VÍDEO DA AULA
15 de julho de 1926
Meu Jesus, meu Amor, minha Mãe Celestial e Rainha Soberana,
vinde em meu auxílio, toma o meu pobre coração entre os vossos
corações; você não vê como isso me sangra, eu luto de ter que
recomeçar, por colocar em escrito minha pobre existência, da minha infância?
A qualquer custo gostaria de escapar deste sacrifício muito doloroso e difícil, que é tão difícil
porque é inesperado; mas uma nova obediência no campo para
torturar minha existência pobre e insignificante. Jesus, Mãe, vem em
meu auxílio, senão sinto que a minha vontade gostaria de sair de
novo a campo, de ter vida e poder dizer um ¨não¨ definitivo a quem
quer me comandar. Ah, mais vamos lá, vamos lá. Você talvez
coloque que eu tenho que fazer1. Eu quero, depois de tanto tempo
que Tu amarras com tanto ciúme essa minha Vontade, que eu dei
aos seus pés como um presente e triunfo de sua filhinha?
Eles me fizeram orar para saber de Você, se eu deveria ou
não fazer isso, e Você, em vez de estar comigo, me disse : ¨Isto
servirá para dar a conhecer a terra que deveria iluminá-la o
Sol da minha Vontade, para formar o seu Reino ”.
Ah, Jesus, o que importa para mim é tornar-te conhecido na terra!
E deve ser importante para você, que sua Vontade seja conhecida,
não é verdade Jesus? Mas Jesus ficou em silêncio e desapareceu. E
eu declaro com toda a amargura intensa da minha alma: "Fiat!
Fiat! " ! E eu começo.
Por isso digo no começo o que me falaram, um agrado à
minha família.
Eu nasci em 1865, 23 de abril, domingo em Albis, naquela
mesma noite eles me batizaram. Já falei que minha mãe disse, que
nasci de cabeça pra baixo, mas ela não sofreu nada no parto, tanto
que Eu, nos encontros e circunstâncias da minha vida, estou
acostumada dizer: “Nasci de cabeça para baixo! É [portanto] certo
que minha vida é o reverso da vida de outras criaturas! "
Então eu me lembro que na minha tenra idade de três a quatro
anos, até cerca de dez anos, eu era de um temperamento medroso,
e tinha tanto medo que, nem sabia estar sozinha, nem de dar um
passo sozinha; mas isso foi causado [pelo fato] de que desde os três
anos, à noite, quase sempre sonhava com medo.
Eu sonhei com o demônio, que me assustou tanto que me fez
tremer;
Às vezes eu sonhava com ele, que queria me levar consigo, ele
estava me puxando forte e eu estava fazendo todos os esforços para
escapar; no mesmo sonho eu suava frio, me escondia, fugia para os
braços de minha mamãe; assim, o dia permaneceu para mim com
aquela impressão dos sonhos, e tanto medo como se de todas as
partes ele quisesse sair.
Agora acho que me fez bem, porque desde daquela tenra idade
até adolescente, eu costumava recitar muitas ¨Ave Marias e Pai
Nossos¨ para todos os santos [do qual] eu conhecia o nome, para
ter a graça de não me fazer sonhar com o demônio; e se um outro
santo fosse nomeado para mim que eu não sabia direito o nome, eu
adicionei imediatamente o ¨Pai Nosso¨ se ele fosse um santo
homem, uma ¨Ave Maria¨se ela fosse santa mulher, porque eu
pensava que se não honrasse a todos os santos, eles me fariam
sonhar com o demônio, ou eu dizia as Sete ¨Ave Marias¨ sempre
à Mãe Dolorosa desde aquela idade, por isso guardei na memória
muito cedo as orações da ¨Ave Maria e Pai Nosso¨;
e, portanto, enquanto as outras meninas e minha irmã brincavam,
eu ficava um pouco longe delas, ou junto com elas por medo, mas
não participava de suas brincadeiras e hinos, para recitar minhas
longas ¨Ave Marias e Pai Nossos¨... Também me lembro que às
vezes eu sonhava com a Virgem, que ela expulsava o demônio, e
uma vez ela me disse: "Minha filha, chora, porque meu filho está
morto!" Fiquei chocada e com muita pena dela; e isso me deixou
infeliz. Quando eu alcancei a idade mais capaz, em que eu pudesse
meditar, ler, para me afastar do medo e, portanto, não poderia fazer
isso só por isso.
Agora, tendo me feito, aos onze anos, filha de Maria, um dia,
enquanto eu queria orar e meditar, algo me surpreendeu e eu
estava prestes a fugir do meio da família [quando] compreendi uma
força no meu interior que estava me segurando e me falava e ouvi
no fundo da minha alma uma voz que me dizia: “Por que temes?
Aí está o seu anjo ao seu lado, Jesus Cristo está no seu
coração, existe a Mãe Celestial, então por que estás com
medo?
Quem é mais forte: seu anjo da guarda, seu Jesus, sua Mãe
celestial ou o inimigo infernal? Portanto, não fuja, mas
fique e reze e não tenha medo ”.
Esse sentimento no meu interior me trouxe tanta força,
coragem e firmeza, que afastou o medo, e toda vez que eu fiquei
surpresa com o medo, senti que se estava repetindo a mesmo voz
em meu interior, e me senti carregada pela mão do meu anjo, da
Rainha Soberana e do doce Jesus.
Senti-me triunfante no meio deles, de tal forma que havia tanta
coragem que todo o medo foi removido; tanto que os sonhos
terríveis cessaram completamente. Então eu fui capaz de andar
sozinha, de estar sozinha, ir sozinha no jardim, enquanto antes, se
eu fosse lá, só eu via um movimento de um galho de árvore, já
fugia, porque pensava que o demônio iria aparecer ali.
Lembro-me de um dia, lembrando do medo de minha pequena idade,
os muitos sonhos com o inimigo, o que me deixou infeliz na
minha infância, eu disse a Jesus: “De que adianta, Senhor que passei
na minha infância tanto medo, sonhos ruins, que me faziam tremer,
suar e amargar sendo eu tão pequena? Eu não entendi nada sobre
isso, nem acredito se o inimigo tinha algum propósito, dada a uma
idade tão pequena. E Jesus me disse: "Minha filha, o inimigo
vislumbrou algo sobre você, que você poderia ser útil para
mim em algo para minha Glória, e que ele iria receber uma
grande derrota; nunca recebida. Muito mais ele viu que, na
medida em que ele tentasse, não conseguia fazer com que
nenhuma afeição ou pensamento menos puro, entrasse em
você, porque eu mantive as portas fechadas para ele e ele
não foi embora sem saber por onde entrar; vendo isso ele
se zangou e procurou redirecionar você - não podendo
fazer mais nada - tentou com sonhos terríveis e
assustadores, mais do que não saber a causa dos meus
grandes desígnios sobre você, que eram para servir à
destruição de seu reino. E tentou investigar com atenção a
causa, com a esperança de ser capaz de causar danos te
tentando de todas as maneiras.¨
Nosso Senhor tem sido tão bom comigo, dando-me bons pais, e
mais eles tomavam o cuidado de não ouvir em casa nem mesmo uma
palavra de blasfêmia ou menos honesta. Eles me amavam, mas com
amor digno e sério. Eu lembro que meu pai nunca, sendo uma criança,
me tomou nos braços, nem para dar ou receber beijos; Eu nem me
lembro se ele beijava minha mãe. E quando eu cresci e fui para a
cama, minha mãe tendo que ir para a fazenda e se ausentar por
muitos meses, se despediu de mim e me fazia agir para querer me
beijar, e eu, vendo isso somente beijei sua mão e ela se absteve de
toda aquela explosão maternal. Pai e mãe eram anjos de pureza e
modéstia.
Eles eram muito honestos com seus funcionários: nenhuma fraude,
nenhum engano acontecia em nossa casa, havia tanta custódia
que nunca nos confiaram a estranhos, mas sempre ficávamos com
eles. Espero que o bendito Jesus tenha recompensado tantas
virtudes vividas, para que os leve à Pátria Celestial.
Também me lembro que eu era de um temperamento
vergonhoso, lembro-me quando parentes ou outras pessoas
vinham nos visitar, eu fugia para o quarto ou me escondia para não
ser encontrada, ia para debaixo da cama e rezava, e dali eu só saia,
quando eles disseram que todos tinham ido embora. Quando minha
Mamãe ia visitar os parentes dela e queria me levar, eu chorava,
porque não queria ir junto; e eu e outra minha irmã, quase do
mesmo temperamento, contentávamos em ficarmos só, trancadas,
em vez de sair.
Esta vergonha não me deixou participar de nada, nem de festas,
divertimentos, até mesmo os mais inocentes, que são usados nas
famílias; com medo e vergonha, e se meus pais me forçassem, eu
estava na cruz, porque a vergonha fazia todas as coisas estranhas
para mim.
Então, lembrando de tudo isso, de alguma forma o que fez
minha infância parecer tão infeliz, diante disso meu doce Jesus me
disse: "Minha filha, até a vergonha com que te envolvi na
sua infância, foi um dos maiores ciúmes de amor por ti: Eu
não quis que ninguém conquistasse você, nem o mundo,
nem as pessoas e eu queria você uma estranha para todos.
Eu não queria te fazer participar de nada e que isso te
agradasse, porque tendo tido o cuidado desde essa época
para formar em ti o Reino do Fiat Supremo, e você só
poderia participar em suas festas e alegrias que há nele,
era certo que nenhum outra festa, ou prazeres e
entretenimentos que estão na terra, te chamaria atenção.
Você não está feliz? "
Mas, apesar de sentir vergonha e medo, ainda estava
animado, alegre; Pulei, corri e fiz algumas impertinências.
2-41
Junho 22, 1899
Jesus brinca e Luisa brinca com ele.
(1) Esta manhã meu doce Jesus queria continuar se divertindo e querendo brincar, vinha,
punha suas mãos na minha cara como se quisesse me fazer uma carícia, mas no momento de
fazê-la desaparecia, de novo vinha, estendia seus braços para meu pescoço em ato de querer
me abraçar, mas enquanto estendia os meus para abraçá-lo, fugia como um relâmpago, sem
poder encontrá-lo, quem pode dizer as penas de meu coração? Enquanto meu pobre coração
nadava neste mar de dor imenso, até me sentir desfalecer, veio a Mamãe Rainha trazendo-o
como menino entre seus braços e assim nos abraçamos os três juntos, a Mãe, o Filho e eu,
então tive tempo de dizer-lhe: "Meu Senhor Jesus, parece-me que retiraste de mim a tua
graça".
(2) E Ele: "Tola, tola que és! Como dizes que te retirei a minha graça enquanto estou em ti? E
que coisa é a minha graça senão Eu mesmo?".
(3) Fiquei mais confusa do que antes, vendo que não sabia falar e que naquelas duas palavras
que tinha dito, não tinha dito outra coisa que não fosse disparates. Depois a Rainha Mãe
desapareceu e Jesus parecia que se fechava dentro de mim e ali ficava.
(4) Hoje, depois da meditação, se fazia ver que dormia dentro de mim, eu o estava olhando,
deleitando-me em seu belo rosto, mas sem despertá-lo, contente de vê-lo ao menos, quando
em um instante veio de novo a bela Mamãe Rainha, o tomou de dentro de meu coração,
movendo tudo rapidamente para despertá-lo; depois de despertá-lo colocou-o de novo em
meus braços dizendo-me:
(5) "Minha filha, não o deixe dormir, porque se dorme vais ver o que acontecerá".
(6) Era um temporal que se preparava. Assim o menino, meio dormindo, pôs suas mãozinhas
em meu pescoço e apertando-me disse:
(7) "Mamãe minha, mamãe minha, deixa-me dormir".
(8) E eu: Menino, meu menino bonito, não sou eu quem não quer deixar-te dormir, é nossa
Senhora Mãe que não quer, e eu te peço que a contentes, certamente que nada se nega à
Mãe, e sobretudo a essa Mãe.
(9) Depois de tê-lo mantido acordado por alguns momentos desapareceu e assim terminou.
3-41
Fevereiro 21, 1900
O dom da pureza é graça conseguida, e esta é obtida com a mortificação.
(1) Esta manhã meu amável Jesus começou a fazer suas habituais demoras. Seja sempre bendito;
de verdade que se necessita uma paciência de santo para suportá-lo, e há que tratar com Jesus
para saber quanta paciência se necessita. Quem não o experimenta não pode acreditar, e é quase
impossível não ter algum pequeno desgosto com Ele. Então, depois de ter usado a paciência ao
esperá-lo e esperá-lo, finalmente veio e me disse:
(2) "Minha filha, o dom da pureza não é dom natural, senão que é graça conseguida, e esta se
obtém com tornar-se atrativa, e a alma se faz tal com a mortificação e os sofrimentos. Oh, como
se torna atrativa a alma mortificada e sofredora como ela é bonita, e eu sinto tal atração por ela que
enlouqueço por esta alma e tudo o que ela quer dou-lhe. Você, quando estiver privada de Mim,
sofre minha privação, que é a pena mais dolorosa para você, por meu amor, e Eu sentirei mais
atração que antes e te concederei novos dons".
