ESCOLA DA DIVINA VONTADE - DÉCIMA SEMANA DE ESTUDOS

 MEDITAÇÃO DO ESTUDO

Ele quer purificá-la de todo mínimo defeito. Como a purifica de tudo

(85) Me sentia confusa, não entendia sua maneira de agir, mas com o tempo eu entendi que ele usa essa maneira de agir quando quer dispor a alma para novas e mais pesadas cruzes, e sabe como atrair tanto à Ele com esses estratagemas, que a alma não ousa opor-se ao que Ele quer.
Então eu dizia: "Sim, te amo, mas me diga Tu mesmo, posso encontrar um objeto mais belo, mais santo e mais amável que Tu? Também por que me pergunta se estou disposta a fazer o que queres, se há tanto tempo te entreguei a minha vontade e te pedi que não evitasses nem mesmo me despedaçar de tal maneira que te pudesse agradá-lo? Eu me abandono em Ti. Ó Esposo Santo, obra livremente, faze de mim o que quiseres, dá-me a tua Graça, pois por mim nada sou e ada posso". E Ele me dizia:
(86) "Você está verdadeiramente disposta a tudo o que eu quero?"

(87) Então me senti mais confusa e atordoado e dizia: "Sim, estou disposta". Mas quase tremendo, e Ele compassivamente continuou me dizendo: "Não temas, eu serei sua força, você não sofrerá, mas serei Eu quem sofrerá e lutará em você. Olha, eu quero purificar sua alma de tudo, do mínimo defeito que poderia impedir meu amor em você, quero provar sua fidelidade, mas como posso ver se isso é verdade, senão colocando-te no meio da batalha? Você deve saber o que eu quero colocá-la no meio de demônios, lhes darei liberdade para atormentar-te e tentar-te para que quando você tiver combatido os vícios com as virtudes opostas, já se encontrará de posse de
essas mesmas virtudes que você pensou que perderia e, mais tarde, sua alma purificada e embelezada, enriquecida, será como um rei que volta vitorioso de uma guerra feroz, que enquanto acreditava perder o que tinha, se torna mais glorioso e cheio de imensas riquezas. Então eu virei, formarei minha morada em você, e sempre estaremos juntos. É verdade que será seu estado doloroso, os demônios não lhe darão paz, nem de dia ou noite, eles sempre estarão em ato de fazer te guerra feroz, mas sempre tenha em mente o que eu quero fazer de você, isso é, tornar-se semelhante a Mim, e você não será capaz de alcançá-lo, exceto através de muitos e grandes
tribulações, e assim terás mais animo para suportar as penas.
(88) Quem pode dizer como fiquei assustada com esse anúncio? Senti meu sangue gelar arrepiando meu cabelo e minha imaginação estava cheia de espectros negros que me parecia que eles queriam me devorar viva. Pareceu-me que o Senhor, antes de me colocar nesse estado doloroso, deu liberdade para tudo que eu tinha que sofrer, e eu estava cercado por tudo isso, então fui até Ele e disse: "Senhor, tem piedade de mim! Ah, não me deixe sozinha e abandonada, eu vejo que é tanta a raiva dos demônios, que não deixarão de mim, nem o pó, como posso resistir a eles? Para Ti minha miséria é bem conhecida e quão ruim eu sou, então me dê uma nova graça para não ofendê-lo. Senhor meu, a dor que mais dilacera minha alma, é ver que Tu também deve me deixar. Ah, a quem poderei dizer uma palavra, quem deve me ensinar? Mas que sua Vontade sempre seja feita, e bendito teu Santo Querer ”. E ele gentilmente continuou a me dizer:
(89) “Não te afliges tanto, você deve saber que eu nunca vou permitir que você seja tentada além de suas forças, se isso eu permito é para seu bem, eu nunca coloco almas em batalha para fazê-las perecer, primeiro meço sua força, dou-lhes minha graça e depois as introduzo, e se alguma alma se precipita, é porque não fica unida a Mim com a oração, não sentindo mais a sensibilidade do Meu Amor vão implorando amor das criaturas, enquanto somente eu posso satisfazer o coração humano, eles não se deixam guiar pelo caminho seguro da obediência, acreditando mais no julgamento próprio que em quem as guias em meu lugar, então que maravilha se se precipitam.
Então o que Eu te recomendo é a oração, embora você deva sofrer penas de morte, jamais deves negligenciar o que costuma fazer, e mais, quanto mais você se veja no precipício, tanto mais invocará a ajuda de quem pode libertar te. Além disso, quero que você se coloque cegamente em mãos do confessor, sem examinar o que lhe é dito, você estará cercada pela escuridão e você será como alguém que não tem olhos e que precisa de uma mão para guiá-la, o olho para ti será a voz do confessor que como a luz iluminará as trevas, a mão será a obediência que será guia e suporte para levá-la a um porto seguro. A última coisa que te recomendo é a coragem, quero que você
corajosamente entre na batalha, a coisa que mais faz temer um exército inimigo é ver a coragem, a força, a maneira como desafiam as batalhas mais perigosas, sem temer nada. Assim são os demônios, eles não temem nada além de uma alma corajosa, toda apoiada em Mim, que com um espírito forte, vai no meio deles não ser ferida, mas com a resolução de machucá-los e exterminá-los; os demônios ficam assustados, apavorados e gostariam de fugir, mas não podem, porque, vinculados à minha Vontade, são obrigados a permanecer para seu maior tormento. Assim que não tema a eles, que nada podem fazer-te sem meu Querer. E também, quando eu vir que você não você pode resistir mais e está prestes desfalecer, se for fiel a mim imediatamente, virei e colocarei
todos em fuga e te darei graça e fortaleza. Anime-se, anime-se!

2-10
Abril 5, 1899

Como Jesus a tem coberta em seu amor.

(1) Minha alma continuava em seu aniquilamento e com temor de perder o doce Jesus, quando num instante, de repente, fez-se ver e me disse:
(2) "Te tenho sob a sombra de minha caridade. Então, assim como a luz penetra por toda parte, assim meu amor te tem coberta por toda parte e em tudo. Do que teme então? E como posso Eu te deixar enquanto te tenho tão abismada em meu amor?"
(3) Enquanto Jesus assim dizia, eu queria lhe perguntar por que não se fazia ver segundo seu costume, mas Jesus logo desapareceu e não me deu tempo de lhe dizer nem sequer uma palavra. Oh Deus, que pena!

3-11
Novembro 21, 1899

Jesus quer deleitar-se olhando-se em Luisa, e ela é auxiliada pela Santíssima Virgem

(1) Esta manhã meu caríssimo Jesus, mal veio me disse:
(2) "Minha filha, todo o teu deleite deve ser contemplar-te em Mim, e se isto o fazes sempre, Tomarás em ti todas as minhas qualidades, a minha fisionomia, as minhas próprias linhas, e Eu encontrarei em correspondência todo o meu gosto e sumo contente em deleitar-me olhando-me em ti".
(3) Dito isto desapareceu, e eu estava ruminando em minha mente essas palavras, quando de improviso voltou, colocou sua santa mão na minha cabeça e voltando minha cara para Ele acrescentou:
(4) "Hoje quero me deleitar um pouco olhando para mim em você".
(5) Um estremecimento me correu por todo o corpo, um espanto de me sentir morrer porque via que me olhava fixo, fixo, querendo deleitar-se em meus pensamentos, olhares, palavras e em todo o resto, com o contemplar-se em mim. ¡¡¡ Oh Deus! Sou causa de deleite ou de amargura? Ia repetindo em meu interior. Enquanto estava nisto veio nossa amada Mãe Rainha em minha ajuda, trazendo uma vestidura branca entre as mãos, e toda amabilidade me disse:
(6) "Filha, não temas, quero suprir Eu mesma por ti vestindo-te com minha inocência, para que assim meu Filho ao contemplar-se em ti possa encontrar o maior deleite que se possa encontrar em uma criatura humana".

(7) Então vestiu-me com essa vestidura e apresentou-me ao meu amado Bem Jesus dizendo-lhe:
(8) "Amado Filho, aceita-a por consideração a Mim e aceita-te nela".
(9) Assim me tirou todo temor e Jesus se deleitou em mim e eu Nele.

4-10
Setembro 20, 1900

Sinais da cruz para recuperar a saúde.

(1) Continuo a sofrer, mais do que nunca, porque me foi negado o poder de morrer. Então ao vir meu adorável Jesus me repreendeu por minha demora em obedecer, porque até então parecia que

me tolerava; enquanto isso via o confessor e Jesus virando-se para ele tomou-lhe a mão e disse-lhe:

(2) "Quando vier, marque-a com o sinal da cruz na parte da dor, que a farei obedecer".
(3) E desapareceu. Então, ficando sozinha sentia mais intensa a dor. Depois vindo o confessor e encontrando-me sofrendo, também ele me repreendeu porque não obedecia, e tendo-lhe dito o que tinha visto e o que Nosso Senhor tinha dito ao confessor, ele ao ouvir-me fez o sinal da cruz na parte onde sofria, e em dois minutos pude respirar e mover-me, enquanto antes não podia fazê-lo sem sentir espasmos atrozes; parece-me que a obediência e aqueles sinais de cruz ataram a dor, de modo que não posso mais me doer, e eis por que fiquei decepcionada em meus planos, porque esta senhora obediência tomou tal poder sobre mim, que não me deixa fazer nada do que quero, até no mesmo sofrer quer ela dominar, e devo estar em tudo e para tudo sob seu império.

5-10
Maio 11, 1903

A paz põe no seu lugar as paixões. A reta intenção tudo santifica.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, quando eu mal vi meu adorável Jesus me disse:
(2) "A paz põe em seu lugar todas as paixões, mas o que triunfa sobre tudo, que estabelece todo o bem na alma e que tudo santifica, é fazer tudo por Deus, isto é, agir com reta intenção de agradar só a Deus. O reto agir é o que dirige, o que domina, que retifica as mesmas virtudes, até a mesma obediência; em suma, é como um mestre que dirige a música espiritual da alma".
(3) Dito isto, como um relâmpago desapareceu.

6-10
Dezembro 10, 1903

Quem busca o Senhor, cada vez recebe uma tinta um lineamento divino.

(1) Continuando meu estado, sentia um peso sobre minha alma pela privação do bendito Jesus, como se sobre mim gravitasse todo o peso do mundo, e em minha imensa amargura fazia quanto mais podia por buscá-lo. Depois, tendo vindo, disse-me:
(2) "Minha filha, cada vez que a alma me procura recebe uma tinta, um lineamento divino, e outras tantas vezes renasce em Mim e Eu renasço nela".
(3) Enquanto dizia isto, estava a pensar no que tinha dito, quase maravilhando-me dizendo:
"Senhor, que dizes?"
(4) E Ele acrescentou: "Oh, se soubesses a glória, o gosto que sente todo o Céu ao receber esta nota da terra, de uma alma que procura sempre a Deus, toda conforme a nota deles! O que é a vida dos bem-aventurados? Quem a forma? Este renascer continuamente em Deus e Deus neles, isto é aquele ditado: "Que Deus é sempre velho e sempre novo". Jamais sentem cansaço, porque estão em contínua atitude de nova vida em Deus".

