ESCOLA DA DIVINA VONTADE - TERCEIRA SEMANA DE ESTUDOS

  VÍDEO DA MEDITAÇÃO

1-2 Ensina-lhe o desapego. Desapego do mundo exterior.

(15) Depois o Divino Mestre dá início, põe sua mão para desapegar meu coração de todas as criaturas, e com voz interior me dizia:
(16) "Eu sou o único que merece ser amado; olha, se você não tirar este pequeno mundo que o rodeia, isto é, pensamentos de criaturas, imaginações, Eu não posso entrar livremente em seu coração, este murmúrio em sua mente é impedimento para te deixar ouvir mais clara minha voz, para derramar as minhas graças e para te fazer apaixonar verdadeiramente por Mim. Prometa ser toda minha e eu mesmo porei mãos à obra. Tu tens razão em que não podes nada, não temas, Eu farei tudo, dá-me a tua vontade e isso me basta".

(17) E isto acontecia mais freqüentemente na Comunhão; então lhe prometia ser toda sua, pedia perdão por que até aquele momento não o havia sido, lhe dizia que verdadeiramente o queria amar e lhe rogava que não me deixasse nunca mais só sem Ele. E a voz continuava:

(18) "Não, não, virei contigo para observar todas as tuas ações, movimentos e desejos".

(19) Todo o dia o sentia sobre mim, me repreendia de tudo, como por exemplo se me entretinha demasiado falando com a família de coisas indiferentes, não necessárias, a voz interna me dizia:
(20) "Estas conversas enchem-te a mente de coisas que não me pertencem a Mim, circundam-te o coração de pó, de modo que te faz sentir débil minha Graça, não mais viva. ¡ Ah! Me imite quando estava na casa de Nazaré, minha mente não se ocupava de outra coisa que da glória do Pai e da salvação das almas, minha boca não dizia outra coisa que discursos santos, com minhas palavras buscava reparar as ofensas ao Pai, tratava de assar os corações e atraí-los ao meu Amor, e
primariamente a minha Mãe e a São José, em uma palavra, tudo nomeava a Deus, tudo era feito por Deus e tudo a Ele se referia. Por que você não poderia fazer o mesmo?"
(21) Eu ficava muda, toda confusa, tratava por quanto mais podia de estar sozinha, confessava-lhe minha debilidade, pedia-lhe ajuda e graça para poder fazer o que Ele queria, porque por mim só não sabia fazer outra coisa que mal. Se durante o dia minha mente se ocupava em pensar em pessoas às quais eu queria, em seguida me repreendia dizendo-me:
(22) "Isto é o bem que me queres? Quem te amou como Eu? Olhe, se você não acabar com isso Eu te deixo".
(23) Às vezes eu me sentia dando tais e tantas reprovações amargas, que não fazia outra coisa que chorar. Especialmente uma manhã, depois da Comunhão, deu-me uma luz tão clara sobre o grande amor que Ele me dava e sobre a volubilidade e inconstância das criaturas, que o meu
coração ficou tão convencido, que daí em diante já não foi capaz de amar a nenhuma pessoa.

Ensinou-me a amar as pessoas sem me separar Dele, isto é, a olhar para as criaturas como imagem de Deus, de modo que se recebia o bem das criaturas, devia pensar que só Deus era o primeiro autor daquele bem e que se tinha servido da criatura para me dar, então meu coração se unia mais a Deus. Se recebia mortificações, devia vê-las também como instrumentos nas mãos de Deus para a minha santificação, por isso meu coração não ficava ressentido com meu próximo.

Então por este modo acontecia que eu olhava as criaturas todas em Deus, por qualquer falta que visse nelas jamais lhes perdia a estima, se zombavam de mim me sentia obrigada com elas pensando que me faziam fazer novas Aquisições para minha alma, se me louvavam, recebia com desprezo estes louvores dizendo: "Hoje isto, amanhã podem me odiar, pensando em sua inconstância". Em suma, meu coração adquiriu uma liberdade que eu mesma não sei explicar.

2-1

(16) Agora, enquanto me encontro fora de mim mesma e encontrando-me no alto dos céus pareceu-me ver Deus dentro de uma luz e Ele mesmo parecia também luz e nesta luz encontrava-se beleza, força, sabedoria, imensidão, altura, profundidade sem limites nem confins, Assim, também no ar que respiramos é o próprio Deus que se respira, assim que cada um pode fazê-lo como vida própria, como de fato é. Então, nada lhe escapa e nenhuma lhe pode escapar. Esta luz parece ser toda voz sem que fale, toda obrante enquanto sempre repousa; encontra-se por toda parte sem estorvar em nada, e enquanto se encontra em toda parte, tem também seu centro. ¡ Oh Deus, como Sois incompreensível! Vejo-te, sinto-te, és a minha Vida, restringes-te em mim, enquanto ficas sempre imenso e nada perdes de Ti, no entanto sinto-me balbuciante e me parece não saber nem dizer nada.

(17) Para me poder explicar melhor segundo a nossa linguagem humana, direi que vejo uma sombra de Deus em tudo o que foi criado, porque em tudo o que foi criado, onde lançou a sombra da sua beleza, onde os seus perfumes, onde a sua luz, como no sol, onde vejo uma sombra especial de Deus, Vejo-o como delineado neste astro, que é como o rei dos planetas. O que é o sol? Não é outra coisa que um globo de fogo, um é o globo, mas muitos são os raios,
de modo que então podemos compreender facilmente:

(18) 1° O globo é Deus, os raios os imensos atributos de Deus.
(19) 2°. O sol é fogo, mas ao mesmo tempo é luz e é calor, assim que a Santíssima Trindade está representada no sol: O fogo é o Pai, a luz é o Filho, o calor é o Espírito Santo, mas um é o sol, e assim como não se pode dividir o fogo da luz e do calor, assim uma é a potência do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que entre eles não se podem realmente separar. E assim como o fogo produz luz e calor ao mesmo tempo, assim não se pode conceber o fogo sem se conceber
também a luz e o calor, assim não se pode conceber o Pai antes do Filho e do Espírito Santo e assim reciprocamente, têm os Três o mesmo princípio eterno.

(20) Acrescento que a luz do sol se expande por toda parte; assim Deus, com sua imensidão onde quer penetra, porém recordemos que não é mais que uma sombra, porque o sol não chegaria onde não pode penetrar com sua luz, mas Deus penetra onde quer que fosse. Deus é Espírito puríssimo e nós o podemos simbolizar no sol que faz penetrar seus raios em qualquer lugar, sem que ninguém os possa tomar entre as mãos, Deus olha tudo, as iniquidades, as infâmias dos homens e Ele fica sempre o que é, puro, santo, imaculado. Sombra de Deus é o sol que manda sua luz sobre as imundícias e fica imaculado, expande sua luz no fogo e não se queima, no mar, nos rios e não se afoga, dá luz a todos, fecunda tudo, dá vida a tudo com seu calor e não empobrece de luz, nem perde nada de seu calor e muito mais, enquanto faz tanto bem a todos, ele de nenhum tem necessidade e fica sempre o que é, majestoso, resplandecente, sem jamais mudar-se. ¡Oh! Como se representam bem no sol as qualidades divinas, Deus, com sua imensidão se encontra no fogo e não arde, no mar e não se afoga, sob nossos passos e não o pisamos, dá a todos e não empobrece e de ninguém tem necessidade, vê tudo, mas é todo olhos e não há coisa que não sinta, está ao dia de cada fibra de nosso coração, de cada pensamento de nossa mente, e sendo Espírito puríssimo não tem nem ouvidos, nem olhos, e aconteça o que acontecer não muda jamais. O sol, investindo o mundo
com a sua luz, não se cansa, assim Deus, dando vida a todos, ajudando e regendo o mundo, não se cansa. Para não gozar mais a luz do sol e seus benéficos efeitos, o homem pode esconder-se, pode pôr obstáculos, mas ao sol nada lhe faz, permanece como é, o mal cairá todo sobre o homem. Assim o pecador, com o pecado pode afastar-se de Deus e não gozar mais de suas benéficas influências, mas a Deus nada lhe faz, todo o mal é seu.

(21) Também o arredondamento do sol me simboliza a eternidade de Deus, que não tem nem princípio nem fim. A mesma luz penetrante do sol, que ninguém pode conter em seu olho, e que se alguém quisesse olhá-lo fixamente em pleno meio-dia ficaria ofuscado, e se o sol se quisesse aproximar do homem, este ficaria reduzido a cinzas. Assim do Sol Divino, nenhuma mente criada pode restringi-lo em sua pequena mente para compreendê-lo em tudo o que é, e
se quisesse esforçar-se ficaria deslumbrada e confusa, e se este Sol Divino quisesse fazer ostentação de todo seu amor, fazendo-o sentir ao homem enquanto ainda está em carne
mortal, o homem ficaria incinerado. Portanto, Deus tem posto uma sombra de Si e de suas perfeições em tudo o que criou, assim parece que o vemos e o tocamos e por Ele ficamos
tocados continuamente.

(22) Além disso, depois de o Senhor ter dito aquelas palavras: "A fé é Deus". Eu disse-lhe:
"Jesus, tu amas-me?"
(23) E Ele acrescentou: "E tu, queres-Me?"
(24) Eu imediatamente disse: "Sim, Jesus, e Tu sabes disso, que sem Ti sinto que me falta a vida".
(25) "Pois bem". Jesus acrescentou. "Tu me queres, Eu também, portanto, amemo-nos e estejamos sempre juntos".
(26) Assim terminou por esta manhã. Agora, quem pode dizer o quanto minha mente entendeu este Sol Divino? Parece-me vê-lo e tocá-lo por toda parte, aliás, sinto-me revestida por Ele
dentro e fora de mim mesma, mas minha capacidade é pequena, pequena, que enquanto parece que compreende alguma coisa de Deus, ao vê-lo parece que não entendi nada, Espero que Jesus me perdoe.

3-1
Novembro 1, 1899

Purificação da Igreja. As almas vítimas são o seu sustento

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, encontrei-me fora de mim mesma, dentro de uma igreja, e ali estava um sacerdote que celebrava o divino sacrifício, e enquanto isso fazia chorava amargamente e dizia: "A coluna da minha Igreja não tem onde apoiar-se".

