logo delas.

– Obrigada José. Mas tu já estás trabalhando…

– Trabalharei no teu pomar nas primeiras e nas últimas horas do dia. Agora os dias estão alongando-se cada vez mais. Na primavera, quero que tudo esteja em ordem, para tua alegria. Olha, este é um ramo da amendoeira que está à frente da casa. Eu quis apanhar este… Há entradas por toda parte na sebe arruinada, mas agora eu a consertarei e a farei ficar mais forte e sólida. Eu quis apanhar este ramo, pensando que se fosse o escolhido… (não o esperava, porque sou nazireu e só obedeci por ser ordem do Sacerdote, não por desejar as núpcias) Como eu ia dizendo, pensei que terias tido prazer em ter uma flor do teu jardim. Ei-la aqui, Maria. Com ela te dou o meu coração que, como esta flor, floresceu até agora para o Senhor, florescendo agora para ti, minha esposa.

Maria pega o ramo. Está comovida, e olha para José com um rosto sempre mais tranqüilo e radiante. Sente-se segura com ele. Por isso, quando ele lhe disse: “Eu sou nazireu”, o rosto de Maria se iluminou, e ela se encheu de coragem.

– Eu também sou toda de Deus, José. Não sei se o Sumo Sacerdote te disse isto.
– Ele só me disse que és boa e pura, que me irás falar de um voto, e que eu seja bom para contigo.
Fala, Maria. O teu José quer te fazer feliz em todos os teus desejos. Eu não te amo com a carne. Eu te amo com o meu espírito, ó santa menina a mim dada por Deus! Vê em mim, Maria, um pai e um irmão, mais do que um esposo. Como em um pai, confia, e como a um irmão, tranqüiliza-te.
– Desde a minha infância, eu me consagrei ao Senhor. Eu sei que em Israel não se faz isso. Mas eu ouvia uma Voz que me pedia a minha virgindade como um sacrifício de amor pela vinda do Messias. Faz tanto tempo que Israel o está esperando!… Por este motivo não é demais renunciar à alegria de ser mãe!
José olha para ela fixamente, como se quisesse ler em seu coração, e depois lhe pega as duas mãozinhas, que ainda estão com o ramo florido entre os dedos, e diz:
– Eu também unirei o meu sacrifício ao teu, e amaremos tanto ao Eterno com a nossa castidade, que Ele haverá de dar o Salvador mais depressa à terra, permitindo-nos ver a sua Luz brilhar no mundo.
Vem, Maria. Vamos andar na frente de sua Casa, e juremos que nos haveremos de amar como anjos se amam uns aos outros. Depois eu irei a Nazaré preparar tudo para ti na tua casa, se achares bom ires para lá, ou então um outro lugar, que preferires.

– Na minha casa havia uma gruta, lá no fundo. Ainda existe?
– Ainda existe, mas não é mais tua. Mas eu farei uma para ti, onde sentirás um ar fresco, que te porás à vontade, as horas quentes do dia. Eu a farei, o mais possível, igual à outra. Diz-me uma coisa: quem gostarias de ter contigo?
– Ninguém. Eu não tenho medo. A mãe do Alfeu, que sempre costuma vir estar comigo, me fará um pouco de companhia de dia. De noite prefiro ficar sozinha. Nada me pode acontecer de mal.
– Além disso, eu agora estarei lá. Quando devo vir te buscar?
– Quando quiseres, José.
– Então virei, logo que a casa esteja em ordem. Não vou tocar em nada. Quero que encontres tudo como tua mãe a deixou. Mas quero que ela esteja cheia de sol e bem limpa, para receber-te sem tristeza. Vem, Maria. Vamos dizer ao Altíssimo que o bendizemos.
Não vejo mais nada. Mas fica em meu coração o sentido da segurança que Maria está experimentando.

PARTE 1
PARTE 2
CAPÍTULO 10
TERMINA-SE A EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO 12 DO APOCALIPSE.

Ódio do demônio pelos filhos de Deus Ódio do demônio por Maria

120. Âi da terra e do mar, porque o demônio desceu a vós com grande ira, sabendo que lhe resta pouco tempo (v. 12).
Ai da terra, onde tão inumeraveis pecados e maldades serão cometidos. Ai do mar, que vendo tais ofensas ao Criador, não lançou suas ondas para afogar os transgressores, vingando as injúrias do seu Criador e Senhor.
Ai do mar profundo da endurecida maldade daqueles que seguiram o demônio que desceu até vós para guerrear-vos, com raiva tão inaudita e cruel que não tem semelhante!
Ira de ferocíssimo dragão e mais que leão devorador (lPd 5, 8) que tudo pretende aniquilar, considerando curta toda a duração dos séculos para satisfazer seu ódio. Tanta é a sede e a ânsia de perder os mortais, que não lhe basta o tempo limitado de suas vidas. Sua fúria desejaria, se fosse possível, tempos intermináveis para combater os filhos de Deus. Enfurece-se especialmente contra aquela ditosa mulher que lhe há de esmagar a cabeça (Gn 3, 15). Por isto diz o Evangelista:

121. E o dragão, depois que se viu precipitado na terra, perseguiu a mulher que tinha dado à luz o filho
varão (v. 13).
Quando a antiga serpente viu o infelicíssimo lugar e estado em que caíra, abrasou-se mais no furor e inveja, à semelhança de um veneno que o atormentava.
Contra a mulher, Mãe do Verbo humanado, concebeu tal indignação que nenhuma língua nem entendimento humano pode explicar nem compreender.
Do que sucedeu imediatamente após ter sido este dragão precipitado nos infernos com seus exércitos de maldade, direi alguma coisa aqui, conforme me é possível, de acordo com o que me foi intelectualmente manifestado.

Vingança de Lúcifer

122. Durante a primeira semana referida pelo Gênesis, na qual Deus criaria o mundo e suas criaturas, Lúcifer e os demônios ocuparam-se em tramar maldades contra o Verbo que se havia de humanar e contra a mulher de quem nasceria homem.
No primeiro dia que corresponde ao domingo, foram criados os anjos, sendo-lhes apresentadas as leis e preceitos que deviam obedecer.
Os maus desobedeceram transgredindo os mandatos do Senhor. Por divina disposição de sua providência, sucederam todas as coisas que acima foram ditas, até o segundo dia pela manhã, correspondente à segunda-feira, na qual Lúcifer e seu exército foram precipitados no inferno.
A esta duração de tempo corresponderam aquelas mórulas da criação dos anjos, seus atos, combates, quedas dos maus e glorificação dos bons.
No momento em que Lúcifer e seus sequazes inauguraram o inferno, reuniram-se todos para fazer um conciliábulo que durou até a quinta-feira pela manhã. Neste tempo empregou Lúcifer toda sua diabólica sabedoria e malícia em estudar e decidir com os demônios o modo para mais ofender a Deus, em vingança do castigo que lhes havia imposto.
A última conclusão a que chegaram, pelo que sabiam do amor que Ele teria aos homens, foi que a maior vingança e ofensa a Deus, seria impedir nas criaturas humanas os efeitos daquele amor. Para tanto, enganariam, persuadiriam e forçariam quanto possível, os homens a perderem a amizade e graça de Deus, tornando-os ingratos e rebeldes à vontade divina.