4-45
Janeiro 5, 1901
A Humanidade de Jesus foi feita expressamente
para obedecer e destruir a desobediência. Luísa conforta a Jesus.
(1) Encontrando-me fora de mim mesma, via o confessor que punha a intenção da crucificação, eu
temia submeter-me, mas Jesus me disse:
(2) "Que queres de Mim? Eu não posso fazer mais que obedecer, porque minha Humanidade foi
feita expressamente para obedecer e destruir a desobediência, e estando tão unida Comigo esta
virtude, que em Mim se pode dizer que a obediência é natureza, e o distintivo para Mim mais
querido e glorioso, tanto, que se minha Humanidade não tivesse isto como próprio, a aborreceria e
jamais me haveria unido com Ela. Então, queres tu desobedecer? Podes fazê-lo, mas o farás tu,
não Eu".
(3) Eu, toda confusa ao ver um Deus tão obediente disse: "Também eu quero obedecer". E
submeti-me, e Jesus me participou as dores da cruz.
(4) Depois disso ele me transportou para fora de mim mesma e Jesus bendito me deu um beijo, e
enquanto isso saiu um hálito amargo, e estava em atitude de querer derramar suas amarguras,
mas não o fez, porque para fazê-lo queria que eu lhe pedisse. Eu imediatamente disse: "Quer
alguma reparação? vamos fazê-la juntos, assim minhas reparações junto às tuas terão seus
efeitos, porque por mim só acredito que te desgostarão mais". Então tomei a sua mão, que jorrava
sangue, e, beijando-a, recitei o Laudate Dominum com a Glória Pátria; Jesus rezou uma parte e eu
a outra, para reparar as tantas más obras que se fazem, colocando a intenção de louvá-lo tantas
vezes por quantas ofensas recebe pelas más obras. Como era comovente ver Jesus orar! Depois
fiz o mesmo à outra mão, colocando a intenção de louvá-lo tantas vezes por quantas ofensas
recebe pelos pecados de ação. Em seguida os pés com a intenção de O louvar tantas vezes por
quantos passos maus e por tantos caminhos tortos percorridos, mesmo sob aspecto de piedade e
santidade. Ao último o coração, com a intenção de louvá-lo tantas vezes por quantas às vezes o
coração humano não bate para Deus, não ama a Deus, não deseja a Deus. Meu amado Jesus
parecia todo reconfortado com estas reparações feitas junto com Ele, mas não contente ainda,
parecia que queria verter, e eu disse: "Senhor, se queres verter, peço-te que o faças". E Ele
derramou suas amarguras, e depois acrescentou:
(5) "Minha filha, quanto me ofendem os homens, mas virá o tempo em que os castigarei de modo
que sairão muitos vermes (homens vis e desprezíveis) que produzirão nuvens de mosquitos
(pessoas de corpo minúsculo) e muito os oprimirão. Então, depois sairá o Papa".
(6) E eu: "E por que o Papa vai sair?"
(7) E Ele: "Sairá para consolar os povos, que oprimidos, cansados, abatidos, traídos por tantas
falsidades, buscarão eles mesmos o porto da verdade, e todos humilhados pedirão ao Santo Padre
que vá no meio deles para libertá-los de tantos males e colocá-los no porto da salvação".
(8) E eu: "Senhor, isto acontecerá depois das guerras que outras vezes Tu disseste?"
(9) E Ele: "Sim".
(10) E eu: "Como gostaria de ir antes que estas coisas aconteçam".
(11) E Ele: "E então, para onde irei entreter-me?"
(12) "Ah Senhor, há tantas almas boas com as quais podes entreter-te, que comparando-me eu
com elas, oh! quão má me vejo". Mas Jesus não me dando atenção desapareceu, e eu retornei em
mim mesma.
6-40
Maio 30, 1904
A Paixão serve como veste ao homem.
A soberba transforma em demônios as imagens de Deus.
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, estava pensando e oferecendo a Paixão de Nosso
Senhor, especialmente a coroa de espinhos, e lhe rogava que desse luz a tantas mentes cegas,
que se fizesse conhecer, porque é impossível conhecê-lo e não amá-lo. Enquanto dizia isto, meu
adorável Jesus saiu de dentro de mim e me disse:
(2) "Minha filha, quanta ruína faz na alma a soberba, basta dizer-te que forma um muro de divisão
entre a criatura e Deus, e de imagens minhas as transforma em demônios. E além disso, se tanto
te dói e te desagrada que as criaturas sejam tão cegas que elas mesmas não entendam nem
vejam o precipício em que se encontram, e tanto deseja que Eu as ajude, minha Paixão serve
como vestes ao homem, que lhe cobre as maiores misérias, o embeleza e lhe restitui todo o bem
que pelo pecado se havia tirado e perdido, pelo que Eu te faço dom de minha Paixão, a fim de que
te sirva a ti e para quem tu queiras".
(3) Ao ouvir isto veio-me tal temor, vendo a grandeza do dom, e temendo que não soubesse usar
este dom, e por isso desagradar ao mesmo Doador; então disse: "Senhor, não sinto a força de
aceitar tal dom, sou muito indigna de tal favor, melhor fique Você que é o Tudo e tudo conhece,
conhece a quem é necessário e convém aplicar esta vestimenta preciosa e de imenso valor,
porque eu, pobrezinha, que coisa posso conhecer? E se é necessário aplicá-lo a alguém e eu não
o faço, que rigorosa conta não me pedirás?"
(4) E Jesus: "Não temas, o próprio Doador te dará a graça de não ter inútil o dom que te deu,
acreditas tu que Eu te faço um dom para te fazer mal? Não, jamais".
(5) Então eu não soube o que responder, mas fiquei espantada e em brasas, reservando-me para
ouvir como pensava a senhora obediência. Entende-se, no entanto, que este vestido, não quer
significar outra coisa senão tudo o que fez, mereceu e sofreu nosso Senhor, onde a criatura
encontra o vestido para cobrir-se a nudez despojada de virtude, as riquezas para enriquecer-se, as
belezas para tornar-se bela e embelezada, e o remédio para todos os seus males. Depois, tendo
dito à obediência, me disse que aceitasse.
7-43
Setembro 14, 1906
Posição das almas na humanidade de Jesus.
(1) Esta manhã encontrava-me fora de mim mesma e via o Menino Jesus dentro de um espelho
muito grande e altivo, de modo que de qualquer parte em que me encontrava podia vê-lo muito
bem. Eu acenava com a mão para que viesse a mim, e Jesus me fazia sinais para que fosse a
Ele. Enquanto estava nisto via pessoas devotas e sacerdotes, como se se pusessem entre Jesus
e eu, e falavam de mim; eu não lhes prestava atenção, meu olhar era meu doce Jesus. Mas Ele
saiu apressadamente de dentro do espelho, e queria dominar aqueles que murmuravam dizendo:
(2) "Que nenhum me toque, porque tocando a quem me ama me sinto mais ofendido que se me
tocassem a Mim diretamente, e vos farei ver como sei tomar a defesa de quem tudo se deu a
Mim, e de sua inocência".
(3) E com um braço me apertava e com o outro ameaçava aqueles. E a mim nada me importava
que falassem mal de mim, só me desgostava que Ele os quisesse castigar, e lhe disse: "Doce
vida minha, não quero que nenhum sofra por minha causa, e por isso saberei que me amas, se
te acalmas e não os castigas, de outra maneira ficarei descontente Assim parece que se
acalmou e me afastou daquela gente me conduzindo em mim. Depois continuava a vê-lo mas
não mais como criança, mas crucificado, e disse-lhe:
(4) "Meu adorável bem, quando sofreste a crucificação todas as almas tinham um lugar na tua
humanidade, e o meu lugar em que se encontrava?"
(5) E Ele: "Minha filha, o lugar das almas amantes era em meu coração, mas a ti, além de ter-te
no coração, devendo coadjuvar à Redenção com o estado de vítima, tinha-te em todos meus
membros, como em ajuda e consolo".
9-43
Setembro 2, 1910
Deve-se prestar atenção ao que se deve fazer, e não às fofocas.
(1) Estava pensando em Jesus quando levava a cruz ao calvário, especialmente quando encontrou
as mulheres, que esqueceu suas dores e se ocupou em consolar, ouvir, instruir aquelas pobres
mulheres. Como tudo era amor em Jesus; Ele tinha necessidade de ser consolado, ao contrário
consola, e em que estado consola, estava todo coberto de chagas, trespassada a cabeça por
espinhos perfurantes, ofegante e quase morrendo sob a cruz, e consola os outros, ¡que exemplo!
Que vergonha para nós, que basta uma pequena cruz para nos fazer esquecer o dever de consolar
os outros! Então recordava quantas vezes, encontrando-me eu oprimida pelos sofrimentos ou pelas
privações de Jesus que me traspassavam, me dilaceravam de lado a lado meu interior, e
encontrando-me rodeada de pessoas, Jesus me incitava a imitá-lo neste passo de sua Paixão, e
eu, ainda que amarga até aos ossos, esforçava-me por me esquecer de mim mesma para consolar
e instruir os outros. E agora, encontrando-me livre e isenta de tratar com pessoas, graças à
obediência, agradecia a Jesus que não me encontrava mais nestas circunstâncias; agora sinto que
respiro um ar mais livre para poder me ocupar só de mim mesma. E Jesus, movendo-se dentro de
mim, disse-me:
(2) "Minha filha, porém, para mim era um alívio e sentia-me como restaurado, especialmente
naqueles que vinham para fazer o bem. Nestes tempos falta verdadeiramente quem infunda o
verdadeiro espírito interno nas almas, porque não tendo-o, não sabem infundi-lo nos demais, e as
almas aprendem a ser susceptíveis, escrupulosas, ligeiras, sem verdadeiro fundo de desapego de
tudo e de todos, e isto produz virtudes estéreis, que fazem por florescer e morrer. Alguns crêem
fazer progresso nas almas porque chegam à minuciosidade e à escrupulosidade; mas em lugar de
progresso são verdadeiros obstáculos que arruínam as almas, e meu amor fica em jejum nelas.
Então, havendo-te eu dado muita luz sobre os caminhos internos, e tendo-te feito compreender a
verdade das verdadeiras virtudes e do verdadeiro amor, encontrando-te tu na verdade, Eu poderia
por sua boca fazer compreender aos demais a verdade do verdadeiro caminho das virtudes, e Eu
por isso me sentiria feliz".
(3) E eu: "Mas Jesus bendito, depois do sacrifício que eu fazia, essas pessoas iam dizendo fofocas
e fofocas, e a obediência justamente proibiu que viessem as pessoas".
(4) E Jesus: "Este é o erro, que se preste atenção às fofocas e não ao bem que se deve fazer.
Também de Mim se disseram muitas fofocas, e se tivesse prestado atenção a isto não teria
cumprido a Redenção do homem, por isso se deve pensar no que se deve fazer, e não no que se
diz; as fofocas ficam a conta de quem as diz".
10-42
Novembro 2, 1911
Jesus lhe dá um coração de luz, e lhe diz que fará tudo por meio deste coração.
(1) Continuando o meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus, lamentou-me com Ele que
vinha brevemente, e que não me dava tempo de lhe dizer nada das tantas necessidades que há,
com a adição de que, ao vir, hora me estreita forte, hora transforma-me tanto na sua Vontade que
não me deixa nem sequer um pequeno espaço para poder perorar pelas suas criaturas, e Jesus
disse-me:
(2) "Mas minha filha, sempre queres saber tudo, está bem, digo-te. As coisas serão graves,
gravíssimas, eis todo o porquê, e se me pusesse em confiança contigo, tu me atarias e não me
deixarias fazer nada, em troca deves ter paciência e por agora Eu te atarei a ti".
(3) Depois tomou um coração de luz e o pôs dentro de mim acrescentando:
(4) "Amarás, falarás, pensará, reparará, tudo farás por meio deste coração".
11-38
Outubro 14,1912
O que Jesus opera nas almas é eterno.
(1) Encontrando-me em meu estado habitual, lamentava-me com Jesus bendito de meu pobre
estado, e dizia: "De que me serve que no passado me tenha feito tantas graças, tendo chegado
até me crucificar Contigo, se agora tudo terminou?" E Jesus:
(2) "Minha filha, que dizes? Como, nada te serve? Tudo acabou? Falso, enganas-te, nada
acabou e tudo te é útil. Tu deves saber que tudo o que faço à alma está selado com o selo do
eterno, e não há poder que possa tirar à alma o que minha graça tem feito. Portanto, tudo o que
fiz à tua alma, tudo existe e tem vida em ti, e dá-te alimento contínuo, por isso, se te crucifiquei, a
crucificação existe e existe por quantas vezes te crucifiquei. Muitas vezes me deleito em operar
nas almas e pôr tudo em depósito nelas, e depois renovo meu agir sem tirar o que fiz antes.