(2) No momento em que dizia isto vi uma coluna, cujo cume tocava o céu, e abaixo desta coluna estavam sacerdotes, bispos, cardeais e todas as outras dignidades que sustentavam essa coluna, mas com minha surpresa, ao olhar vi que destas pessoas, quem era muito fraco, quem era meio
acabado, quem era doente, quem era cheio de lama; escassíssimo era o número daqueles que se encontravam em estado de sustentá-la, assim que esta pobre coluna, tantas eram as sacudidas que recebia por baixo, que cambaleava sem poder estar firme. Até acima desta coluna estava o
Santo Padre, que com correntes de ouro e com os raios que despedia de toda sua pessoa, fazia quanto mais podia para sustentá-la, para acorrentar e iluminar as pessoas que moravam na parte baixa, Embora alguma escapasse para ter mais oportunidade de degradar-se e enlamear-se , e não só a estas pessoas mas que tratava de atar e iluminar a todo o mundo.

(3) Enquanto eu via isto, aquele sacerdote que celebrava a missa (embora tenha dúvidas se e sacerdote ou Nosso Senhor, parece-me que era Ele, mas não sei dizer com certeza), chamou-me junto a Ele e disse-me:

(4) "Minha filha, olha em que estado lamentável se encontra minha Igreja, as mesmas pessoas que deviam sustentá-la, desfalecem, e com suas obras a abatem, golpeiam-na, e chegam a denegri-la.
O único remédio é que faça derramar tanto sangue, até formar um banho para poder lavar esse purulento lodo e curar suas profundas chagas, para que sanadas, reforçadas, embelezadas por esse sangue, possam ser instrumentos hábeis para mantê-la estável e firme". Depois acrescentou:
"Chamei-te para te dizer: Queres tu ser vítima e assim ser como uma escora para segurar esta coluna em tempos tão incorrigíveis?".

(5) Eu, em princípio, senti um arrepio correr por medo, e porque possivelmente não teria a força, mas logo me ofereci e pronunciei o Fiat. Enquanto estava nisto, encontrei-me rodeada por muitos santos, anjos e almas purgantes que com flagelos e outros instrumentos me atormentavam; e eu,
embora no princípio sentisse temor, mas depois, quanto mais sofria, tanto mais me vinha o desejo de sofrer e saboreava o sofrer, como um dulcíssimo néctar. E muito mais porque me veio um pensamento: "Quem sabe se essas penas pudessem ser meios para consumir a vida, e assim poder empreender o último vôo para meu sumo e único Bem". Mas com muita pena, depois de ter sofrido acerbas penas, vi que essas penas não me consumiam a vida.  Ó Deus, que pena, que
esta frágil carne me impeça de unir-me com meu Bem Eterno!

(6) Depois disto, vi o massacre sangrento que se fazia daquelas pessoas que estavam debaixo da coluna. Que horrível catástrofe!
Escassíssimo era o número dos que não caíam vítimas, chegavam a tal atrevimento, que tentavam matar o Santo Padre. Mas depois parecia que aquele sangue derramado, aquelas sangrentas vítimas destroçadas, eram meios para fazer fortes aqueles que ficavam, de modo que sustentavam a coluna sem fazê-la balançar mais. " Oh, que dias felizes!. Depois disso despontavam dias de triunfos e de paz, a face da terra parecia renovada, a coluna adquiria seu primeiro brilho e esplendor. ¡ Oh dias felizes, de longe eu vos saúdo, pois tanta glória dareis à Igreja e tanto honra a Deus que é sua Cabeça!

4-2
Setembro 6, 1900

Estado de vítima.

(1) Continua vindo meu dulcíssimo Jesus. Esta manhã, quando veio, quis derramar um pouco de amargura em mim, e depois disse-me:
(2) "Minha filha, Eu quero dormir um pouco, tu fazes o meu ofício de sofrer, rogar e aplacar a justiça".
(3) Assim Ele adormeceu, e eu pus-me a rezar junto a Jesus. depois, acordando, viramos um pouco entre as pessoas, e me fez ver diversos planos que estão idealizando para fazer revoluções, e especialmente via que estavam maquinando um ataque de improviso para ter melhor resultado em seu propósito, e para fazer com que nenhum se possa defender ou prevenir contra o inimigo.

Quantos espetáculos funestos! Mas parece que o Senhor ainda não lhes dá liberdade para fazer isso, e não sabendo eles a razão se roem de raiva, porque apesar de sua perversa vontade se vêm impotentes para realizá-lo. Não é preciso outra coisa senão que o Senhor lhes conceda esta
liberdade, porque tudo está preparado. Depois disso voltamos, e Jesus se mostrava todo chagado.

(4) "Olhe quantas chagas me abriram e a necessidade do estado contínuo de vítima, de seus sofrimentos, porque não há momento em que deixem de me ofender, e sendo contínuas as ofensas, contínuos devem ser os sofrimentos e as orações para me aliviar em algo; e se você se vê suspenso sofre, treme e teme, porque não me vendo aliviado em minhas penas, não vá a conceder aos inimigos essa liberdade tão desejada por eles".

(5) Ao ouvir isto, pus-me a rogar-lhe que me fizesse sofrer a mim, e enquanto estava nisto via o confessor que com suas intenções forçava a Jesus a me fazer sofrer. Então o bendito Senhor me participou tais e tantas penas, que eu mesma não sei como fiquei viva, mas o Senhor em minhas penas não me deixou só, mas bem parecia que não resistia se seu coração me deixasse, e passei alguns dias junto com Jesus, e me comunicou tantas graças e me fez compreender muitas coisas; mas, parte pelo estado de sofrimento, e parte porque não sei me expressar, passo adiante e faço silêncio.

5-3
Março 20, 1903

Jesus e São José consolam o pai nas suas dificuldades.

(1) Encontrando-me fora de mim mesma, via o pai com dificuldades a respeito da graça que quer, e Jesus bendito outra vez com São José lhe diziam:

(2) "Se te puseres a obra, todas as tuas dificuldades desaparecerão, e cairão como escamas de peixe.

6-2
Novembro 8, 1903

Jesus diz como deve ser o amor do próximo.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, estava a implorar por certas necessidades do próximo, e o bendito Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:
(2) "Com que fim rezas por estas pessoas?"
(3) E eu: "Senhor, e Tu por qual fim nos amaste?"
(4) E Ele: "Amo-vos porque sois coisa minha, e quando o objeto é próprio, sente-se como obrigado, é como uma necessidade amá-lo".
(5) E eu: "Senhor, estou rezando por estas pessoas porque são coisa tua, de outra maneira não me teria interessado". E Ele, pondo a mão na minha testa, quase a apertando, acrescentou:
(6) "Ah! Então é porque são coisa minha? Assim está bem o amor do próximo".

7-1
Janeiro 30, 1906

A constância ordena tudo.

(1) Continuando meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus me disse:
(2) "Minha filha, como é necessário que a alma seja constante em fazer o bem que começou, porque se bem tem princípio, mas não terá fim, e não tendo fim é necessário que
uniforme-se aos modos do Eterno Deus. Deus é justo, é santo, é misericordioso, é Aquele que contém tudo, mas talvez por um só dia? Não, sempre, sempre, assim a alma não deve ser um dia paciente, humilde, obediente, e outro dia impaciente, soberba, caprichosa. Estas são virtudes quebradas, é um misto negro e branco, luz e trevas, tudo é desordem, tudo é confusão, modos todos diferentes dos de seu Criador. Em tais almas há guerra contínua, porque as paixões lhe fazem guerra, porque vendo-se nutridas freqüentemente esperam que a vitória seja delas; guerra por parte dos demônios, das criaturas e ainda por parte das
mesmas virtudes, as que vendo-se desiludidas lhe fazem guerra encarniçada e terminam com nauseara, e se se salvam estas almas, oh! quanto terá de trabalhar o fogo do
purgatório.

Ao contrário, para a alma constante tudo é paz, já a simples constância faz com que tudo esteja em seu posto, as paixões se sentem morrer, e quem é aquele que estando próximo a morrer pensa em fazer guerra a alguém? A constância é espada que põe tudo em fuga, é cadeia que ata todas as virtudes, de modo que se sente acariciada continuamente
por elas, e o fogo do purgatório não trabalhará nada porque a constância ordenou tudo e a fez similar aos modos do Criador".

8-2
Junho 25, 1907

A alma parada ou caminhando, deve estar sempre na Divina Vontade.

(1) Esta manhã estava pensando em que me sentia como detida, sem ir nem para frente nem para trás, e dizia: "Senhor, eu mesma não sei dizer o que sinto, se estou atrás, ou detida, ou adiante, mas do resto não me aflijo, pois desde que esteja em tua Vontade estou sempre bem, em qualquer ponto ou em qualquer modo que possa estar, tua Vontade é sempre santa e eu em qualquer modo que esteja, estarei sempre bem".

(2) Naquele momento o bendito Jesus veio por pouco tempo e me disse:

(3) "Minha filha, ânimo, não temas se te sentes detida, mas está atenta a que essas detidas faça-as em minha Vontade, sem sair em nada do meu Querer. Também Eu me detenho, mas num abrir e fechar de olhos faço mais do que não tenho feito por anos e anos; olha, para o mundo parece que Eu estava detido, porque merecendo ser severamente castigado e não fazendo isso, parece que não estou caminhando, mas se tomo a vara em minhas mãos, Vou refazer todas as minhas paradas. Assim tu, estando sempre em minha Vontade, se vês que minha Vontade te quer detida, detém-te então e goza de minha Vontade; se vês que minha Vontade quer que caminhes, caminha pois, mas caminha sempre em meu Querer, porque caminhando em minha Vontade caminharás Comigo mesmo e terás a mesma Vontade de meu caminhar, por isso esteja sempre em minha Vontade, detida ou em caminho, e estará sempre bem".

9-2
Abril 1, 1909

Jesus adorna a alma com as gemas que produz a dor.