Lúcifer vinga-se de Deus, nas criaturas humanas

123. Nisto - dizia Lúcifer - temos que trabalhar, empregando toda nossa força, atenção e ciência. Arrastaremos as criaturas humanas para nosso ditame e vontade, a fim de perdê-las.
Perseguiremos esta geração de homens e os privaremos do prêmio que lhes está prometido. Procuremos, com toda nossa vigilância, que não cheguem a ver a face de Deus, visão a nós, injustamente negada. Hei de obter contra eles grandes triunfos e tudo destruirei e submeterei à minha vontade. Semearei novas seitas, erros e leis, em tudo contrárias às do Altíssimo. Suscitarei entre esses homens, profetas e chefes que propaguem as doutrinas (At 20, 30) que eu semear e finalmente, para vingar-me do seu Criador, metê-los-ei comigo neste profundo tormento.

- Afligirei os pobres, oprimirei os aflitos, perseguirei os fatigados, semearei discórdias, causarei guerras, instigarei uns povos contra outros. Formarei soberbos e arrogantes, espalharei a lei do pecado, e quando por ela me hajam obedecido, sepultá-los-ei neste fogo eterno, sendo os lugares de maiores tormentos para aqueles que comigo mais se parecerem. Este será meu reino e a recompensa que darei aos meus servos.

Pretende vencer Cristo e Maria

124. Ao Verbo humanado farei guerra, ainda que seja Deus, pois também será homem de natureza inferior à minha. Elevarei meu trono e dignidade acima da sua, vencê-lo-ei e o derrubarei com meu poder e astúcia.
- A mulher que há de ser sua Mãe, perecerá em minhas mãos. Que representa para meu poder e grandeza uma só mulher? Vós, demônios, que tostes ofendidos como eu, segui-me nesta vingança, assim como o fizestes na desobediência. Fingi que amais aos homens, para perdê-los; servi-os, para destruí-los e enganá-los. Ajudai-os com o fim de pervertê-los e traze-los a meus infernos.

Não há língua humana que possa explicar a malícia e furor deste primeiro conciliábulo, que Lúcifer armou contra o gênero humano que ainda nem sequer existia. Ali se forjaram todos os vícios e pecados do mundo; daí saíram a mentira, as seitas, os erros e toda a iniqüidade originou-se daquele caos e abominável assembléia. Ao seu chefe servem todos quantos praticam a maldade.

Suplica permissão para tentar Cristo e sua Mãe

125. Terminado este conciliábulo, quis Lúcifer falar com Deus, e por seus altíssimos juízos lho permitiu o Senhor. Isto aconteceu no dia correspondente à quinta-feira, no modo como quando Satanás pediu licença para tentar a Jó (Jó 1, 6).
Disse ao Altíssimo: - Senhor, já que tua mão foi tão pesada para mim, castigando-me com tão grande crueldade, e tudo quanto te aprouve reservaste para os homens que pretendes criar; já que desejas exaltar e engrandecer tanto o Verbo humanado e por Ele beneficiar a mulher que será sua Mãe, com os dons que lhes preparas; faz justiça, e como me concedeste permissão para perseguir os demais homens, deixa-me também tentar e fazer guerra a este Cristo, Deus-homem e à mulher que será sua Mãe. Dá-me licença para nisto empregar todas minhas forças.
Outras coisas disse Lúcifer e se humilhou para pedir licença, apesar da humildade ser tão dura para sua soberba.

Tão grandes lhe eram a ira e ânsias de conseguir o que desejava, que a elas abaixou sua mesma soberba. Uma maldade cedeu a outra, porquanto sabia que, sem licença do Senhor Todo-poderoso, nada poderia fazer. Para tentar a Cristo nosso Senhor e em particular, à sua Mãe Santíssima, humilhar-se-ia infinitas vezes para conseguir livrar sua cabeça de ser por Ela esmagada.

Resposta de Deus
126. Respondeu o Senhor: - Não deves, Satanás, solicitar por justiça essa permissão e licença, porque o Verbo humanado é teu Deus e Senhor Onipotente e supremo. Ainda que será também verdadeiro homem, tu és criatura sua.
- Se os demais homens pecarem e com isso se sujeitarem à tua vontade, o pecado não será possível para meu Unigênito humanado. Se escravizares os homens à culpa, Cristo há de ser santo e justo, separado dos pecadores (Hb 17, 26) aos quais erguerá redimindo-os.

Quanto à mulher contra quem tanto te enfureces, ainda que há de ser pura criatura e filha de puro homem, já decidi preservá-la do pecado. Será sempre toda minha, e por nenhum título ou direito, em tempo algum, permito que tenhas parte nela.

Cristo e Maria não foram isentos da tentação

127. A isto replicou Satanás: -Que muito seja santa essa mulher, se nunca terá adversário que a persiga e incite ao pecado? Isto não é eqüidade, nem reta justiça, nem pode ser conveniente e louvável. Acrescentou Lúcifer outras blasfêmias com arrogante soberba.

O Altíssimo, porém, que tudo dispõe com infinita sabedoria lhe respondeu: - Dou-te licença para tentar a Cristo que nisto também será exemplo e mestre para os outros. Dou-te ainda, para perseguires esta mulher, mas não lhe tocarás a vida corporal. Quero que Cristo e sua Mãe não sejam isentos da tentação, mas possam ser provados por ti como os demais.
Alegrou-se o dragão com esta permissão mais do que com a que tinha para perseguir todo o gênero humano. Para executá-la determinou pôr maior cuidado do que em qualquer outra coisa, não se fiando de outro demônio, mas fazendo-o por si mesmo. Por isto diz o Evangelista:

A defesa de Maria

128. O dragão perseguiu a mulher que deu à luz o filho varão. Com a permissão que recebeu do Senhor, moveu inaudita guerra e perseguição àquela que supunha ser Mãe do Deus humanado. Em seus lugares falarei sobre essas lutas e pelejas " . Agora somente declaro que foram superiores a qualquer pensamento humano. Admirável foi também o modo de lhes resistir e gloriosamente vencer.
Diz que para a mulher defender-se do dragão, foram-lhe dadas asas (Ap 12, 14) de uma grande águia a fim de voar para o deserto, ao lugar do seu retiro onde é sustentada por tempo e tempos. Antes de começar este combate, a Virgem Santíssima foi preparada peio Senhor com particulares dons e favores, representados nas duas asas: uma foi nova ciência infusa para penetrar grandes mistérios. A outra foi maior e mais profunda humildade, como em seu lugar explicarei . Com estas duas asas levantou vôo para o Senhor, seu lugar, porque somente nele vivia. Vôou como águia real, sem jamais retroceder para o inimigo. Foi única neste vôo. Viveu abstraída das coisas terrestres e criadas, só com o Só, o fim último, a Divindade.
Nesta solidão foi alimentada por tempo e tempos. Alimentada com o dulcíssimo maná e manjar da graça, das palavras divinas e dos favores do Poderoso. Por tempo e tempos, porque recebeu este alimento durante toda sua vida e mais copiosamente naquele tempo, em que teve de sustentar maiores batalhas com Lúcifer, recebendo auxílios mais intensos e apropriados.
Também se entende por tempo e tempos, a eterna felicidade onde foram premiadas e coroadas as suas vitórias.