Então, como podes dizer que nada te serve e que tudo acabou? Ah, minha filha, os tempos são
tão tristes que minha Justiça chega a rejeitar as almas que tomam os castigos sobre elas e os
impedem de cair sobre o mundo! Estas são minhas mais queridas vítimas de meu coração, e o
mundo me empurra a tê-las quase inativas, mas não é inatividade a sua, porque estando em
minha Vontade, enquanto parece que não fazem nada fazem tudo, mas bem abraçam o imenso,
o eterno, só que o mundo por sua maldade não goza todos os efeitos".
VIDEO DA AULA
22 de fevereiro de 1944.
[…].
41.11 Jesus diz:
[…].
– Voltemos muito, muito atrás. Voltemos ao Templo, onde Eu, aos doze
anos, estou disputando. Ou melhor, voltemos às ruas que levam a Jerusalém,
e de Jerusalém ao Templo.
Vê a angústia de Maria, quando, tendo-se reunido às filas dos homens e
das mulheres, viu que Eu não estava com José.
Ela não levanta a voz, em ásperas repreensões contra o esposo. Todas as
mulheres o teriam feito. Vós o fazeis por muito menos, esquecendo-vos de
que o homem é sempre o chefe da casa. Mas a dor que transparece no rosto
de Maria, magoa José, mais do que qualquer repreensão. Maria não se
abandona a cenas dramáticas. Vós, por muito menos, o fazeis, pois gostais de
ser notadas, e feitas alvos de compaixão. Mas a dor contida de Maria é tão
evidente, pelo tremor que a toma, pelo rosto que empalidece, pelos olhos
que se dilatam, que comove mais do que qualquer cena de pranto e de
clamor.
Não sente mais cansaço, nem fome. O caminho foi longo e, depois de
tantas horas, não tomou nenhum alimento! Mas ela deixa tudo. Tanto a
enxerga, que está sendo arrumada, como a comida que ia ser distribuída.
Volta atrás. É tarde, a noite desce. Não importa. Cada passo que dá leva-a de
volta a Jerusalém. Faz parar as caravanas e os peregrinos. Pergunta a todos.
José a segue e a ajuda. Um dia de caminho, voltando, e depois uma penosa
busca pela cidade.
Onde, onde poderá estar o seu Jesus? E Deus permite que ela não saiba,
durante tantas horas onde é que devia ir me procurar. Procurar um menino no
Templo, seria uma coisa sem sentido. Que teria um menino ido fazer no
Templo? No máximo, teria se perdido na cidade, e se tivesse voltado para
dentro do Templo, levado pelos seus pequenos passos, sua voz chorosa teria
chamado pela mãe atraindo a atenção dos adultos, dos sacerdotes, os quais
teriam providenciado para que se procurassem os pais dele, por meio de
avisos colocados nas portas. Mas não havia nenhum aviso. Ninguém na
cidade sabia desse Menino. Bonito? Loiro? Robusto? Mas há tantos assim!
Era muito pouco para se poder dizer: “Eu o vi. Estava em tal ou tal lugar!”
41.12Três dias depois, símbolo de outros três dias de futura angústia, eis
que Maria, exausta, penetra no Templo, percorre os pátios e os vestíbulos.
Nada. Corre, corre a pobre mãe, no rumo de onde lhe pareceu vir uma voz
de menino. E, até os cordeiros, que estão balindo, lhe parecem o pranto do
Filho, que está procurando. Mas Jesus não está chorando. Ele está
ensinando. Neste momento, Maria ouve, do outro lado de uma barreira de
pessoas, a querida voz, que diz: “Estas pedras tremerão…” Ela tenta
atravessar a multidão, e só o consegue, depois de muito esforço. Aqui está o
Filho, de braços abertos, em pé entre os doutores.
Maria é a Virgem prudente. Mas desta vez a angústia venceu a sua
reserva. É como um dique, que enfrenta o que vier. Ela corre até o Filho, e o
abraça levantando-o do banco, pondo-o no chão, e exclama: “Oh! Por que
nos fizeste isto? Há três dias que estamos à tua procura. Tua mãe está para
morrer de dor, Filho. Teu pai está exausto de cansaço. Por que Jesus?”
Não se pergunta os “porquês” a Quem sabe os “porquês” de seu modo
de agir. Aos chamados não se pergunta “porque”, deixam tudo para seguir a
voz de Deus. Eu era a Sabedoria e sabia. Eu fui “chamado” para uma
missão, e a estava cumprindo. Acima do pai e da mãe desta terra, está Deus,
o Pai divino. Os seus interesses superam os nossos, e seus afetos são
superiores a qualquer outro. Eu digo isso a minha mãe.
Termino o ensinamento aos doutores, com o ensinamento a Maria,
Rainha dos doutores. E ela nunca mais esqueceu isso. O sol voltou ao seu
coração, quando me tomou pela mão, humilde e obediente, mas as minhas
palavras também ficaram em seu coração. Muito sol e muitas nuvens
passarão pelo céu, durante aqueles vinte e um anos, em que Eu estarei ainda
sobre a terra. E muita alegria e muito pranto se alternará em seu coração, por
outros vinte e um anos. Mas ela nunca mais me perguntará: “Por que, meu
Filho, nos fizeste isto?”
Aprendei, ó homens insolentes!
41.13Eu expliquei e esclareci a visão, porque tu não estás em condições de
fazer mais.
[…].
[68] disputa, que incidirá sobre os passos bíblicos que listamos (como de norma) segundo ordem canónica e não na ordem das
citações: Génesis 35,16-18; Êxodo 14,21-22; 24; Números 24,17; 2 Reis 2,11; Isaías 9,5; 40,1-5; 52,13-15; 53,1-12; Jeremias
31,15; Daniel 9,24-27; Jonas 2; Miqueias 5,1; Ageu 2,7-9; Zacarias 9,9; Malaquias 3,1
VIDEO DA AULA
CAPITULO 9
A VIRTUDE DA PRUDÊNCIA NA SANTÍSSIMA RAINHA DO CÉU.
Virtudes intelectuais. A prudência, raiz das virtudes cardeais
533. Como as operações do entendimento precedem e dirigem as da
vontade, assim as virtudes relacionadas com o entendimento são consideradas
primeiro que as da vontade. O ofício do entendimento é conhecer e entender a
verdade. Poder-se-ia, por isto, duvidar se seus hábitos constituem virtudes, cuja
natureza consiste em inclinar a fazer o bem.
E certo, porém, que existem também virtudes intelectuais, cujas operações
são louváveis e boas, quando reguladas pela razão e pela verdade, que o entendimento
conhece como seu próprio bem.
Quando o ensina e propõe à vontade para cia o apetecer, dando-lhes regras para
executá-lo, então o ato de entendimento é bom e virtuoso, se estiver na ordem teológica
da fé ou moral.
Desta espécie é a prudência que, mediante o entendimento, dirige e governa
as operações dos apetites. Por esta razão, a virtude da prudência é a primeira que
pertence ao entendimento. Vem a ser como a raiz das outras três virtudes morais ou
cardeais que dela dependem, porquanto, com ela, seus atos são louváveis e, sem ela,
são viciosos e repreensíveis.
O supremo grau da prudência em Maria Santíssima
534. Possuiu a soberana rainha Maria a virtude da prudência, no supremo
grau correspondente ao das outras virtudes que até agora descrevi e continuarei a
expor. Pela sua superioridade nesta virtude, é que a Igreja a chama Virgem Prudentíssima.
É esta primeira virtude a que governa e dirige os atos das outras. Como em
todo o decurso desta história se trata das virtudes de Maria Santíssima, toda ela estará
repleta do pouco que puder dizer e escrever sobre este pélago de prudência,
pois em todas as obras de Maria resplandece a luz desta virtude.
Por este motivo falarei agora, mais em geral, da prudência da soberana
Rainha, explicando-a por suas partes e propriedades, segundo a doutrina comum
dos doutores e santos, para assim poder ser melhor entendida.
Três gêneros de prudência
535. Das três espécies de prudência, chamadas prudência política,
prudência purificativa e prudência do espírito purificado ou perfeito, nenhuma
faltou, em supremo grau, à nossa Rainha.
Suas potências estavam purificadíssimas, ou melhor dizer, nada tinham a
purificar, quer do pecado, quer da resistência à virtude. Tinham, entretanto, que se
purificar de sua natural nesciência, e podiam também progredir do bom e santo ao
mais perfeito e santíssimo. Deste modo se deve considerar suas obras, medidas por
elas mesmas e não com as das outras criaturas. Mesmo comparadas às dos maiores
santos, não houve obra menos perfeita nesta cidade de Deus, cujos fundamentos
foram estabelecidos sobre os montes santos (SI 86, 2).
Em si mesma, porém, houve progresso ou purificação. Como foi crescendo
na graça, desde o instante da sua conceição, umas obras já, em si, perfeitíssimas e
superiores às dos santos, Nela foram menos perfeitas em relação à outras mais
elevadas que praticou posteriormente.
A prudência política
536. A prudência política, em geral, é a que pondera tudo o que se deve
fazer e, de acordo com a razão, nada a que não seja reto e bom. A prudência
purificativa é a que pospõe e abstrai de todo o visível, para dirigir o coração à
divina contemplação e a tudo o que é celestial. A prudência do espírito purificado
é a què visa o sumo bem e dirige a ele todo o afeto, para unir-se e descansar
Nele, como se nenhuma outra coisa existisse fora dele.
Todos estes gêneros de prudência encontravam-se no entendimento de
Maria Santíssima, para discernir e conhecer sem engano, e para dirigir e mover sem
tardança, mais altas e perfeitas operações Nunca pôde o juízo desta soberana Senhora,
ditar nem presumir coisa alguma em qualquer matéria, que não fosse o melhor e mais reto.
Ninguém, quanto Ela, compreendeu, pospôs e afastou de si todo o terrestre
e visível, para endereçar o coração à contemplação das coisas divinas. Tendo-as
conhecido, como as conheceu, com tantos gêneros de notícias, estava de tal sorte
unida por amor ao sumo bem incriado, que nada a estorvou, nem impediu de repousar
neste centro de seu amor.
A memória de Maria Santíssima
537. Encontravam-se, com suma perfeição, em nossa Rainha as partes que
compõem a prudência. A primeira é a memória, para ter presentes as coisas passadas
e experimentadas. Destas, se deduzem muitas regras para proceder no presente e
no futuro, porque esta virtude trata dos atos em particular. Como não pode haver
uma regra geral para todos é necessário deduzir muitos, de diversos exemplos e
experiências passadas, sendo para isto necessário a memória.
Em nossa soberana Rainha ela foi tão constante, que jamais sofreu o natural
defeito do esquecimento. Sempre lhe permaneceu imóvel e presente na memória
tudo quanto uma vez entendeu e aprendeu.
Neste privilégio, ultrapassou Mana Puríssima toda a ordem da natureza humana
e angélica, porque Nela Deus reuniu o que de mais perfeito havia em ambas.
Da natureza humana teve o essencial, e do acidental recebeu o que era
mais perfeito e distante da culpa. Dos natúrais e sobrenaturais dons da natureza
angélica, por especial graça, possui muitos, em mais elevado grau que os mesmos
anjos. Um destes dons foi a memória fixa e constante, sem poder esquecer o que
aprendia. Quanto excedeu aos anjos na prudência, tanto se avantajou a eles na
memória.
Não conservava memória do que era menos puro
538. Numa só coisa foi este favor limitado para humilde pureza de Maria
Santíssima: havendo de lhe ficar fixas na memória as espécies de todas as coisas,
entre elas, foi inevitável conhecer muitas fealdades e pecados das criaturas. Pediu,
então, ao Senhor, a puríssima Princesa, que aquele dom de fi xa memória lhe conservasse
dessas espécies apenas o necessário para o exercício da caridade fraterna e demais
virtudes.
Concedeu-lhe o Altíssimo esta graça, mais em atenção à sua candidíssima
humildade, do que ao prejuízo que lhe poderia advir. Os raios do sol não são
ofendidos pela imundície que tocam, nem os anjos se perturbam com nossos vilezas,
porque para os puros tudo é puro (Tt 1,15).
Com este privilégio, porém, quis o Senhor dos anjos dotar sua Mãe, mais do
que a eles. Só conservou em sua memória as espécies de tudo o que era santo, honesto,
limpo e mais amável à sua pureza, e mais agradável ao mesmo Senhor. Deste modo,
aquela alma santíssima - também nesta faculdade - ostentava-se mais formosa,
ornada com a memória das espécies de tudo quanto era mais puro e desejável.
A Inteligência
539. Outra parte da prudência chama-se inteligência, que visa principalmente
ao que no presente se deve fazer.
Consiste em entender, profunda e verdadeiramente, as razões e princípios certos
das ações virtuosas para executá-las. Quem quiser agir com retidão e perfeição, deduz
a prática das virtudes dessa inteligência, assim no que o entendimento conhece da
bondade da virtude em geral, como no que deve fazer em particular.
Por exemplo: se recebermos profunda inteligência desta
verdade: a ninguém deves fazer o mal que não queres receber
de outrem; deduziremos que a este irmão, não devemos fazer agravo algum que nos
parecesse mal, se conosco ele fizesse o mesmo.