(1) Sentia-me muito sofrida, a ponto de não poder me mover, e estava oferecendo meus pequenos sofrimentos junto com os de Jesus e com a intensidade de amor com a qual Ele queria glorificar o Pai, reparar as nossas culpas e obter todos os bens que nos alcançou com os seus sofrimentos, e
dizia entre mim: "Faço de conta que estes meus sofrimentos sejam meu martírio, que as dores sejam os verdugos, que a cama é o lugar de tortura, que a imobilidade é a corda que me tem atada para fazer que chegue a ser mais amada e amante de meu sumo bem; mas verdugos eu não vejo, então quem é meu carrasco, que não só no exterior do corpo, mas também nas partes mais internas, até no fundo de minha alma me lacera, me despedaça, tanto que o cerco da vida me parece que quisesse romper-se? Ah, meu carrasco é propriamente Jesus bendito!" E nesse momento, quase como dentro de um relâmpago me disse:

(2) "Minha filha, é demasiada honra para ti ser Eu teu carrasco. Eu não faço outra coisa que como alguém que deve desposar a noiva e fazê-la aparecer em público, para fazer que tenha uma bela apresentação e para fazê-la digna dele, não confia em ninguém, nem sequer nela mesma, senão
que ele mesmo a quer limpar, pentear, vestir, adornar com pedras preciosas, com brilhantes. Esta é uma grande honra para a esposa, e além disso não terá nenhum pensamento sobre se agradará ao seu marido ou não, se lhe agradará como se adornou ou a tomará por uma tola ao não ter
sabido adivinhar o modo para lhe agradar mais.

Assim faço Eu com minhas esposas amadas, é tanto o amor que lhes tenho que não confio em ninguém, me vejo obrigado a fazer-me de verdugo, mas verdugo amoroso. E ora a lavo, ora a penteio, ora a visto com o vestido mais bonito, agora a jóias, mas não com jóias saídas da terra, que são coisas superficiais, senão com jóias que faço sair do fundo da alma, das partes mais profundas, que se formam com o toque de meus dedos que criam a dor, e da dor saem as jóias; converte a vontade em ouro e esta vontade convertida em ouro por minhas próprias mãos, fará sair jóias preciosas de todas as cores e as coroas mais belas, os vestidos mais magníficos e as flores mais perfumadas, as músicas mais agradáveis; e Eu com minhas mesmas mãos, à medida que a faço produzir, assim irei arrumando tudo para adorná-la sempre mais. Tudo isto passa com as almas sofredoras, assim que, não tenho talvez razão em te dizer que é uma grande honra para ti?

verdugo
 

10-3
Novembro 23, 1910

O amor basta para tudo, e muda as virtudes naturais em divinas.

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, estava pensando na pureza, e em como eu a esta bela virtude não dedico nem um pensamento, nem a favor nem contra; me parece que neste ponto da pureza, nem ela me incomoda, nem eu me dou um pensamento dela. E dizia entre mim: "Eu
mesma não sei como me encontro em relação a esta virtude, mas não quero intrometer-me nisso, basta-me o amor para tudo". E Jesus, retomando as minhas palavras, disse-me:

(2) "Minha filha, o amor prende tudo, acorrenta tudo, dá vida a tudo, sobretudo triunfa, tudo embeleza, tudo enriquece. A pureza se contenta em não fazer nenhum ato, olhar, pensamento, palavra, que não seja honesto, o resto tolera, com isto não se reduz a outra coisa que a adquirir a pureza natural; o amor é zeloso de tudo, mesmo do pensamento, do respiro, ainda que fossem honestos, tudo quer para si, e com isto dá à alma a pureza não natural mas divina, e assim de
todas as outras virtudes. Assim que o amor pode dizer-se que é paciência, o amor é obediência, é doçura, é força, é paz, é tudo, assim que todas as virtudes, se não têm vida do amor, no máximo se podem chamar virtudes naturais, mas o amor as muda em virtudes divinas. Oh! que  diferença entre umas e as outras, as virtudes naturais são servas e as divinas rainhas, por isso para tudo te basta o amor".

11-4
Fevereiro, 1912

Oferta de uma vítima.

(1) Continuando o meu estado habitual, o meu adorável Jesus fazia-se ver crucificado e com uma alma junto a Ele, a qual se oferecia vítima a Jesus, e Jesus disse-lhe:

(2) "Minha filha, aceito-te como vítima da dor. Tudo o que podes sofrer sofrerás como se estivesses Comigo na cruz, e com teus sofrimentos me consolarás; muitas vezes te escapa isto de consolar-me com teus sofrimentos, deves saber que Eu fui vítima e hóstia pacífica e assim também tu, não te quero vítima oprimida, mas pacífica e alegre, serás como um cordeirinho dócil e o teu balir, isto é as tuas orações, os teus sofrimentos, as tuas obras, servirão para adoçar as minhas amargas chagas".

MEDITAÇÃO
VÍDEO DO CAPÍTULO
3. A festa dos Tabernáculos.

Joaquim e Ana possuíam a sabedoria.

23 de agosto de 1944.

Antes de continuar, faço aqui uma observação.
A casa não me parece aquela já bem conhecida de Nazaré. Ao menos o ambiente é muito diferente.
Também o pomar é mais vasto, e além disso, pode-se ver os campos. Não muitos, mas enfim, alguns. Depois, quando Maria casou-se, havia só o horto, vasto mas limitado a horto, e este quarto que vi, nunca vi em outras visões. Não sei se devo pensar que, por motivos pecuniários, os pais de Maria se desfizeram de parte de seus pertences ou se Maria, saindo do Templo, passou para uma outra casa, talvez presenteada por José. Não me lembro se nas visões e lições passadas tive qualquer indício seguro de que a casa de Nazaré fosse a casa nativa.
A minha cabeça está muito cansada. E depois, sobretudo por causa dos ditados, eu me esqueço logo das palavras, mesmo se os comandos me permanecem gravados na mente e a luz me permanece na alma. Mas os pormenores se desvanecem imediatamente. Se de pois de uma hora tivesse que repetir aquilo que ouvi, com exceção de uma ou duas frases principais, não saberia mais nada. Enquanto que as visões ficam vivas na mente, porque tive de observá-las por mim mesma. Recebo os ditados.
As visões, ao invés, devo perceber. Por isto, elas ficam vivas no pensamento, pelo esforço em observar as suas fases.
Esperava que houvesse um ditado sobre a visão de ontem. Em vez disso, nada.

Começo a ver e escrevo.
Fora dos muros de Jerusalém, sobre as colinas e entre as oliveiras há uma grande multidão. Parece uma enorme feira. Mas não existem bancas e barracões. Não há o vozerio de charlatães e vendedores. Nem jogos. Há ali muitas tendas de lã ásperas, certamente impermeáveis, estendidas sobre estacas cravadas ao chão. Ligadas ás estacas há ramos verdes que ornam e refrescam.
Outras tendas, ao invés, são de ramos fincados ao chão e sendo ligadas assim: são como pequenas galerias verdes. De baixo de cada uma, há pessoas de toda idade e condição, e um falar tranqüilo e concentrado, interrompido apenas por algum grito de criança.

Desce a noite e as luzes de candeiazinhas a óleo, já brilham intensamente aqui e ali, pelo acampamento estranho. Ao redor das luzes algumas famílias consomem a ceia. As mães estão sentadas no chão, com os menores no colo, onde alguns, cansados, adormecem ainda com o pedaço de pão nos dedinhos róseos, tombando a cabecinha sobre o seio materno, como pintinhos sob a galinha; as mães terminam de comer como podem, com uma das mãos, enquanto a outra segura o filhinho junto ao coração. Outras famílias, ao contrário, não estão jantando ainda e conversam na semi-escuridão do crepúsculo, esperando que a refeição fique pronta. Alguns fogos são acesos aqui e ali, e ao seu redor as mulheres afadigam-se. Alguma cantiga de ninar muito lenta, diria quase lamentosa, embala uma criança que custa a adormecer.
No alto, um bonito céu sereno torna-se sempre mais azul pro fundo até parecer um enorme velário de veludo macio de um azul escuro; sobre ele lentamente, invisíveis artífices e decoradores diligentemente fixam jóias e lamparinas, as quais isoladas, como em bizarras linhas geométricas, deixam sobressair a Ursa maior e a me nor com a sua forma de carro com a estaca apoiada ao chão, depois que os bois foram destacados do jugo. A estrela polar ri com todo o seu esplendor.

Percebo que é outubro * porque uma voz grave de homem o diz:
– É bonito este outubro como poucos o foram!

Eis Ana que vem de um fogaréu com algumas coisas entre as mãos, 3.3 estendidas sobre um grande pão bem plano que serve também de bandeja. Preso ás suas saias está Alfeu, que tagarela com a sua vozinha. Joaquim está na soleira da sua pequena cabana de ramos falando com um homem de uns trinta anos. (Alfeu de longe o saúda com um gritinho agudo dizendo: “Papai”) Quando Joaquim avista Ana que se aproxima, apressa-se em acender a candeiazinha.
Ana passa com o seu porte majestoso entre as fileiras de cabanas. Real, mesmo se humilde, Ana não é soberba com ninguém. Levanta o menino de uma pobre mulher, que caiu, exatamente a seus pés, ao tropeçar na sua corrida travessa. Visto que havia sujado o rostinho de terra, ela o limpa, consolando-o porque chora, e o devolve à mãe, que chega correndo e se desculpa. Ana responde: – Oh! Não é nada!
* Estou contente que não tenha se machucado. É um bonito menino. Quantos anos tem?
– Três anos. É o penúltimo e logo terei um outro. Tenho seis meninos. Agora queria uma menina… Para uma mãe é importante uma menina…
– O Altíssimo muito te consolou, ó mulher! – Ana suspira.
E a outra:
– Sim. Sou pobre, mas os filhos são a nossa alegria e os maiorzinhos já ajudam no trabalho. E tu, senhora (tudo indica que Ana seja de condição mais elevada, pois a outra o notou) quantas crianças tens?
– Nenhuma.
– Nenhuma?! Esta não é tua?
– Não, de uma vizinha muito boa. É o meu conforto…
– Morreram ou…
– Não, nunca as tive.
– Oh! – A pobre mulher a olha com piedade.
Ana se despede com um grande suspiro e vai à sua cabana.
– Eu te fiz esperar, Joaquim! Uma pobre mulher entreteve-me; mãe de seis filhos, imagine! E terá
outro!
Joaquim suspira.
O pai de Alfeu chama o seu filho, mas este lhe responde:
– Eu fico com a Ana. Estou ajudando-a. – Todos riem.
– Deixa-o. Ele não me dá aborrecimento. Ainda não está obrigado a observar a Lei. Estando aqui ou ali, ele não passa de um passarinho comilão. – diz Ana que senta-se com o menino no colo, ao qual dá pão com peixe assado. Vejo que antes de dar o peixe, parece estar lhe tirando os espinhos. Depois serve o marido. Ela come por último.
4A noite está sempre mais cheia de estrelas e as luzes sempre mais numerosas no campo.
Depois lentamente muitos candeeiros se apagam. São daqueles que jantaram antes e que agora se põem a dormir. Também o murmúrio diminui devagar. Vozes de meninos não se ouvem mais. Só alguma criança de peito faz ouvir a sua vozinha de cordeirinho buscando o leite da mamãe. A noite
sopra o seu há lito sobre as pessoas, apagando desgostos e lembranças, esperanças e rancores. Aliás, talvez Joaquim e Ana sobrevivam tranqüilizados, seja no sono, que no sonho.
Ana o diz ao marido, enquanto embala Alfeu que começa a dormir em seus braços:
– Esta noite sonhei que no próximo ano eu virei à Cidade Santa para duas festas, ao invés de uma.
E uma será a dádiva da minha criança ao Templo… Oh! Joaquim!…
– Espera, espera Ana. Não ouvistes outra coisa? O Senhor não te segredou nada em teu coração?