A perseguição diabólica cessou 

129. E por metade do tempo fora da presença da serpente (Ap 12» 14). Este meio tempo foram os anos em que a Virgem Santíssima permaneceu isenta da perseguição do dragão. Depois de o ter vencido nas lutas que com ele travou, por divina disposição, permaneceu triunfadora e livre delas. Foi-lhe concedido este privilégio, para gozar da paz e quietude que a vitória sobre o inimigo lhe merecera, como adiante direi todavia, enquanto durou a perseguição, diz o Evangelista:

Maria não foi atingida pelo pecado

130. E a serpente lançou de sua boca atrás da mulher, como um rio de água para fazer com que ela fosse arrebatada pela corrente; porém a terra ajudou a mulher e a terra abriu a sua boca e engoliu o rio que o dragão tinha lançado de sua boca (v. 15-16).
Contra esta divina Senhora empregou Lúcifer toda sua malícia e força, pois todos quantos foram por ele tentados lhe importavam menos que Maria Santíssima.
Semelhantes à força da correnteza de um grande e impetuoso rio, assim saíram com a máxima violência, da boca deste dragão, as mentiras, as maldades e as tentações contra a Virgem. A terra, porém, a ajudou, porque a terra do seu corpo e paixões, não foi maldita. Não participou daquela sentença e castigo fulminado por Deus contra nós, em Adão e Eva: que toda terra seria maldita (Gn 3, 17-18).

Produziria espinhos em lugar de frutos, ficando ferida em a natureza com o fomes peccati que sempre nos provoca e combate. Dela se vale o demônio para a perdição dos homens.

Encontra dentro de nós armas ofensivas contra nós mesmos. Valendo-se de nossas inclinações nos arrasta com aparente suavidade, deleite e falsas persuasões, para os objetos sensíveis e terrenos.

Maria, terra bendita

131. Maria Santíssima, porém, terra santa e bendita do Senhor, sem ser atingida pelo "fomes" nem outro efeito do pecado, não pôde correr perigo por parte da terra. Ao contrário, foi por ela favorecida com inclinações ordenadíssimas e submissas à graça. Assim, a terra abriu a boca e tragou o rio das tentações que o dragão inutilmente lançava, pois não encontrava matéria propícia nem estímulos para o pecado, como acontece nos demais filhos de Adão. Nestes, as terrenas e desordenadas paixões antes ajudam a produzir, do que a sorver este rio, porque nossas paixões e corrompida natureza sempre contradizem a razão e a virtude.

Vendo o dragão quão frustrados ficaram seus intentos contra aquela misteriosa mulher, continua o texto sagrado:

Vingança de Lúcifer
132. E o dragão se indignou contra a mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência que guarda os mandamentos de Deus e retém o testemunho de Jesus Cristo (v. 17).
Completamente derrotado pela Rainha da criação, atormentado pela vergonha sua e de todo o inferno, o dragão bateu em retirada, decidido a fazer crua guerra às demais almas da geração e descendência
de Maria Santíssima. São os fiéis assinalados com o testemunho e Sangue de Cristo no Batismo, observantes dos seus mandamentos.
Quando Lúcifer verificou que nada podia conseguir contra a cabeça da santa Igreja, Cristo Senhor Nosso e contra sua Mãe Santíssima, com maior intensidade voltou toda a sua ira, e seus demônios, contra os membros dessa Igreja.
Com especial indignação combate as virgens de Cristo, e trabalha por destruir a virtude da castidade virginal, semente escolhida e herança da castíssima Virgem Mãe do Cordeiro. Para tudo isso diz que:

A vaidade mundana

133. Permaneceu o dragão sobre a areia do mar (v. 18) que é a inconstante vaidade deste mundo, da qual o dragão se sustenta, comendo-a como feno (Jó 40, 10).
Tudo isto aconteceu no céu, e muitos pontos dos decretos divinos sobre os privilégios preparados para a Mãe do Verbo foram revelados aos anjos. Quanto a mim, fui pobre para expor o que entendi; porque a abundância de mistérios me tornou ainda mais desprovida de termos para a sua devida explicação.

MEDITAÇÃO

O QUE O FILHO DE DEUS PRATICOU EM SEU INTIMO DA CHEGADA REIS MAGOS, E PASSANDO PELA APRESENTAÇÃO NO TEMPLO, ATÉ A VOLTA A NAZARÉ

DESEJO E SÚPLICAS DE JESUS.

Avizinhava-se o tempo da chegada dos Reis Magos, esposa caríssima, e eu sentia desejo muito grande de sua vinda. Já fizera muitas preces a meu Pai de que lhes movesse o coração e os inflamasse de ardente desejo de vir reconhecer-me como verdadeiro Filho de Deus; mas não receberam esta luz antes de chegarem à gruta. Tiveram ânsia ardorosa de ver-me, conhecer-me e adorar-me, mas não me consideraram verdadeiro Filho de Deus enquanto não me viram. Contemplava os bons Reis que se encaminhavam para mim com tanto empenho, seguindo a estrela com alegria tão intensa. Observava todos os seus padecimentos e as incomodidades de tão longa viagem, e sentia por eles grande compaixão. Suplicava ao Pai desse a toda a sua descendência, a saber, os gentios, a mesma graça e favor que lhes concedia, a fim de que chegassem a adorar-me a mim, o verdadeiro Deus.

CONSOLAÇÕES E PENAS DE JESUS.

Quanto me alegrava ver a ansiedade dos Reis, e que por intermédio deles muitos seriam iluminados espiritualmente, para conhecerem o Criador! Muito me angustiava, contudo, observar os seus sofrimentos, muitos deveras em tão longa e agitada viagem. Ofertava ao Pai meu contentamento e minha pena, e suplicava que, em virtude desta, assistisse sempre àqueles bons Reis e aliviasse-lhes a pena suportada no caminho, fazendo com que tudo lhes parecesse fácil por meio do amor e do desejo que ardiam em seus corações. O Pai fazia tudo isso com elevada providência e disposição e eu ficava consolado.

Em todo o tempo da viagem não deixei de olhá-los sempre com olhos amorosos e convidá-los a virem depressa conhecer-me. Os convites e os estímulos da graça penetravam-lhes efetivamente no coração, de tal modo que teriam querido voar para logo conseguirem prestar-me homenagem, tributar-me os dons e simultaneamente consagrar-me o coração. Constituía para mim, esposa caríssima, muita alegria ver tão bem correspondido o convite que lhes dirigia, não tanto por meio da estrela quanto por intermédio da graça eficaz que o Pai lhes concedeu em muita abundância. Tanto mais volvia para eles os olhares com amor, e eles se tornaram mais ardentes e inflamados de desejo e amor para comigo. Sentiam potentes e amorosas setas penetrarem-lhes o coração, sem entenderem de onde tão grande amor e desejo procediam; participavam e fruíam de um santo ardor e atônitos não sabiam, nem podiam investigar-lhe a razão.