Superou Maria Santíssima nesta inteligência, a todas as criaturas, em tão
mais alto grau, quanto mais verdades morais conheceu, e mais profundamente
penetrou a infalível retidão delas, e a participação que tinham na retidão divina.
Naquele claríssimo entendimento, iluminado pelos mais vivos resplendores da luz
divina, não havia engano, ignorância, dúvidas e conjecturas, como nas demais
criaturas. Penetrou e entendeu todas as verdades - principalmente nas matérias
práticas das virtudes - como são em si mesmas, em geral e em particular. Neste
incomparável grau, possuiu esta parte da prudência, a inteligência.
A providência
A terceira e principal parte da prudência chama-se providência, pois o
mais importante nas ações humanas é ordenar o presente em relação ao futuro, para
tudo ser governado com retidão.
Nossa Rainha e Senhora possuiu esta parte da prudência em mais
excelente grau - se o pudesse ser - que todas as outras. Além da memória do
passado e da profunda inteligência do presente, tinha ciência e conhecimento
infalível de muitas coisas futuras, às quais se estendia a boa providência. Com
esta notícia e luz infusa, de tal modo prevenia as coisas futuras e dispunha os
acontecimentos, que para Ela nada havia de imprevisto ou inesperado.
Previa, pensava e ponderava todas as coisas, na balança do santuário de
sua mente, iluminada pela luz infusa. Assim aguardava, não com dúvida e incerteza
como os demais homens, porém, com certeza claríssima, todos os sucessos antes
de se realizarem. Deste modo, tudo se ordenava em lugar, tempo e conjuntura
oportunos.
Docilidade, razão, solércia, circunspeção e cautela
As três partes já descritas da prudência, compreendem os atos que com
essa virtude o entendimento opera, distribuídos em relação às três partes do tempo:
pretérito, presente e futuro.
Considerando, porém, as operações desta virtude enquanto visa os meios
das outras virtudes e dirige as operações da vontade, acrescentam os doutores e
filósofos estas outras cinco partes ou operações na prudência: docilidade, razão,
solércia, circunspeção e cautela.
A docilidade é a boa disposição da criatura para receber instrução dos mais
sábios, não o sendo consigo mesma, nem se apoiando em seu próprio juízo e sabedoria.
A razão, que também se chama raciocínio, consiste em refletir com acerto,
deduzindo de noções gerais, particulares razões ou conselhos para os atos virtuosos.
A solércia é a diligente atenção e aplicação a tudo o que sucede - como a
docilidade ao que nos ensinam - para julgar e compor regras de bem agir.
A circunspecção é o julgamento e consideração das circunstâncias que
deverão acompanhar a ação virtuosa, porquanto não basta a boa finalidade para
torná-la louvável, se lhe faltarem as oportunas circunstâncias requeridas.
A cautela é a discreta atenção com que se devem advertir e evitar perigos
impedimentos ou imprevistos que podem ocorrer, mesmo com aparência de virtude
para que não nos encontrem descuidados e desprevenidos.
A docilidade
Todas estas partes da prudência estiveram na Rainha do céu, sem
defeito algum e na maior perfeição. A docilidade foi em Sua Alteza, como filha
legítima de sua incomparável humildade.
Havendo recebido tanta plenitude de ciência, desde o instante de sua imaculada
conceição, e sendo mestra e mãe da verdadeira sabedoria, sempre se deixou instruir
pelos superiores, iguais e inferiores. Julgava-se a menor de todas e queria ser discípula
dos que, em sua comparação, eram ignorantíssimos.
Singela pomba, durante toda a vida, mostrou esta docilidade, dissimulando
sua sabedoria com maior prudência que a da serpente (Mt 10,16). Quando menina,
se deixou instruir pelos pais; no templo pela mestra e pelas companheiras; mais
tarde, por seu esposo José e pelos Apóstolos.
Quis depender de todas as criaturas, para ser portentoso exemplo desta virtude,
como o foi da humildade, conforme disse em outro lugar.
A reflexão
A razão prudencial ou raciocínio de Maria Santíssima, se infere das
muitas vezes que o evangelista São Lucas (2,19-51), fala que ela guardava e conferia
em seu coração, tudo quanto ia sucedendo nas obras e mistérios de seu Filho
Santíssimo.
Esta conferência parece ato da razão, com que confrontava as coisas primeiras
com as seguintes que iam ocorrendo, e as conferia entre si, para formar
em seu coração, prudentíssimas decisões, e aplicá-las no que era conveniente fazer
e agir, com o acerto com que o fazia.
Ainda que conhecesse muitas coisas sem o raciocínio, mas com
simplicíssima visão ou inteligência que excedia a todo o raciocínio humano, em
relação, porém, aos atos das virtudes, podia raciocinar e aplicar, com a reflexão, as
razões gerais das virtudes aos seus próprios atos.
A solércia
Na solércia e diligente advertência da prudência, foi também a
soberana Senhora muito privilegiada, porque
não possuía o gravame das paixões e corrupção. Não sofria os desfalecimentos,
nem as tardanças das faculdades. Sentia se pronta, fácil e mui expedita para advertir
e atender a tudo o que podia servir para formar reto juízo e são conselho na prática
das virtudes, em qualquer caso ocorrente, intuindo com rapidez os meios da virtude
e de sua prática.
Na circunspecção foi Maria Santíssima igualmente admirável, tendo
sido todas suas obras completas, sem a falta de nenhuma boa circunstância, antes,
todas tiveram as melhores que puderam, para elevar-lhes a perfeição.
Como a maior parte de suas obras eram ordenadas à caridade do próximo,
sendo tão oportunas no ensinar, consolar, admoestar, rogar e corrigir, sempre produziam
o fruto da eficaz doçura de suas razões e da amabilidade de seus atos.
A cautela
A última parte, a cautela, para prevenir os impedimentos que podem
estorvar ou destruir a virtude, era necessário que estivesse na Rainha dos anjos com
mais perfeição do que neles mesmos. A sabedoria tão elevada, com o amor que lhe
era correspondente, a tomavam tão cauta e advertida, que nenhum sucesso ou impedimento
ocasional pôde encontrá-la desprevenida, ou desviá-la de agir com suma
perfeição em todas as virtudes.
Já que o inimigo - conforme direi adiante - se desvelava tanto em lhe criar
estranhas e esquisitas dificuldades para o bem, pois não lhas podia suscitar mediante
as paixões, por isto exercitou a prudentíssima Virgem esta cautela, muitas vezes,
com admiração de todos os anjos.
Por causa desta cautelosa discrição, concebeu o demônio por Maria
Santíssima temerosa raiva e inveja. Desejava conhecer o poder pelo qual Ela desfazia
as numerosas maquinações e astúcias que ele forjava para desviá-lae estorvá-la.
Acabava sempre frustrado, pois a Senhora das virtudes realizava sempre o mais perfeito
em qualquer matéria e ocasião.
Outras espécies de prudência
Além destas partes que compõem a prudência, ela divide-se em espécies,
segundo os objetos e fins para que servem.
Conforme a prudência foi praticada em relação a si ou aos outros, divide-se em
duas espécies diferentes: a que serve para regular as próprias ações de cada um, creio
que se chama enárquica; sobre esta não há mais o que dizer, além do que já ficou
exposto sobre o governo que a Rainha do céu tinha principalmente consigo mesma.
A que ensina o governo de muitos chama-se poliárquica; por sua vez,
esta divide-se em quatro espécies, segundo as partes da multidão que governa. A
primeira, chama-se regnativa e ensina a dirigir os reinos com leis justas e necessárias,
é própria dos reis, príncipes e monarcas e daqueles que possuem a suprema autoridade.
A segunda chama-se política, indicando este nome a que ensina o governo
das cidades ou repúblicas.
A terceira chama-se econômica que ensina a dispor o que pertence a administração
doméstica das famílias e casas particulares.
A quarta é a prudência militar que a ensina dirigir a guerra e os exércitos.
Como as possuiu e praticou Maria Santíssima
Nenhuma destas espécies de prudência faltou a nossa grande Rainha.
Todas lhe foram dadas em hábito, desde o instante em que foi juntamente
concebida e santificada, para não faltar graça, virtude ou perfeição alguma que a
elevassem e aformoseassem acima de todas as criaturas.
Formou-a o Altíssimo para arquivo e reservatório de todos os seus dons,
para exemplar do resto das criaturas, e para expansão do seu mesmo poder e grandeza,
a fim de ostentar à Jerusalém celestial, tudo o que pôde e quis fazer em uma pura criatura.
Não estiveram ociosos em Maria Santíssima os hábitos destas virtudes.
Praticou-as todas no decurso de sua vida, em muitas ocasiões que se lhe depararam.
Pelo que se refere à prudência econômica, é sabido quão incomparavelmente
a exercitou na direção de seu lar, com seu esposo José e com seu Filho Santíssimo,
em cuja assistência e serviço procedeu com tal prudência, como pedia o mais elevado
sacramento que Deus confiou às criaturas. Sobre isso falarei em seu lugar,
quanto puder e entender
A prudência regnativa
O exercício da prudência regnativa ou monárquica, desempenhou-
a como Imperatriz única na Igreja. Ensinou, admoestou e dirigiu os sagrados
Apóstolos na primitiva Igreja, para fundá-la e estabelecer nela as leis, ritos e
cerimônias mais necessárias e convenientes, para sua propagação e firme
estabelecimento. Ainda que obedecesse a eles em coisas particulares, especialmente
a São Pedro, Vigário de Cristo, e a São João, seu capelão, também eles e os
demais a consultavam e obedeciam nas coisas gerais e em outras do governo da
Igreja.
Ensinou também aos reis e príncipes cristãos que lhe pediam conselho, pois
muitos, depois da subida de seu Filho Santíssimo ao céu, a procuraram para
conhecê-la . Foi consultada especialmente pelos Reis magos, quando adoraram
o Menino, instruindo-os em tudo o que deviam fazer, no governo de suas pessoas
e de seus estados, com tanta luz e acerto que foi para eles estrela e guia no caminho
da eternidade. Assim voltaram às suas pátrias ilustrados,.consolados e admirados
da sabedoria, prudência e dulcíssima eficácia das palavras daquela terna jovem.
Para testemunho de quanto a respeito se pode encarecer, basta ouvir a
mesma Rainha que diz (Pr 8,15): Por mim reinam os reis, mandam os príncipes e os
autores das leis determinam o que é justo.
A prudência política e militar
Tampouco lhe faltou o uso da prudência política, ensinando as repúblicas
e povos, e aos primitivos fiéis em particular, como deviam proceder nas
ações públicas e governo. Como deviam obedecer aos reis e príncipes temporais,
em particular ao vigário de Cristo, cabeça da Igreja, a seus prelados e bispos, e de que
modo deviam organizar os conflitos, definições e decretos que neles se estabeleciam.
A prudência militar também foi praticada pela soberana Rainha, porque foi
nisto consultada por alguns fiéis, a quem aconselhou e instruiu sobre as guerras
justas contra os inimigos, a fim de serem feitas com maior justiça e agrado do Senhor.
Nesta prudência poderia também ser incluído o valoroso ânimo com que esta
poderosa Senhora venceu ao príncipe das trevas, e o ensino que deixou para com ele
pelejar, com suprema sabedoria e prudência, melhor do que David com o gigante
(lRs 7,50), Judite com Holofernes (Jt 13, 10) e Ester com Aman (Est 7,6). Ainda que
estas espécies e hábitos da prudência na Mãe da Sabedoria não tivessem servido
para todas as ações acima referidas, convinha que os possuísse todos - sem falar no
adorno de sua alma santíssima - para ser medianeira e advogada única do mundo.
Havendo de solicitar todos os benefícios que Deus concederia aos homens,
passando todos por sua intercessão, convinha que tivesse conhecimento perfeito
das virtudes que pedia para os mortais.
Essas virtudes procediam desta Senhora, como do original e manancial imediato ao
mesmo Deus e Senhor, onde estão como em princípio incriado.
Outros complementos da prudência
Outros adminículos atribuem-se à prudência, como instrumentos
seus pelos quais opera, chamados partes potenciais: a sínese ou virtude para formar
reto julgamento; a ebulia que dirige e cria a boa decisão; a gnome que, em alguns
casos particulares, ensina a sair das regras comuns, sendo esta necessária para. a
epiqueia que julga alguns casos por regras superiores às leis ordinárias.
Com todas estas perfeições e energias esteve a prudência em Maria
Santíssima. Ninguém quanto ela soube formar reto conselho para todos os casos
contingentes, nem tampouco alguém (ainda que fosse o supremo anjo) pôde fazer
tão exato julgamento em todas as matérias.
Acima de tudo isso, conheceu nossa prudentíssima Rainha as razões superiores
e regras de agir, com todo o acerto, nos casos em que não podiam aplicar-se as
regras ordinárias e comuns, o que seria muito longo querer referi-los aqui. Muitos
serão entendidos na continuação desta história de sua vida santíssima.