– Nada. Somente um sonho…
– Amanhã é o o último dia de oração. Todas as ofertas já foram feitas. Mas as renovaremos ainda amanhã, solenemente. Convence remos Deus com o nosso amor fiel. Eu penso sempre que te acontece rá o mesmo que com a Ana de Elcana.
– Queira Deus… e que houvesse logo alguém que me dissesse: “Vá em paz. O Deus de Israel te concedeu a graça que pedistes!”
– Se a graça vier, o teu menino dir-te-á mexendo-se pela primeira vez no teu ventre, e será voz de inocente, por isto, voz de Deus.
Agora o campo cala-se no escuro. Ana também devolve Alfeu à cabana contígua e o põe sozinho sobre a enxerga de feno próximo aos irmãozinhos que já dormem. E depois deita-se ao lado de Joaquim, e também a sua lamparina se apaga. Uma das últimas estrelinhas da terra. Ficam mais
bonitas as estrelas do firmamento a velar sobre todos os que dormem.

Jesus diz:
Os justos são sempre sábios porque, sendo amigos de Deus, vivem em sua companhia e são instruídos por Ele, que é Infinita Sabedoria. Os meus avós eram justos e por isto tinham a sabedoria. Podiam dizer com verdade quanto diz o Livro *, cantando os louvores da Sabedoria, no livro: “Eu a amei e a procurei desde a juventude e procurei torná-la minha esposa”.
Ana de Arão era a mulher forte de quem fala o nosso Avô. E Joaquim da estirpe do rei Davi, não tinha procurado tanto a formo sura ou riqueza, quanto a virtude. Ana possuía uma grande virtude.
Todas as virtudes reunidas num maço perfumado de flores, para tornar-se uma única lindíssima coisa, a Virtude. Uma virtude real, digna de estar perante o trono de Deus.
Joaquim tinha portanto desposado duas vezes a sabedoria “amando-a mais que qualquer outra mulher”: a sabedoria de Deus encerrada no coração da mulher justa. Ana de Arão não procurara outra coisa senão unir a sua vida à de um homem reto, certa de que na retidão está a alegria das famílias. Sendo a insígnia da “mulher forte” não lhe faltava nada a não ser a coroa dos filhos, glória da mulher casada, justificação do casamento, do qual fala Salomão. À sua felicidade não lhe faltavam senão os filhos, flores da árvore que se une à árvore vizinha obtendo assim a abundância de novos frutos, na qual duas bondades se fundem em uma, pois, também do lado do esposo, nunca lhe viera nenhuma desilusão.

Ela, agora a caminho da velhice, há decênios mulher de Joaquim, era sempre para ele “a esposa da sua juventude, a sua alegria, a cerva tão querida, a graciosa gazela”, cujas carícias tinham sempre o fresco encanto da primeira noite de núpcias e fascinavam docemente o seu amor, mantendo-o fresco como uma flor que o orvalho umedece e ardente como fogo constantemente alimentado. Por isto, em suas aflições por não terem filhos, um dizia ao outro “palavras de consolo em pensamento e em cuidados”.

Quando chegou a hora, a Sabedoria eterna, depois de tê-los instruído na vida, os iluminou com os sonhos da noite, alvorada do poema de glória que devia provir deles, Maria Santíssima, a minha mãe. Se na sua humildade não pensaram nisto, seus corações porém, tremeram de esperança, ao primeiro sinal evidente da promessa de Deus. Nas palavras de Joaquim já havia certeza: “Espera, espera… convenceremos Deus com nosso amor fiel”. Sonhavam com um filho: tiveram a mãe de Deus.

As palavras do livro da Sabedoria parecem escritas para eles: “Por ela alcançarei glória perante o povo… por ela alcançarei imortalidade e deixarei memória eterna àqueles que depois de mim virão”.

Mas, para conseguir tudo isto, tiveram de fazer-se discípulos de uma virtude veraz e duradoura, imune a qualquer acontecimento. Virtude de fé. Virtude de caridade. Virtude de esperança. Virtude de castidade. A castidade dos esposos! Eles a possuíram; porque não é preciso ser virgem para ser casto. E os leitos conjugais castos têm a proteção dos anjos recebendo filhos bons, que fazem da virtude dos pais a norma de suas vidas.

Mas agora onde estão estes filhos? Hoje não se quer mais filhos e não se quer tampouco a castidade. Por isso eu digo que o amor e o leito conjugal estão profanados.

MEDITAÇÃO DO 3 ESTUDO

CAPITULO 2
EXPLICAÇÃO DO MODO COMO O SENHOR MANIFESTA
À MINHA ALMA ESTES MISTÉRIOS E A VIDA DA RAINHA. ESTADO E M QUE SUA MAJESTADE ME COLOCOU.

Para deixar declarado de uma vez, o modo como o Senhor manifesta-me estas maravilhas, pareceu-me conveniente escrevê-lo no princípio deste capítulo, onde explicarei como puder e me for concedido.

Temores espirituais
Desde que tive uso da razão, notei haver recebido do Senhor uma graça que julgo a maior que sua liberal mão me
concedeu: um íntimo e grande temor de perdê-lo. Isto me tem incitado a desejar sempre, e praticar e pedir ao Altíssimo, o melhor e mais seguro.
O temor dos juízos de Deus, o contínuo receio de perder a amizade do Todo-poderoso e a incerteza de nela estar, é um dardo com que Ele transpassou minha carne (SI 118, 120). Meu pão dia e noite tem sido as lágrimas (SI 41, 4) causadas por esta solicitude.

Nestes últimos tempos, quando os discípulos do Senhor que professam virtude devem ficar ocultos, sem se manifestar, esta inquietação me induziu a fazer grandes petições a Deus e a solicitar a intercessão da Rainha e Virgem pura, suplicando-lhe com todo meu coração me guiem e dirijam por um caminho reto e escondido aos olhos dos homens.

Visão de Deus
14. A estas instantes súplicas me respondeu o Senhor: - Não temas nem te aflijas, que eu te darei um estado e caminho de luz e segurança, de minha parte tão oculto e estimável, que somente o autor dele o conhecerá. Toda exterioridade sujeita a perigo te faltará desde hoje, e teu tesouro ficará escondido. De tua parte guarda-o e conserva-o levando vida perfeita. Eu te porei numa senda oculta, clara, verdadeira e pura; caminha por ela.
Desde essa ocasião, senti-me interiormente mudada e num estado muito espiritualizado. Ao entendimento foi dada
nova luz, sendo-lhe comunicada e infundida ciência, pela qual conhece o ser e operações de todas as coisas em Deus, na medida em que a vontade divina lhe quer manifestar.

Esta inteligência e luz que esclarece (Sb 7,22) é santa, suave e pura, sutil, aguda, nobre, certa e límpida; faz amar o bem e reprovar o mal; é um vapor da virtude de Deus e simples emanação de sua luz. É como espelho para o entendimento, e com a parte superior da alma e olhar interior vejo muito. Conhece-se que o objeto, com a luz que dele reverbera, é infinito, ainda que a vista seja limitada e curto o entendimento.

Èsta visão é como se o Senhor estivesse assentado em trono de grande majestade, onde dentro dos limites da vida mortal se conhecem seus atributos com distinção. Cobre-o um como cristal puríssimo e através dele se entre vêem estas maravilhas e perfeições de Deus.
Grande é a clareza e distinção, não obstante aquele intermédio, véu ou cristal que impede vê-lo inteira, imediata e intuitivamente. 
A impossibilidade de ver o que está oculto, porém, não é penosa, mas admirável para o entendimento. Entende que o objeto da visão é infinito, enquanto é limitado quem o contempla. Fica lugar para a esperança de afastar-se aquele véu e cair o intermédio, quando a alma se despir da mortalidade do corpo, (2 Cor 5,4-6) se
tanto merecer.

Efeitos da visão de Deus

Neste conhecimento há dois graus ou modos de visão, conforme a vontade divina quer conceder, pois é espelho
voluntário. Às vezes se manifesta mais claramente, outras menos; ora se mostram uns mistérios ocultando outros, mas sempre grandes.
Esta diferença depende da disposição da alma. Se não está com toda quietude e paz, ou cometeu alguma culpa ou imperfeição, por pequena que seja, não consegue ver esta luz no modo que digo, pelo qual se conhece o Senhor com tanta claridade e certeza, que não deixa dúvida alguma no que se entende. Entretanto, a percepção da presença de Deus é anterior e maior do que o conhecimento de quanto Ele comunica. Aquela percepção, produz forte, suave e eficaz energia para amar, servir e obedecer ao Altíssimo.

Nesta claridade compreendem-se grandes mistérios: quanto vale a virtude e quão preciosa coisa é possuí-la e praticá lá; entende-se a sua perfeição e segurança; sente-se uma força que arrasta para o bem, faz oposição e combate o mal e as paixões, e muitas vezes as domina.
Se a alma goza desta luz e visão sem a perder, não é vencida (Sb 7, 30) porque lhe dá ânimo, fervor, segurança e alegria. Cuidadosa e solícita convida e eleva, dá presteza e brio, atraindo a si a parte superior da alma sobre a inferior. Até o corpo se toma leve e como espiritualizado durante esse tempo, suspendendo seu gravame e peso. P

Transformação em Cristo

Sentindo a alma estes doces efeitos, com amoroso afeto diz ao Altíssimo:
- Leva-me após ti (Ct 1, 3) e correremos juntos. Unida com seu amado não sente as operações terrenas, e deixando-se levar pelo odor destes perfumes de seu querido, vem a ficar mais onde ama do que onde anima. Abandona a parte inferior e quando para ela volta é para aperfeiçoá-la, reformando e degolando os animais apetites das paixões. Se por acaso querem se revoltar, expulsa-os da alma com rapidez, pois já não sou eu que vivo (Gl 2,20), mas é Cristo que vive em mim.