Tomo 1 Vida Intima de Ns Senhor Jesus Cristo-55

Fá-lo por intermédio de seus ministros, ou por meio de santas inspirações e com o auxílio poderoso da graça, conforme é mais vantajoso à salvação da alma em semelhante necessidade. Será preciso, pois, que a alma corresponda logo  ao auxílio divino, a exemplo destes Reis, que não tardaram a se  o que lhes fora insinuado sobre o lugar do nascimento e por isto reencontraram de repente  a estrela desaparecida. Não fazem, porém, assim todos os meus irmãos, pois desprezam a quem os admoesta, não dão dão ouvidos as inspiraçõees divinas e recusam os convites da graça; e por isto muitos são os que, começando a desviarem-se do caminho, não sabem mais retornar ao estado primitivo, e assim por culpa própria precipitam-se de mal a pior e, sem advertí-lo, reduzem-se ao estado de condenação, e então depois, para soerguê-los e reconduzí-los ao estado de vida perfeita, exige-se um milagre do poder divino. Via, esposa minha, todas as desordens de meus irmãos e tinha grande pesar. Lastimava a perdição de tantos que, tendo começado bem, acabam mal por não darem ouvido aos convites da graça divina. Oferecia a dor experimentada a meu Pai e suplicava-lhe descarregasse sobre mim os castigos merecidos por meus irmãos. Qual não foi, de fato, o turbilhão de flagelos desencadeados sobre mim com toda a violência no tempo de minha paixão, se bem que mesmo no decorrer da vida tenha experimentado açoites bem ásperos e contínuos! O Pai o fazia para realizar os meus desejos constantes de satisfazer à justiça divina pelos débitos de meus irmãos e aplacá-lo por eles; jamais reclamei que usasse de misericórdia para comigo, porque aspirava a que a exercesse toda inteira em favor de meus irmãos, querendo fosse a justiça toda exercida para comigo; como de fato o Pai fez, exigindo que a justiça fosse satisfeita com todo o rigor. Aprazia-me muito tal satisfação, tanto mais que dava a conhecer claramente a todos quanto amava o Pai, a sua glória e honra, e quanto ainda amava os irmãos, porque por eles havia descido do céu à terra, fazendo-me homem para redimí-los e salvá-los.

OS MAGOS ADORAM A JESUS.

Havendo chegado a hora esperada da chegada dos Reis à gruta, onde estava a contemplá-los, rezei ao Pai se dignasse conceder-lhes luzes e nova graça, para acreditarem no mistério em mim oculto, isto é, o da divindade que em mim se achava. Fê-lo o Pai, de modo admirável, porque os Reis viram o lugar tão vil e abjeto e, guiados pela estrela, não julgaram indigno entrar; e aí, à primeira vista, estupefatos com a maravilha, ingressaram repletos de alegria e de santo temor. Tendo entrado, fixei o olhar neles com grande amor e afabilidade, unidas, no entanto, a uma majestosa firmeza, a qual estava conexa com a minha majestade. Ao mesmo tempo, fitei-os com os olhos mais poderosos de minha divindade e convidei-os assim a adorar-me. Os bons Reis, repletos de soberana consolação e aterrados pela majestade em mim revelada, prostraram-se efetivamente por terra e adoraram-me profundamente. No instante em que eles me adoraram, pedi ao Pai se dignasse renová-los interiormente e revestí-los de graça nova e mais potente. Os magos foram mudados interiormente, em lágrimas do júbilo, ele tiveram os olhos fixos em minha pessoa, ´ficaram prostrados por terra e não haveriam ousado levantar, já sabia o que devia fazer, minha Mãe, que me segurava no colo, lhos ordenou a pegarem-me. Tendo-se erguido, os bons Reis a se aproximar ! Apesar de sentirem meus suaves convites, que internamente os incitava a se aproximarem de mim. A majestade, porem, mantinha os em santo temor. Mas, convidados por minha Mãe, puderam se colocar à vontade para me contemplar e ficarem plenamente consolados e satisfeitos.

FÉ E AMOR DOS MAGOS.

Foram bem instruídos por minha dileta Mãe, embora com poucas palavras, e plenamente informados acerca de minha pessoa; logo acreditaram no mistério divino,  de novo prostrados adoraram-me e confessaram-me por verdadeiro Filho de Deus e seu supremo Monarca. Abraçaram minha Lei e detestaram a idolatria. Ofereceram-me em tributo os dons e juntamente a própria pessoa, o coração. Mostrei-lhes, por este fato, muita benígnidade e gratidão, aceitando parte dos dons e entrando de posse de todo o seu coração, para não deixá-los jamais, se bem que devessem pessoalmente distanciar-se de mim. Admiti-os ao beijo dos pés e dei-lhes muitas demonstrações de amor, o qual, na verdade, era muito grande. Ao mesmo tempo tratava com o Paí, suplicando desse-lhes o dom da perseverança na fé e no amor. Ofertei-lhe suas vidas em confirmação da fé e para a dilatação das mesmas; e simultaneamente pedi-lhe concedesse aos Reis sentimentos semelhantes. Meu Pai lhos deu de modo tal que naquele mesmo instante teriam sacrificado a própria vida, se necessário, em confirmação da verdade que haviam conhecido. Além disso, roguei-lhe se dignasse receber todos os dons que os meus irmãos lhe houvessem feito, como eu recebi os dons dos Reis; e embora tudo o que a criatura lhe der é seu, concedido por Ele, não obstante muito apraz ao Pai as coisas oferecidas para sua honra, glória e amor. Apesar de ser tudo seu, não obstante a criatura sendo árbitro do que recebeu do Pai para a própria subsistência, apropriando-se disso para lho oferecer, torna-o muito grato e aceitável; quando, porém, a criatura lho oferece de bom coração, com reta intenção. Tendo me atendido o Pai e prometido receber tudo o que meus irmãos lhe oferecessem, por vil e de pouca importância que fosse, segundo a possibilidade do ofertaste — sendo-me declarado agradar-lhe um copo d'água dado por seu amor — supliquei-lhe se dignasse dar a todos um coração despreendido de todas as coisas do mundo, a fim de poderem lho oferecer livre, sem apegos terrenos, como deveras os bons Reis me ofereceram o coração. O Pai prometia-me fazer tudo isso, e o tem realizado. No entanto, meus irmãos deixam o coração ser atraído pela cobiça e o afeto às coisas terrenas, e porque o inclinam às coisas vis e baixas, provocam estas maior impressão ao coração do que as inspirações divinas, sendo as coisas mundanas outros tantos espinhos a sufocarem a semente da palavra e das inspirações divinas. Via tudo Isso e sentia grande pesar. Afligia-me muito ver o pouco fruto que meus irmãos colheriam das graças concedidas pelo Pai às minhas instâncias. Quanta pena me causava ver o coração do homem, criado para amar o Pai, todo apegado às coisas terrenas, seus afetos completamente dirigidos às coisas materiais.

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MEDITACAO
12-12
Junho 14, 1917

Quanto mais a alma se despe de si, tanto mais Jesus a veste dele.

(1) Continuando o meu estado habitual, estava a pedir ao meu amável Jesus que viesse em mim a amar, a rezar, a reparar, porque eu não sabia fazer nada, e o doce Jesus movido a compaixão pela minha nulidade, veio, ficando comigo a rezar, amando e reparando junto comigo, e depois me disse:

(2) "Minha filha, quanto mais a alma se despoja de si, tanto mais a visto de Mim; quanto mais crê que não pode fazer nada, tanto mais faço eu nela e faço tudo; sinto que a criatura põe em  ação todo meu amor, minhas orações, minhas reparações, etc., e para fazer-me honra a mim mesmo, Vejo o que quer fazer: Amar? Vou a ela e amo junto com ela. Quer rezar? Rezo junto com ela; em suma, seu despojar-se de si e seu amor, que é meu, me amarram e me obrigam a fazer junto com ela o que quer fazer, e Eu dou à alma o mérito de meu amor, de minhas orações e reparos, e com sumo prazer meu sinto repetir minha Vida, e faço descer a bem de todos, os efeitos do meu agir, porque não é da criatura que está escondida em Mim, mas meu".

13-12
Agosto 13, 1921
A tristeza não entra na Divina Vontade. A Divina Vontade contém a substância de todas as alegrias, a fonte de todas as felicidades.