Para concluir toda esta exposição referente à sua prudência, tenha-se
por regra que ela deve ser medida pela prudência da alma santíssima de Cristo,
Senhor nosso, com quem se assemelhou e ajustou na proporção de coadjutora
sua. Assim, foi semelhante a Ele nas obras da maior prudência e sabedoria,
realizadas pelo Senhor da criação e Redentor do mundo.
DOUTRINA DA RAINHA DO CÉU.
A prudência é luz espiritual
551. Minha filha, tudo o que neste capítulo escreveste e entendeste, quero
que sirva de doutrina e advertência para orientação de tuas ações. Grava na mente
e fixa na memória o conhecimento que te foi dado sobre a prudência que pratiquei
em tudo o que pensava, queria e executava.
Esta luz te guiará no meio das trevas da ignorância humana, para que não te
perturbe nem confunda a fascinação das paixões, e ainda mais daquela que, com
suma malícia e empenho, teus inimigos procuram incutir no teu entendimento.
Não compreender todas as regras da prudência não é culpa; ser, porém,
negligente em adquiri-las para estar advertida em tudo como deve, é grave culpa
e causa de muitos enganos e erros. Desta negligência se origina o descontrole das
paixões, que destroem ou impedem a prudência, particularmente a desordenada
tristeza ou o gozo que pervertem o reto e prudente julgamento do bem e do mal.
Daqui nascem perigosos vícios: a precipitação no agir, sem atender aos meios
convenientes; a inconstância nos bons propósitos e obras começadas; a imoderada
ira ou o indiscreto fervor, que precipitam e lançam em muitas ações exteriores, feitas
sem moderação nem conselho. A pressa no julgar e a falta de firmeza no bem, são
causas para a alma imprudente abandonar o que começou. Deixa-se vencer por qualquer
dificuldade que ocorre. Compraz-se levianamente, ora no verdadeiro bem, ora
no aparente e ilusório que as paixões pedem e o demônio apresenta.
Docilidade à direção espiritual
Contra todos estes perigos quero-te avisada e prudente. Se-lo-ás se
atenderes ao exemplo de minhas obras, e guardares os ensinamentos e conselhos
de teus pais espirituais, sem cuja obediência nada deves fazer, a fim de proceder com
prudência e docilidade.
Adverte que, através da obediência, o Altíssimo te comunicará copiosa
sabedoria, porque o coração flexível, submisso e dócil agrada-lhe sobremaneira.
Lembra-te sempre da infelicidade daquelas virgens imprudentes e loucas (Mt 25,
12), por seu descuido e negligência em usar a previdência e são conselho. Mais
tarde, quando quiseram, acharam fechada a porta por onde se remediarem. Procura,
minha filha, unir a simplicidade de pomba à prudência da serpente (Idem
10, 16) e tuas obras serão perfeitas.
VIDEO DA AULA
TOMO 3 CAP 9
O QUE O FILHO DE DEUS PRATICOU EM SEU INTIMO DA IDA AO TEMPLO ATE A VOLTA A NAZARE POR ORDEM DE SAO JOSE.
Estando já estabelecida, por ordem de meu Pai, a minha ida ao Templo, marcou-se o dia da partida. José, chefe da família determinou o dia. Embora fosse ele muito tímido e esquivo para mandar, sabendo a quem ordenava, fazia-o contudo, porque era a vontade do Pai que eu estivesse sujeito às suas ordens e às de minha Mãe querida.
DISCURSO DE JESUS.
Tendo estado, portanto, a tratarmos juntos por algum tempo da maneira de realizarmos aquela viagem, fiz-lhes um discurso, sugerindo-Ihes o que deviam pedir ao Pai, uma vez que lá chegassem. Após haverem-no adorado, louvado, agradecido, pedissem-Ihe se dignasse iluminar os espíritos dos Doutores da Lei para conhecerem a graça particular a eles concedida de mandar-lhe o Messias prometido. Além disso, disse-Ihes que estivessem preparados a receber das mãos do Pai qualquer tribulação que Ihe aprouvesse enviar-lhes. Não quis deixar de avisa-los, a fim de que se dispusessem a receber o golpe cruel da minha perda, com as orações e a conformidade a vontade do Pai. Pois, sempre foi costume do Pai prevenir a seus caros amigos antes da tribulação, no intuito de que, ao chegar, estejam dispostos a recebê-la e, bem preparados, suportem-na com fortaleza e conformidade completa as disposições divinas. Como meu Pai sempre assim age, não deixei de praticá-lo, eu também, no tempo em que vivi na terra, em relação a todos aqueles com os quais convivi, e principalmente a minha dileta Mãe, José e todos os apóstolos e discípulos. Ao ouvir minha exortação, José consternou-se um pouco, e ficou ferido coração da Mãe querida, que sempre pressagiava o que devia acontecer, pelo espírito profético de que foi dotada. Mas este mistério foi-lhe então ocultado. Entregaram-se, todavia, ela e seu esposo, à vontade do Pai e as disposições divinas, manifestando-se prontos a sofrer tudo por amor de um Pai tão bom, e para aumento dos próprios méritos.
JESUS SE RECOLHE JUNTO DO PAI
Terminado o discurso e deixando-os em liberdade, a fim de que se consolassem mutuamente e se preparassem como o fizeram retirei-me à solidão. A hora era tardia, e devendo partir pela manhã, gastei toda a noite a tratar com o Pai e a receber as suas ordens. Prostrado por terra adorei-o, conforme costumava, e depois roguei-lhe declarar-me a sua vontade sobre o que devia fazer no Templo. Mostrei-me pronto a executar a sua vontade em tudo que lhe aprouvesse ordenar-me. Sabia de tudo, mas fazia isto para demonstrar-me Filho obediente e submisso, praticando todos os atos de humildade que a ocasião me apresentava. O Pai declarou-me ser vontade sua que me detivesse no Templo e explicasse a Lei aos doutores, dando-lhes a conhecer que já viera ao mundo o Messias prometido, e confirmando pelas escrituras estudadas por eles, mas pouco compreendidas devido à cegueira de seu espírito. Declarou-me ainda que eu nisto agisse livremente, como Filho seu, sem sujeitar-me as ordens de outrem. Devia seguir a sua Vontade. Ordenava-me como dono absoluto. Por isso não procurei o beneplácito de José e da querida Mãe.
Recebida esta ordem do Pai, adorei-o, agradeci-lhe e revelei-me pronto a executa-la com muita alegria e gosto. Estava com grande desejo de manifestar ao mundo as obras e as infinitas misericórdias do Pai. Tive então muito gosto ao ver aproximar-se o tempo em que poderiam ser saciados os anelos de meu Coração. Este gosto, porém, foi assaz amargurado ao considerar a tribulação que deviam sofrer a querida Mãe e seu esposo José. Devia realizar uma obra de tanta honra e glória para o Pai e de tanto gosto para qualquer ouvinte; Só a querida Mae havia de ter aflição tão grande, enquanto ao contrário, de direito, devia estar presente e participar da consolação da qual todos iam fruir. Ademais, enquanto Mãe, devia dela fruir mais do que qualquer outro. Entreguei-me, contudo, a vontade do Pai, e ofereci-Ihe o pesar que por isto senti, porque até aquele dia portara-me para com ela qual Filho obediente, e tendo ela correspondido em tudo e por tudo ao meu amor, devia, por conseguinte, aquela ocasião, ser-lhe motivo de tamanha dor, a traspassar-Ihe a alma inocente e santíssima. Supliquei ao Pai, por esta dor, e por aquela que minha dileta Mae devia sofrer, se dignasse dar aos filhos por Ele chamados a vida perfeita, para manifestar em consequência suas grandezas, tanta virtude e graça que correspondessem a seus chamados, sem dar importância à carne e ao sangue; superassem qualquer amor terreno e dificuldade, para obrar livremente e executar a vontade divina. O amoroso Pai prometeu-me faze-lo, como de fato o executa e se e em tantos e tantas, que superam o afeto de pai e mãe e os demais, e abraçam aquela vida a qual o Pai as chama. Mas, não faltam os que se deixam vencer pelo afeto aos genitores ou a outras pessoas, mas depois jamais encontram tranquilidade e repouso; uma vez que não fazem a vontade divina, são indignas daqueles bens que o Pai distribui aqueles que executam seu querer. Agradeci ao Pai pela graça e por parte daqueles que corresponderiam, impetrando-lhes graça maior para perseverarem até o fim. Pelos que não correspondem ao divino chamado e deixam-se superar pelo afeto da carne e do sangue, ofereci ao Pai a minha perfeita obediência e correspondência à sua vontade, abandonando com tanta prontidão minha glória para vir ao mundo e levar vida tão pobre, vil, desprezível e desconhecida. Agradavam ao Pai estas ofertas e afirmava ter sido satisfeito por todos.
A VONTADE DO PAI .
Finalizados esses atos, orei ao Pai da seguinte forma: "Eis-me aqui, Pai amantíssimo, pronto a cumprir a vossa vontade. Portanto, ordenai em verdade, e determinai para mim, vosso Filho, como quereis por mim ser glorificado no vosso Templo, o que devo fazer para vossa glória e salvação de meus irmãos, enquanto outra coisa não procuro, outra coisa não desejo senão serdes vós glorificado, conhecido e amado, e cumprir eu em tudo a vossa Santa Vontade, e nisto consiste meu alimento e repouso.
O Pai ordenou-me que deixasse a querida Mãe e São José, ficasse sozinho e voltasse ao Templo. Depois de adorá-lo, fosse discutir com doutores da Lei e outros presentes. Fizesse conhecer a todos, por meio de minha celeste e divina sabedoria, que já chegara a plenitude dos tempos, com minha vinda.ao mundo. Apesar de não me declarar o verdadeiro Messias prometido, fizesse todavia saber, que ele ja viera, dando-Ihes por minhas palavras e graça, muitos motivos de refletirem ser eu aquele que tanto esperavam. Recebida tal ordem do Pai, adorei suas divinas ordens e disposições. Soube, contudo, que a cegueira e malícia judaica não aproveitariam minha celeste doutrina. Não obstante, prontamente me ofereci ao Pai para cumprir as suas ordens, e muito me alegrava por ver fazer uma obra tão almejada, qual a de manifestar ao mundo a sua grandeza, misericórdia e bondade. Agradeci ao Pai pela ordem dada e como era de meu gosto, agradeci-lhe por mim mesmo; depois por ser útil a meus irmãos, e agradeci-Ihe por parte deles. Roguei-Ihe que, enquanto eu explicava aos Doutores da Lei as Escrituras divinas, se dignasse iluminar-Ihes a mente para conhecerem a verdade. Supliquei-lhe ainda que se dignasse. Dar a todos os meus irmãos luz particular, quando escutam a palavra divina por intermédio dos pregadores, para se persuadirem da verdade, aproveitando-a e retirando dela o fruto que Ele justamente pretende com isso.
VIDEO DA AULA
12-42
Abril 12, 1918
A alma deve apoiar-se em Jesus.
(1) Encontrando-me no meu habitual estado sentia uma extrema necessidade de Jesus e de me
apoiar toda n'Ele, e meu doce Jesus veio e me disse:
(2) "Minha filha, apoia-te toda em Mim, sempre me encontrarás à tua disposição, não te faltarei
jamais; mas bem, quanto mais te apoiares em Mim tanto mais Eu me derramarei em ti, e
sentindo Eu muitas vezes a necessidade de me apoiar, Eu virei a você e me apoiarei em você,
servindo-me do meu apoio que eu formei em você, e quando eu vir que você desdenha o apoio
das criaturas, Eu vou te amar em dobro e dobrar o meu apoio".
(3) Depois acrescentou: "Quando a alma faz tudo para me agradar, para me amar e para viver
às custas de minha Vontade, vem a ser como membro a meu corpo e Eu me glorio destes
membros como meus; de outra maneira são como membros deslocados de Mim, que me dão
dor não só a Mim, mas também a eles mesmos e ao próximo, são membros que fazem sair
matéria para infectar e secar o mesmo bem que fazem".
13-38
Dezembro 3, 1921
A Redenção é salvação, a Divina Vontade é Santidade.
(1) Sentia-me aniquilada e com dúvidas sobre tudo o que meu Jesus diz de seu Divino Querer,
e pensava entre mim: "Será possível que tenha deixado passar tantos séculos sem fazer
conhecer estes prodígios do Divino Querer, e que não tenha escolhido entre tantos santos um
onde dar início a esta Santidade toda divina? Estiveram os apóstolos, tantos outros grandes
santos que surpreenderam todo o mundo". Agora, enquanto isto pensava, não dando-me tempo
e interrompendo o meu pensamento, veio e disse-me:
(2) "A pequena filha do meu Querer não quer persuadir-se, por que duvidas ainda?"
(3) "Porque eu pareço má, e quanto mais você diz tanto mais eu me sinto aniquilar".