7-10
Abril 17, 1906

Deus armará os elementos contra o homem.

(1) Esta manhã passei mal, me encontrava fora de mim mesma e não via outra coisa que fogo, parecia que se abria a terra e ameaçava engolir cidades, montes e homens, era como se o Senhor quisesse destruir a terra, mas em modo especial em três diferentes pontos, um distante do outro, e um destes na Itália; pareciam três bocas vulcânicas, que alguma fazia sair fogo e inundava as cidades, e onde se abria a terra e sucediam horríveis
sacudidas de terremotos; eu não entendia bem se estava acontecendo agora ou deverá acontecer no futuro.

Quanta ruína, e a causa de tudo isto é unicamente o pecado, e o homem não quer render-se, parece que se pôs contra Deus, e Deus armará os elementos contra o homem, a água, o fogo, o vento e tantas outras coisas, e estes farão morrer muitíssimas . Que horror, que horror! Sentia-me morrer ao ver todas estas cenas dolorosas, tivesse querido sofrer qualquer coisa para aplacar o Senhor. Então Ele se fez ver, mas, quem pode dizer como? Disse-lhe alguma coisa para o acalmar, mas não me prestava atenção e depois disse-me:

(2) "Minha filha, já não encontro onde repousar na minha criação. Faze-me repousar em Ti e Tu, levanta-te em Mim e cala-te".

8-11
Setembro , 1907
Quanto mais a alma é igual em tudo, tanto mais se aproxima da perfeição divina.

(1) Passo dias amargos, com privações contínuas, mas faz-se parecer como sombra ou relâmpago, e quase sempre com contínuas ameaças de mandar castigos. Oh! Deus, que desordem, o mundo parece transtornado, todos estão em atitude de fazer revoluções, de matar-se;
o Senhor parece que retira sua Graça e os homens se tornam tantas bestas ferozes, mas é melhor calar estas coisas, porque falar delas amarga demasiado minha pobre alma, bastante saturada de amargura. Depois, esta manhã, assim que veio o bendito Jesus, me disse:
(2) "Todas as obras de Deus são perfeitas, e sua perfeição se conhece por serem redondas ou ao mais quadradas, tanto que nenhuma pedra é colocada na Jerusalém Celestial que não seja redonda ou quadrada".

(3) Eu não entendia nada disto, mas fazia por ver a abóbada do céu e via nela as estrelas, o sol, a lua, e também a mesma forma da terra, todas redondas, mas não entendia o significado disto, e o Senhor acrescentou:
(4) "O arredondamento é a igualdade em todas as partes, assim que a alma para ser perfeita deve ser igual em todos os estados, em todas as circunstâncias, sejam prósperas ou adversas, doces ou amargas. A igualdade deve circundá-la em tudo, para formá-la ao modo de um objeto redondo, de outra maneira, se não for igual em todas as coisas, não poderá entrar bela e polida a fazer parte da Jerusalém Celestial, e não poderá adornar a modo de estrela a pátria dos bem-aventurados, Então, quanto mais a alma é igual em tudo, mais se aproxima da perfeição divina".

9-10

9
Julho 24, 1909

Tudo o que a alma faz por amor a Deus, entra n'Ele e transforma-se nas suas próprias obras.

(1) Estava a pensar na miséria do meu estado presente e dizia entre mim: "Tudo acabou para mim, Jesus esqueceu tudo, não se recorda mais das minhas fadigas, dos sofrimentos que em tantos anos de cama passei por amor dele". E então minha mente ia repassando alguns sofrimentos, dos mais graves que já passei. Enquanto estava nisto o Bendito Jesus me disse:
(2) "Minha filha, tudo o que é feito por amor meu entra em Mim e se transforma em minhas mesmas obras, e assim como minhas obras estão a benefício de todos, isto é, dos viandantes, dos purgantes e dos triunfantes, assim tudo o que você tem feito e sofrido por Mim, está em Mim e fazem seu ofício em bem de todos, como os meus. Você gostaria de retirá-los em você?"
(3) Eu respondi: "Nunca Senhor". Mas apesar de tudo isto continuava pensando e estando um pouco distraída de meu habitual obrar interior, e o bom Jesus repetiu:
(4) "Não a queres terminar tu? Faço-te terminá-la Eu".
(5) E pôs-se dentro de mim a rezar em voz alta e a dizer tudo o que eu devia dizer. Vendo isto fiquei confusa e segui o bom Jesus, e assim que vi que já não prestava atenção a nada, então fez silêncio e eu fiquei sozinha fazendo o que tenho costume de fazer”.

10-12
Janeiro 15, 1911

O interesse é o veneno do sacerdote. Deus não é compreendido por quem não está despojado de tudo e de todos.

(1) Continuando meu habitual estado, meu adorável Jesus fazia-se ver chorando, porque me tinha trazido a Celestial Mãe para que o tranquilizasse, e eu fazia o que podia para consegui-lo, beijava-o, acariciava-o, apertava-o, dizia-lhe: "O que queres de mim? Não quer amor para que se sinta feliz e acalme seu pranto? Não me disse Você mesmo outras vezes, que sua felicidade é meu amor? E eu te amo muito, muito, mas te amo junto Contigo, porque por mim só não sei te amar; dai-me teu alento ardente que converte todo meu ser em uma chama de amor, e depois te amo por todos, te amo com todos, te amo nos corações de todos". Mas quem pode dizer todas as minhas loucuras?
Então parecia que se acalmava um pouco, e para fazer que meu doce Jesus não chorasse mais lhe disse: "Minha vida e meu tudo, santifica-te, agora que façam as casas de reunião de sacerdotes, ó! como será consolado".

(2) E Ele rapidamente: Ah, minha filha, o interesse é o veneno do sacerdote, e se infiltrou tanto neles que lhes envenenou o coração, o sangue e até a medula óssea. Oh! como o demônio os tem sabido enredar, tendo encontrado neles a vontade disposta para ser entrelaçada. Minha Graça tem usado toda sua arte para formar neles o tecido do amor e dar-lhes o contrário do interesse, mas não encontrando sua vontade disposta, pouco ou nada tem tecido de divino, por isso o demônio não pode impedir de tudo estas casas de reunião de sacerdotes, o que causou-lhe muita perda, se contenta em manter o tecido que os teceu com o veneno do interesse. Ah! se visses quão poucos são os que estão dispostos a separar-se da família e a derramar este veneno do interesse, chorarias Comigo, não vês como discutem entre eles a respeito deste ponto, como ficam agitados, como se inflamam os ânimos? Eles acreditam que é um absurdo e que isso não se aplica ao seu estado".

(3) Enquanto dizia isto, via os sacerdotes dispostos a isso, e quão escasso era o número deles.

Jesus desapareceu e encontrei-me em mim mesma. Agora, sentindo repugnância de escrever  estas coisas que correspondem aos sacerdotes, mas tendo feito o sacrifício porque assim o quer a obediência, meu amado Jesus veio e me deu um beijo para recompensar-me pelo sacrifício feito e acrescentou:

(4) "Filha amada minha, não disseste tudo sobre os inconvenientes que traria se o sacerdote ficasse estorvado pela atadura da família, as tantas vocações equivocadas pelas quais a Igreja chora amargamente nestes tristes tempos; certamente não se veriam tantos modernistas, tantos sacerdotes vazios de verdadeira piedade, tantos deles dados aos prazeres, à incontinência e tantos outros que veem como se perdem as almas como se não fosse nada, sem a mínima amargura, e tantos outros desatinos que fazem, estes são sinais de vocações erradas. E se as famílias virem que não há nada mais a esperar da parte dos sacerdotes, a ninguém virá vontade de incitar os seus filhos a tornarem-se sacerdotes, nem aos filhos virá o pensamento de enriquecer, de elevar a família por meio do seu ministério".
(5) E eu: "Ah! meu doce Jesus, em vez de me dizer estas coisas, vê os dirigentes, os bispos, porque eles que têm a autoridade podem conseguir te contentar neste ponto, mas eu, tão pobre, o que posso fazer? Não outra coisa que compadecer-te, amar-te e reparar-te".

(6) E Jesus: "Minha filha, aos dirigentes, aos bispos? O veneno do interesse invadiu a todos, e como quase todos estão presos por esta febre pestífera, falta-lhes o valor de corrigir e de pôr uma trava àqueles que deles dependem. E além disso, Eu não sou compreendido por quem não está despojado de tudo e de todos, minha voz soa muito mal a seus ouvidos, mas bem lhes parece um absurdo, uma coisa que não é conveniente à condição humana; mas se falo contigo nos compreendemos suficientemente, e se não encontro outra coisa, Eu encontro um alívio para a
minha dor e tu vais amar-me demais, porque sabes que estou amargo".

11-12
Março 15,1912
Quem faz a Vontade de Deus opera ao Divino. A Divina Vontade é a Santidade das santidades.

(1) Continuando meu estado habitual, eu sentia um grande desejo de fazer a Vontade Santíssima de Jesus bendito, e Ele ao vir me disse:
(2) "Minha filha, minha Vontade é a Santidade das santidades, assim que a alma que faz minha Vontade, por quanto fosse pequena, ignorante, ignorada, deixa atrás a todos os demais santos, apesar dos portentos, das conversões estrepitosas, dos milagres que tenham feito, é mais, confrontando-os, as almas que fazem minha Vontade são rainhas, e todas as demais estão como a seu serviço.

A alma que faz minha Vontade parece que não faz nada, mas faz tudo, porque estando em minha Vontade obram ao divino, ocultamente e em modo surpreendente, assim que é luz que ilumina, são ventos que purificam, são fogo que queima, são milagres que fazem fazer os milagres, e quem os faz são apenas os canais, porque é nelas que reside o poder para fazê-los, assim que é o pé do missionário, a língua dos pregadores, a força dos fracos, a paciência dos enfermos, o regime dos superiores, a obediência dos súditos, a tolerância dos caluniados, a firmeza nos perigos, o heroísmo dos heróis, o valor dos mártires, a santidade dos santos, e assim por diante, porque estando na minha Vontade concorrem a todo o bem que pode haver no Céu e na terra. Eis porque posso dizer que são minhas verdadeiras hóstias, mas hóstias vivas, não mortas, porque os acidentes que formam a hóstia não estão cheios de vida nem fluem em minha Vida, em troca a alma está cheia de vida, e fazendo minha Vontade flui e concorre a tudo o que faço Eu, Eis por que me são mais queridas estas hóstias consagradas por minha Vontade do que as mesmas hóstias sacramentais, e se tenho alguma razão de existir nestas, é para formar as hóstias sacramentais da minha Vontade. Minha filha é tanto o prazer que tomo de minha Vontade, que ao só ouvir falar dela me estremeço de alegria e chamo a todo o Céu a fazer festa; imagine você mesma o que será daquelas almas que a fazem. Eu encontro todos os contentes nelas e dou todos os contentes a elas, sua vida é a vida dos bem-
aventurados, somente duas coisas lhes interessam, desejam, anseiam: Minha Vontade. o Amor.