(1) Sentia-me muito aflita, e o meu amável Jesus movendo-se dentro de mim disse-me:
(2) "Minha filha, coragem, não te quero afligida, porque em quem vive na minha Vontade aflora sobretudo o seu ser o sorriso do Céu, o contentamento dos bem-aventurados, a paz dos santos. A minha Vontade contém a substância de todas as alegrias, a fonte de todas as felicidades, e quem vive no meu Querer, mesmo na dor sente misturados, dor e alegria, lágrimas e sorrisos,  amargura e doçura; o contentamento é inseparável da minha Vontade. Tu deves saber que, conforme pensas na minha vontade, conforme falas, conforme obras, conforme amas, etc., tantos filhos pares a meu Querer por quantos pensamentos fazes, por quantas palavras dizes, por quantas obras e atos de amor emites; estes filhos se multiplicam ao infinito em meu Querer e giram pelo Céu e por toda a terra, levando ao Céu nova alegria, nova glória e contente, e à terra nova graça, girando por todos os corações levam-lhes meus suspiros, meus gemidos, as súplicas de sua Mãe que os quer salvos e que lhes quer dar sua Vida. Agora, estes filhos, partos do meu Querer, para serem reconhecidos como meus filhos, devem semear-se, ter os mesmos modos da Mãe que os deu à luz; se se virem tristes serão expulsos do Céu e lhes será dito: "Em nossa habitação não entra a tristeza". E às criaturas não lhes causarão impressão, porque, vendo-as tristes, duvidarão que sejam verdadeiros filhos legítimos do meu Querer, e, além disso, quem é triste não tem a graça de insinuar-se nos outros, de as vencer e dominar; Quem é triste não é capaz de heroísmo nem de dar-se para o bem de todos. Muitas vezes estes filhos ficam abortados ou morrem no parto, sem sair à luz do Divino Querer".

14-12
Março 13, 1922

O grande bem que leva ouvir as verdades.

(1) Encontrando-me fora de mim mesma, encontrei-me no meio de um vale florido no qual encontrei o meu confessor defunto, morto no dia 10 do corrente2, e segundo o seu costume de  quando vivia aqui abaixo disse-me:
(2) "Diz-me: que te disse Jesus?"
(3) E eu: "Falou-me em meu interior, com palavras não me disse nada, e você sabe que as coisas que ouço em meu interior não as levo em conta".
(4) E ele: "Quero ouvir também o que te disse em teu interior".
(5) E eu, como obrigada, disse-me:
(6) "Minha filha, eu te carrego em meus braços; meus braços te servirão de barquinha para te fazer navegar no mar interminável de minha vontade, tu, depois, conforme fizeres teus atos em
meu Querer formarás as velas, o mastro, a âncora, que servirão não só como adorno da barquinha, mas para fazê-la andar com mais velocidade. É tanto o amor que tenho a quem vive em meu Querer, que a levo em meus braços sem jamais deixá-la".
(7) Mas, enquanto dizia isto, vi os braços de Jesus em forma de barquinho, e eu no meio dela. O Confessor ao ouvir isto me disse:
(8) "Deves saber que quando Jesus te fala e te manifesta suas verdades, são raios de luz que chovem sobre ti, depois tu, quando as manifestavas a mim, não tendo sua virtude, as manifestavas a mim em gotas, e minha alma ficava toda cheia daquelas gotas de luz, e aquela luz me incitava mais e me dava mais desejos de ouvir outras verdades para poder receber mais luz, porque as verdades levam o perfume celestial, a sensação divina, e isto só ao ouvi-las, o que será para o que as pratique? É por isso que amava e desejava tanto ouvir o que Jesus te dizia, e queria dizê-lo aos demais, era a luz, o perfume que sentia e queria que outros tomassem parte nisso. ¡Se soubesse o grande bem que recebeu minha alma ao escutar as verdades que te dizia Jesus! Como ainda goteja luz e expande perfume celestial, que não só me dá refrigério, senão que me serve de luz a mim, e a quem está perto de mim, e como tu fazes teus atos no Querer Divino, eu tomo parte especial, porque eu sinto a semente que você colocou em mim do seu Querer Santíssimo".
(9) E eu: "Deixe-me ver sua alma, como é que a luz goteja." E ele abrindo-se pela parte do coração me fazia ver sua alma toda jorrando luz; essas gotas se uniam, se separavam, uma corria sobre a outra, era muito bonito vê-lo.
(10) E ele: "Você viu? Como é bonito ouvir as verdades! Quem não escuta as verdades goteja trevas que dão horror".

15-12
Março 27, 1923
Dores da Vida Sacramental de Jesus. Graças com as quais nos previne para recebê-lo.

(1) Tendo recebido a comunhão, meu doce Jesus fez-se ver, e eu apenas o vi me lancei a seus pés para beijá-los e me estreitar toda a Ele. E Jesus estendendo-me a mão disse-me:

(2) "Minha filha, entre meus braços e até dentro de meu coração, cobri-me dos véus eucarísticos para não infundir temor, desci no abismo mais profundo das humilhações neste Sacramento para elevar a criatura até Mim, fundindo-a tanto em Mim de formar uma só coisa Comigo, e com fazer correr meu sangue sacramental em suas veias constituir-me vida de sua batida, de seu pensamento e de todo seu ser. Meu amor me devorava e queria devorar a criatura em minhas chamas para fazê-la renascer como outro Eu, por isso quis me esconder sob estes véus eucarísticos, e assim entrar nela para formar esta transformação da criatura em Mim; mas para que esta transformação acontecesse, eram necessárias disposições por parte das criaturas e o meu amor chegando ao excesso, enquanto instituía o Sacramento Eucarístico, assim punha fora de dentro da minha Divindade outras graças, dons, favores, luz para bem do homem, para torná-lo digno de me poder receber; poderia dizer que pus tanto bem fora de ultrapassar os dons da Criação, quis agradecer-lhe primeiro para me receber, e depois dar-me para lhe dar o verdadeiro fruto da minha Vida Sacramental. Mas para preparar com estes dons às almas, necessita-se um pouco de vazio delas mesmas, de ódio à culpa, de desejo de receber-me, estes dons não descem na podridão, na lama, portanto sem meus dons não têm as verdadeiras disposições para receber-me, e eu descendo nelas não encontro o vazio para comunicar a minha Vida, estou como morto para elas, e elas mortas para Mim; Eu ardo e elas não sentem as minhas chamas, sou luz e elas ficam mais cegas. Ai de Mim! quantas dores na minha Vida Sacramental, muitas por falta de disposições, não sentindo nada de bem no receber-me, chegam a enjoar-me, e se continuam a receber-me é para formar o meu contínuo calvário e a sua eterna condenação, se não é o amor que as leva a receber-me, é uma afronta de mais que me fazem, é uma culpa de mais que agregam suas almas. Por isso reza e repara pelos tantos abusos e sacrilégios que se fazem ao receber-me Sacramentado".

16-13
Agosto 9, 1923

A vontade humana é trevas; a Vontade Divina é Luz.