Cristo vivendo na alma

Sente-se aqui, de certo modo, em todos esses movimentos e santas operações, a assistência do Espírito de Cristo
que é Deus e vida da alma (ljo 5,11-12).
Percebendo-se no fervor, no desejo, na luz, na eficácia para agir, uma força interior que somente Deus pode produzir.
Sente-se na virtude desta luz e no amor que produz, uma voz interior contínua e viva, que prende a atenção a tudo o que é divino e abstrai do que é terrestre.
Em tudo isto manifesta-se viver Cristo em mim, com sua virtude e luz que sempre brilha nas trevas. E propriamente estar nos átrios da casa do Senhor, porque a alma se encontra onde se reflete a claridde da lâmpada do Cordeiro (Ap 21,23).

A ação da graça

Não digo que a luz seja total.
Mas sendo apenas uma parte, já é um conhecimento além das forças e capacidade da criatura.
Para esta visão o Altíssimo fortalece o entendimento, dando-lhe certa qualidade de luz que proporcione esta faculdade ao conhecimento superior às suas forças. Isto também é compreendido pela certeza com que se crêem ou se conhecem as demais coisas divinas.

Entretanto, a fé também acompanha a certeza, e neste estado mostra o Todo-poderoso à alma, o valor desta ciência e luz que lhe infunde. Sua claridade (Sb 7,10-13) não pode ser extinta, e todos os bens me vieram juntamente com ela, e por suas mãos uma honestidade de grande preço.
Esta lâmpada vai em minha frente, dirigindo meus caminhos; aprendi-a sem intenções reservadas (Idem 8, 16, 18),
desejo comunicá-la sem inveja e não escondo suas riquezas; é participação de Deus, e seu uso é bom deleite e alegria.
Num momento ensina muito, conquista o coração, e com força poderosa o afasta da falsidade que, vista nesta luz, está repleta de imensa amargura. A alma se afasta do que é transitório, e correndo se refugia na sagrada e eterna verdade, entra na adega (Ct 2,4) do capitoso vinho, onde o Altíssimo ordena em mim a caridade.

Obriga-me a ser paciente (ICor 13,4) e sem inveja; benigna sem ofender a  ninguém; a não ser soberba nem ambiciosa; que não me ire nem pense mal de ninguém; que tudo sofra e tolere; sempre clama (Pr 8,1) e admoesta-me interiormente com poderosa força, para que faça o mais santo e puro, instruindo-me em tudo. E, se falto, ainda em pequenas coisas, repreende-me sem nada deixar passar.

MEDITAÇÃO DO ESTUDO

continuação Capítulo 1 - 

AFLIÇÕES DOS SENTIDOS.

Possuindo, portanto, o perfeito uso da razão, enquanto homem, experimentava em todos os meus sentidos uma
indizível aflição por estar naquele lugar estreito, sendo obrigado a tê-los todos privados de movimento e extensão; assim, os olhos sempre fechados, os lábios em contínuo silêncio, as mãos e os pés sempre imóveis, sem movimento algum, e todo o corpo quase sempre na mesma posição.

Aflição da mais grave que possa sofrer jamais quem tem perfeito conhecimento. É verdade que meu Pai para outros acelerou o uso da razão no seio materno, como aconteceu com minha amada Mãe. Mas ela foi isenta de sofrer a aflição que naquela estreiteza podiam sofrer seus sentidos. Não houve, no entanto, esta exceção para mim, porque meu Pai quis que eu sofresse todas as aflições que costuma causar à natureza humana semelhante angústia e estreiteza.

AFLIÇÃO DA VISTA.

Encontrando-me, portanto, em tão grande sofrimento, oferecia a meu Pai a privação da vista que muito me atormentava, em desconto de tantas culpas que todo o gênero humano cometia pelo sentido dos olhos. Via, esposa caríssima, quanta curiosidade, quantos excessos se cometem com este sentido. Sentia a aflição e a dor por tantas ofensas feitas a meu Pai pelo uso da vista e deixava cair lágrimas de meus olhos. Embora fossem gotinhas diminutas, não obstante seu valor acompanhado do grande amor com que as derramei, era tão grande que bastava para satisfazer à divina justiça por todas essas culpas que com os olhos cometeriam todas as criaturas. Derramei, no entanto, as lágrimas sem ruído, sem fazer movimento algum. Suplicava ainda a meu Pai se dignasse que, em virtude dessas minhas lágrimas inocentes, obtivessem o dom das lágrimas de compunção os pecadores e pecadoras que o desejassem e pedissem. E o Pai me prometeu concedê-lo com toda a presteza a quem lho pedisse de coração sincero; como, de fato, efetuou e inteiramente se realiza em tantos pecadores e mesmo em muitas almas justas, que se tornaram dignas do dom das lágrimas. Nos primeiros, em desconto de suas culpas; nas segundas, para merecerem maior glória e consolação na vida eterna, conforme afirmei a meus discípulos ao dizer lhes: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt.5:5). Pedia ainda a meu Pai que, em virtude dessa aflição que experimentava pela privação da vista, se dignasse conceder muitas graças àqueles que, por meu amor, se mortificassem quanto a este sentido, privando-se de olhar coisas vãs e curiosas, e mesmo coisas lícitas, a fim de poderem fazê-lo com alma invicta, porque este sentido é muito difícil de mortificar-se, devido à fraqueza humana, sendo mister para isso graça particular.

Saiba, filha, que tinha tanto mérito e tanto valor uma só daquelas respirações angustiadas que eu tinha no útero virginal, que bastava para satisfazer pelas culpas, defeitos e faltas de todas as criaturas. E saiba que meu padecimento naquela estreiteza era tão grande que um só momento seria suficiente para resgatar mundos infinitos.
Podes compreendê-lo, em parte, pensando que, sendo eu o Verbo eterno e Deus verdadeiro, não posso ser compreendido, nem abrangido; e sendo os próprios céus estreitos para habitação minha, reduzi-me a habitar, enquanto Deus e enquanto homem, em carne passível, no pequeno tugúrio de um ventre virginal, com toda a plenitude de conhecimento próprio de um Deus imortal e de um homem passível e mortal.

AFLIÇÕES DOS SENTIDOS.

Possuindo, portanto, o perfeito uso da razão, enquanto homem, experimentava em todos os meus sentidos uma
indizível aflição por estar naquele lugar estreito, sendo obrigado a tê-los todos privados de movimento e extensão; assim, os olhos sempre fechados, os lábios em contínuo silêncio, as mãos e os pés sempre imóveis, sem movimento algum, e todo o corpo quase sempre na mesma posição.

Aflição da mais grave que possa sofrer jamais quem tem perfeito conhecimento. É verdade que meu Pai para outros acelerou o uso da razão no seio materno, como aconteceu com minha amada Mãe. Mas ela foi isenta de sofrer a aflição que naquela estreiteza podiam sofrer seus sentidos. Não houve, no entanto, esta exceção para mim, porque meu Pai quis que eu sofresse todas as aflições que costuma causar à natureza humana semelhante angústia e estreiteza.

AFLIÇÃO DA VISÃO.

Encontrando-me, portanto, em tão grande sofrimento, oferecia a meu Pai a privação da vista que muito me atormentava, em desconto de tantas culpas que todo o gênero humano cometia pelo sentido dos olhos. Via, esposa caríssima, quanta curiosidade, quantos excessos se cometem com este sentido. Sentia a aflição e a dor por tantas ofensas feitas a meu Pai pelo uso da vista e deixava cair lágrimas de meus olhos. Embora fossem gotinhas diminutas, não obstante seu valor acompanhado do grande amor com que as derramei, era tão grande que bastava para satisfazer à divina justiça por todas essas culpas que com os olhos cometeriam todas as criaturas. Derramei, no entanto, as lágrimas sem ruído, sem fazer movimento algum. Suplicava ainda a meu Pai se dignasse que, em virtude dessas minhas lágrimas inocentes, obtivessem o dom das lágrimas de compunção os pecadores e pecadoras que o desejassem e pedissem. E o Pai me prometeu concedê-lo com toda a presteza a quem lho pedisse de coração sincero; como, de fato, efetuou e inteiramente se realiza em tantos pecadores e mesmo em muitas almas justas, que se tornaram dignas do dom das lágrimas.

Nos primeiros, em desconto de suas culpas; nas segundas, para merecerem maior glória e consolação na vida eterna, conforme afirmei a meus discípulos ao dizer-lhes: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt. 5:5). Pedia ainda a meu Pai que, em virtude dessa aflição que experimentava pela privação da vista, se dignasse conceder muitas graças àqueles que, por meu amor, se mortificassem quanto a este sentido, privando-se de olhar coisas vãs e curiosas, e mesmo coisas lícitas, a fim de poderem fazê-lo com alma invicta, porque este sentido é muito difícil de mortificar-se, devido à fraqueza humana, sendo mister para isso graça particular;  (trecho ilegível estará no video)
... (parte da curiosidade das pessoas)
Nisto, o Pal me satisfez, prometendo-me castigar com severidade menor e suportar as ofensas por algum tempo, em virtude de meus méritos e minhas súplicas;  Se fosse doutro modo, oh! De quantas estátuas de sal e de quantos outros castigos estaria O mundo cheio, por causa da curiosidade.

AFLIÇÕES DO OUVIDO.

Sofria também pelo sentido do ouvido aflição muito grande, porque devido ao lugar tão estreito, estava inteiramente
privado dele. Só ouvia os suspiros ardentes que minha dileta Mãe me dirigia do mais íntimo do coração, Ouvia ainda o doce entretenimento que tinha comigo, falando-me no íntimo com tanto amor e tanta graça que me  arrebatavam o Coração e me forçavam cada vez mais a amá-la. De todo o restante, porém, estava privado inteiramente; e esta privação causava-me aflição a qual eu oferecia a meu Pal em desconto de tantas faltas que, com o sentido do ouvido, cometeriam meus irmãos, pela curiosidade, por ouvir tantas murmurações, tantas palavras contra a minha Lei, tantas curiosidades o outras coisas indignas que muitos ouvem com deleite.  E pedia ainda ao Pai que os perdoasse e desse virtude e força àqueles que mortificam esses sentidos, e que fugindo da ocasião, e comunicasse-lhes o bom desejo de ouvir coisas santas e atinentes à sua malor glória; que sofressem do boa vontade caso ficassem privados deste sentido de ouvir.