Pouco têm que fazer, enquanto fazem tudo, as mesmas virtudes ficam absorvidas em minha Vontade e no Amor, assim que não têm mais o que fazer com elas, porque minha Vontade contém, possui, absorve tudo, mas em modo divino, imenso e interminável; esta é a vida dos bem-aventurados".


MEDITAÇÃO DO CAPITULO
OUÇA PRIMEIRA PARTE DO CAPÍTULO

10.Cântico de Maria. Ela se lembrava de tudo o que o seu espírito havia visto em Deus.

2 de setembro de 1944.

Somente ontem à tarde, sexta-feira, é que a minha mente se iluminou para ver. Não vi outra coisa senão uma Maria bem jovem, uma Maria de, no máximo doze anos, cujo rostinho já não tem mais aquelas rotundidades próprias da meninice, mas vai deixando ver os contornos da mulher, naquela forma oval que se alonga.

Também os cabelos não estão mais caídos sobre o pescoço, com seus cachinhos leves, mas estão divididos, formando duas boas tranças de uma cor de ouro esmaecida – parecem uma liga de prata de tão claros – e descem passando pelos ombros e chegando até a cintura. Seu rosto agora está mais pensativo, mais maduro, ainda que continue a ser o rosto de uma menina, uma menina bela e pura que, toda vestida de branco, está costurando em um pequeno quarto, também branco, de cuja janela escancarada, pode-se ver o edifício imponente do Templo, no centro, e depois, toda a descida dos degraus dos pátios e dos pórticos. Atrás dos muros, que rodeiam o Templo, vê-se a cidade com suas ruas, casas e jardins e, no fundo, o cume arredondado e verde do monte das Oliveiras.
Ela está costurando e cantando em voz baixa. Não sei se é um canto religioso. Diz assim:

“Como uma estrela dentro da água clara
brilha-me uma luz no coração.
Desde minha infância, de mim não se separa
e suavemente ela me guia com amor.
No coração eu tenho um canto.
De onde ele virá?
Homem, tu não sabes isso.
Vem de onde repousa o Santo.
Eu olho para a minha estrela clara
e não quero coisa alguma que não seja,
mesmo a mais doce e querida,
mas que não seja esta doce luz que é toda minha.
Tu me trouxeste desde os altos Céus,
ó minha Estrela, no seio de uma mãe.
Vives agora em mim, mas por fora dos véus
te estou podendo ver, ó rosto glorioso do Pai.
Quando darás à tua serva a honra
de ser do Salvador a humilde serva?
Manda, manda-nos do Céu o Messias.
Aceita, ó Pai santo, a oferta de Maria”.

Maria se cala, sorri e suspira, e depois se inclina e se ajoelha em oração.
Seu pequeno rosto é todo uma só luz. Erguido depois para o azul límpido de um belo céu de verão, parece atrair para si toda aquela luminosidade, e irradiá-la de si. Ou melhor, parece que um sol escondido no seu interior irradie suas luzes e incendeie a neve levemente rosada da face de Maria, derramando-se sobre as coisas e o sol que brilha na terra, abençoando e prometendo toda sorte de bens.
Enquanto Maria está para levantar-se, depois de sua amorosa oração, e em seu rosto ainda lhe permanece a luminosidade do êxtase, entra a anciã Ana de Fanuel, e para, assombrada, ou, pelo menos, admirada pelo ato e pelo aspecto de Maria.

Depois a chama:
– Maria! – e a menina se volta com um sorriso, diferente, mas sempre muito lindo, saudando-a:
– Ana, a paz esteja contigo!
– Estavas rezando? A oração não te basta nunca?
– A oração poderia me bastar. Mas eu falo com Deus! Ana, não fazes uma idéia como eu O sinta próximo de mim. Mais do que próximo, sinto-O em meu coração. Deus me perdoe esta soberba.
Mas eu não me sinto sozinha. Estás vendo? Lá, naquela casa de ouro e de neve, atrás da dupla Cortina, está o Santo dos santos. Nenhum olho, a não ser o do Sumo Sacerdote, pode fixar-se no Propiciatório sobre o qual repousa a glória do Senhor. Mas eu não preciso olhar, com toda a alma cheia de veneração, para aquele duplo Véu bordado, que se move com as ondas dos cantos das virgens e dos levitas, e guarda o perfume dos preciosos incensos, como para tentar perfurar sua urdidura, a fim de ver transparecer o Testemunho. Sim, também eu olho para ele! Não temas que eu não o olhe, cheia de veneração, como fazem todos os filhos de Israel. Não temas que o orgulho me cegue, a ponto de fazer-me pensar isto que estou te dizendo. Eu olho para ele.

Não há nenhum servo humilde no povo de Deus que olhe com mais humildade para a Casa do Senhor, como eu, pensando ser a mais indigna de todos. O que eu vejo? Vejo um véu. O que deve estar atrás do Véu? Um Tabernáculo. O que há nele? Se olho em meu coração, eis que vejo Deus, que brilha em sua glória e amor, dizendo-me: “Eu te amo”, e eu Lhe digo: “Eu te amo” e sinto-me derreter, me deleito em cada palpitação do coração, neste beijo recíproco… Eu estou no meio de vós, mestras e companheiras queridas. Mas um círculo de fogo me separa de vós. Dentro do círculo estamos Deus e eu, que vos vejo, através do Fogo de Deus, e assim vos amo… Mas não posso amar-vos segundo a carne. Jamais poderei amar ninguém segundo a carne. Só posso amar a Este que me ama, segundo o espírito.

Eu conheço a minha sorte.
– A Lei secular de Israel quer que cada menina se torne esposa, e cada esposa mãe. Mas eu, ainda que obedecendo à Lei, obedeço uma Voz que diz: “Eu te quero”, mas como poderei fazer isso se sou e serei virgem? Esta tão doce e invisível Presença, que está comigo me ajudará, porque Ela é que quer assim. Eu não temo. Não tenho mais pai nem mãe… só o Eterno sabe como nesta dor se purificou tudo o que eu tinha de humano. Foi uma purificação por meio de uma dor atroz. Agora não tenho ninguém, além de Deus. A Ele obedeço, portanto, cegamente. Já teria obedecido até contra meu pai e minha mãe, porque a Voz me instrui que quem quer acompanhá-la deve ir além dos pais, que são amorosos guardiães, rondam os muros do coração filial, querendo conduzi-lo à alegria, mas, segundo o modo de ver deles… Não sabem que há outros modos que conduzem a uma alegria infinita… Eu lhes teria deixado as vestes e o manto, para acompanhar a Voz, que me diz:

“Vem, ó minha querida, ó minha esposa!”. Eu lhes teria deixado tudo. As pérolas das lágrimas, que choraria por dever desobedecer, e os rubis do meu sangue, dado que até a morte eu teria desafiado para acompanhar a Voz que me chama, lhes diriam que há algo maior e mais doce do que o amor paterno e materno. É a Voz de Deus. A Sua vontade agora me deixou livre até do laço da piedade filial. Talvez não teria sido propriamente um laço. Eles eram dois justos, e Deus certamente lhes falava, como faz comigo. Eles seguiriam a justiça e a verdade. Quando penso neles, os vejo na tranqüila espera dos Patriarcas. Apresso, com o meu sacrifício, a chegada do Messias para abrir-lhes as portas do Céu. Sobre a terra, sou eu que me dirijo, ou melhor, é Deus que dirige a sua pobre serva, dando-lhe as Suas ordens. Eu as cumpro, pois cumpri-las é a minha alegria. Quando chegar a hora, direi ao esposo o meu segredo… e ele o aceitará.

– Mas, Maria, que palavras encontrarás para persuadi-lo? Terás contra ti o amor de um homem, a Lei e a vida.

– Eu terei Deus comigo… Deus abrirá à luz o coração do meu esposo… A vida perderá os espinhos da sensualidade, tornando-se uma pura flor com perfume de caridade. A Lei… Ora, Ana, não me digas que sou uma blasfemadora. Eu acho que a Lei está para ser mudada. Por quem, dirás tu, se a Lei é divina? Pelo
único que a pode mudar. Por Deus. O tempo está mais perto do que pensais, eu vos digo. Porque, lendo Daniel, uma grande luz se fez em mim, partindo do fundo do meu coração, e minha mente compreendeu o sentido das palavras misteriosas. As setenta semanas serão abreviadas pelas orações dos justos. Foi mudado o número dos anos? Não. A profecia não mente. A medida do tempo profético não é o curso do sol e sim o da lua. Portanto, eu te digo:

“A hora está perto, quando se ouvirá o vagido daquele que nasceu de uma Virgem”.

Oh! Se esta Luz que me ama quisesse me dizer, já que me diz tantas coisas, onde está a * feliz donzela que dará à luz o Filho de Deus, que dará o Messias ao seu povo! Caminhando descalça, percorreria a terra, e nem o frio, nem o gelo, nem a poeira, nem a canícula, nem as feras, nem a fome seriam para mim obstáculos para eu chegar perto dela e dizer-lhe: “Concede à tua serva e à serva dos servos de Cristo de viver sob o teu teto.
Eu trabalharei o moinho e a prensa. Coloca-me como escrava ao lado do moinho, ou como pastora do teu rebanho, como a que limpa as fraldas do teu Filho, coloca-me em tuas cozinhas, junto aos teus fornos… coloca-me onde quiseres, mas me aceita! Que eu o possa ver!

Que eu ouça a sua voz!
Que dele eu receba um olhar”. Se ela não me quisesse, como mendiga à sua porta, eu haveria de viver de esmolas e de zombarias, ao ar livre, sujeita aos rigores do tempo, contanto que pudesse ouvir a voz do Messias menino, o eco dos seus risos, depois vê-lo caminhar… Talvez algum dia eu recebesse Dele a esmola de um pão… Oh! ainda que a fome me estivesse dilacerando as entranhas, eu estivesse desfalecendo, depois de tanto tempo sem comer, eu não comeria aquele pão. Eu o conservaria como um saquinho de pérolas sobre o meu coração, e o beijaria para sentir o perfume da mão do Cristo. E já não sentiria mais fome nem frio, porque aquele contato me daria êxtase e calor, êxtase e alimento…

– Tu deverias ser a mãe do Cristo, tu que o amas tanto assim! Será para isso que queres permanecer virgem?