(1) Estava a meditar no Santo Querer Divino, e o meu doce Jesus a apertar-me a Si, Começou a rezar junto comigo e depois me disse:

(2) "Minha filha, a vontade humana cobriu de nuvens toda a atmosfera, de modo que densas trevas pairam sobre todas as criaturas, e quase todas caminham mancando e tateando, e cada ação humana que fazem sem a conexão da Vontade Divina aumenta as trevas e o homem se torna mais cego, porque a luz, o sol da vontade humana é a Divina Vontade, tirada Esta, luz não há para a criatura. Agora, quem obra, reza, caminha, etc., em meu Querer, se eleva acima destas trevas e conforme obra, reza, fala, assim, rasgando estas densas nuvens, manda raios de luz sobre toda a terra, de despertar a quem vive no sob sua vontade, e prepara os ânimos para receber a luz, o sol da Divina Vontade. Por isso tenho tanto interesse de que você viva em meu Querer, para que prepare um céu de luz, que enviando contínuos raios de luz venha limpar este céu de trevas que a vontade humana formou-se sobre sua cabeça, de modo que possuindo a luz de meu Querer possam amá-lo, e meu Querer amado possa reinar sobre a terra".

17-13
Setembro 17, 1924

Operar na Divina Vontade significa que o Sol da Divina Vontade, transformando em sol a vontade humana, opera nela como em seu próprio centro. Jesus abençoa estes escritos.

(1) Estava pensando no Santo Querer Divino, e fazia quanto mais podia para fundir-me nele, para poder abraçar a todos e levar a meu Deus os atos de todos como um ato só, atos que são todos devidos a nosso Criador. Enquanto isso, via o Céu abrir-se e sair dele um Sol, que me ferindo com seus raios me penetrava até o fundo de minha alma, a qual, ferida por esses raios se convertia em um sol, que expandindo raios feria aquele Sol do qual tinha ficado ferida. E como eu continuava fazendo meus atos por todos no Divino Querer, estes atos eram fundidos nesses raios e convertidos em atos divinos, que difundindo-se em todos e sobre todos formavam uma rede de luz, tal, de pôr ordem entre o Criador e a criatura. Eu fiquei encantada ao ver isto, e meu amável Jesus saindo de dentro de mim, em meio a este Sol me disse:.

(2) "Minha filha, olha como é belo o Sol da minha Vontade, que Potência, que maravilha, não apenas a alma se quer fundir nela para abraçar a todos, meu Querer transformando-se em Sol fere
a alma e forma outro Sol nela, e ela conforme forma seus atos forma seus raios para ferir o Sol da Suprema Vontade, e envolvendo a todos nesta luz, por todos ama, glorifica, satisfaz a seu Criador, e o que é mais, não com amor, glória e satisfação humanas, senão com amor e glória de Vontade Divina, porque o Sol de minha Vontade operou nela. Olhe o que significa fazer os atos em minha Vontade, isto é o viver em meu Querer: Que o Sol de minha Vontade, transformando em Sol à vontade humana, opere nela como em seu próprio centro"..
(3) Depois, meu doce Jesus ia tomando todos os livros escritos sobre seu Divino Querer, os colocava juntos, os estreitava ao coração, e com uma ternura indescritível acrescentou:.
(4) "Abençoo de coração estes escritos, abençoo cada palavra, abençoo os efeitos e o valor que eles contêm; estes escritos são uma parte de Mim mesmo".
(5) Depois chamou os anjos, que se puseram em terra para rezar, e como estavam presentes dois padres que deviam ver os escritos, Jesus disse aos anjos que tocassem suas testas para imprimir neles o Espírito Santo, e assim infundir-lhes a luz para poderem fazê-los compreender as verdades e o bem que há nestes escritos. Os anjos o cumpriram e Jesus, abençoando a todos, desapareceu.

18-11
Novembro 5, 1925
Os gemidos do Espírito Santo nos Sacramentos. Correspondência de amor da alma.

(1) Estava segundo meu costume Fundindo-me no Santo Querer Divino e buscava, por quanto me era possível, corresponder com meu pequeno amor ao meu Jesus por tudo o que fez na Redenção, e meu amável e doce amor Jesus, movendo-se em meu interior me disse:.
(2) "Minha filha, com o teu voo na minha Vontade, põe-te em todos os Sacramentos instituídos por Mim, desce no fundo deles para me dares a tua pequena correspondência de amor. Oh! Quantas lágrimas secretas minhas encontrarás neles, quantos suspiros amargos, quantos gemidos sufocados do Espírito Santo, o seu gemido é contínuo pelas tantas desilusões do nosso amor. Os Sacramentos foram instituídos para continuar a minha Vida sobre a terra no meio dos meus filhos, mas, ai de Mim, quantas dores! Por isso sinto a necessidade de teu pequeno amor, será pequeno, mas minha Vontade o fará grande; meu amor não tolera para quem deve viver em minha Vontade, que não se associe a minhas dores e que não me dê sua pequena correspondência de amor por
tudo o que fiz e sofro, por isso minha filha vê como geme meu amor nos Sacramentos:.
(3) Se vejo batizar o recém-nascido choro de dor, porque, enquanto com o Batismo restituo a inocência, reencontro de novo o meu filho, restituo-lhe os direitos perdidos sobre a Criação, sorrio-
lhe de amor e complacência, ponho em fuga o inimigo, para que não tenha mais direito sobre ele, confio-o aos anjos, todo o Céu lhe faz festa, mas rapidamente o sorriso me muda em dor, a festa em luto, vejo que aquele batizado será um inimigo meu, um novo Adão, e talvez também uma alma perdida. Oh! Como geme o meu amor em cada Batismo, especialmente se se acrescenta que o ministro que batiza não o faz com respeito, dignidade e decoro que convém a um Sacramento que contém a nova regeneração. Ai! Muitas vezes se está mais atento a uma bagatela, a uma cena qualquer que a administrar um Sacramento, assim que meu amor se sente ferido pelo Batizante e pelo batizado e geme com gemidos inenarráveis. Não desejarias tu dar-me por cada batismo uma correspondência de amor, um gemido amoroso para fazer companhia aos meus enlutados?.