(Trecho que ficou ilegível estará no vídeo)

SEU DOMÍNIO ABSOLUTO E SUBORDINADO. 

com mão aberta me concedia o que lhe pedia. Oferecia-lhe esta submissão e sujeição em desconto de tanta liberdade que tomam meus irmãos, que rendo viver à sua maneira sem submeter-se à vontade divina, desejando
ser árbitros de seu querer e senhores absolutos de si mesmos, quando, segundo todo o direito, devem estar sujeito às ordens divinas. Meu Pai aceitava-o e demonstrava grande satisfação por tudo nesta minha oferta.

Se cada um dos que agora não querem viver sujeitos, se decidir respeitar as ordens divinas e cumprir em tudo o querer do Pai, Ele estará sempre pronto para dispensar a esse tantas graças quantas lhe for necessário, a fim de que possa viver em tudo e por tudo submisso a Ele.

MEDITAÇÃO DOS TRECHOS
12-3
Março 28, 1917

Efeitos do "te amo" de Jesus.

(1) Continuando meu habitual estado, apenas se fazia ver meu sempre amável Jesus, mas tão aflito que dava piedade, eu lhe disse: "Que tens Jesus?"

E Ele: (2) "Minha filha, acontecerão e sucederão coisas imprevistas, de improviso e estourarão revoluções por toda parte. Oh, como as coisas vão piorar!"
(3) E todo aflito ficou em silêncio. E eu: "Vida da minha vida, diz-me outra palavra". E Jesus, como se me infundisse o seu alento acrescentou:
(4) "Amo-te".
(5) Mas naquele "amo-te" parecia que todos, e todas as coisas recebiam nova vida, e eu repeti: "Jesus, diz-me outra palavra ainda".
(6) E Ele: "Palavra mais bela não poderia te dizer que um te amo, este meu amo te enche Céu e terra, circula nos santos, e recebem nova glória; desce nos corações dos viadores, e quem recebe graça de conversão, quem de santificação; penetra no Purgatório, e como benéfico orvalho cai sobre as almas, e sentem refrigério; os mesmos elementos sentem-se investidos de nova vida no fecundar, no crescer, assim que todos advertem o “te amo” do teu Jesus. E sabe quando a alma atrai a si um “te amo” meu? Quando fundindo-se em Mim toma a atitude divina,
e se perdendo em Mim faz tudo o que eu faço".
(7) E eu: "Meu amor, muitas vezes é difícil ter sempre esta atitude divina".
(8) E Jesus: "Minha filha, o que a alma não pode fazer sempre com seus atos imediatos em Mim, pode supri-lo com a atitude de sua boa vontade, e Eu a estimarei tanto, que me farei sentinela vigilante de cada pensamento, de cada palavra, de cada batida, etc., e os cortejarei dentro e fora de Mim, olhando-os com tal amor, como fruto do bom querer da criatura. Quando depois a alma se fundir em Mim faz suas ações imediatas Comigo, então sinto-me tão atraído para ela que faço junto com ela o que ela faz, e mudo em divino o obrar da criatura; Eu levo conta de tudo e premio tudo, ainda as mais pequenas coisas e até um só ato bom de vontade não fica defraudado na criatura".

13-3
Junho 2, 1921

Jesus quando veio à terra falou muito pouco sobre sua Vontade.

(1) Sentia-me muito oprimida porque me disseram que querem publicar tudo o que o meu doce Jesus me tinha manifestado sobre o seu Santíssimo Querer, e era tanta a angústia que me sentia também agitada, e o meu doce Jesus dentro de mim me dizia:
(2) "Queres tu julgar tudo? Bonita coisa; só porque um mestre quis ditar a um aluno sua doutrina, não pode tornar-se pública a doutrina, nem o bem que se pode fazer com ela? Isto seria absurdo e desagradar ao próprio mestre, e além disso, de ti não há nada, tudo é doutrina minha, tu não foste outra coisa que uma escriba, e só porque te escolhi a ti, tu quererias sepultar os meus ensinamentos, e portanto também a minha glória?"
(3) Mas apesar de tudo me sentia inquieta, e meu sempre amável Jesus, saindo de meu interior me cercou o pescoço com seu braço, e me apertando forte me disse:
(4) "Filha amada minha, acalme-se, acalme-se e contente a seu Jesus".
(5) E eu: "Meu amor, é muito duro o sacrifício, só de pensar que tudo o que aconteceu entre Tu e eu deve tornar-se público, sinto-me a morrer, e parte-se me o coração pela dor. Se escrevi foi apenas por obediência e pelo temor de que Tu pudesses te desgostar, e agora olha em que labirinto me põe a obediência. Minha vida, tem piedade de mim e põe tua santa mão em tudo isto".
(6) E Jesus: "Minha filha, e se Eu quero este sacrifício tu deves estar disposta a fazê-lo, não deves negar-me nada. Tu deves saber que Eu ao vir à terra vim manifestar minha doutrina celestial, e a fazer conhecer minha Humanidade, minha pátria, e a ordem que a criatura devia ter para alcançar o céu, em uma palavra, o Evangelho; mas de minha Vontade quase nada ou pouquíssimo disse, quase a ignorei, fazendo entender que a coisa que mais me importava era a Vontade de meu Pai. De suas qualidades, de sua altura e grandeza, dos grandes bens que a
criatura recebe com viver em meu Querer, quase nada disse, porque a criatura sendo muito infantil nas coisas celestiais não teria entendido nada, só lhe ensinei a pedir: "Fiat Voluntas Tua, Sicut in Cielo et in Terra", a fim de que se dispusesse a conhecer minha Vontade para amá-la e fazê-la, e portanto receber os bens que Ela contém. Agora, o que devia fazer então, as ensinanças que devia ter dado a todos sobre minha Vontade, dei-as a ti, assim com fazê-las conhecer não é outra coisa que suprir ao que devia fazer Eu estando na terra, como cumprimento de minha vinda. Então, não queres que eu cumpra o propósito da minha vinda à Terra? Por isso deixa-me fazer a Mim, Eu vigiarei tudo e disporei tudo, tu me segue e fica em paz".

+ + + +

14-5
Fevereiro 21, 1922

O amor faz morrer e viver continuamente.

(1) Continuando o meu estado habitual, o meu sempre adorável Jesus disse-me:
(2) "Minha filha, o meu amor pela criatura fazia-me morrer a cada instante. A natureza do verdadeiro amor é morrer e viver continuamente pela pessoa amada; o amor de amá-la consigo faz-lhe sentir a morte, procura-lhe um martírio, talvez dos mais dolorosos e prolongados, mas o mesmo amor, mais forte que a própria morte, no mesmo instante que morre lhe dá a vida, mas para fazer o que? Para dar vida à pessoa amada e formar com ela uma só vida, aquelas chamas têm virtude de consumir uma vida para a fundir na outra. É propriamente esta a virtude do meu amor, fazer-me morrer, e da minha consumação formar tantas sementes para colocá-las nos corações de todas as criaturas, para fazer-me ressurgir de novo e formar com elas uma só vida Comigo. e novo e formar com elas uma só vida Comigo.
(3) Agora, também tu podes morrer quem sabe quantas vezes por amor meu, e talvez a cada instante, cada vez que me queres ver e não me vês, a tua vontade sente a morte da minha privação, mas em realidade, porque não me vendo, a tua vontade morre porque não encontra a vida que busca, mas depois de que nesse ato se tem consumado, Eu renasço em ti e tu em Mim e reencontras assim a vida querida por ti, mas para voltar de novo a morrer para viver em Mim; assim também se me desejas, teu desejo não satisfeito sente a morte, mas fazendo-me
ver encontra novamente sua vida, e assim seu amor, sua inteligência, seu coração, podem estar em contínuo ato de morrer e viver por Mim. Se eu fiz isso por você, é justo que você faça por mim".

15-4
Janeiro 24, 1923
A Santíssima Trindade refletida na terra. Os atos triplos. Como estava reservado abrir as portas do Eterno Querer a Luisa.

(1) Todos estes dias passei-os num mar de amargura, porque frequentemente o bendito Jesus me priva de sua amável presença, e se se faz ver, vejo-o em meu interior imerso em um mar, cujas ondas se elevam acima Dele em ato de submergi-lo, e Jesus para não ficar submerso e afogado move seu braço e rejeita a onda, e com olhar piedoso me olha, me pede ajuda e me diz:
(2) " Minha filha, veja como as culpas são tantas que querem me submergir, não vê as ondas que me mandam, que se não agitasse meu braço ficaria afogado? Que tempos tão tristes, que trarão tristes consequências".

(3) E enquanto isto diz se esconde mais dentro de mim. Que pena ver Jesus neste estado! São penas que dilaceram a alma e a fazem em pedaços. Oh! como se quisesse sofrer qualquer martírio para consolar a meu doce Jesus. Depois, esta manhã me parecia que meu amável Jesus não podia mais, e fazendo uso de seu poder saiu desse mar cheio de todas essas armas prontas para ferir e também para matar, que dava terror só olhá-lo, e apoiando sua cabeça sobre meu peito, todo aflito e pálido, mas belo e de uma beleza que raptava me disse:

(4) "Minha querida filha, não podia mais, e se a justiça quer seu curso, também meu amor quer seu desabafo e fazer seu caminho, por isso saí desse mar horrível que me formam as culpas das criaturas, para dar campo a meu amor para vir me desabafar com minha pequena filha de minha Vontade. Também você não podia mais, escutei o estertor de sua agonia por minha privação naquele mar horrível, e, tendo posto todos de lado, corri a ti para desabafar e fazer-te desabafar em amor Comigo, para te dar de novo a vida".

(5) E, enquanto dizia isto, apertava-me fortemente a Ele, beijava-me, punha-me a sua mão na garganta para me aliviar da dor que Ele mesmo me tinha dado, porque há dias, havendo-me puxado com força os nervos da parte do coração que corresponde à garganta, fiquei como que sufocada; meu Jesus era todo amor e queria que eu lhe devolvesse os beijos, as carícias, os abraços que Ele me dava. Depois disto compreendi que queria que eu entrasse no mar imenso da sua Vontade para ser aliviado do mar das culpas das criaturas, e eu estreitando-me mais forte a Ele disse:

(6) "Meu amado bem, junto Contigo quero seguir todos os atos que fez tua Humanidade na Vontade Divina, aonde chegou Tu quero chegar também eu, para fazer que em todos teus atos encontre também o meu; então, assim como sua inteligência na Vontade Suprema percorreu todas as inteligências das criaturas, para dar ao Pai Celestial a glória, a honra, a reparação por cada um dos pensamentos de criatura em modo divino, e selar com a luz, com a graça de tua Vontade cada pensamento delas, assim também eu quero percorrer cada um dos pensamentos, desde o primeiro até o último que terá vida nas mentes humanas, para repetir o que está feito por Ti; Além disso,
quero unir-me aos pensamentos de nossa Celestial Mãe, que nunca ficou para trás, mas que sempre correu junto Contigo, e com os pensamentos que fizeram seus santos".