  • Oh! não. Eu sou apenas miséria e pó. Não ouso levantar o olhar em direção à Glória. É por isso que eu gosto de olhar para dentro do meu coração mais do que para o duplo Véu, além do qual está a invisível Presença de Jeová. Lá está o Deus terrível do Sinai. Mas aqui, em mim, eu vejo o nosso Pai, uma Face amorosa que me sorri e me abençoa, porque eu sou pequena como um passarinho, que o vento sustenta sem sentir peso algum, e frágil como o caule do pequeno lírio selvagem que só sabe florescer e exalar seu perfume, não opondo outra resistência ao vento, a não ser a de sua perfumada e pura doçura. Deus, o meu vento de amor! Não é por isso que permaneço virgem. Mas porque se o Filho de Deus é de uma virgem, ao Santo do Altíssimo não pode agradar senão aquilo que no Céu Ele escolheu por mãe e aquilo que na terra lhe fala do Pai Celeste: a Pureza. Se a Lei meditasse isto, e os rabis que as multiplicaram em todas as sutilezas, voltassem sua mente para horizontes mais altos, mergulhando-se no sobrenatural, deixariam de lado o humano e o lucro, que é o que eles procuram esquecendo-se de seu Fim supremo, orientando os seus ensinamentos à Pureza, a fim de que o Rei de Israel a encontre ao chegar. Com a oliveira do Pacífico, com as palmas do Triunfador, espalhai lírios, mais lírios, muitos lírios… Quanto Sangue o Salvador não deverá derramar para redimir-nos! Quanto sangue! Das milhares e milhares de feridas que Isaías viu no corpo do Homem das dores, está caindo uma chuva de Sangue como o orvalho de um vaso poroso.

Que este Sangue divino não caia onde houver profanação e blasfêmia, mas, sim, em cálices de pureza odorífera, que o acolhem e recolhem, para depois espargi-lo sobre os doentes do espírito, sobre os leprosos da alma, que estão mortos para Deus. Dai lírios, dai lírios para enxugar os suores e as lágrimas do Cristo, com a cándida veste de pétalas puras! Dai lírios e mais lírios para o ardor de sua febre de Mártir! Oh! Onde estará aquele Lírio que te carrega? Onde estará quem te dessedentará, em tua febre ardente? Onde estará aquela que se tornará vermelha pelo teu Sangue, morrendo pela dor de te ver morrer? Onde estará quem chorará pelo teu Corpo esvaído em sangue?

Oh! Cristo! Cristo! Meu suspiro!

Maria se cala, lacrimejante e esmagada.
Ana se cala por algum tempo e depois, com sua branca voz de anciã comovida, diz:
– Tens mais alguma coisa para ensinar-me, Maria?
Maria leva um susto. Em sua humildade, ela crê que sua mestra a esteja censurando, e diz:

– Oh! Perdão! Tu és mestra, eu sou um pobre nada. Mas esta Voz me saiu do coração. Eu bem que a vigio, para não falar. Mas, como um rio, que sob o impulso da onda, arrebenta os diques, eis que eu fui apanhada transbordando. Não faças conta de minhas palavras, e castiga a minha presunção. As palavras misteriosas deveriam ficar na arca secreta do coração, que Deus, em sua bondade, trata tão bem. Eu sei disso, mas é tão doce esta invisível Presença, que dela eu estou ébria… Ana, perdoa a tua pequena serva!

Ana a abraça, e todo o seu velho rosto rugoso treme, brilhando em prantos. As lágrimas escorrem por entre as rugas, como a água por um terreno acidentado se transforma em um pântano que treme.
Mas a velha mestra não provoca riso. Pelo contrário, o seu pranto excita a mais alta veneração.
Maria está entre os seus braços, com o rostinho contra o peito da velha mestra, e tudo termina assim.

Jesus diz:
“Maria se recordava de Deus. Sonhava com Deus. Pensava estar sonhando. Não fazia mais do que rever tudo o que o seu espírito havia visto no fulgor do Céu de Deus, no momento em que tinha sido criada, para ser unida à carne concebida na terra. Ela partilhava uma das propriedades de Deus ainda que de modo bem menor, como exigia a justiça. Assim, ela tinha a faculdade de recordar, ver e prever por atributo de uma inteligência poderosa e perfeita, não lesada pela Culpa.
9O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Uma das  semelhanças está na sua possibilidade de recordar, ver e prever, através do espírito. Isto explica  também a faculdade de ver o futuro. Muitas vezes, esta faculdade aparece, pela vontade de Deus, de modo direto, outras vezes, vem pela lembrança, que se ergue, como o sol da manhã, iluminando um determinado ponto do horizonte dos séculos, como é visto no seio de Deus. 
Estes são mistérios altos demais, para que os possais compreender plenamente. Mas, pensai. Aquela Inteligência suprema, aquele Pensamento que tudo sabe, aquela Vista que tudo vê, que vos criou por um ato de sua vontade, com um sopro de Seu infinito amor, fazendo-vos filhos Seus, por origem, filhos Seus também pela meta a que fostes destinados, poderá Ele, por acaso, dar-vos algo sem ser Ele mesmo? Ele vô-lo dá em uma medida infinitamente pequena, porque nunca uma criatura poderia ter a capacidade do seu Criador. Mas a medida que vos dá, ainda que em sua infinita pequenez, é perfeita e completa.

Que tesouro de inteligência Deus deu ao homem Adão! A culpa, certamente, diminuiu essa inteligência, mas o Meu sacrifício reintegra o homem, e abre para vós os fulgores da Inteligência, os seus canais, a sua ciência. Oh! Que sublimidade tem a mente humana, unida a Deus pela Graça, participando da Sua capacidade de conhecer!… A mente humana unida a Deus pela Graça.

Não existe outro modo. Os curiosos de segredos ultra-humanos que pensem nisso. Todo conhecimento que não proceda de uma alma em estado de graça – e não está em graça quem está contra a Lei de Deus, tão clara em suas ordens – só pode provir de Satanás. Dificilmente satanás corresponde à verdade em tudo o que se refere a assuntos humanos, e nunca corresponde à verdade no que se refere ao sobrenatural, porque o demônio é pai da mentira, conduzindo -vos consigo aos caminhos da mentira. Não há nenhum outro método para conhecer a verdade, senão o método de Deus, o qual fala, diz ou faz lembrar, assim como um pai que faz um filho recordar-se da casa paterna, ao dizer: “Estás lembrado de quando Comigo fazias isto, vias aquilo, ou ouvias aquilo outro? Estás lembrado de quando recebias o meu beijo de despedida?

Lembras-te de quando me viste pela primeira vez, o sol fulgurante do meu rosto sobre a tua alma virgem,
que tinha acabado de ser criada, e estava ainda limpa do marasmo, que mais tarde te diminuiu e degradou, quando mal acabavas de sair de Mim? Lembras-te ainda de quando chegaste a compreender, em um sobressalto de amor, o que é o Amor? Qual é o mistério do nosso Ser e da nossa Procedência?”. Até onde a
capacidade limitada do homem em estado de graça não consegue chegar, vem o Espírito falar-lhe e
ensinar-lhe.

Contudo, para o homem possuir o Espírito, é necessária a Graça. Para possuir a Verdade e a Ciência, é necessária a Graça. Para o homem ter o Pai, é necessária a Graça. A Graça é a Tenda em que as Três Pessoas fazem a sua morada, é o Propiciatório sobre o qual pousa o Eterno, e fala, não mais de dentro da nuvem, mas revelando sua Face ao filho fiel. Os santos se recordam de Deus, das palavras ouvidas da Mente criadora e que a Bondade ressuscita em seus corações, para elevá-los, como águias, à contemplação do Verdadeiro e ao conhecimento do Tempo.
Maria era a cheia de Graça. Toda a Graça, una e trina estava nela, toda a Graça una e trina a preparava como esposa para as núpcias.

Preparava-a como o leito nupcial para a prole, divinizando-a para a sua maternidade e missão. Ela é a que vem concluir o ciclo das profetisas do Antigo Testamento, e abre o ciclo dos “porta-vozes de Deus”, no Novo Testamento. 
Arca da verdadeira Palavra de Deus, olhando em seu seio eternamente inviolado, Maria descobria as palavras da ciência eterna, traçadas pelo dedo de Deus em seu coração imaculado, e se recordava, como todos os Santos, tê-las já ouvido, quando gerada com o seu espírito imortal de Deus Pai, criador de toda vida. E, se não se recordava de tudo, a respeito de sua futura missão, é porque em toda perfeição humana, Deus deixa algumas lacunas, por divina prudência, que é bondade e merecimento, em favor da criatura.

Como uma segunda Eva, Maria precisou conquistar a sua parte de merecimento, ao ser a mãe de Cristo, com uma fiel boa vontade, que Deus quis ter até em seu Cristo, para fazê-lo Redentor.
O espírito de Maria estava no Céu. Sua personalidade e sua carne estavam na terra, devendo pisar terra e carne, para chegar ao espírito e uni-lo ao Espírito, num abraço fecundo”.
Nota minha. Durante todo o dia de ontem, estive imaginando ver o  anúncio da morte dos pais de Maria, dado por Zacarias, quem saberá porquê? Assim, também eu pensava como Jesus teria tratado a “lembrança de Deus, por parte dos santos”. Hoje de manhã, quando começou a visão, eu disse:
“Agora vão dizer que Maria está órfã”, e já ia ficando com o coração pequenino porque… era a minha tristeza destes dias que eu teria visto e sentido. Pelo contrário, não há nada de tudo o que eu pensava ver ou ouvir, nem mesmo uma só palavra. Isto me consola, porque me diz que não há nada de mim própria, nem mesmo uma honesta sugestão sobre determinado ponto.
Tudo vem mesmo de outra fonte. Meu medo contínuo cessa… até a próxima vez, porque este medo de ser enganada e de enganar me haverá de acompanhar sempre.


MEDITAÇÃO DO ESTUDO
CAPITULO 8
PROSSEGUE O ASSUNTO ANTERIOR COM A EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO 12 DO APOCALIPSE.

94. O texto deste Capítulo do Apocalipse é o seguinte:
"Depois apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol.
e a lua debaixo de seus pés, e uma coroa e doze estrelas sobre a cabeça; e, estando grávida, clamava com dores de parto, e sofria tormentos para dar à luz."
E foi visto outro sinal no céu:
era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e nas suas cabeças sete diademas, e a sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, e as precipitou na terra; e o dragão parou diante da mulher, que estava para dar à luz, a fim de devorar o seu filho, logo que ela o tivesse dado à luz.

E deu à luz um filho varão, que havia de reger todas as gentes com vara de ferro, e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono, e a mulher fugiu para o deserto, onde tinha um retiro que Deus lhe havia preparado, para aí a sustentarem durante mil duzentos e sessenta dias.
E houve no céu uma grande batalha: Miguel e os seus anjos pelejavam contra o dragão, e o dragão com os seus anjos pelejavam contra ele: porém, estes ao prevaleceram, e o seu lugar não se achou mais no céu. E foi precipitado aquele grande dragão, aquela antiga serpente, que se chama o demônio e Satanás, que seduz todo o mundo; e foi precipitado na terra, e foram precipitados com ele os seus anjos. E ouvi uma grande voz no céu que dizia: Agora foi estabelecida a salvação, e a força, e o reino de nosso Deus, e o poder do seu Cristo, porque foi precipitado (do céu) o acusador de nossos irmãos, que os acusava de dia e de noite diante do nosso Deus. E eles venceram-no pelo (mérito do) sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho, e desprezaram as suas vidas, até morrer (por Cristo). Por isso, ó céus, alegrai-vos, e vós os que habitais neles. Ai da terra e do mar, porque o demônio desceu a vós com grande ira, sabendo que lhe resta pouco tempo para perder as almas).