(4) Passa ao Sacramento da Confirmação, ai, quantos suspiros amargos! Enquanto com a confirmação lhe devolvo o ânimo, lhe restituo as forças perdidas tornando-o invencível ante todos os inimigos, ante suas paixões, vem admitido nas fileiras das milícias de seu Criador a fim de que milite para adquirir a pátria celestial, o Espírito Santo lhe volta a dar seu beijo amoroso, Ele lhe dá
mil carícias e se oferece como companheiro de sua vida, mas muitas vezes se sente restituindo o beijo do traidor, desprezando suas carícias e fugindo de sua companhia. Quantos gemidos quantos suspiros para que volte, quantas vozes secretas ao coração a quem foge d'Ele, até se cansar por seu falar; mas que, em vão. Por isso, não queres pôr a tua correspondência de amor, o
beijo amoroso, a tua companhia ao Espírito Santo que geme por tanto desconhecimento que lhe fazem?.
(5) Mas não te detenhas, voa ainda e escutarás os gemidos angustiosos do Espírito Santo no Sacramento da penitência. ¡ Quanta ingratidão, quantos abusos e profanações por parte de quem o
administra e por parte de quem o recebe! Neste Sacramento meu sangue se põe em ação sobre o pecador arrependido para descer a sua alma para lavá-lo, para embelezar-lo, curá-lo e fortalecê-lo, para restituir-lhe a graça perdida, para lhe pôr nas mãos as chaves do Céu que o pecado lhe tinha arrancado, para selar sobre a sua testa o beijo pacífico do perdão; mas ai! quantos gemidos dilacerantes ao ver as almas aproximarem-se deste sacramento da penitência sem dor, por hábito, quase por um desabafo do coração humano; outros, horrível é dizer, em vez de ir encontrar a vida da alma, da graça, vão encontrar a morte, a desafogar suas paixões, assim que o Sacramento se reduz a uma burla, a uma boa conversa, e meu sangue em vez de descer nelas como lavado, desce como fogo que as esteriliza principalmente. Portanto, em cada confissão o nosso amor chora inconsolavelmente, e soluçando repete: Ingratidão humana, como és grande, por toda parte procuras ofender-me, e enquanto te ofereço a vida tu mudas em morte a mesma vida que te ofereço". Veja então como nossos gemidos esperam sua correspondência de amor no sacramento da penitência.
(6) Teu amor não se detenha, percorra todos os tabernáculos, cada hóstia sacramental, e em cada hóstia ouvirás gemer ao Espírito Santo com dor inenarrável. O Sacramento da Eucaristia não é apenas a sua vida que as almas recebem, mas é a minha própria Vida que lhes é dada, assim que o fruto deste Sacramento é formar a minha Vida nelas, e cada comunhão serve para fazer crescer a minha Vida, para desenvolvê-la de modo a poder dizer: Vede Eu sou outro Cristo'. Mas, ai de mim! que poucos o aproveitam, é mais, quantas vezes descendo nos corações e me fazem encontrar as armas para me ferir, e me repetem a tragédia de minha Paixão, e assim que se consomem as espécies Sacramentais, em vez de me incitar a ficar com elas sou obrigado a sair banhado em lágrimas, chorando minha sorte sacramental, e não encontro quem acalme meu pranto e meus gemidos dolorosos. Se você pudesse romper os véus da hóstia que me cobrem, me encontraria banhado em pranto conhecendo a sorte que me espera ao descer nos corações. Por isso tua correspondência de amor por cada hóstia seja contínua, para me acalmar o pranto e tornar menos dolorosos os gemidos do Espírito Santo..
(7) Não se detenha, de outra maneira não te encontraremos sempre junto em nossos gemidos e em nossas lágrimas secretas, sentiremos o vazio de sua correspondência de amor. Desça no Sacramento da ordem, aqui sim, encontrará nossas mais íntimas dores escondidas, as lágrimas mais amargas, os gemidos mais dilacerantes. A ordem constitui o homem a uma altura suprema,
de um caráter divino, o faz o repetidor da minha Vida, o administrador dos Sacramentos, o revelador dos meus segredos, do meu Evangelho, da ciência mais sagrada, o pacificador entre o
Céu e a terra, o portador de Jesus às almas; mas, ai de Mim! Quantas vezes vemos no ordenado que será um novo Judas, um usurpador do caráter que lhe foi impresso. Oh! como geme o Espírito Santo ao ver no ordenado arrancar-se as coisas mais sagradas, o caráter maior que existe entre o Céu e a terra; quantas profanações, cada ato deste ordenado feito não segundo o caráter impresso, será um grito de dor, um choro amargo, um gemido dilacerante. A ordem é o Sacramento que encerra todos os outros Sacramentos juntos, por isso se o ordenado sabe conservar em si, íntegro o caráter recebido, colocará quase a salvo todos os outros Sacramentos, será ele o defensor e o salvador do mesmo Jesus. Por isso, não vendo isto no ordenado, nossas dores se concentram mais, nossos gemidos se tornam mais contínuos e doloridos, por isso corra tua correspondência de amor em cada ato sacerdotal para fazer companhia ao amor gemente do Espírito Santo.
(8) Preste atenção ao seu coração e ouça nossos profundos gemidos no Sacramento do Matrimônio. Quantas desordens nele! O matrimônio foi elevado por Mim a Sacramento para pôr nele um vínculo sagrado, o símbolo da Trindade Sacrossanta, o amor divino que Ela encerra, assim que o amor que devia reinar no pai, na mãe e nos filhos, a concórdia, a paz, devia simbolizar a
Família Celestial. Assim devia ter sobre a terra tantas outras famílias semelhantes à Família do Criador, destinadas a povoar a terra como outros tantos anjos terrestres, para conduzi-los a povoar as regiões Celestes. Mas, oh, meu Deus! quantos gemidos ao ver formar no matrimônio famílias de pecado, que simbolizam o inferno com a discórdia, com o desamor, com o ódio, que povoam a terra como tantos anjos rebeldes que servirão para povoar o inferno. O Espírito Santo geme com gemidos dilacerantes em cada matrimônio ao ver formar na terra tantas cavernas infernais. Por isso ponha sua correspondência de amor em cada matrimônio, em cada criatura que vem à luz, assim teu gemido amoroso retornará menos dolorosos nossos gemidos contínuos..
(9) Nossos gemidos ainda não terminaram, por isso sua correspondência de amor chegue ao leito do moribundo quando lhe é administrado o Sacramento da extrema unção. Mas, oh, meu Deus!
quantos gemidos, quantas lágrimas secretas nossas, este Sacramento contém a virtude de pôr a salvo a qualquer custo o pecador agonizante, é a confirmação da santidade aos bons e aos santos, é o último vínculo que põe, com sua unção, entre a criatura e Deus, é o selo do Céu que imprime na alma redimida, é a infusão dos méritos do Redentor para a enriquecer, purificar e embelezar, é a última pincelada que o Espírito Santo dá para a dispor a partir da terra para a fazer comparecer diante do seu Criador. Em suma, com a extrema unção é o último alívio do nosso amor e a última veste da alma, é o ordenamento de todas as boas obras, por isso opera de modo surpreendente nos vivos à graça; com a extrema unção a alma é coberta como por um orvalho celestial que o apaga como de um só sopro as paixões, o apego à terra e a tudo o que não pertence ao Céu. Mas, ai de Mim, quantos gemidos, quantas lágrimas amargas, quantas indisposições, quantos descuidos, quantas almas perdidas, que poucas santidades encontra para confirmar, que escassas obras boas para reordenar e confirmar. Oh! se nossos gemidos, nosso pranto no leito do agonizante no ato de administrar o Sacramento da extrema unção pudessem ser ouvidos por todos, todos chorariam de dor; não queres nos dar tua correspondência de amor por cada vez que é administrado este Sacramento, O que é o último alívio do nosso amor pela criatura?

“Nossa Vontade te espera em todas as partes para ter sua correspondência de amor e a companhia a nossos gemidos e suspiros"..

19-13
Abril 18, 1926

A Divina Vontade é a depositária das obras divinas, e deve ser a depositária das obras das criaturas.