(7) A estas últimas palavras, Jesus olhou para mim e todo ternura me disse:
(8) "Minha filha, na minha Vontade Eterna encontrarás todos os meus atos, assim como todos os de minha Mãe, que envolviam todos os atos das criaturas, desde a primeira até a última que deverá existir como dentro de um manto, e este manto como formado em duas partes, uma elevava-se ao Céu para dar ao meu Pai, com uma Vontade Divina, tudo o que as criaturas lhe deviam: Amor, glória, reparação e satisfação; a outra parte ficava para defesa e ajuda das criaturas. Nenhum outro entrou em minha Vontade Divina para fazer tudo o que fez minha
Humanidade; meus santos fizeram minha Vontade, mas não entraram dentro para fazer tudo o que faz minha Vontade e tomar como de um só golpe todos os atos, do primeiro até o último homem, e tornar-se ator, espectador e divinizador. Com fazer minha Vontade não se chega a fazer tudo o que meu Eterno Querer contém, senão que desce na criatura limitada, por quanto a criatura pode conter, só quem entra dentro se amplia, se difunde como luz solar nos eternos vôos de meu Querer, e encontrando as minhas ações e as da minha mãe, põe neles o seu. Olhe em minha Vontade, há outros atos de criatura multiplicados nos meus que cheguem até o último ato que deve cumprir-se sobre esta terra? Olhe bem, não encontrará nenhum, isto significa que nenhum entrou, estava reservado abrir as portas de meu Eterno Querer à pequena filha minha, para unificar seus atos aos meus e aos de minha Mamãe, e tornar triplos todos os nossos atos perante a Majestade Suprema e para o bem das criaturas. Agora, havendo aberto as portas, podem entrar outros, desde que se disponham a um bem tão grande".

(9) Então continuei junto com Jesus girando em Sua Vontade para fazer o que estava feito por Ele. Então olhamos juntos para a terra, quantas coisas horríveis se viam, e como continuam os preparativos para a guerra, que fazem estremecer; e toda tremendo, me encontrei em mim mesma.
Pouco depois voltou e continuou a falar da sua Santíssima Vontade, dizendo-me:
(10) "Minha filha, minha Vontade no Céu continha ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, uma era a Vontade das Três Divinas Pessoas, enquanto eram distintas entre elas, mas a Vontade era uma, e Esta sendo a única que operava em Nós formava toda nossa felicidade, nossa igualdade de amor, de potência, de beleza, etc. Se em vez de uma Vontade fossem três Vontades, não poderíamos ser felizes, muito menos tornar felizes aos demais; teríamos sido desiguais na potência, na sabedoria, na santidade, etc., assim que nossa única Vontade, obrante em nós, é todo o nosso bem, do qual brotam tantos mares de felicidade, que nenhum pode penetrar até ao fundo. Agora, nossa Vontade, vendo o grande bem do agir sozinha em Três Pessoas distintas, quer operar sozinha em três pessoas distintas na terra, e estas são: a Mãe, o Filho, a Esposa. Delas quer fazer brotar outros mares de felicidade que levarão bens imensos a todos os viajantes".

(11) E eu toda maravilhada disse: "Meu amor, quem será esta Mãe afortunada, este Filho e esta Esposa que refletirão a Trindade sobre a terra, e que tua Vontade será uma nelas?
(12) E Jesus: "Como!, não compreendeste? Dois já estão em seu posto de honra: Minha Mãe Divina, e Eu, Verbo Eterno, Filho do Pai Celestial e Filho da Mãe Celestial. Com encarnar-me no seio dela fui seu próprio Filho. A Esposa é a pequena filha de meu Querer. Eu estou no meio, minha Mãe à direita e a Esposa à esquerda; conforme minha Vontade obra em Mim, faz o eco à direita e à esquerda, e forma uma só Vontade, por isso derramei tantas graças em ti, abri as portas de meu Querer, te revelei os segredos, os prodígios que Ele contém, para abrir tantos caminhos para te fazer chegar o eco do meu Querer, a fim de que perdendo o teu pudesses viver com a
minha Vontade; não estás contente?"
(13) E eu: "Obrigado, ó Jesus! e faz, rogo-te, que siga o teu Querer".

16-10
Julho 30, 1923

A alma é a flor celestial.

(1) Estava a meditar no Santo Querer Divino e o meu doce Jesus ao vir disse-me:
(2) "Minha filha, cada vez que a alma entra no meu Querer para rezar, operar, etc., tantas diversas tintas divinas recebe, uma mais bela do que a outra. Você não vê quanta variedade de cores e beleza contém toda a natureza? Elas são as sombras da variedade de cores e beleza que contem minha Divindade; mas onde adquirem as plantas e as flores a variedade das cores? A quem dei o ofício de colorir com tantas variadas tintas a tanta diversidade de plantas? Ao sol. Sua luz e seu calor contêm fecundidade e variedade de cores tais, de embelezar toda a terra, e só com que a planta se exponha aos beijos de sua luz, aos abraços de seu calor, a flor se abre e como correspondendo lhe o beijo e o abraço, recebe os matizes das tintas e forma sua bela coloração.

(3) Agora, a alma que entra na minha Vontade simboliza a flor que se expõe a receber o beijo e o abraço do sol para receber as diversas tintas que o sol contem, e ao corresponder-lhe, recebe as diversas tintas da Natureza Divina. É propriamente a alma a flor celestial, que o sol eterno com o sopro de sua luz tem colorido tão bem, de perfumar Céu e terra e alegrar com sua beleza à mesma Divindade e a toda a corte celestial. Os raios de meu Querer a esvaziam o que é humano e a enchem do que é Divino; por isso se vê nela a bela íris de meus atributos. Por isso minha filha, entra frequentemente em meu Querer para receber as nuances e as variadas tintas da semelhança do teu Criador".

17-4
Julho 1, 1924

Quem se doa a Deus perde seus direitos. O sangue de Jesus é defesa das criaturas diante dos direitos da Divina Justiça.

(1) Sentia-me muito oprimida pela privação do meu adorável Jesus. Oh, como me sangra o coração e me sinto submetida a sofrer mortes contínuas! Sentia que não podia mais sem Ele, e que mais duro não podia ser o meu martírio, e enquanto tentava seguir o meu Jesus nos diferentes mistérios da sua Paixão, cheguei a acompanhá-lo no mistério da sua dolorosa flagelação. Enquanto eu estava nisto, mexeu-se dentro de mim, enchendo-me de toda a sua adorável Pessoa; eu ao vê-lo queria dizer-lhe o meu duro estado, mas Jesus impôs-me silêncio disse-me:.
(2) "Minha filha, rezemos juntos; há certos tempos tão tristes nos quais minha justiça, não podendo conter-se pelos males das criaturas, gostaria de inundar a terra de novos flagelos, e por isso é necessária a oração em minha Vontade, que se espalhando sobre todos se põe em defesa das criaturas, e com seu poder impede que minha justiça se aproxime da criatura para golpeá-la".
(3) Como era belo e comovente ouvir Jesus rezar! E como o acompanhava no doloroso mistério da flagelação, fazia-se ver jorrando sangue, e ouvia que dizia:.
(4) "Meu Pai, ofereço-te este meu sangue, ah! Faz com que este sangue cubra todas as inteligências das criaturas e torne vãos todos os seus maus pensamentos, diminua o fogo das suas paixões e faça ressurgir inteligências santas. Este sangue cubra os seus olhos e faça véu à sua vista, para que não entre no sabor dos maus prazeres, e não se suje com a lama da terra. Este meu sangue cubra e encha a sua boca e deixe mortos os seus lábios às blasfêmias, às imprecações, a todas as suas más palavras. Pai meu, este meu sangue lhe cubra as mãos e lhe dê
terror de tantas ações infames. Este sangue circule em nossa Vontade Eterna para cobrir a todos, para defender e ser arma defensora em favor das criaturas ante os direitos de nossa justiça".

(5) Mas quem pode dizer o modo como Jesus rezava e tudo o que dizia? Depois fez silêncio e me sentia em meu interior que Jesus tomava em suas mãos minha pequena e pobre alma, a apertava, a retocava, a olhava, e eu lhe disse:
(6) "Meu amor, o que fazes? Há alguma coisa em mim que te desagrada?".

(7) E Ele: "Estou trabalhando e alargando a tua alma na minha Vontade. Além disso, não devo dar-te conta do que faço, porque tendo-te dado toda a Mim, perdeste os teus direitos, agora todos os direitos são meus. Sabes qual é o teu único direito? Que a minha Vontade seja tua e te forneça tudo o que pode fazer-te feliz no tempo e na eternidade".

18-8
Outubro 21, 1925
Efeitos de um ato feito na Divina Vontade. A dor de Jesus está suspensa na Divina Vontade esperando o pecador.

(1) Esta manhã meu doce Jesus me disse: "Minha filha, trago-te o beijo de todo o Céu". E enquanto
isso dizia me beijou e acrescentou:.
(2) "Todo o Céu está em minha Vontade, e tudo o que Eu faço, estando eles neste Supremo Querer, sentem o eco de meus atos e repetem como respondendo ao meu eco o que faço Eu".
(3) Dito isto desapareceu, mas depois de algumas horas voltou dizendo-me:.
(4) "Minha filha, devolve-me o beijo que te dei, porque todo o Céu, minha Mãe, nosso Pai Celestial e o Divino Espírito estão esperando a correspondência de teu beijo, porque tendo saído um ato deles em minha Vontade para a criatura que vive no exílio, desejam que lhes seja restituída a correspondência em minha mesma Vontade".