E o dragão, depois que se viu precipitado na terra, perseguiu a mulher que tinha dado ã luz o filho varão; mas
foram dadas à mulher duas asas duma grande águia, a fim de voar para o deserto, ao lugar de seu retiro, onde é sustentada por um tempo, e por tempos, e por metade dum tempo, fora da presença da serpente. E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água (de perseguições) como um rio, para fazer que ela fosse arrebatada pela corrente. Porém, a terra ajudou a mulher, e a terra abriu a sua boca e engoliu o rio que o dragão tinha vomitado da sua boca. E o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra aos outros seus filhos que guardam os  mandamentos de Deus, e retêm a confissão de Jesus Cristo. E parou sobre a areia do mar".

O grande sinal do céu

95. Até aqui as palavras do Evangelista. Fala do presente, porque então lhe era mostrada a visão do que já havia passado, e diz: "Apareceu no céu um grande sinal, uma mulher vestida de sol, com a lua a seus pés, a cabeça coroada de doze estrelas". Por vontade de Deus, este sinal apareceu verdadeiramente no céu. Foi mostrado aos anjos bons e maus, para à vista dele determinarem suas vontades à obediência dos preceitos divinos. Assim, foi visto antes que os bons se decidissem pelo bem, e os maus optassem pelo pecado.

Constituiu uma como demonstração de quão admirável seria Deus na estrutura da natureza humana. Dela havia dado conhecimento aos anjos, com a revelação do mistério da união hipostática.
Quis, porém, manifestá-la por novo modo em pura criatura, e na mais perfeita e santa que, depois de Cristo Nosso Senhor, havia de criar: Maria, sua Mãe.
Para os bons anjos este sinal também deu a certeza de que, se a desobediência dos maus anjos ofendeu a Deus, nem por isto deixaria Ele de executar o decreto da criação dos homens.

O Verbo humanado e aquela Mulher, sua Mãe, o empenhariam infinitamente mais, do que os anjos desobedientes poderiam desobrigá-lo.
Foi como um arco-íris no céu, semelhante ao que apareceria nas nuvens depois do dilúvio (Gn 9,13), para garantir que se os homens pecassem e fossem desobedientes, como os maus anjos, não seriam castigados sem remissão. Ser-lhes ia dado salutar remédio por meio daquele maravilhoso sinal. Tal como se dissesse aos anjos: não castigarei de modo igual às criaturas que vou criar, porquanto da natureza humana descenderá esta mulher em cujas entranhas tomará carne meu Unigênito. Ele será o restaurador de minha amizade, apaziguará minha justiça, e ambos abrirão o caminho da felicidade que a culpa houver fechado.

Glorificação dos anjos fiéis

96. Em testemunho disso, depois que os anjos desobedientes foram castigados, o Altíssimo, diante daquele sinal, revelou-se aos bons, como desagravado e aplacado da ira que a soberba de Lúcifer lhe havia provocado.

Ao nosso modo de entender, alegrava-se com a presença da Rainha do céu, representada naquela imagem, dando a entender aos santos anjos que transferiria aos homens, por meio de Cristo e sua Mãe, a graça e dons que os apóstatas haviam perdido por sua rebeldia.
Outro efeito produziu também aquele grande sinal nos bons anjos. Como da porfia e contenda com Lúcifer tinham ficado, a nosso modo de entender, aflitos, perturbados e entristecidos, quis o Altíssimo que se alegrassem com a visão daquele sinal. À sua glória essencial lhes foi acrescentado este gozo ocidental, merecido também pela vitória obtida contra Lúcifer.

Vendo aquele cetro de clemência que lhes era mostrado em sinal de paz, (Est 4, 11), conheceram logo que não se estendia a eles a lei do castigo, pois haviam obedecido à divina vontade e seus preceitos. Entenderam também, nesta visão, muitos dos mistérios e sacramentos encerrados nos da Encarnação e da Igreja militante e seus membros.
Entenderam que assistiriam e ajudariam o gênero humano, guardariam os homens, defendendo-os de seus inimigos, guiando-os à eterna felicidade que eles mesmos estavam a receber pelos merecimentos do Verbo humanado. Em virtude do Cristo, previsto na mente divina, Deus os preservara da queda.

Alegria para os bons anjos, tormento para os maus

97. Havendo tudo isto produzido grande alegria para os bons anjos, outro tanto causou de tormento para os maus.
Foi princípio de seu castigo, ver que nada tinham aproveitado com sua rebeldia, e que aquela mulher os venceria, esmagando-lhes a cabeça (Gn 3, 15).

Todos estes mistérios, e outros que não posso explicar, encerrou o Evangelista nesse capítulo, principalmente neste grande sinal, ainda que o descreva obscuramente, com enigmas, até que chegasse o tempo.

Maria cheia de graça

98. O sol, que vestia a mulher, é 0 verdadeiro Sol de justiça, Deus. Entenderam os anjos a resoluta vontade do Altíssimo em sempre assistir pela graça nesta mulher, fazer-lhe sombra e defendê-la com seu invencível braço e proteção.
Tinha debaixo dos pés a lua, significando a separação que estes dois astros fazem entre dia e noite. A noite da culpa, representada pela lua, ficava a seus pés, enquanto o sol, que é o dia da graça, havia de vesti-la toda e para sempre. Exprimia também, que os minguantes da graça, aos quais pelo pecado e suas conseqüências todos os mortais ficaram sujeitos, estariam debaixo de seus pés.
Nunca poderiam subir para tocá-la no corpo ou na alma, estabelecidos para sempre nos crescentes, acima de todos os anjos e homens. Somente Ela seria livre da noite de Lúcifer e minguantes de Adão, e sempre os pisaria sem que pudessem prevalecer contra Ela. Todas as culpas e inclinações do pecado original e atual, colocou-as o Senhor, derrotadas, a seus pés.

Isto na presença de todos os anjos. Os bons a ficaram conhecendo, e os maus, ainda que não hajam compreendido todos os mistérios da visão, passaram a temer esta mulher, ainda antes que Ela começasse a existir.
Maria possuiu toda a graça e dons de todas as criaturas

99. A coroa de doze estrelas é fácil de entender. São as virtudes que haviam de coroar esta Rainha dos céus e terra.
O número doze significa as doze tribos de Israel que, por sua vez, representam a multidão dos eleitos e predestinados, como indica o Evangelista no capítulo 7 do Apocalipse (v. 4). Visto que os dons, graças e virtudes de todos os escolhidos, em grau que os ultrapassou sem medida, haviam de coroar a Rainha, se lhe põe a coroa de doze estrelas na cabeça.

Maria, sacrário da Ssma. Trindade

100. Estava grávida (Ap 12, 2) Na presença de todos os anjos, para alegria dos bons e castigo dos maus, rebeldes à divina vontade e a estes mistérios, foi manifestada que a Santíssima Trindade escolhera esta maravilhosa Mulher para Mãe do Unigênito do Pai.
Como esta dignidade de ser Mãe do Verbo era a maior, princípio e fundamento de todas as excelências desta grande Senhora, por isso foi mostrada aos anjos naquele sinal, como receptáculo de toda a Santíssima Trindade.
Pela inseparável união e existência das três pessoas divinas, mercê de sua indivisível unidade, não podem deixar de estar as três, onde está cada uma. Ainda que somente a do Verbo haja assumido carne humana e dela se achar grávida aquela mulher, toda a Trindade nela se encontrava.

101. E dando à luz  clamava (Idem). A dignidade desta Rainha e este mistério deveriam a princípio ficar ocultos, para Deus nascer pobre, humilde e escondido. Mas, depois, ergueu este nascimento, tão altos clamores, que o primeiro eco apavorou e atordoou o rei Herodes.
Obrigou os Magos a abandonarem lar e pátria para vir procurá-lo (Mt 2, 3).
Uns corações se perturbaram (Idem 2) e outros se enterneceram. Havendo crescido o fruto deste parto, e desde que foi elevado na cruz (Jo 12, 32) em diante, emitiu tão grandes brados, que foram ouvidos de Oeste a Leste e de Norte a Sul (Rm 10,18). Tanto se fez ouvir a voz desta Mulher, ao dar ao mundo a Palavra do Eterno Pai.

Maria, Mãe dolorosa

102. E sofria tormentos para dar à luz (Ap 12, 2). Estas palavras não querem dizer que daria à luz com dores, pois não era isso possível no divino parto.
Significam que foi grande dor e tormento para essa Mãe ver que, enquanto homem, aquele corpinho divinizado sairia do segredo de seu seio virginal para padecer.
Era destinado a satisfazer o Pai pelos pecados do mundo, pagando o que não havia de cometer (SI 68, 5).
Conhecendo tudo isto pela ciência das Escrituras, o natural amor de Mãe tão perfeita, por um filho divino, naturalmente lhe produziria grande sentimento, não obstante sua conformidade com a vontade do eterno Pai.
Por este tormento também se entende o que padeceria a Mãe piedosíssima, prevendo o tempo em que estaria privada da presença de seu tesouro, depois que ele deixasse seu virginal tálamo. Se bem quanto à divindade, o tinha concebido na alma, quanto à humanidade santíssima deveria ficar muito tempo separada Daquele que era Filho unicamente seu.
Determinara o Altíssimo isentá-la da culpa, mas não dos trabalhos e dores correspondentes à recompensa que lhe estava preparada. Deste modo, foram as dores deste parto (Gn 3,16), não efeitos do pecado como nas demais descendentes de Eva, mas sim, do intenso e perfeito amor desta divina Mãe, a seu único e Santíssimo Filho. Para os santos anjos foram estes mistérios motivo de louvor e admiração, e para os maus, princípio de castigo.

Castigo dos anjos rebeldes. Os sete diademas

103. "E foi visto no céu outro sinal (Ap 12, 3); um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e nas suas cabeças sete diademas; e a sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu e as precipitou na terra."
Depois do que fica explicado, seguiu-se o castigo de Lúcifer e seus aliados. Pelas suas blasfêmias contra aquela assinalada mulher, coube-lhe a pena de se ver transformado, de anjo formosíssimo em dragão horrendo e furibundo. Sua figura exterior apareceu sensivelmente, e furioso levantou sete cabeças: Sete legiões ou esquadrões, aos quais se agregaram todos os que o seguiram no pecado.

A cada um destes principados ou grupos, deu um chefe, ordenando-lhes que pecassem e tomassem por sua conta incitar aos sete pecados mortais comumente chamados capitais. Estes encerram os demais pecados, e são como cabeças dos bandos que se levantam contra Deus. A soberba, inveja, avareza, ira, luxúria, gula, preguiça, foram os sete diademas com que Lúcifer, transformado em dragão, foi coroado.

Ameaçou-lhe o Altíssimo esse castigo, que ele mesmo atraiu para si e para seus anjos confederados, como paga de sua horrível maldade. A todos foram destinados castigos e penas correspondentes à malícia de autores dos sete pecados capitais.