(1) Sentia-me toda diminuída em mim mesma, e procurava fundir-me no Santo Querer Divino para correr junto com Ele, para fazer-lhe companhia em seu agir e corresponder-lhe ao menos com meu pequeno "amo-te". Agora, enquanto fazia isso, meu doce Jesus saindo de dentro de mim me disse:.
(2) "Minha filha, coragem, não ponhas atenção em tua pequenez, o que mais te deve importar é ter tua pequenez em minha Vontade, porque estando nela ficarás perdida nela, e minha Vontade, qual vento, levará em teu ato a frescura que possui como refrigério a todas as criaturas, levará o vento quente para inflamá-los de meu amor, levará o vento frio para extinguir o fogo das paixões, e finalmente levará o vento úmido como vegetação do germe de minha Vontade. Você nunca sentiu os efeitos do vento, Como é que o ar sabe mudar quase instantaneamente do calor para o frio, de úmido para o ar frio e refrigerante? Minha Vontade é mais que vento, e teus atos nela, agitando-a, movem os ventos que contém e produzem admiráveis efeitos, depois, todos estes ventos unidos juntos investem o trono divino e levam a seu Criador a glória de sua Vontade obrante na criatura. Oh! Se todos soubessem o que significa trabalhar no Fiat Supremo, os prodígios que ele contém, todos fariam competição para trabalhar nele. Olha, nossa Vontade é tão grande, que nós mesmos a fazemos depositária de nossas obras: A Criação, para fazer que se mantivesse sempre bela, fresca, íntegra, nova, tal como a tiramos de nossas mãos criadoras, a depositamos em nossa Vontade; a Redenção, para fazer que estivesse sempre em ato de redimir, e meu nascimento, minha Vida, minha Paixão e Morte, estivessem sempre em ato de nascer, de viver, de sofrer e de morrer para a criatura, as depositamos em nossa Vontade, porque só Ela tem a virtude e a potência de manter sempre em ação a obra que se faz e reproduzir aquele bem quantas vezes se quer. Nossas obras não estariam seguras se não fossem depositadas em nossa Vontade; se isto é de nossas obras, muito mais deveria ser para as obras das criaturas, a quantos perigos não estão sujeitas quando não são depositadas em nosso Querer, quantas mudanças não sofrem, Por isso estamos contentes quando vemos que a criatura faz o depósito de seus atos no Supremo Querer.

Estes atos, ainda que pequenos, e as ninharias da criatura, fazem rivalidade com os nossos atos, e Nós gozamos ao ver seu engenho, que para pôr ao seguro suas ninharias as deposita em nossa Vontade..
(3) Agora, se para a Criação e para a Redenção a depositária foi nossa Vontade, também para o Fiat como no Céu assim na terra, deve ter o depósito minha mesma Vontade, eis por que de minha insistência de que nada fizesse se não o depositasse nela. “Se não forma este depósito de toda você mesma, de seus pequenos atos e até de suas ninharias, meu Fiat não tendo seu pleno triunfo sobre você, não poderá desenvolver seu Fiat como no Céu assim na terra".

20-11
Outubro 15, 1926

No Céu se terá tanta felicidade por quanta Vontade Divina conteve a alma na terra.

(1) Continuando meu habitual giro na Vontade Suprema dizia em mim: "Meu Jesus, tua Vontade abraça e encerra tudo, e eu em nome da primeira criatura saída de tuas mãos criadoras, até a última que será criada, tento reparar todas as oposições das vontades humanas feitas à tua, e de tomar em mim todos os atos de tua adorável Vontade que as criaturas rejeitaram, para retribuí-los todos em amor, em adoração, de modo que não haja ato teu ao que não corresponda um ato meu, para que encontrando em cada ato teu meu pequeno ato como bilocado no teu, Você fique
satisfeito e venha reinar como em triunfo sobre a terra. Não é sobre os atos humanos que o teu Fiat Eterno quer encontrar o apoio para dominar? Por isso te ofereço em cada ato teu, o meu como terreno para te fazer estender o teu Reino". Agora, enquanto pensava e dizia isto, o meu sempre amável Jesus mexeu-se dentro de mim e disse-me:

(2) "Pequena filha de meu Querer, é justo, é necessário, é de direito de ambas as partes, tanto sua como de minha Vontade, que quem é filha sua siga a multiplicidade dos atos de meu Querer, e Ele os receba nos seus. Um pai seria infeliz se não sentisse ao seu lado seu filho para ser seguido em seus atos por ele, nem o filho se sentiria amado pelo pai se o pai fazendo a um lado não se fizesse seguir por seu filho. Por isso, filha de minha Vontade e recém-nascida n‟Ela significa precisamente isto: ¨Seguir como filha fiel todos os seus atos.‟ Porque tu deves saber que a minha Vontade saiu em campo de ação na Criação nos atos humanos da criatura, mas para agir quer o ato da criatura no seu para desenvolver seu agir e poder dizer: „Meu Reino está no meio de meus filhos e propriamente no íntimo de seus atos.¨ Porque a criatura, porque toma da Minha Vontade, Eu estendo o Meu Reino nela, e ela estende o Seu reino na Minha Vontade, mas segundo me faz dominar em Seus atos assim expande seus confins no Meu Reino, e Eu dou e ela toma mais alegria, mais felicidade, mais bens e mais glória, porque está estabelecido que na Pátria Celestial, tanto de glória, bem-aventuranças, de felicidade, receberão por quanto de minha Vontade contiveram em suas almas na terra; sua glória será medida pela mesma Vontade minha que
possuirão suas almas, não poderão receber mais porque sua capacidade vem formada por aquela mesma Vontade Divina que fizeram e possuíram enquanto viviam sobre a terra, e ainda que minha liberalidade quisesse dar-lhes mais, lhes faltaria o lugar onde contê-las e transbordariam fora.

Agora minha filha, de tudo o que a minha Vontade estabeleceu dar às criaturas, de todos os seus atos, até agora pouco tomaram, pouco conheceram, porque o seu Reino não foi conhecido, muito menos possuído, portanto no Céu não pode dar toda a sua glória completa, nem todas as alegrias e felicidade que possui, porque se encontra no meio de filhos incapazes e de pequena estatura. E por isso espera com tanto amor e anseia o tempo de seu Reino, para ter seu total domínio e dar de seu Fiat tudo o que havia estabelecido dar às criaturas, e assim formar-se os filhos capazes para lhes poder dar todos os seus bens, e só estes filhos na Pátria Celestial completarão a glória a todos os bem-aventurados, aos filhos do Reino do meu Querer, porque terão encerrado o que Ela queria, ao dar-lhe livre campo de ação e de domínio, por isso terão a glória essencial, porque terão a capacidade e o espaço onde contê-la, os demais, por meio destes terão a glória acidental e todos gozarão juntos a glória completa e a plena felicidade de minha Vontade. Assim, o Reino do Fiat Supremo será o pleno triunfo do Céu e da terra".

(3) Agora pensava em mim: "Nosso Senhor no Pai Nosso nos ensina a dizer, a pedir, faça-se sua Vontade', então por que diz que quer que se viva n‟Ela?" E Jesus sempre benigno, movendo-se
dentro de mim me disse:
(4) "Minha filha, „faça-se a tua Vontade' que Eu ensinei a pedir no Pai Nosso, significava que todos deviam rogar que ao menos fizessem a Vontade de Deus, e isto é de todos os cristãos e de todos os tempos, não se pode dizer cristão se não se dispõe a fazer a Vontade de seu Pai Celestial. Mas você não pensou na frase que vem logo depois: „Como no Céu assim na terra'. Como no Céu assim na terra significa viver no Querer Divino, significa rogar que venha o Reino de minha Vontade à terra para viver n‟Ele. No Céu não só fazem minha Vontade mas sim vivem n‟Ela, a
possuem como coisa e Reino próprio, e se a fizessem e não a possuíssem não seria plena sua felicidade, porque a verdadeira felicidade começa no fundo da alma. Fazer a Vontade de Deus não significa possuí-la, mas sim submeter-se à suas ordens, em troca viver n‟Ela é posse. Por isso no Pai Nosso está a petição: Nas palavras „Faça-se Sua Vontade', que todos façam a Vontade Suprema; e no „como no Céu assim na terra', que o homem retorne naquela Vontade de onde saiu, para readquirir sua felicidade, os bens perdidos e a posse de seu Reino divino".



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