(4) E Jesus: "E isto quero Eu, teu aniquilamento, e por quanto mais te falo de meu Querer,
sendo minha palavra criadora, cria meu Querer no teu, e o teu ante a potência do meu fica
aniquilado e perdido, eis por que de teu aniquilamento. Deve saber que seu querer deve se
desfazer no meu, como vem desfeita a neve sob os raios de um sol ardente. Deve saber que
quanto maior a peça que quero fazer, mais preparativos são necessários. Quantas profecias,
quantos preparativos, quantos séculos não precederam a minha Redenção? Quantos símbolos
e figuras não previram a Concepção de minha Celestial Mãe? Agora, depois de cumprida a
Redenção devia reafirmar o homem nos bens da Redenção, e para isso escolhi os apóstolos
como confirmadores dos frutos da Redenção, onde com os Sacramentos deviam buscar o
homem perdido e colocá-lo a salvo, Assim que a Redenção é salvação, é salvar o homem de
qualquer precipício, por isso em uma ocasião te disse que fazer viver a alma em meu Querer é
coisa maior que a Redenção, porque salvar-se, com fazer uma vida mediana, agora cair e
agora levantar-se, não é tão difícil e isto conseguiu minha Redenção, porque queria salvar ao
homem a qualquer custo e isto o confiei a meus apóstolos como depositários dos frutos da
Redenção. Então, tendo que fazer o menos naquela época, deixei para agora o mais,
reservando-me outras épocas para o cumprimento de meus altos desígnios.
(5) Agora, viver no meu Querer não é só salvação, mas é santidade que deve elevar-se sobre
todas as outras santidades, que deve levar o selo da santidade do seu Criador, por isso deviam
primeiro vir as santidades menores como cortejo, como precursoras, como mensageiras, como
preparativos desta santidade toda Divina. E assim como na Redenção escolhi a minha
inigualável Mãe como elo de união Comigo, do qual deviam descender todos os frutos da
Redenção, assim te escolhi a ti como elo de união, do qual devia ter princípio a santidade de
viver em meu Querer, e tendo saído da minha Vontade para me trazer a glória completa do fim
pelo qual foi criado o homem, devia retornar sobre o mesmo caminho do meu Querer para
voltar ao seu Criador. Qual é então o seu espanto? Estas são coisas estabelecidas "ab eterno"
e ninguém poderá mudá-las para mim. E como a coisa é grande, é estabelecer meu reino na
alma ainda na terra, tenho feito como um rei quando deve tomar posse de um reino, ele não vai
primeiro, senão que antes se faz preparar a habitação real, Depois envia os seus soldados para
prepararem o reino e prepararem os povos para se submeterem; depois seguem as guardas de
honra, os ministros e o último é o rei; isto é digno para um rei. Assim o fiz Eu, me preparei para
a minha morada real, que é a Igreja; os soldados foram santos, para me fazerem conhecer
pelos povos; depois chegaram os santos que semearam milagres, como os meus ministros
mais íntimos; agora como rei venho Eu para reinar, pelo que devia escolher uma alma onde
fazer minha primeira morada e fundar este reino de minha Vontade. Por isso me faça reinar e
me dê plena liberdade".
16-47
Fevereiro 16, 1924
Cada batida do coração de Jesus o levava uma nova dor, novas alegrias e contentamentos.
(1) Estava a pensar nas dores do Santíssimo Coração de Jesus, oh, como as minhas dores desa-
pareciam comparadas com as suas! E meu sempre amável Jesus me disse:
(2) "Minha filha, as dores do meu coração são indescritíveis e inconcebíveis para a criatura humana.
Você deve saber que cada batida de meu coração era uma dor distinta, cada batida me levava
uma nova dor, diferente uma da outra. A vida humana é um contínuo palpitar, se cessa o coração
pára de bater; imagine então que torrentes de dor me levava cada batida de meu coração, até o
último momento de minha morte, desde que fui concebido até meu último batimento, nenhum
deixou de levar-me novas penas e acerbas dores; mas deves saber também que minha Divindade
que era inseparável de Mim, vigiando meu coração, enquanto em cada batida fazia entrar uma nova
dor, assim também em cada batida fazia entrar novas alegrias, novos contentamentos, novas
harmonias e arcanos celestiais. Se eu fui rico na dor e mares imensos de penas encerrava meu
coração, fui também rico de felicidade, de alegrias infinitas e de doçuras Inenarráveis.
Ao primeiro batimento de dor Eu teria morrido se a Divindade, amando a este coração com amor infinito, não
tivesse feito refletir em meu coração uma batida em duas: dor e alegria, amargura e doçura, penas
e contentamentos, morte e vida, humilhação e glória, abandonos humanos e consolos divinos. Oh!
Se você pudesse ver em meu coração, veria tudo concentrado em Mim, todas as dores possíveis e
imagináveis, das quais surgem a nova vida as criaturas, e todos os felizes e riquezas divinas, que
como tantos mares correm em meu coração e Eu os espalho para o bem de toda a família humana.
Mas quem toma mais destes tesouros imensos do meu coração? Quem mais sofre. Por cada pena,
por cada dor, há uma alegria especial em meu coração que segue a essa dor ou dor sofrida pela
criatura; a dor a faz mais digna, mais amável, mais querida, mais simpática. E assim como meu
coração se atraiu todas as simpatias divinas em virtude das dores sofridas, Eu, vendo na criatura a
dor, especial característica de meu coração, vigiando esta dor, com todo amor derramo sobre ela
as alegria e alegria que contém o meu coração; mas com grande dor minha, enquanto meu coração
gostaria de seguir minhas alegrias à dor que envio às criaturas, não encontrando nelas o
amor às penas e a verdadeira resignação como os teve meu coração, minhas alegrias seguem a
dor, mas vendo que a dor não foi recebida com amor, honra e total submissão, minhas alegrias não
encontram o caminho para entrar naquele coração dolorido e retornam sofredores ao meu coração.
Por isso, quando encontro uma alma resignada, amante do sofrimento, sinto-a como regenerada
no meu coração e oh! como se alternam as dores e as alegrias, a amargura e a doçura, não poupa-
rei nada de todos os bens que posso derramar nela".
17-42
Maio 10, 1925
Diversos modos de fundir-se no Divino Querer. Na Divina Vontade está o vazio dos atos humanos que devem ser feitos nela.
(1) Escrevo só por obedecer e faço uma mistura de coisas passadas e de coisas presentes. Muitas
vezes em meus escritos digo: "Estava me fundindo no Santo Querer Divino", mas não explico mais.
Agora, obrigada pela obediência digo o que me acontece neste fundir-me. Enquanto me fundo nele,
diante da minha mente se faz presente um vazio imenso, todo de luz, no qual não se encontra até
onde chega a altura, nem onde chega a profundidade, nem os confins à direita nem à esquerda,
nem frente nem atrás. No meio desta imensidão, em um ponto altíssimo me parece ver a
Divindade, ou bem as Três Divinas Pessoas que me esperam, mas isto sempre mentalmente, e eu,
não sei como, mas uma pequena menina sai de mim, mas sou eu mesma, talvez seja a pequena
alma minha, mas é comovedor ver esta pequena menina pôr-se a caminho neste vazio imenso,
toda sozinha, que caminha tímida, de pontinhos, com os olhos sempre dirigidos aonde vê as Três
Divinas Pessoas, Porque receia que se olhar para aquele imenso vazio, não saiba a que ponto vai
acabar. Toda sua força está no olhar fixo no alto, que sendo correspondida com o olhar da Alteza
Suprema, toma forças no caminho. Agora, quando chega diante delas, se prostra com o rosto ao
vazio para adorar à Majestade Divina, mas uma mão das Divinas Pessoas levanta à pequena
menina e Elas lhe dizem:.
(2) "A nossa filha, a pequena filha da nossa Vontade, vem nos nossos braços".
(3) E ao ouvir isto, ela se põe em festa e põe em festa as Três Divinas Pessoas, que esperam o
desempenho de seu ofício que lhe confiaram, e ela com uma graça própria de menina diz:.
(4) "Venho adorar-vos, abençoar-vos, agradecer-vos por todos, venho atar ao vosso trono todas as
vontades humanas de todas as gerações, desde o primeiro até ao último homem, a fim de que
todos reconheçam a vossa Vontade Suprema, adorem-na, amem-na e dêem-lhe vida nas suas
almas. Majestade Suprema, neste vazio imenso estão todas as criaturas, e eu quero tomá-las
todas para colocá-las em vosso Santo Querer, a fim de que todas regressem ao princípio do qual
saíram, isto é, à vossa Vontade, por isso vim nos vossos braços paternos para trazer todos os
vossos filhos, meus irmãos, e amarrá-los todos com a vossa vontade, e eu em nome de todos e por
todos, quero reparar-vos e dar-vos a homenagem e a glória, como se todos tivessem feito a vossa
Santíssima Vontade. Mas ah! vos rogo que já não haja mais separação entre Vontade Divina e
humana, é uma menina a que isto vos pede, e aos pequenos eu sei que Vós não sabeis negar
nada".
(5) Mas quem pode dizer tudo, seria muito longo, além disso faltam-me as palavras para expressar
o que digo frente à Majestade Suprema, me parece que aqui no submundo não se usa a linguagem
daquele vazio imenso..
(6) Outras vezes, enquanto me fundo no Querer Divino e aquele vazio imenso se faz presente a
minha mente, giro por todas as coisas criadas e imprimo nelas um te amo para a Majestade
Suprema, Como se eu quisesse preencher toda a atmosfera de tantos “te amo” para corresponder
ao Amor Supremo por tanto amor para com as criaturas, é mais, giro por cada pensamento de
criatura e imprimo neles o meu “te amo”, por cada olhar e deixo neles o meu “te amo”, por cada
boca, e em cada palavra selo nela meu “te amo”, por cada batida, obra e passo e os cubro com
meu “te amo” a meu Deus, descendo até lá abaixo, no mar, no fundo do oceano, e em cada
serpenteio de peixe, em cada gota de água, quero enchê-los de meu “te amo”. Depois de que por
todas as partes, como se semeasse meu amor te amo', a pequena menina vai diante da Majestade
Divina e como se quisesse lhe dar uma surpresa diz:.
(7) "Meu Criador e meu Pai, meu Jesus e meu eterno amor, olha, todas as coisas por parte de
todas as criaturas vos dizem que vos amam, por toda parte está o “te amo” para Vós, Céu e terra
estão cheios; e vós não concedereis à pequena menina que a vossa Vontade desça no meio das
criaturas, que se faça conhecer, que faça paz com a vontade humana, e tomando o seu justo
domínio, o seu lugar de honra, nenhuma criatura faça mais a sua vontade, senão sempre a
vossa?".
(8) Outras vezes, enquanto me fundo no Divino Querer, quero sentir a dor de todas as ofensas
feitas a meu Deus, e retomando meu giro naquele vazio imenso para encontrar toda a dor que meu
Jesus teve por todos os pecados, faço meu e giro por todos lados, nos lugares mais recônditos e
secretos, nos lugares públicos, sobre todos os atos humanos maus para me doer por todas as
ofensas e por cada pecado, sinto que gostaria de gritar a cada movimento da criatura: "Dor,
perdão". E para fazer com que todos o ouçam imprimo-o no rumor do trovão, a fim de que troveja
em todos os corações: "Dor por ter ofendido a meu Deus; perdão na explosão do raio; dor no
assobio do vento; dor, perdão no tilintar dos sinos; dor e perdão, em suma em tudo". Então levo ao
meu Deus a dor de todos e imploro perdão por todos e digo: "Grande Deus, fazei descer vossa
Vontade à terra, a fim de que o pecado não tenha mais lugar. É a vontade humana que produz
tantas ofensas que parece que inunda toda a terra de pecados; vossa Vontade será a que destrua
todos os males, por isso vos peço que contenteis a pequena filha de vossa Vontade, que não quer
outra coisa que a vossa Vontade seja conhecida e amada e reine em todos os corações".
(9) Recordo que um dia estava Fundindo-me no Santo Querer Divino, e eu olhava o céu que chovia
a cântaros e sentia gosto ao ver cair a água à terra; e meu doce Jesus movendo-se em meu
interior, com amor e ternura indizíveis me dizia:.
(10) "Minha filha, nessas gotas de água que vês descer do céu está minha Vontade, Ela corre
rapidamente junto com a água, vai para tirar a sede às criaturas, para descer nas vísceras
humanas, em suas veias, para as refrescar e constituir vida das criaturas e levar-lhes o meu beijo,
meu amor; vai para regar a terra, para a fecundar e preparar-lhes o alimento; vai para tantas outras
necessidades delas. Minha Vontade quer ter Vida em todas as coisas criadas para dar vida
celestial e natural a todas as criaturas. Mas Ela, enquanto vai como em festa, cheia de amor por
todas, não recebe a adequada correspondência e fica como em jejum por parte das criaturas.
Minha filha, tua vontade fundida na minha corre também nessa água que chove do céu, corre junto
onde quer que Ela vá, não a deixes sozinha e dá-lhe a correspondência do teu amor, e por todos".