Os dez chifres

104. Os dez chifres das cabeças são os triunfos da iniqüidade e malícia do dragão; falsa glória, arrogante exaltação, que ele se atribui como fruto da prática dos vícios. Com estes depravados desejos e para conseguir o alvo de seu orgulho, ofereceu aos infelizes anjos sua perversa e venenosa amizade, falsos poderes, quiméricas grandezas e recompensas.
Estas promessas, cheias de bestial arrogância e erro, foram a cauda com que o dragão arrastou a terça parte das estrelas do céu. Eram os anjos estrelas, e se perseverassem na graça, resplandeceriam depois como o sol com os demais anjos e justos, em perpétuas eternidades (Dn 12, 3). Por merecido castigo foram precipitados até o centro da terra, o inferno, onde eternamente serão privados da luz e da alegria.

A realeza de Cristo. A solidão de Maria 

105. E o dragão (Ap 12, 4) pôs se diante da mulher para lhe devorar o filho quando o desse à luz. Tão desmedida foi a soberba de Lúcifer (Is 14,13-14), que pretendeu colocar seu trono nas alturas. Com sua arrogância, falou em presença daquela assinalada mulher: - Esse filho que há de nascer dessa mulher é de natureza inferior à minha e eu o devorarei e o perderei.
Contra Ele levantarei meus sequazes, semearei doutrinas contra os ensinamentos e leis que ordenar e lhe farei perpétua guerra e contradição.
Por resposta, o Altíssimo Senhor declarou que aquela mulher teria um filho (Ap 12,5) que regeria os povos com vara de ferro. - Este homem, acrescentou o Senhor, não será filho somente desta mulher, mas também meu, Deus e homem verdadeiro, poderoso para vencer tua soberba e esmagar tua cabeça. Será para ti e para todos os que te ouvirem e seguirem, juiz poderoso, que te dominará com vara de ferro (SI 2, 9) destruindo todos teus altivos e vãos pensamentos.
Este filho será arrebatado ao meu trono, onde se assentará à minha destra como juiz. Porei seus inimigos por escabelo de seus pés (SI 109, 1,2), para deles triunfar. Será premiado como homem justo e porque, sendo Deus, tanto fez por suas criaturas. Todos o conhecerão dando-lhe reverência e glória (Ap 5, 13), enquanto que tu, infelicíssimo, conhecerás o dia da ira do Todo-poderoso (Sf l,14s.). Esta mulher será levada à solidão num lugar
por mim preparado (Ap 12, 6).
Esta soledade, para onde fugiria a mulher, nossa Rainha, consistiu no fato de ser ela a única na suma santidade e isenção de todo o pecado. Sendo mulher da comum natureza dos mortais, ultrapassou a todos e aos mesmos anjos nos dons, na graça e nos merecimentos que com ela adquiriu. Fugiu e permaneceu solitária entre as puras criaturas, por ser única e sem igual. Foi tão afastada do pecado esta soledade que, desde a sua conceição, o dragão não a pôde avistar, nem sequer perceber.

Deste modo, colocou-a o Altíssimo só e única no mundo, sem contato nem sujeição à serpente, declarando peremptoriamente: desde o primeiro instante de sua existência, esta mulher será minha escolhida, unicamente para mim.
Desde já, a isento da jurisdição de seus inimigos e lhe reservo um lugar de graça, único e altíssimo, "para que ali seja alimentada durante mil duzentos e sessenta dias (Ap 12, 6)".
Durante este número de dias, a Rainha do céu estaria num estado elevadíssimo de singulares e ainda mais admiráveis benefícios interiores e espirituais.
Aconteceu isto nos últimos anos de sua vida, como em seu lugar, com a divina graça, direi . Naquele estado foi sustentada tão divinamente, que nosso entendimento é por demais limitado para compreender. Sendo estes benefícios o fim para o qual se encaminhavam os demais da vida da Rainha do céu, o remate e perfeição de todos eles, esses dias foram expressamente referidos pelo Evangelista.


MEDITAÇÃO DO ESTUDO

ÂNSIA DE DERRAMAR O SANGUE

Passados alguns dias neste modo de viver, sofrendo eu a cada hora fome e frio e mendicidade, desejava ainda, esposa minha, no meio de todos aqueles sofrimentos, derramar o sangue. Oferecia este desejo a meu Pai eterno, rogava-lhe aprouvesse receber, neste interim, o desejo e a ânsia que tinha de sofrer mais, para resgate daqueles que, devendo sofrer para satisfazer à divina justiça por suas culpas, fogem do sofrimento o mais possível e vão à busca de delícias, quando, em verdade, deveriam andar à procura de penas. Oferecia-lhe ainda meu desejo também por aqueles que, sendo inocentes, buscam sofrimentos para imitar-me. E rogava a meu Pai desse-lhes virtude e graça para executarem este desejo, a fim de poderem adquirir maior mérito junto dele, e maior glória para si mesmos. O Pai fitou tudo e tudo me prometeu, como de fato realizou e está realizando.  Efetivamente, há muitas almas inocentes que se afligem, buscam penas e fruem mais no sofrimento.

tomo 1 vida intima pdf origem-2-18  

texto da continuação se quiser tem em pdf, pois não foi possível extrair.

tomo 1 vida intima pdf origem-2-19

Assim como este Nome é júbilo para o coração das almas boas, é um raio que abate, espanta e afugenta os demônios. Ofereci-me, pois, inteiramente a meu Pai em prol da Redenção humana. Disse-lhe que, se lhe aprouvesse tirar-me a vida no instante da circuncisão, sacrificá-la-ia de bom grado e, embora soubesse muito bem não ser esta sua vontade, não obstante quis fazer este ato de oferecimento e de resignação, não querendo deixar de realizar os atos de homenagem, de obediência e de resignação que devia a tal Pai, e isto, para suprir pela falta dos homens que pensam em tudo, menos em viverem sujeitos a seu Pai celeste que os criou e os conserva.

CIRCUNCISÃO DE JESUS

Chegada a hora desejada, eu fui circuncidado. Senti grande dor em minha humanidade, chorei naquele instante e ofereci a meu Pai o sangue derramado, juntamente com as lágrimas, para convertê-las em lenitivo das chagas, as quais por demais a culpa costuma fazer nas almas de meus irmãos. Chorei por causa da dor que senti no talho; muito mais, porém, chorei ao pensar nas almas pecadoras que morrem pelo gládio da culpa e foram separadas de mim, sua verdadeira vida. O Pai aceitou esta oferta de meu sangue e de minhas lágrimas. Prometeu-me ter sempre pronto tal lenitivo para cada alma que a Ele recorra e, arrependida de seus erros, peça remédio e conforto para suas chagas. Efetivamente, não se encontra nem sequer uma só que, recorrendo a Ele a fim de obter salvação e conforto, não o obtenha, porque meu Pai está sempre pronto a dá-lo a cada um que lhe peça com fé e amor. Experimentei ainda no íntimo consolação e inexplicável alegria durante o ato da circuncisão, vendo cumprido, em parte, meu ardente anelo de derramar o sangue pela salvação de meus irmãos. À dor e às lágrimas misturou-se a consolação por realizar-se meu desejo. Ofertei-a ainda a meu Pai e pela consolação sentida ao derramar o sangue, pedi-lhe se dignasse fazer experimentar semelhante consolação a todas as almas que vertem sangue nas penitências, ou em desconto de suas culpas, ou mesmo em satisfação das culpas alheias. Meu Pai atendeu-me ainda nisto e, de fato, vai realizando-o naqueles que se exercitam nesta prática de penitência. Bem pode testificá-lo quem experimenta seus efeitos, quando a faz verdadeiramente com o único motivo de satisfazer à justiça divina e não por vaidade e fins desregrados, conforme fazem muitos que, por esta razão, não experimentam o consolo que mereci com minhas súplicas ao Pai eterno.

GRAÇAS PARA O MINISTRO

Olhei, depois, com olhar amoroso o ministro que me circuncidou e roguei a meu Pai lho remunerasse, embora tenha sido ação tão dolorosa para mim. Meu Pai favoreceu-o com graça abundante e iluminou-lhe a mente com uma luz superior, e embora não conhecesse então inteiramente o mistério, sentiu os efeitos divinos em sua alma e a seu tempo foi escriba de minha Lei. Pedi ainda ao Pai se dignasse comunicar sentimento semelhante a todos os meus irmãos, isto é, que considerassem as criaturas que lhes causassem dores e sofrimentos, não como causa prímária de seus males, mas como ministros da_ justiça divina. E por isto pedissem por aqueles que os afligem sofrimentos , e assim merecessem mais. Todavia, como não podem fazê-lo sem particular graça e luz sobrenatural para conhecerem como devem proceder em relação a esses tais, roguei ao Pai se dignasse conferir este sentimento a cada um de meus irmãos. O Pai tudo me prometeu e, de fato, executa-o e age deste modo. No entanto, as almas obcecadas pela paixão e vencidas pelo amor próprio não se abrem, para que semelhantes inspirações lhe causem a impressão que causariam; se, despojadas do amor próprio, se entregassem, inteiramente às mãos de Deus, se expulsassem as trevas da paixão dos sentidos, as luzes da graça divina teriam efeito. Quando a graça e as luzes divinas não produzem efeito nas almas, tudo isso procede das imperfeições nas quais a alma está embaraçada. Não quer dizer que meu Pai não dê a cada um graça e luzes para poder fazer e agir assim como lhe ensinei, máxime nesta questão de orar por aqueles que lhe dão motivo e ocasião de sofrimento, o que tantas vezes pratiquei e ensinei a meus irmãos, no próprio ato de minha circuncisão.

O SOFRIMENTO AUMENTA O AMOR.

Ao sentir essa dor, minha humanidade abraçou e estreitou com veemência mais amorosa meu Pai, ao qual já estava unida pela união hipostática com o Verbo e por isso unidos sempre em perfeito amor — embora naquele sofrimento tão doloroso e derramamento de sangue para cumprir a sua vontade, minha humanidade tenha experimentado um impulso de amor mais vigoroso e de maior afeição. Quis experimentar em mim mesmo como o sofrimento é capaz de fazer crescer o amor para com o objeto amado, quando as penas são sofridas de bom grado pelo amado, pois derivam do mesmo o sofrimento juntamente com o amor. Neste fato, porém, roguei a meu Pai se dignasse dar o gosto e a consolação no sofrer, simultaneamente com um aumento de seu amor, a todas as almas verdadeiramente a Ele unidas e por Ele amadas, a fim de que, no meio das penas prestem ao mundo testemunho do verdadeiro amor para com seu Deus; desse-lhes muita graça e virtude, pois a fraqueza humana não pode chegar por si mesma a tal perfeição, nem a amor tão perfeito, se meu Pai não lhos comunicar de modo especial. Efetivamente, o está fazendo, não deixando de dar a cada alma fiel a graça, a virtude e o amor necessários em casos semelhantes, conforme me prometeu. No entanto, poucos são os que aproveitam tão nobre graça; não se corrigem, nem se aplicam a adquirir grande mérito, amor e virtude.


OUÇA A MEDITACAO
12-12
Junho 14, 1917

Quanto mais a alma se despe de si, tanto mais Jesus a veste dele.