(5) Então, aproximando sua boca à minha, quase tremendo lhe dei meu beijo, o qual produziu um som harmonioso nunca ouvido, que se elevava ao alto e se difundia em tudo e a todos. E Jesus, com um amor indescritível acrescentou:.
(6) "Como são belos os atos na minha Vontade! Ah! você não sabe a potência, a grandeza, a maravilha de um ato em minha Vontade, este ato move tudo, Céu e terra como se fosse um ato só, e tudo o criado, anjos, santos, dão e recebem a correspondência desse ato. Por isso um ato feito em minha Vontade não pode estar sem correspondência, de outra maneira todos sentiriam dor de um ato divino que moveu a todos, no qual todos puseram do seu, e no entanto não correspondido.
O obrar da alma em minha Vontade é como o som argentino de um vibrante e sonora sino que soa tão forte, que chama a atenção de todos, e soa e ressoa tão doce, que todos conhecem nesse som, o obrar da alma em minha Vontade, recebendo todos a glória, a honra de um ato divino"..

(7) E, dito isto, desapareceu. Mais tarde, continuando a fundir-me na Vontade Divina, magoando-me por cada ofensa que foi feita a meu Jesus, desde o primeiro até o último homem que virá sobre a terra, e enquanto me doía pedia perdão, mas enquanto isso fazia dizia entre mim:.
(8) "Meu Jesus, meu amor, não me basta magoar-me e pedir-te perdão, senão que quisesse aniquilar qualquer pecado, para fazer que jamais, jamais, sejas ofendido". E Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:.
(9) "Minha filha, Eu tive uma dor especial por cada pecado, e sobre minha dor estava suspenso o perdão ao pecador. Agora, esta minha dor está suspensa em minha Vontade esperando o pecador quando me ofende, a fim de que, magoando-se de me ter ofendido, desça a minha dor para que se magoe juntamente com a sua, e em breve lhe dê o perdão; mas quantos me ofendem e não se magoam? E minha dor e perdão estão suspensos em minha Vontade e como isolados. Obrigado minha filha, obrigado por vir em minha Vontade a fazer companhia a minha dor e a meu perdão.

Continua girando em minha Vontade e fazendo tua minha mesma dor, grita por cada ofensa: talha dor, perdão', a fim de que não seja só Eu a me doer e a impetrar o perdão, senão que tenha a companhia da pequena filha de meu Querer que se dói junto Comigo".

19-3
Março 2, 1926

O silêncio no que diz respeito às verdades do Querer Divino forma o túmulo a estas verdades, enquanto a palavra forma a sua ressurreição.

(1) Sentia-me oprimida e com tal relutância em abrir a minha alma para manifestar o que o bendito Jesus me diz, teria querido calar-me para sempre, a fim de que nada mais se soubesse, e lamentava-me com o meu doce Jesus dizendo-lhe: "Ó! Se me dissesses para não dizer mais nada a ninguém sobre o que se passa entre nós, o peso enorme que me libertarias, como ficaria feliz.
Não vê minha grande repugnância, o esforço que preciso fazer?" Mas enquanto isso dizia, meu sempre amável Jesus movendo-se em meu interior me disse:.
(2) "Minha filha, você gostaria de sepultar a luz, a graça, a verdade e assim preparar o túmulo a seu Jesus? O silêncio acerca de tudo o que é verdade forma a sepultura da verdade, enquanto a palavra forma a ressurreição da verdade, faz ressurgir a luz, a graça, o bem, muito mais porque a palavra sobre a verdade parte do Fiat Supremo. A palavra teve o seu campo divino quando na Criação, com a palavra Fiat, fiz sair toda a Criação, podia tê-la criado ainda em silêncio, mas quis servir-me da palavra Fiat para fazer que também a palavra tivesse a origem divina, que contendo a potência criadora, quem se servir dela para manifestar o que a Mim pertence, tivesse a potência de
comunicar aquelas verdades a quem tem a fortuna de as ouvir. Para ti há uma razão mais forte, porque sendo tudo o que Eu te digo, a maior parte coisas que correspondem à minha Suprema Vontade, não é somente a palavra de origem, mas é propriamente aquele mesmo Fiat, que saindo de novo em campo como na Criação quer fazer conhecer os imensos bens que contém o meu Querer, e comunica tal poder sobre tudo o que te manifesto sobre Ele, que é suficiente para poder formar a nova Criação da minha Vontade nas almas. Isto é o bem que me queres, que com o teu silêncio queres formar o túmulo à minha Vontade?".

(3) Eu fiquei espantada e mais aflita do que antes, e rogava a Jesus que me desse a graça de cumprir sua Santíssima Vontade, e meu amado Jesus, como se quisesse me consolar saiu de dentro de mim e me estreitando forte a seu santíssimo coração me infundia nova força. Enquanto estava nisso, o Céu se abriu e ouvia todos em coro dizerem: "Gloria Patri et Filii et Spiritui Sancto".

E não sei como, a mim me tocou responder: "Sicut erat in principio et nunc et Semper et in saecula saeculorum, amen". Mas quem pode dizer o que acontecia? Na palavra "Patri" via-se a Potência criadora que corria por toda a parte, conservava tudo, dava vida a tudo, o único alento dela bastava para manter íntegro, belo e sempre novo tudo o que tinha criado. Na palavra "Filii" viam-se todas as obras do Verbo, renovadas, ordenadas e tudo em ato de encher Céu e terra para dar-se ao bem das criaturas. Na palavra "Espírito Santo" via-se investir todas as coisas de um amor falante, operante e vivificante; mas quem pode dizer tudo? Minha pobre mente a sentia imersa nas bem-
aventuranças eternas, e meu adorável Jesus querendo me fazer voltar em mim mesma me disse:.

(4) "Minha filha, sabes por que te coube a ti dizer a segunda parte do Glória? Estando em ti a minha Vontade te convinha levar a terra ao Céu, para dar em nome de todos, juntamente com a corte celestial, aquela glória que não terá fim, por todos os séculos dos séculos. As coisas eternas que jamais têm fim encontram-se só em minha Vontade, e quem a possui se encontra em comunicação com o Céu, e o que fazem nas regiões celestiais, ela toma parte em tudo e se encontra como em ato junto aos habitantes celestiais.".

20-3
Setembro 23, 1926

Como quem deve fazer bens universais, deve suprir por todos. Três planos na Vontade de Deus.

(1) Estava fundindo-me toda no Santo Querer Divino, com a ferida na alma de não ter visto o meu doce Jesus, oh! Como enquanto tentava fazer minhas ações em seu Querer não me sentia junto comigo, me sentia arrancar um pedaço de mim mesma, assim que minha pequena e pobre existência me sentia despedaçar sem Jesus, e lhe pedia que tivesse piedade de mim e que logo retornasse a minha pobre alma. Então, depois de muito esperar voltou, mas muito aflito por causa da traição humana, parecia que nações e nações lutavam entre elas, preparando até os depósitos das armas para se combater, preparando coisas imprevistas para fazer surgir os combates. Que
loucura, que cegueira humana, parece que já não têm vista para ver o bem, a ordem, a harmonia, mas têm vista só para ver o mal, e esta cegueira lhes afeta o cérebro e fazem coisas de loucos, então ao vê-lo tão aflito por causa disto lhe disse: "Meu amor, deixa esta tristeza, Tu lhes darás luz e não o farão, e se forem necessárias minhas penas, estou pronta desde que estejam todos em paz". E Jesus disse-me com dignidade e severidade:

(2) "Minha filha, tenho-te para Mim, para formar em ti o meu Reino do Fiat Supremo, não para eles.
Fiz-te sofrer até demasiado para livrar o mundo, mas a sua perfídia não merece que Eu te faça sofrer mais por sua causa".
(3) E enquanto dizia isso, parecia que tinha em suas mãos uma barra de ferro, em ato de passá-la sobre as criaturas. Eu fiquei espantada e queria aliviar a Jesus de sua aflição e por isso lhe disse:
"Jesus, minha vida, vamos cuidar por agora do Reino do teu Querer, a fim de que te confortem, eu sei que a tua alegria, a tua festa, é dar-te ocasião para te fazer falar dele, por isso, juntamente comigo corram os teus atos nos meus, a fim de que com a luz do teu Querer invistam mais do que sol a todas as criaturas, e eu possa constituir-me ato por cada ato, pensamento por cada pensamento, encerrarei tudo, tomarei como em um punho todos seus atos para fazer tudo o que elas não te fazem, e assim encontrarás tudo em mim e tua aflição se afastará de teu coração". E Jesus condescendendo aos meus desejos girou junto comigo e depois me disse:

(4) "Minha filha, que poder contém a minha Vontade, Ela como luz penetra em qualquer lugar, alarga-se, dá-se a cada ato, multiplica-se ao infinito; mas enquanto faz tantas coisas e se multiplica em cada coisa, fica sempre uma, qual é, conservando todos os seus atos sem perder nenhum.
Olha minha filha, o primeiro plano feito em Minha Vontade em nome e por todas as criaturas, foi feito pela Soberana Rainha, e obteve o sumo bem a todas as criaturas de fazer descer à terra o suspirado Redentor, que faz por todos, em nome de todos e supre por todos, merece bens universais, que podem servir a todos.

(5) O segundo plano feito na Suprema Vontade, foi feito por minha Humanidade, abracei tudo e a todos como se fossem um só, dei satisfação por todos, não deixei nenhum ato de criatura sem constituir nele o meu, para fazer que a meu Pai Celestial fosse completa a glória, o amor, a adoração por cada ato de criatura, e isto obteve o fruto da minha vinda sobre a terra, mereceu a salvação, a santidade a todos; muitos não a tomem, a culpa é deles, não por falta do doador.

Portanto minha Vida conseguiu bens universais para todos, abriu as portas do Céu para todos.

(6) O terceiro plano em minha Vontade o farás tu, e por isso em todas as coisas que tu fazes te faço fazer por todos, abraçar tudo, suprir em nome de cada um dos atos deles. Seu plano deve igualar-se ao meu, deve unificar-se àquele da Imperatriz Celestial e isto servirá para conseguir o Reino do Fiat Supremo. A quem deve fazer um bem universal nada se deve escapar, para ligar o bem que quer dar a todas as criaturas. Os atos feitos em Minha Vontade, para suprir a todos, formam duplas correntes, mas correntes de luz que são as mais fortes, as mais longas, não sujeitas a quebrar-se, ninguém pode ter a capacidade de romper uma corrente de luz, essa é mais
que raio solar que ninguém pode romper, muito menos impedir-lhe o passo a onde a largura e espessura do raio quer chegar, e estas cadeias de luz obrigam Deus a dar bens universais e a criatura a recebê-los".

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