(11) Mas enquanto dizia isto, os meus olhos ficavam encantados, não os podia afastar de dentro da
água que chovia, a minha vontade corria junto, via naquela água as mãos do meu Jesus,
multiplicadas em tantas, para levar com as suas mãos a água a todos. Quem pode dizer o que
sentia em mim? Só Jesus, que é o autor, pode dizer isso. Mas quem pode dizer os muitos modos
de me fundir em seu Santíssimo Querer? Por agora basta, se Jesus quer que siga me dará as
palavras e a graça de dizer mais, e eu seguirei escrevendo..
(12) Além disso, dizia ao meu Jesus: "Dize-me, meu amor, que coisa é este vazio que se apresenta
diante da minha mente quando me fundo na tua Santíssima Vontade? Quem é esta menina que sai
de mim e por que sente uma força irresistível de ir ante seu trono para depositar seus pequenos
atos no colo divino, como para lhe fazer festa?" E meu doce Jesus, todo bondade me disse:.
(13) "Minha filha, o vazio é a minha Vontade posta à tua disposição, que deveria ser preenchida
com tantos atos por quantos as criaturas tivessem feito se tivessem cumprido a nossa Vontade.
Este vazio imenso que você vê, que representa nossa Vontade, saiu de nossa Divindade a bem de
todos na Criação para fazer feliz tudo e a todos, portanto era como consequência que todas as
criaturas deviam preencher este vazio com a correspondência de seus atos e com a doação de sua
vontade a seu Criador, e não tendo feito isso se faz a ofensa mais grave, por isso te chamamos
com missão especial, para que sejamos ressarcidos e correspondidos do que os demais nos
deviam, e esta é a causa pela qual primeiro te dispusemos com uma longa cadeia de graças e
depois te perguntamos se querias fazer vida em nossa Vontade, e tu aceitaste com um sim,
amarrando a tua vontade ao nosso trono sem querer conhecê-la mais, porque a vontade humana e
Divina não se reconciliam nem podem viver juntas; então, aquele sim, ou seja a tua vontade, existe
fortemente atado ao nosso trono, eis porque a tua alma, Como pequena menina é atraída ante a
Majestade Suprema, porque está seu querer diante de nós, que como ímã te atrai, e você em vez
de olhar sua vontade se ocupa só de levar a nosso colo tudo o que pôde fazer em nossa Vontade,
e depositas em nosso seio nossa mesma Vontade como a homenagem maior que a Nós nos
convém e a correspondência mais agradável a Nós. Então, o não levar em conta a tua vontade, e o
só Querer nosso que vive em ti, nos põe em festa; teus pequenos atos feitos em nosso Querer nos
trazem as alegrias de toda a Criação, assim parece que tudo nos sorri e nos faz festa; e ao ver-te
descer de nosso trono sem sequer olhar tua vontade, levando-te a Nossa, é para nós a maior
alegria, por isso te digo sempre, sê atenta a nosso Querer, porque nele há muito que fazer, e
quanto mais fizeres, mais festa você nos dará e nosso Querer se derramará torrentes em você e
fora de você".
+ + +
17-43
Maio 17, 1925
Continua dizendo outros modos de fundir-se na Divina Vontade, para dar a correspondência em nome de todos de amor e glória
pela obra da Criação, da Redenção e da Santificação.
(1) Tendo feito ouvir ao confessor o que está escrito antes, com data de 10 de Maio, não ficou
contente e me impôs seguir escrevendo sobre o modo de fundir-me no Santo Querer Divino; e eu,
só por obedecer e por temor de que meu Jesus pudesse minimamente desagradar-se, começo novamente:
"Acrescento que enquanto se apresenta à minha mente aquele vazio imenso ao fundir-
me no Supremo Querer, a pequena menina continua seu giro, e elevando-se em alto quer corresponder ao
seu Deus por todo o amor que teve por todas as criaturas na Criação, quer
homenageá-lo como Criador de todas as coisas, por isso gira pelas estrelas e em cada cintilação
de luz imprime meu “te amo e glória a meu Criador”; em cada átomo de luz do sol que desce ao
baixo, „te amo e glória” ; em toda a extensão dos céus, entre a distância de um passo ao outro,
meu “te amo e glória”; no cantar do pássaro, no movimento de suas asas, traga amor e glória ao
meu Criador'; no fio de grama que desponta da terra, na flor que se abre, no perfume que se eleva,
ofereça amor e glória'; na altura dos montes e na profundidade dos vales, brilhar amor e glória. Giro
por cada coração de criatura, como se quisesse fechar-me dentro, e gritar dentro a cada coração
meu Amo-te e glória ao meu Criador'; queria que um fosse o grito, uma a vontade, uma a harmonia
de todas as coisas: “Glória e amor ao meu Criador”; e depois, como se tivesse reunido tudo junto,
de maneira que tudo diga correspondência de amor e testemunho de glória por tudo o que Deus
fez na Criação, transporto-me a seu trono e lhe digo: Majestade Suprema e Criador de todas as
coisas, esta pequena menina vem aos vossos braços para vos dizer que toda a Criação, em nome
de todas as criaturas, vos dá não só a correspondência do amor, mas a da justa glória por tantas
coisas criadas por Vós por amor nosso. Em vossa Vontade, neste vazio imenso, girei por toda
parte, a fim de que todas as coisas vos glorifiquem, vos amem e vos abençoem, e já que pus em
relação o amor entre Criador e criatura, que a vontade humana tinha rompido, e a glória que todos
vos deviam, fazei descer vossa Vontade à terra, a fim de que vincule, reafirme todas as relações
entre Criador e criatura, e, assim, todas as coisas voltarão à ordem, estabelecida por vós; portanto
fazei-o depressa, e não demoreis mais, não vedes que a terra está cheia de males? “Só vossa
Vontade pode deter esta corrente, pode colocá-la a salvo, mas vossa Vontade conhecida e
dominadora".
(2) Então, depois disto sinto que meu ofício não está completo, por isso descendo ao baixo desse
vazio para corresponder a meu Jesus pela obra da Redenção, e como se encontrasse em ato tudo
o que Ele fez, quero dar-lhe a minha correspondência de todos os atos que deveriam ter feito todas
as criaturas se o tivessem esperado e recebido na terra, e depois, como se quisesse transformar-
me toda em amor por Jesus, volto ao meu refrão e digo: "Eu te amo no ato de descer do Céu e
imprimir meu Eu te amo' no ato em que você foi concebido, Eu te amo', na primeira gota de sangue
que se formou em sua Humanidade, „Eu te amo' no primeiro batimento do seu coração, para selar
todos os seus batimentos com o meu eu te amo'; eu te amo' em seu primeiro suspiro, eu te amo'
em suas primeiras penas, eu te amo' em suas primeiras lágrimas que você derramou no seio
materno; eu quero retribuir suas orações, seus reparos, suas ofertas com meu Amo você', cada
instante de sua Vida eu quero fazê-lo selado com meu Eu te amo'; Eu te amo' em seu nascimento,
Eu te amo' no frio que você sofreu, Eu te amo' em cada gota de leite que você chupou de sua Mãe;
Eu tento encher com meus amo-te as fraldas com que a tua mãe te envolveu; estendo o meu Eu te
amo' sobre aquela terra na qual a tua querida Mãe te deitou na manjedoura, e os teus terníssimos
membros sentiram a dureza do feno, mas mais que a dureza dos corações; Meu amo-te em cada
gemido teu, em todas as tuas lágrimas e tristezas de infância; faço correr o meu amo-te' em todas
as relações, comunicações e amor que tiveste com a tua Mãe; „Amo-te' em todas as palavras que
disseste, no alimento que tomaste, nos passos que deste, na água que bebeste; amo-te' no
trabalho que fizeste com as tuas mãos; amo-te' em todos os atos que fizeste na tua vida oculta;
carimbo meu „te amo' em cada ato interior teu e penas que sofreste; estendo meu „te amo' sobre
aqueles caminhos que percorreste, no ar que respiraste, em todas as pregações que fizeste em tua
Vida pública; meu „te amo' corre na potência dos milagres que fizeste, nos Sacramentos que
instituíste, em todo o meu Jesus, mesmo nas fibras mais íntimas do teu coração imprimo o meu Eu
amo-te' por mim e por todos. Seu Querer me faz todo presente, e eu nada quero te deixar em que
não esteja impresso meu te amo'; sua pequena filha de seu Querer sente o dever, de que se outra
coisa não sabe fazer, ao menos tenha um pequeno „te amo' meu por tudo o que tem feito por mim
e por todos. Por isso meu amor te segue em todas as penas de sua Paixão, em todas as
cuspidelas, desprezos e insultos que te fizeram; o meu amo-te sela cada gota do teu sangue que
derramaste, cada golpe que recebeste, em cada chaga que se formou no teu corpo, em cada
espinho que trespassou a tua cabeça, nas dores acerbas da crucificação, nas palavras que
pronunciaste sobre a cruz, Até no teu último suspiro tento imprimir o meu amo-te'; quero encerrar
toda a tua Vida, todos os teus atos com o meu amo'; por todas as partes quero que toques, que
vejas, que ouças o meu contínuo amo-te. O meu amor nunca te vai deixar, o teu amor é a vida do
meu amor por ti.
(3) Mas sabes o que esta menina quer? Que esse Querer Divino que tanto amaste e fizeste em
toda a tua Vida sobre a terra, se faça conhecer a todas as criaturas, a fim de que todas o amem e
cumpram a tua Vontade como no Céu assim na terra; quer vencer-te em amor, a fim de que dês a
tua Vontade a todas as criaturas. ¡ Ah! faça feliz a esta pobre pequena que não quer outra coisa
senão o que quer Você, que sua Vontade seja conhecida e reine sobre a terra..
(4) Agora, acredito que a obediência ficará de algum modo contente; é certo que em muitas coisas
tive que fazer saltos, de outra maneira não acabaria jamais. Fundir-me no Supremo Querer é para
mim como uma fonte que brota, e cada pequena coisa que ouço, que vejo, uma ofensa feita a meu
Jesus, me é ocasião de novos modos e novas fusões em sua Santíssima Vontade. Agora eu
continuo a dizer que meu doce Jesus me disse:.
(5) "Minha filha, ao que disseste sobre fundir-te no meu Querer é necessário dar-lhe outro nome,
qual é o de fundir-te na ordem da graça, em tudo o que fez e fará o Santificador aos santificantes, o
Qual é o Espírito Santo. Muito mais, pois se a Criação se atribui ao Pai, enquanto estamos sempre
unidas as Três Divinas Pessoas no agir, a Redenção ao Filho, o Fiat Voluntas Tua se atribuirá ao
Espírito Santo; e é propriamente no Fiat Voluntas Tua que o Divino Espírito fará desabafar de sua
obra. Você o faz quando vindo perante a Suprema Majestade diz: Venho a corresponder em amor
a tudo o que faz o Santificador aos santificantes, venho a entrar na ordem da graça para poder dar-
lhes a glória e a correspondência do amor como se todos se tivessem feito santos, e a reparar-vos
por todas as oposições, as não correspondências à graça'. E, como está em ti, buscais em nossa
Vontade os atos da graça do Espírito Santificador, para fazer tua a sua dor, os seus gemidos
secretos, os seus suspiros angustiosos no fundo dos corações, vendo-se tão mal acolhido; e como
o primeiro ato que faz é levar nossa Vontade como ato completo de sua santificação, ao ver-se
rejeitado geme com gemidos inenarráveis, e você em sua infantil simplicidade lhe diz: imploro-vos,
fazei conhecer a todos vossa Vontade, a fim de que conhecendo-a a amem e acolham vosso
primeiro ato de sua santificação completa, que é a Santa Vontade vossa'. Minha filha, as Três
Divinas Pessoas somos inseparáveis e distintas, assim queremos manifestar às gerações humanas
nossas obras para com elas, que enquanto estamos unidos entre nós, cada um de nós quer
manifestar distintamente o seu amor e a sua obra para com as criaturas".
17-44
Maio 21, 1925
Vontade Divina e humana são as mais ferozes inimigas. Viver no
Divino Querer é nunca deixar o seu Criador sozinho, e admirar todas
suas obras e dar a seus grandes atos, os pequenos atos das criaturas.
(1) Estava pensando entre mim, e quase me lamentava com meu amável Jesus, de que algumas
vezes age de modo que vem e me faz sofrer na presença do confessor, e por quanto eu faça por
resistir e não cair nesse estado de perda dos sentidos e de penas, me é impossível. E digo a
Jesus: "Meu amor, houve tempo esta noite, há tempo hoje de que venhas e me faças sofrer, mas
agora que está o confessor deixa-me livre e depois farás o que quiseres, estarei à tua disposição".
Mas que, em vão é dizer, uma força irresistível me surpreende e me põe em um estado como se
estivesse morrendo; por isso me lamentava disto com Jesus e lhe rogava que não o permitisse, e
Ele, toda bondade me disse:.
(2) "Minha filha, se isto o permito é pela firmeza do confessor que não cessa de pedir-me que te
faça sofrer, sempre com a finalidade de minha glória e de aplacar-me. Se Eu não comparecesse
seria desonrado em ti, e farias pôr em dúvida as verdades que te manifestei, tanto sobre minha
Vontade quanto sobre as virtudes. Se diria: Onde está a obediência da vítima, na qual deve ser
transmutada até a mesma natureza na obediência dada? Portanto, tu queres desonrar-me e fazer
crer que não sou Eu quem te fala e quem trabalha em ti.