(1) Continuando o meu estado habitual, estava a pedir ao meu amável Jesus que viesse em mim a amar, a rezar, a reparar, porque eu não sabia fazer nada, e o doce Jesus movido a compaixão pela minha nulidade, veio, ficando comigo a rezar, amando e reparando junto comigo, e depois me disse:

(2) "Minha filha, quanto mais a alma se despoja de si, tanto mais a visto de Mim; quanto mais crê que não pode fazer nada, tanto mais faço eu nela e faço tudo; sinto que a criatura põe em ação todo meu amor, minhas orações, minhas reparações, etc., e para fazer-me honra a mim mesmo, Vejo o que quer fazer: Amar? Vou a ela e amo junto com ela. Quer rezar? Rezo junto com ela; em suma, seu despojar-se de si e seu amor, que é meu, me amarram e me obrigam a fazer junto com ela o que quer fazer, e Eu dou à alma o mérito de meu amor, de minhas orações e reparos, e com sumo prazer meu sinto repetir minha Vida, e faço descer a bem de todos, os efeitos do meu agir, porque não é da criatura que está escondida em Mim, mas meu".

13-10
Julho 26, 1921

O Querer Divino é mais que vida da alma

(1) Meu doce Jesus continua me falando de seu Santo Querer:
(2) "Minha filha, se o sol é o rei do universo, se com sua luz simboliza minha majestade e com seu calor meu amor e minha justiça, que quando encontra a terra que não quer prestar-se a sua fecundidade, com seu alento ardente a acaba de secar e torná-la estéril; a água se pode dizer rainha da terra, porque simbolizando a minha Vontade não há ponto onde não entre, nem há criatura que possa estar sem Ela; talvez sem o sol se possa viver, mas sem a água nenhum, ela entra em tudo, até nas veias, nas vísceras humanas, Como nas profundezas da terra, ela em
silêncio faz seu curso contínuo, pode-se dizer que a água não só é rainha, mas é como a alma da terra, sem a água a terra seria como um corpo morto. Tal é minha Vontade, não só é rainha, mas é mais que alma de todas as coisas criadas, é vida de cada batimento, de cada fibra do coração. Meu Querer, como água corre em tudo, agora silencioso e escondido, agora palpitante e visível.

O homem pode se subtrair de minha luz, de meu amor, de minha graça, mas de minha Vontade jamais, seria como um que quisesse viver sem água, é verdade que pode haver algum louco que odeie a água, mas apesar de a odiar, que não a ame, estará obrigado a beber, ou a água ou a morte. Assim é de minha Vontade, sendo vida de tudo, as criaturas, ou a terão com elas com amor ou com ódio, mas apesar de tudo estarão obrigadas a fazer correr meu Querer nelas, como o sangue nas veias, e quem quisesse subtrair-se de meu Querer seria como suicidar-se a própria alma; mas meu Querer não o deixaria, seguiria sobre ele o curso da justiça, não tendo podido seguir sobre ele o curso dos bens que contém meu Querer. Se o homem soubesse o que significa fazer ou não fazer minha Vontade, todos tremeriam de espanto ao só pensamento de subtrair-se por um só instante de meu Querer".

14-10
Março 7, 1922

As palavras de Jesus estão cheias de verdade e de luz, e levam consigo a substância e a virtude de transmutar a alma na mesma verdade, na mesma luz e no mesmo bem que contêm.

(1) Estava pensando no que está escrito e dizia entre mim: "É realmente Jesus que me fala, ou então é um jogo do inimigo e de minha fantasia?" E Jesus, ao vir, disse-me:
(2) "Minha filha, as minhas palavras estão cheias de verdade e de luz, e levam consigo a substância e a virtude de transmutar a alma na mesma verdade, na mesma luz e no mesmo bem que contêm, de modo que a alma não só conhece a verdade, mas sente nela a substância de agir segundo a verdade que conheceu, além disso, as minhas verdades estão cheias de beleza e de atrativos, de modo que a alma envolta pela sua beleza se faz arrebatada por
elas. Em Mim tudo é ordem, harmonia e beleza, olhe, criei o céu e podia bastar ele sozinho, mas não, quis adorná-lo de estrelas, quase cobrindo-o de beleza para fazer com que o olho humano pudesse gozar mais das obras de seu Criador; criei a terra e a adornei com tantas plantas e flores;

Não há nada que eu ache que não tenha o seu ornamento, e se isto é na ordem das coisas criadas, muito mais nas minhas verdades que têm a sua sede na minha Divindade, que enquanto parece que chegam à alma, são como raios solares que enquanto tocam e aquecem a terra, mas jamais se separam do centro do sol, e a alma fica tão apaixonada pelas minhas verdades que lhe é quase impossível, mesmo à custa da própria vida, não pôr em prática a verdade que conheceu. Ao contrário, quando é o inimigo ou especulações da fantasia que querem falar de verdade, não levam nem luz nem substância, nem beleza, nem aliciamento, são verdades vazias, sem vida, e a alma não sente a graça de sacrificar-se para praticá-las, mas as verdades que o teu Jesus te diz estão cheias de vida e de tudo o que as minhas verdades contêm, por que duvidas?

15-10
Março 18, 1923

Como se toma posse dos bens que contém a Divina Vontade

1) Estava toda a abandonar-me na Santíssima Vontade do meu doce Jesus apesar de me sentir  privada dele e como trespassada no coração, e pensava entre mim: "Para o que tem servido me haver falado tanto de seu Eterno Querer se agora me deixou? Aliás, suas mesmas palavras são feridas ao meu coração que me rasgam em pedaços, se bem estou resignada, beijo essas mesmas feridas que me laceram, a mão que me fere, mas sinto ao vivo que tudo para mim terminou".

Enquanto pensava isto, o meu doce Jesus moveu-se dentro de mim, e pondo-me os braços ao pescoço disse-me:
(2) "Minha filha, minha filha, não temas, nada terminou entre Eu e tu, teu Jesus é sempre para ti teu Jesus. A coisa mais forte que liga a alma é perder sua vontade na minha, como posso deixá-lo? E além disso, se tanto te falei de meu Querer, são tantos vínculos de união indissolúvel que pus entre Eu e você; meu Eterno Querer, falando-te, vinculava teu pequeno querer com os vínculos de meu Eterno Querer por quantas palavras te dizia, além disso deves saber que ao criar o homem, nossa primeira Suprema Vontade foi que devia viver em nosso Querer, e devendo viver nele devia tomar do nosso para viver a nossas expensas, correspondendo à nossa Vontade com tantos atos divinos por quantos atos humanos fazia na nossa, e isto para enriquecê-lo com todos os bens que nossa Vontade contém, mas o homem quis viver em seu querer, a suas expensas, e por isso se exilou de sua pátria e perdeu todos estes bens; assim que meus bens ficaram sem herdeiros, eram imensos e nenhum os possuía. Então entrou minha Humanidade para tomar posse de todos estes bens com o viver a cada instante neste Querer Eterno, quis viver sempre a suas expensas, nascer, crescer, padecer, obrar e morrer no eterno beijo do Querer Supremo, E, como vivia nele, assim me foi dada a posse dos muitos bens desocupados que o homem ingrato tinha posto no esquecimento.

Agora minha filha, minha Sabedoria infinita com te haver falado tanto de meu Querer, não foi só para te dar a simples notícia, não, não, foi para te fazer conhecer o viver em meu Querer, os bens que há nele, e enquanto fazes o caminho nele tomas a posse deles. Minha humanidade fez tudo, tomou posse de tudo, não para Mim só, mas para abrir as portas a meus demais irmãos. Esperei tantos séculos, passaram tantas gerações; esperarei ainda, mas o homem deve retornar a Mim sobre as asas de meu Querer, de onde saiu, por isso seja tu a primeira bem vinda, e minhas palavras te sirvam de estímulo para tomar posse, e de correntes que te atem tão forte que não te deixem jamais sair de minha Vontade".

16-10
Julho 30, 1923

A alma é a flor celestial.

(1) Estava a meditar no Santo Querer Divino e o meu doce Jesus ao vir disse-me:
(2) "Minha filha, cada vez que a alma entra no meu Querer para rezar, operar, etc., tantas diversas tintas divinas recebe, uma mais bela do que a outra. Você não vê quanta variedade de cores e beleza contém toda a natureza? Elas são as sombras da variedade de cores e beleza que contem minha Divindade; mas onde adquirem as plantas e as flores a variedade das cores? A quem dei o ofício de colorir com tantas variadas tintas a tanta diversidade de plantas? Ao sol. Sua luz e seu calor contêm fecundidade e variedade de cores tais, de embelezar toda a terra, e só com que a planta se exponha aos beijos de sua luz, aos abraços de seu calor, a flor se abre e como correspondendo lhe o beijo e o abraço, recebe os matizes das tintas e forma sua bela coloração.

(3) Agora, a alma que entra na minha Vontade simboliza a flor que se expõe a receber o beijo e o abraço do sol para receber as diversas tintas que o sol contem, e ao corresponder-lhe, recebe as diversas tintas da Natureza Divina. É propriamente a alma a flor celestial, que o sol eterno com o sopro de sua luz tem colorido tão bem, de perfumar Céu e terra e alegrar com sua beleza à mesma Divindade e a toda a corte celestial. Os raios de meu Querer a esvaziam o que é humano e a enchem do que é Divino; por isso se vê nela a bela íris de meus atributos. Por isso minha filha, entra frequentemente em meu Querer para receber as nuances e as variadas tintas da semelhança do teu Criador".

17-11

18
Setembro 6, 1924

Imagem do estado da Igreja. Necessidade de a purificar.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual encontrei-me fora de mim mesma, e com grande surpresa minha encontrei no meio de um caminho uma mulher atirada por terra, toda cheia de feridas e os membros todos desconjuntados, não havia osso em seu lugar. A mulher, embora tão maltratada que parecia o verdadeiro retrato da dor, era bela, nobre, majestosa, mas ao mesmo tempo dava piedade vê-la abandonada por todos, exposta a quem quisesse fazer-lhe mal. Então, movida a compaixão olhava ao redor para ver se havia alguém que me ajudasse a levantá-la e colocá-la em lugar seguro, e oh! maravilha, junto a mim estava um jovem que me parecia que fosse
Jesus, e juntos a levantamos da terra, mas a cada movimento sofria penas dilacerantes devido ao deslocamento dos ossos. Assim, pouco a pouco a transportamos dentro de um palácio, pondo-a sobre uma cama, e junto com Jesus, que parecia que amava tanto a essa mulher que queria dar-lhe sua própria Vida para salvá-la e dar-lhe a saúde, tomávamos em nossas mãos os membros deslocados para colocá-los em seu lugar; ao toque de Jesus os ossos tomavam seu lugar e aquela mulher se transformava em uma bela e graciosa menina. Eu fiquei espantada com isso, e Jesus me disse:.

(2) "Minha filha, esta mulher é a imagem da minha Igreja. Ela é sempre nobre, cheia de majestade e santa, porque sua origem está no Filho do Pai Celestial; mas a que estado tão doloroso a reduziram os membros a Ela incorporados, não contentes com não viver santamente, a par dela, a levaram no meio da rua, expondo-a ao frio, às zombarias, aos golpes, e seus próprios filhos, como membros deslocados, vivendo no meio da rua se deram a todo tipo de vícios; o amor ao interesse, predominante neles os cega e cometem as mais feias infâmias e vivem junto a Ela para feri-la e gritar-lhe continuamente:
Seja crucificada, seja crucificada'. Em que estado tão doloroso se encontra a minha Igreja, os ministros que deveriam defendê-la são os seus mais cruéis algozes; mas para renascer é necessária a destruição destes membros e incorporar-lhe membros inocentes, desinteressados, que vivendo a par com Ela, retorne bela e graciosa menina, tal qual Eu a constituí, sem malícia, mais simples menina, para crescer forte e saudável. Esta é a necessidade de que os inimigos iniciem a batalha, para que se purifiquem os membros infectados. Tu reza e sofre a fim de que tudo redunde para minha glória".

(3) Dito isto encontrei-me em mim mesma.

18-12
Novembro 9, 1925
Fundir-se no Querer Divino é o ato maior e o que mais honra ao nosso Criador.

(1) Estava segundo meu costume Fundindo-me no Santo Querer Divino, para logo fazer minha adoração a meu crucificado bem, e como mais de uma vez enquanto estava fazendo meus atos no Querer Supremo tinha-me surpreendido o sonho, o que antes jamais me acontecia, por isso não havendo cumprido o um nem feito a adoração, disse entre mim: "Primeiro faço a adoração ao crucifixo, e se não me surpreende o sono me fundirei no Querer Divino para fazer meus acostumados atos". Mas enquanto isso pensava, meu doce Jesus saiu de dentro de mim, e colocando seu rosto junto ao meu me disse:.

(2) "Minha filha, quero que primeiro te fundas em meu Querer, que venhas diante à Majestade Suprema para reordenar todas as vontades humanas na Vontade de seu Criador, para reparar com minha mesma Vontade todos os atos das vontades das criaturas opostas à minha. Vontade saiu de Nós para divinizar a criatura, e vontade queremos, e quando esta Vontade é rejeitada por elas para fazer a própria, é a ofensa mais direta ao Criador, é o desconhecer todos os bens da Criação e afastar-se de sua semelhança. E te parece pouco que tu, fundindo-te em minha Vontade tomes como em teu regaço toda esta Vontade minha, que se bem que seja uma, a cada criatura leva seu ato divinizador e tu, reunindo-os todos juntos estes atos de minha Vontade me traz ante a Majestade Suprema para correspondê-los com a tua junto à Minha, com teu amor refazendo todos os atos opostos das criaturas, e tomada esta minha mesma Vontade, que surpreenda de novo as criaturas com atos mais repetidos, a fim de que a conheçam, a recebam nelas como ato primeiro, a amem e cumpram em tudo esta Santa Vontade? A adoração a minhas chagas mais de uma me faz, mas devolver os direitos a minha Vontade como ato primeiro que fiz para o homem, não me faz nenhum, por isso cabe a você, que tem uma missão especial em minha Vontade, fazê-lo. E se, enquanto isso, o sono te surpreender, nosso Pai Celestial olhará para você com amor ao vê-lo
dormir em seus braços, vendo sua pequena filha, que ainda dorme, tem em seu pequeno colo todos os atos de sua Vontade para repará-los, Corresponder-lhes em amor e dar a cada ato de nossa Vontade a honra, a soberania e o direito que lhe convém. Por isso, primeiro cumpre o teu dever, e depois, se puderes, farás também a adoração às minhas chagas".
(3) Sejam sempre dadas graças a Jesus, esta noite, por sua bondade, fiz uma coisa e outra.

19-10
Abril 4, 1926

Tudo o que Nosso Senhor faz na alma que vive em Sua Vontade, supera tudo o que fez na Criação. A Divina Vontade forma a completa ressurreição da alma em Deus.

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, sentia-me toda imersa em meu amável Jesus, e minha pobre mente se perdia nos conhecimentos divinos, mas tudo era silêncio por parte minha e por parte de Jesus, nem eu sei dizer o que minha mente compreendia. Pouco depois me falou de novo e me disse:.

(2) "Minha filha, tudo o que faço na alma, oh, quanto supera a tudo o que fiz na Criação! Olhe, todo conhecimento que manifesto sobre minhas perfeições, toda verdade que pertence à Divindade, é um novo céu que estendo na alma, e conforme a alma se eleva nas verdades conhecidas para assemelhar-se a seu Criador, são novos sóis que venho a formar no espaço destes céus; cada graça que Eu despejo e cada vez que renovo a união Comigo, são mares que se estendem na alma, e seu amor e sua correspondência formam o doce murmúrio nestes mares e as ondas impetuosas que se elevam até o Céu, que vão descarregar-se aos pés do trono divino. Enquanto a alma pratica suas virtudes, como o corpo contribui junto ao exercício delas, este pode-se chamar o pequeno terreno da alma, onde Eu estendo os mais belos prados floridos, onde Eu me deleito em criar sempre novas flores, plantas e frutos..
(3) Se Eu sou um ato só, e feito uma vez está feito para sempre, também a Criação devia ser um ato só, e assim como na Criação meu ato só continua conservando-a sempre nova, íntegra e fresca, nas almas minha criação é contínua, não o interrompo jamais, sempre, sempre estou em ato de formar coisas mais belas, coisas surpreendentes e novas, a menos que encontre almas que me fechem as portas e detenham meu ato contínuo da criação, e então busco outro meio de dar, abundo, multiplico meu ato continuado nas almas que têm as portas abertas e com elas me deleito e continuo o ofício de Criador. Mas sabes tu onde não se interrompe jamais este meu ato continuado? Na alma que vive em minha Vontade, ah! sim, só nela posso fazer livremente o que quero, porque minha Vontade que contém a alma me prepara para receber meu Fiat que saiu na Criação, assim que minha Vontade possuída pela alma e aquela que tenho Eu, se dão as mãos, se beijam e formam os maiores portentos, por isso seja sempre atenta e seu vôo seja sempre no meu Querer".

(4) Depois disso, eu estava pensando sobre a Ressurreição de Nosso Senhor, e Ele, voltando de novo adicionou:.
(5) "Minha filha, minha Ressurreição completou, selou, restituiu-me todas as honras e chamou a vida a todas as minhas obras que fiz no curso de minha Vida sobre a terra, e formou o germe da ressurreição das almas, e até a dos corpos no juízo universal; assim que sem minha Ressurreição, minha Redenção seria incompleta e minhas mais belas obras teriam sido sepultadas. Assim a alma, se não ressurge de todo em minha Vontade, todas suas obras ficam incompletas, e se o frio nas coisas divinas serpentea, as paixões a oprimem, os vícios a tiranizam, tudo isso formará o túmulo onde enterrá-la, porque, faltando a vida da minha vontade, faltará quem faça ressurgir o
fogo divino, Não haverá quem, de uma só vez, elimine todas as paixões e faça ressurgir todas as virtudes. Minha Vontade é mais que sol que eclipsa tudo, fecunda tudo, converte tudo em luz e forma a completa ressurreição da alma em Deus".

20-10
Outubro 13, 1926

A Divina Vontade formará o eclipse à vontade humana.

(1) Estava fundindo-me toda no Santo Querer Divino, e enquanto girava n‟Ele fazendo minhas ações, meu amado Jesus se moveu dentro de mim e me disse:
(2) "Minha filha, cada ato, oração e pena que a alma faz entrar na luz da minha Vontade, transforma-se em luz e forma um raio a mais no Sol do Eterno Querer; estes raios formam a glória mais bela que a criatura pode dar ao Fiat Divino, de modo que vendo-se tão glorificado por sua mesma luz, investe estes raios com novos conhecimentos seus, que convertendo-se em vozes, manifestam à alma outras surpresas de minha Vontade, mas sabes tu que coisa formam estes meus conhecimentos à criatura? Formam o eclipse da vontade humana; quanto mais forte é a luz, quanto mais raios há, tanto mais a vontade humana fica deslumbrada e eclipsada pela luz de meus conhecimentos, de maneira que quase se sente impotente para agir e dá o campo à ação da luz de
minha Vontade; a vontade humana fica ocupada na ação da minha e lhe falta tempo, lugar para fazer obrar à sua; é como o olho humano quando olha fixamente ao sol, a força da luz investe a pupila e dominando-a a faz incapaz de ver outras coisas, mas apesar disso não perdeu a vista, é a força da luz que tem esta potência, que qualquer um que a olhe tira qualquer outro objeto e não a deixa ver outra coisa senão luz.

Eu não tirarei jamais o livre arbítrio à vontade humana, dom grande dado às criaturas ao criá-las e que as fazem distinguir se querem ser verdadeiras filhas minhas ou não, senão que melhor, com a luz dos conhecimentos de minha Vontade, formarei mais que raios solares, que quem quiser conhecê-los e olhá-los ficará revestido por esta luz, de modo que a vontade humana eclipsada sentirá gosto e amor em olhar a luz, e se sentirá afortunada de que a ação da luz tome lugar em vez da sua, e perderá o amor, o gosto das demais coisas. Por isso estou dizendo tanto sobre minha Vontade, para formar a luz forte, porque quanto mais forte é, tanto mais é o eclipse que forma para manter ocupada a vontade humana. Olhe o céu, é imagem disto, se você o vê de noite, o vê cravado de estrelas, mas se o vê de dia, as estrelas não existem mais para o olho humano, mas no céu continuam em seu lugar como estão na noite; quem teve esta
força de fazer desaparecer as estrelas enquanto estão em pleno dia?

O sol com a força de sua luz as eclipsou, mas não as destruiu, assim é verdade, que assim que o sol começa a se pôr, assim voltam a fazer-se ver na abóbada do céu, parece que têm medo da luz e se escondem para dar o campo à ação da luz do sol, porque sabem em sua linguagem muda que o sol contem mais efeitos de bens para a terra, e é justo que deem todo o campo à grande ação do sol, e que elas como homenagem a ele se façam eclipsar por sua luz, mas quando termina o eclipse se deixam ver que estão em seu lugar. Assim será entre o sol dos conhecimentos do Fiat Supremo e entre as vontades humanas que se farão iluminar por estes raios de luz de meus conhecimentos, estes levarão o eclipse às vontades humanas, as quais vendo o grande bem da ação de sua luz, terão vergonha, medo de agir com a vontade humana e darão livre campo à ação da luz do Querer Divino, por isso quanto mais rezas e sofres n‟Ele, tantos mais conhecimentos atrais para manifestar-te, e mais intensa se forma a luz para poder formar o doce eclipse à vontade humana, assim poderei estabelecer o reino do Fiat Supremo".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LIVRO DO CÉU VOLUME 1 - SERVA DE DEUS LUISA PICCARRETA

  Luísa Piccarreta A pequena filha da Divina Vontade O REINO DA DIVINA VONTADE EM MEIO AS CRIATURAS LIVRO DO CÉU A CHAMADA ÀS CRIATURAS À OR...