(3) Além disso, você deve saber que para te confiar a missão de minha Vontade, se não te tirei a
mancha original como fiz com minha amada Mamãe, te tirei o incentivo da concupiscência e o
germe da corrupção, Porque era conveniente ao decoro e à santidade da minha vontade que eu
não tomasse posição em uma vontade e natureza corrompida; teriam sido como nuvens diante do
Sol do meu Querer, e os conhecimentos dele, como raios, não teriam penetrado e tomado posse
da tua alma. Agora, estando a minha vontade em ti, contigo está ligado todo o Céu, a Virgem
Santíssima, todos os santos e anjos, porque Ela é vida de cada um deles; por isso, quando tu
hesitas, ainda minimamente, ou ponderas se deves ou não aceitar, Céu e terra sentem-se sacudir
desde seus fundamentos, porque essa Vontade que é vida de todos, e que por sua suma bondade
sua quer reinar em você como no Céu, não tem seu pleno domínio nem sua justa honra. “Por isso
te recomendo que não chame mais a vida a teu querer se queres que teu Jesus fique honrado em
ti, e minha Vontade fique com seu pleno domínio".
(4) Eu fiquei espantada ao ouvir o grande mal que faço só ao refletir se devo ou não ceder ao que
Jesus quer de mim, ainda que depois termino sempre com ceder, o que será se, jamais seja, não
cedesse? E sentia-me angustiada temendo que pudesse acontecer isto, e meu amável Jesus tendo
compaixão de minha angústia, que me oprimia ao temer que, nunca o seja, não fizesse sempre sua
Santíssima Vontade, voltou e me disse:.
(5) "Minha filha, coragem, não temas, por isso te disse e te fiz ver, como todo o Céu está ligado a
essa minha Vontade que reina em ti, a fim de que jamais cedas à tua vontade, porque Vontade
Divina e humana são os mais ferozes inimigos entre elas, E como a Vontade Divina é a mais forte,
a mais santa, a mais imensa, convém que o inimigo, a vontade humana, esteja sob seus pés e
sirva de escabelo à Vontade Divina. Porque quem deve viver em meu Querer não deve considerar-
se como cidadão terrestre, senão deve ter-se em conta como cidadão do Céu, e com justa razão
todos os bem-aventurados se sentem abalados, porque quem vive com sua mesma vontade pensa
fazer sair em campo a vontade humana, causa esta de desordem, O que nunca entrou nas regiões
celestes. Tu deves estar convencida que com viver de minha Vontade a vida da tua terminou, não
tem mais razão de existir, por isso te tenho dito tantas vezes que viver em minha Vontade é muito
diverso; para quem faz minha Vontade, estes são livres de dar sua vontade e retomá-la, porque
vivem como cidadãos terrestres, mas para quem vive nela, está atado a um ponto eterno, corre
junto com a minha, está circundado de força inexpugnável, por isso não temas e sê atenta".
(6) Depois, como se Jesus me quisesse consolar e reafirmar na sua Santíssima Vontade, tomou a
minha mão na sua e disse-me:.
(7) "Minha filha, vem fazer teu giro em minha Vontade, olha, minha Vontade é uma, mas corre
como dividida em todas as coisas criadas, mas sem se dividir. Olhe as estrelas, o céu azul, o sol, a
lua, as plantas, as flores, os frutos, os campos, a terra, o mar, tudo e todos, em cada coisa há um
ato de minha Vontade, e não só há um ato, senão que se ficou como conservadora de meu mesmo
ato em cada coisa criada. Minha Vontade não quer ficar sozinha em seu ato, senão quer a
companhia de seu ato, quer sua correspondência, por isso te pus em minha Vontade, a fim de que
faças companhia a meus atos, e junto com minha Vontade tu quererás o que quero Eu, que as
estrelas cintilem, que o sol encha de luz à terra, que as plantas floresçam, que os campos
reverdeçam, que o pássaro cante, que o mar murmure, que o peixe serpenteie, em suma, quererás
o que eu quero; minha Vontade não se sentirá mais só nas coisas criadas, senão sentirá a
companhia de teus atos, por isso gira por cada coisa criada, e constitui ato por cada ato de minha
Vontade. Isto é o viver em meu Querer, não deixar jamais só a seu Criador, admirar todas suas
obras e dar a seus atos grandes os pequenos atos de criatura".
(8) Eu, não sei como me encontrei naquele vazio imenso de luz para encontrar todos os atos
saídos da Vontade de Deus, para pôr neles minha correspondência de ato de adoração, de louvor,
de amor e de agradecimento, e depois me encontrei em mim mesma.
17-45
Maio 30, 1925
O conhecimento abre as portas do bem que se conhece para possuí-lo.
O livre arbítrio no Céu e o viver na Divina Vontade na terra.
(1) Sentia-me oprimida pela perda do meu adorável Jesus, oh, como suspirava o seu regresso!
Chamava-o com o coração, com a voz, com os pensamentos, que a sua privação me tornava
inquieta. Oh! Deus, que longas noites sem Jesus, enquanto junto com Ele passam como um
suspiro. Então dizia: "Meu amor, vem, não me deixes, sou muito pequena, tenho necessidade de
Ti, e Tu sabes que minha pequenez não pode estar sem Ti, entretanto me deixas? Ah, volta, volta
oh Jesus!" Nesse momento me pôs um braço no pescoço e se fez ver como menino, apoiava forte
sua cabeça em meu peito, e dava com sua cabeça golpes em meu peito e me sentia como romper,
tanto que eu tremia e tinha temor, e Jesus, com voz forte e suave me disse:.
(2) "Minha filha, não temas, sou Eu, não te deixo, e além disso, como posso te deixar? Viver em
minha Vontade torna a alma inseparável de Mim, minha Vida é para ela mais que alma ao corpo, e
assim como o corpo sem a alma se converte em pó, porque falta a vida que o sustenta, assim tu,
sem minha Vida em ti ficarias vazia de todos os atos de minha Vontade em ti, não ouvirias mais no
fundo de tua alma minha repetida voz que te sugere o modo de fazer-te cumprir teu ofício em
minha Vontade; se está minha voz, há também a minha Vida que a emite. Quão fácil é para pensar
que posso te deixar, não posso, primeiro deveria você deixar minha Vontade, e logo poderia pensar
que Eu te deixei; mas para minha Vontade te deixar será muito difícil, por não te dizer quase
impossível. Você se encontra quase semelhante às condições em que se encontram os bem-
aventurados no Céu, eles não perderam o livre arbítrio, isto é um dom que dei ao homem, e o que
Eu uma vez dou não o retiro jamais. No Céu não entrou jamais a escravidão, sou Deus dos filhos,
não dos escravos; sou Rei que faço reinar a todos; não há divisão entre Eu e eles, mas no Céu é
tal e tanto o conhecimento de meus bens, de minha Vontade e de minha felicidade, que todos ficam
cheios deles até a borda, até transbordar fora, tanto que sua vontade não encontra lugar para
obrar, e enquanto são livres, o conhecimento de uma Vontade infinita e de bens infinitos nos quais
estão imersos, leva-os com uma força irresistível a usar de sua vontade como se não a tivessem,
considerando isto como suma fortuna e felicidade, mas espontaneamente livres e de toda sua
vontade. Assim tu, filha minha, Fazer-te conhecer a minha Vontade foi a maior graça que te fiz, e
enquanto és livre de fazer ou não fazer a tua vontade, diante da minha a tua se sente incapaz de
agir, se sente anulada, e conhecendo o grande bem da minha Vontade aborreces a tua, e sem que
ninguém te force, amas fazer a minha em vista do grande bem que te vem. Além disso, os muitos
conhecimentos que te manifestei da minha Vontade são vínculos divinos, cadeias eternas que te
circundam, posse de bens celestes; e fugir destas correntes eternas, romper estes vínculos divinos,
perder estas possessões celestes, ainda em vida, a tua vontade, Embora livre, não encontra o
caminho para sair, revolve-se, vê sua pequenez e temendo de si mesma, rapidamente se lança e
se aprofunda com mais amor espontâneo em minha Vontade. O conhecimento abre as portas
daquele bem que se conhece, e por quantos conhecimentos de mais te manifestei sobre a minha
Vontade, outras tantas portas de bens te abri, de luz, de graça e de participações divinas. Estas
portas são abertas para você e quando estes conhecimentos chegarem no meio das criaturas, se
abrirão estas portas para elas, porque o conhecimento faz surgir o amor ao bem conhecido, e a
primeira porta que abrirei será a minha Vontade, para fechar a pequena porta da sua vontade.
Minha Vontade fará aborrecer a sua, porque frente a minha Vontade, a humana é incapaz de obrar,
com a luz da minha vê como é insignificante e boa para nada, por isso, como conseqüência as
criaturas farão a um lado a própria vontade. Além disso, tu deves saber que, quando eu te
manifestar o conhecimento da minha vontade, então eu decido abrir-te outra porta do meu
conhecimento, quando tu fizeres entrar na tua alma todo o bem do que eu te manifestei; se assim
não for, seria tua só a notícia desse bem, não sua posse, e Eu isto não sei fazer, quando falo Eu
quero que se possua o bem que manifesto, por isso sê atenta no exercício de minha Vontade, a fim
de que te abra outras portas de meu conhecimento e você entre mais nas posses divinas"..
19-39
Julho 20, 1926
A palavra de Jesus é trabalho, o seu silêncio é repouso.
O repouso de Jesus no meio das suas obras.
(1) Continuava me sentindo toda abandonada no Supremo Querer, meu sempre amável Jesus se
fazia ver tudo em silêncio, em ato de olhar toda a Criação, todas suas obras, e enquanto as olhava
ficava como arrebatado profundamente ante a magnificência, santidade, multiplicidade e grandeza
de suas obras, e eu junto com Jesus guardava um profundo silêncio ao olhar suas obras, muitas
coisas se compreendiam, mas tudo ficava no fundo da inteligência, sem palavras para poder dizê-
las. ¡ Como era bonito estar junto com Jesus em profundo silêncio! Depois disto meu amado bem,
minha doce vida me disse:.
(2) "Minha querida filha, tu deves saber que a minha palavra é trabalho, o meu silêncio é repouso, e
não somente para Mim é trabalho a minha palavra, mas também para ti, e é meu costume que
depois de ter trabalhado quero repousar no meio das minhas próprias obras, Elas são o leito mais
brando no meu repouso, e como tu ouviste a minha palavra e trabalhaste comigo, por isso
juntamente comigo descansa. Olha minha filha como é bela toda a Criação, foi a palavra de teu
Jesus que com um Fiat a trabalhou, mas sabes tu qual é o meu encanto que me rapta? Seu
pequeno eu te amo' sobre cada uma das coisas criadas; com este teu pequeno amor te amo'
impresso sobre cada uma delas, todas me falam de teu amor, me falam de minha recém nascida
de minha Vontade, escuto o eco harmonioso de toda a Criação que me fala de ti; oh! como me
rapta, como estou contente ao ver que meu Fiat na Criação e aquele que te ensinei se dão a mão,
se entrelaçam juntos e cumprindo minha Vontade me dão repouso. Mas não estou contente em
repousar sozinho, quero junto comigo aquela que me dá repouso, a fim de que ela descanse e
gozemos juntos os frutos de nosso trabalho. Não te parece mais bela toda a Criação e todas as
obras da minha Redenção com o teu amor, com a tua adoração e com a tua vontade fundida na
minha, que faz vida entre as esferas celestes?
Assim, não há mais solidão nem silêncio sepulcral
que havia antes nas esferas celestes e em todas as minhas obras, mas há a pequena filha do meu
Querer que faz companhia, que faz ouvir a sua voz, que ama, que adora, que reza, e que
mantendo seus direitos dados a ela por minha Vontade, possui tudo, e quando há quem possui não
há mais solidão nem silêncio de tumba. Eis por que depois de te haver falado muito faço silêncio, é
o repouso que se requer para Mim e para ti, para depois poder retomar de novo o falar-te e assim
continuar meu e teu trabalho. Mas enquanto descanso contemplo todas as minhas obras, meu
amor surge em Mim e refletindo em Mim mesmo e agradando-me, concebo em Mim outras
imagens minhas semelhantes a Mim, e minha Vontade as põe fora como triunfo de meu amor e
como geração predileta de meu Fiat Supremo, Assim, no meu repouso, gero os filhos à minha
Vontade, todos semelhantes a Mim, e na minha palavra os dou à luz e lhes dou o desenvolvimento,
a beleza, a altura, por isso a minha palavra os vai formando dignos filhos do Fiat Supremo. Por isso
minha filha, cada palavra minha é um dom que te faço, e se te chamo ao repouso é para que tu
contemples o meu dom, e agradando-te e amando-o faça surgir de ti outros dons semelhantes
àqueles que te dei, e pondo-os fora formarão junto a geração dos filhos do Fiat Supremo, oh, como
estaremos contentes!".
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